A Terceira Vértice - Capítulo 04 (21/03/2024)



A TERCEIRA VÉRTICE - CAPÍTULO 4


Angélica: Eu espero de verdade que você fique mesmo na cola deles. Quando descobrir algo me avise. 

Ela encerra a chamada. Lucas fica pensativo. 

Lucas: Quem diria que as coisas sairiam do controle desse jeito…

Ele liga para Rodrigo. 

Lucas: (falando no celular) Oi, parceiro. Tá de boa hoje? 

Rodrigo: Tô sim, porquê? 

Lucas: Nada, eu tô querendo passar aí pra falar com você. Agora de tarde, pode ser? 

Rodrigo: Claro. Eu tô tranquilo aqui hoje.

Lucas: Beleza… 


Na mansão, Angélica vai até a cozinha e dá de cara com Olga preparando o almoço sozinha. 

Angélica: Ué, cadê a Marinalda? 

Olga: Saiu. 

Angélica: Saiu? Como saiu? Saiu pra onde? 

Olga: Pediu o resto do dia de folga pro Daniel e se mandou pra rua. 

Angélica: Que criatura mais abusada. Ela tinha que ter pedido permissão pra mim mim, não pra ele. Ele pode ter herdado essa casa, mas eu sou a governanta, eu cuido do bem estar e dos empregados dessa casa. Quando essa imundinha voltar, ela vai ver só uma coisa. 


Marinalda chega até uma casa de repouso. Ela vai na recepção. 

Marinalda: Bom dia. Eu vim visitar a minha avó, Séfora de Almeida. 

Recepcionista: Documentos, por favor. 

Marinalda entrega seu RG para ela, que digita as informações no computador, e depois, entrega de volta. 

Recepcionista: Quarto 606.

Marinalda: Obrigada, com licença. 

Marinalda caminha por um longo corredor até chegar no quarto de sua avó, que se encontra sentada numa cadeira, com a enfermeira tentando lhe dar um comprimido. 

Séfora: Eu já disse que eu não quero tomar isso. 

Enfermeira: A senhora precisa tomar, dona Séfora, para repor suas vitaminas. 

Séfora: Não sei pra que, eu já vou morrer mesmo. 

A enfermeira percebe a presença de Marinalda, que sorri cordialmente para ela. 

Enfermeira: Olha aí, a sua neta vendo a senhora dando escândalo. 

Séfora: Eu não dou escândalos, você me respeite. (para Marinalda) E você, finalmente se lembrou que tem vó. 

Marinalda: Como que eu ia esquecer, vozinha? Sua benção. 

Séfora: Deus te abençoe. 

Marinalda: Por que não quer tomar os remédios? 

Séfora: Ah, minha filha, eu já estou cansada. Eu quero partir. Mas essa loira aguada aí não deixa. 

A enfermeira sorri. 

Marinalda: Vó, a Cristina só está fazendo o trabalho dela. E a senhora precisa tomar os remédios pra ficar bem. Não quer que eu te visite aqui mais vezes? 

Séfora: Você quase nunca vem.

Marinalda: Olha… se a senhora tomar o remédio, eu prometo que venho te ver todo final de semana. 

A velha olha para ela e a enfermeira ao mesmo tempo. 

Séfora: Está bem. Me dá esse comprimido. 

A enfermeira entrega o comprimido e o copo com água. Séfora toma o remédio. A enfermeira decide se retirar. 

Enfermeira: Com licença. 

Marinalda senta-se na cama, ficando frente a frente com a avó. 

Marinalda: A mamãe tem vindo te visitar? 

Séfora: Não… Sua mãe me largou aqui na primeira oportunidade que ela teve. 

Marinalda: Vocês duas precisam se entender, vó. Vão viver brigadas pra sempre? 

Séfora: Fala isso pra ela, que tem birra comigo. (lamenta) Ah, minha filha. Acho que ela nunca vai me perdoar pelo que eu fiz. 

Marinalda: Como assim, vó? Do que a senhora tá falando? 

Séfora: Eu fiz uma coisa horrível pra ela no passado.

Marinalda estranha.

Marinalda: O que a senhora fez? 

Séfora suspira. 

Séfora: Não sei se deveria falar isso…

Marinalda: Ah, se começou agora termina. Fala, eu quero saber. O que a senhora fez de tão horrível pra minha mãe que fez as duas serem brigadas por tantos anos? 

Séfora: Olha, eu vou te contar, mas pelo amor que você tem a Deus, não conta pra sua mãe, nem menciona pra ninguém essa história. 

Marinalda: Tudo bem… 


Na mansão, mais precisamente, no quarto de Sílvia, Daniel está sentado na cama lendo o diário dela. Em volta dele, há gavetas reviradas e papéis espalhados em cima da cama. 

Séfora: (voz) Há muitos anos, antes de você nascer, sua mãe engravidou. Ela teve um filho. Só que ela teve depressão pós parto, ela tentou se matar com a criança e tudo, ela não tinha condições de criar o menino. A gente era muito pobre. Entao eu entreguei… Entreguei o bebê num orfanato. No orfanato…

Daniel: (lendo o diário) Orfanato Nossa Senhora das Dores. (fala para si mesmo, chocado) Então foi lá que eu fui abandonado pela minha mãe biológica… 

ENCERRAMENTO.



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