A TERCEIRA VÉRTICE - CAPÍTULO 4
Angélica: Eu espero de verdade que você fique mesmo na cola deles. Quando descobrir algo me avise.
Ela encerra a chamada. Lucas fica pensativo.
Lucas: Quem diria que as coisas sairiam do controle desse jeito…
Ele liga para Rodrigo.
Lucas: (falando no celular) Oi, parceiro. Tá de boa hoje?
Rodrigo: Tô sim, porquê?
Lucas: Nada, eu tô querendo passar aí pra falar com você. Agora de tarde, pode ser?
Rodrigo: Claro. Eu tô tranquilo aqui hoje.
Lucas: Beleza…
Na mansão, Angélica vai até a cozinha e dá de cara com Olga preparando o almoço sozinha.
Angélica: Ué, cadê a Marinalda?
Olga: Saiu.
Angélica: Saiu? Como saiu? Saiu pra onde?
Olga: Pediu o resto do dia de folga pro Daniel e se mandou pra rua.
Angélica: Que criatura mais abusada. Ela tinha que ter pedido permissão pra mim mim, não pra ele. Ele pode ter herdado essa casa, mas eu sou a governanta, eu cuido do bem estar e dos empregados dessa casa. Quando essa imundinha voltar, ela vai ver só uma coisa.
Marinalda chega até uma casa de repouso. Ela vai na recepção.
Marinalda: Bom dia. Eu vim visitar a minha avó, Séfora de Almeida.
Recepcionista: Documentos, por favor.
Marinalda entrega seu RG para ela, que digita as informações no computador, e depois, entrega de volta.
Recepcionista: Quarto 606.
Marinalda: Obrigada, com licença.
Marinalda caminha por um longo corredor até chegar no quarto de sua avó, que se encontra sentada numa cadeira, com a enfermeira tentando lhe dar um comprimido.
Séfora: Eu já disse que eu não quero tomar isso.
Enfermeira: A senhora precisa tomar, dona Séfora, para repor suas vitaminas.
Séfora: Não sei pra que, eu já vou morrer mesmo.
A enfermeira percebe a presença de Marinalda, que sorri cordialmente para ela.
Enfermeira: Olha aí, a sua neta vendo a senhora dando escândalo.
Séfora: Eu não dou escândalos, você me respeite. (para Marinalda) E você, finalmente se lembrou que tem vó.
Marinalda: Como que eu ia esquecer, vozinha? Sua benção.
Séfora: Deus te abençoe.
Marinalda: Por que não quer tomar os remédios?
Séfora: Ah, minha filha, eu já estou cansada. Eu quero partir. Mas essa loira aguada aí não deixa.
A enfermeira sorri.
Marinalda: Vó, a Cristina só está fazendo o trabalho dela. E a senhora precisa tomar os remédios pra ficar bem. Não quer que eu te visite aqui mais vezes?
Séfora: Você quase nunca vem.
Marinalda: Olha… se a senhora tomar o remédio, eu prometo que venho te ver todo final de semana.
A velha olha para ela e a enfermeira ao mesmo tempo.
Séfora: Está bem. Me dá esse comprimido.
A enfermeira entrega o comprimido e o copo com água. Séfora toma o remédio. A enfermeira decide se retirar.
Enfermeira: Com licença.
Marinalda senta-se na cama, ficando frente a frente com a avó.
Marinalda: A mamãe tem vindo te visitar?
Séfora: Não… Sua mãe me largou aqui na primeira oportunidade que ela teve.
Marinalda: Vocês duas precisam se entender, vó. Vão viver brigadas pra sempre?
Séfora: Fala isso pra ela, que tem birra comigo. (lamenta) Ah, minha filha. Acho que ela nunca vai me perdoar pelo que eu fiz.
Marinalda: Como assim, vó? Do que a senhora tá falando?
Séfora: Eu fiz uma coisa horrível pra ela no passado.
Marinalda estranha.
Marinalda: O que a senhora fez?
Séfora suspira.
Séfora: Não sei se deveria falar isso…
Marinalda: Ah, se começou agora termina. Fala, eu quero saber. O que a senhora fez de tão horrível pra minha mãe que fez as duas serem brigadas por tantos anos?
Séfora: Olha, eu vou te contar, mas pelo amor que você tem a Deus, não conta pra sua mãe, nem menciona pra ninguém essa história.
Marinalda: Tudo bem…
Na mansão, mais precisamente, no quarto de Sílvia, Daniel está sentado na cama lendo o diário dela. Em volta dele, há gavetas reviradas e papéis espalhados em cima da cama.
Séfora: (voz) Há muitos anos, antes de você nascer, sua mãe engravidou. Ela teve um filho. Só que ela teve depressão pós parto, ela tentou se matar com a criança e tudo, ela não tinha condições de criar o menino. A gente era muito pobre. Entao eu entreguei… Entreguei o bebê num orfanato. No orfanato…
Daniel: (lendo o diário) Orfanato Nossa Senhora das Dores. (fala para si mesmo, chocado) Então foi lá que eu fui abandonado pela minha mãe biológica…
ENCERRAMENTO.
Próximo capítulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário