A TERCEIRA VÉRTICE - CAPÍTULO 16
Lucas: Você ficou louca? Se você se passar pela Gardênia, só vai atrair problemas pra cima da gente.
Olga: Eu não vou atrair problema, eu vou ser a solução dos nossos problemas.
Lucas: Nossos?
Olga: É. Nossos. Ou você não vai me ajudar nisso?
Lucas: Eu não vou me envolver nessa loucura. Nem morto. Ouviu?
Olga: Ok, então eu faço sozinha. Eu que não vou ficar trabalhando como empregada nessa casa, servindo aquele cu de poço a minha vida inteira igual a nossa mãe, parece até que tem fetiche em ser a escrava isaura dessa família. Inferno.
Olga guarda as coisas de Gardênia numa mala. Lucas fica pensativo.
Lucas: Tudo bem. Eu vou ajudar você nisso.
Olga se vira e olha para ele.
Olga: Vai mesmo?
Lucas: Vou.
Ela se aproxima.
Olga: Vai ajudar não só a mim. Mas a você também. Sabe disso, não sabe?
Os dois se beijam.
No dia seguinte, Rodrigo está em seu apê quando a campainha toca. Ele vai atender e se surpreende.
Rodrigo: Daniel?
Daniel o encara.
Daniel: Posso entrar?
Rodrigo: Claro!
Daniel entra. Rodrigo fecha a porta.
Rodrigo: Aconteceu alguma coisa? Você quer conversar comigo, quer esclarecer alguma coisa, você… Quer dizer… Eu não imagino o que veio fazer aqui, porque da última vez que a gente se viu foi quando você terminou comigo…
Daniel: Foi um dia péssimo. Mas eu não vim aqui voltar com você se é isso que está pensando. Eu vim aqui pra saber em que pé está a investigação.
Rodrigo fica uns segundos em silêncio.
Rodrigo: (mente) Eu ainda não encontrei nada.
Daniel: Não? Você não disse que ia pro enterro da dona Séfora?
Rodrigo: E eu fui. Mas não vi ninguém da família por lá. Parece que ela não tinha ninguém nessa vida.
Daniel: (suspira) Certo… E as imagens das câmeras de segurança do asilo que você falou que ia pegar… Conseguiu?
Rodrigo: Não. Eu até fui lá, mas me disseram que o computador do asilo foi hackeado. Deletaram as imagens daquele dia do sistema.
Daniel: Só daquele dia?
Rodrigo: Só…
Daniel: Me diz uma coisa, Rodrigo. Você viu as imagens. Disse que reconheceu a Angélica nelas. Caso seja ela… Como que ela estava nessas imagens?
Rodrigo: Estava disfarçada. Com uma peruca de cabelos ondulados, castanhos claros.
Daniel fica pensativo.
Rodrigo: Porquê?
Daniel: Por nada. (pausa) Se tiver alguma novidade, me avise.
Rodrigo: Não se preocupe.
Daniel dá meia volta e sai do apartamento.
Na casa de Afrodite, Marinalda está no quarto arrumando suas coisas, preparando-se para retornar à mansão. Afrodite aparece na porta.
Afrodite: Já vai?
Marinalda: Preciso ir.
Afrodite: Mas já, amor? Ele não te deu uma semana de folga?
Marinalda: Não consigo ficar em casa sem fazer nada, mãe. Eu preciso voltar e fazer alguma coisa, não aguento ficar aqui parada enquanto aquela demônia pode estar armando alguma.
Afrodite: E o quê que tu pode fazer contra essa mulher, Marinalda? Enfiar bosta na garganta dela?
Marinalda: Se pudesse eu matava aquela vaca, isso sim.
Afrodite: Ai filhinha, toma cuidadinho quando chegar lá?
Marinalda: Relaxa.
Afrodite: Queria tanto ir com você, só pra conhecer meu filho. Nem sei como eu vou reagir quando eu ver ele pela primeira vez depois de muito tempo.
Marinalda abraça a mãe.
Marinalda: Não se preocupe que esse dia já está chegando.
Ela pega suas coisas.
Marinalda: Tchau.
Afrodite: Deus ilumine seu caminho!
Marinalda vai embora. Afrodite suspira enquanto olha para a foto de Daniel na tela inicial do seu celular.
Enquanto isso, Daniel chega na mansão, retornando do apartamento de Rodrigo. Ele encontra a casa vazia. Sobe as escadas e vai em direção ao seu quarto. Antes de entrar, para. Pensa. Decide dar meia volta e ir até o quarto de Angélica. Ele bate na porta, e como ninguém responde, Daniel entra, se deparando com o quarto vazio. Ele prontamente se dirige para o roupeiro, abrindo e vasculhando tudo, na esperança de encontrar alguma coisa que possa enfim provar que Rodrigo sempre esteve certo esse tempo inteiro.
Daniel: Não é possível. Tem que ter alguma coisa.
Daniel pára e pensa. Até que olha para a cama. Ele fecha o roupeiro. Ao se aproximar da cama, levanta o edredom que cobre a base do móvel. Vê que há uma gaveta quase que camuflada, escondida. Se agacha e abre com cuidado, vendo vários papéis espalhados e uma caixa de madeira. Ele pega a caixa e abre, dando de cara com uma peruca, do jeito que Rodrigo descreveu.
Daniel: (chocado) Não acredito… (ele olha pro chão, com a peruca na mão, incrédulo) Desgraçada, mentirosa…
Angélica: Daniel?
Daniel olha para ela, com os olhos arregalados, surpreso. Angélica está parada na porta, encarando-o.
Angélica: Posso saber o que você está fazendo no meu quarto?
Daniel fica estatelado, sem saber o que fazer.
ENCERRAMENTO.
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