A TERCEIRA VÉRTICE - CAPÍTULO 25
Lucas: Se atirar no meu irmão, eu mato você!
Lucas aponta a arma para a cabeça de Angélica. Rodrigo vê a cena sem reação, nervoso.
Angélica: O que você tá fazendo?
Lucas: Corrigindo o erro de ter ficado do teu lado. Mais cedo ou mais tarde a senhora ia me matar pra ficar com tudo sozinha.
Angélica: Você me traiu. Traiu sua própria mãe, seu desgraçado, miserável.
Lucas: (estende a mão para ela) Cala a boca e me dá a arma, porra. Anda logo!
Angélica entrega o revólver para ele. Lucas continua apontando sua arma pra ela.
Lucas: Vai pro carro, Rodrigo. Anda.
Rodrigo corre em direção ao veículo. Lucas vai em seguida, deixando Angélica para trás. Ele e Rodrigo entram no carro, Lucas dá a partida.
Angélica: Você não pode me deixar aqui. Lucas. Volta aqui!
Lucas sai com o carro, deixando-a sozinha naquele lugar deserto.
Angélica: VOCÊ ME PAGA SEU TRAIDOR DESGRAÇADO.
Lucas dirige em alta velocidade. Rodrigo suspira, ainda se recuperando do choque.
Lucas: Não era pra você ter feito aquilo, Rodrigo. Não era pra ter jogado a merda toda no ventilador. Nosso plano pode dar errado agora.
Rodrigo: Se eu não fizesse nada ela ia me matar.
Lucas: Você não tá com o colete à prova de balas?
Rodrigo: Ela poderia atirar na minha cabeça.
Lucas: Droga. Liga pro Daniel. Rápido.
Rodrigo pega seu celular e disca.
Ainda no apartamento de Rodrigo, Daniel atende seu celular, que tocava.
Daniel: (aflito) Alô.
Rodrigo: Sou eu.
Daniel: Você tá bem?
Rodrigo: Tá sim, Dan.
Rodrigo coloca a chamada no viva voz.
Lucas: Daniel, é o seguinte, rolou um imprevisto. O Rodrigo acabou revelando pra minha mãe que é filho dele. Deu ruim pra mim também. A gente vai precisar sumir do mapa até você e o Sebastian se casarem.
Daniel: Não precisa se preocupar com isso, eu vou dar um jeito. Mas e a Angélica? Vocês fizeram alguma coisa com ela?
Lucas: Na hora do desespero acabei largando ela lá no meio do nada, mas o local fica perto de uma estrada, não duvido nada dela conseguir uma carona e chegar em casa. O Sebastian precisa segurar as pontas com ela, porque do jeito que ela tava, é bem capaz dela querer fazer uma loucura.
Daniel: Não, eu vou voltar pra mansão agora, quem vai segurar aquela filha da puta sou eu. Comigo ela abaixa a crista dela. Você e o Rodrigo vão direto pra um lugar, vou passar o endereço por whatsapp. Daqui a pouco eu ligo de volta.
Na mansão, Angélica chega em fúria.
Angélica: Droga. Inferno.
Sebastian vêm da cozinha.
Sebastian: O que houve, tia?
Angélica: (indo até ele) Você sabia de tudo né? Você tá nessa junto com eles né?
Sebastian: Do que a senhora tá falando?
Angélica: Aposto que o Rodrigo fez a sua cabeça e a do meu filho pra agirem contra mim.
Sebastian: O quê? Como assim? O Lucas passou pro lado do Rodrigo?
Angélica: Você acha que eu sou idiota? Você mesmo disse que tava apaixonado pelo Rodrigo e agora vem com esse papinho furado de que não sabe de nada?!
Daniel entra em casa sem que Angélica o veja.
Sebastian: Titia, seria impossível eu estar apaixonado pelo Rodrigo. O homem que eu amo é o Daniel e é com ele que eu vou me casar.
Daniel: É verdade, Angélica.
Ela se vira, surpresa.
Daniel: A data já tá marcada e tudo. (indo até Sebastian) E não faria sentido nenhum o Sebastian estar apaixonado pelo Rodrigo. (olha para ele, sorrindo) Eles dois não se suportam, né amor?
Sebastian: É verdade.
Os dois riem juntos. Angélica olha para eles, sem reagir.
Daniel: Aliás, Angélica, você parece bem cansada. Andou se estressando com alguma coisa?
Angélica: Eu? Não. Imagina. Eu… Vou deitar. Eu tenho dormido mal ultimamente.
Daniel: Vai lá. Sonha com os anjos, querida.
Ela sobe as escadas, perturbada.
Angélica entra no seu quarto como um furacão. Ela pega seu abajur e atira contra a parede.
Angélica: Inferno. Todos estão tentando me enlouquecer. Será que o Daniel sabe de alguma coisa? (gargalha) Não… seria impossível aquele otário saber de algo. Ele não consegue enxergar um palmo à frente do nariz. O que importa é que Deus escreve certo por linhas tortas. Lucas pode ter me abandonado, mas agora não preciso mais daquele traíra pra nada. O casamento do meu sobrinho com o Daniel está arranjado. E depois disso… finalmente irei concluir o meu objetivo. E tudo vai passar pras minhas mãos. Ai Alfredo… Tive três filhos com você. Bela merda de herança que você me deixou.
Daniel e Sebastian conversam na sala, sozinhos.
Daniel: Eu ouvi a Angélica dizer que você tá apaixonado pelo Rodrigo. Isso é verdade?
Sebastian está calado.
Daniel: Quer dizer, num dia você diz que está apaixonado por mim. Diz que está disposto a qualquer coisa pra poder ficar comigo. Aí agora eu escuto que você se apaixonou pelo Rodrigo. Pelo Rô, como você mesmo diz.
Sebastian: Por que você se importa? Não ia se casar comigo mesmo amando o Rodrigo?
Daniel fica sem palavras.
Sebastian: A não ser que você pretendesse transformá-lo no seu amante.
Daniel: Se eu me casasse com você eu ia esquecer o Rodrigo!
Sebastian: Ia nada. Você nunca esqueceu o Rodrigo, disse na minha cara que ainda amava ele.
Daniel: Disse. Porque era verdade. Quando se ama uma pessoa é difícil deixar de amar, mas uma hora a gente acaba superando tudo!
Sebastian: Você não ia superar ele nunca. Não é a toa que passou a tarde toda na casa dele.
Daniel: Peraí, você tá com ciúmes de mim ou dele?
Sebastian: Dos dois. Porra. Podia ter me convidado pelo menos, né?
Daniel suspira. Depois não se aguenta e começa a rir.
Daniel: Nossa, você é inacreditável.
Sebastian: (sério) Você que é inacreditável. Passa a tarde com o Rodrigo e não me chama pra ir junto.
Daniel: Você tinha que cumprir sua parte do plano, que era falar com a Angélica sobre o casamento.
Sebastian: E a sua parte do plano era tirar o atraso com ele?
Daniel: Eu precisava fazer as pazes com o Rodrigo, a gente tinha se desentendido, esqueceu? E sobre a gente ter ficado junto, rolou… Aconteceu.
Sebastian sai desapontado.
Daniel: Peraí, Sebastian.
Sebastian: Não, não vem atrás de mim. Eu tô chateado com você. Com você e com ele. Porra. Vocês dois juntos e eu tendo que olhar pra cara daquela filha da puta.
Daniel: Perai, vamos conversar direito.
Sebastian sobe e Daniel vai atrás.
Sebastian entra no seu quarto, seguido de Daniel.
Sebastian: Eu gosto de você e tô apaixonado pelo Rô. Você vai se casar comigo amando ele.
Daniel: A gente não vai se casar de verdade. Você sabe disso, não sabe?
Sebastian dá muxoxo. Daniel vai até ele e segura seu rosto.
Daniel: Ei.
Sebastian: Sai.
Daniel começa a dar beijos nele.
Sebastian: (amoelecendo) Para, não quero. Você não gosta de mim.
Daniel o beija na boca e Sebastian corresponde. Os dois começam a se pegar fogosamente.
Dias depois.
A mansão está enfeitada com balões brancos e dourados. Fitas coloridas. Daniel e Sebastian estão diante de um juiz, ambos estão vestidos com terno branco. Angélica à parte, sorridente, bem arrumada e penteada, usando um vestido preto com detalhes dourados.
Juiz: Estamos reunidos aqui hoje para celebrar a união de Sebastian Ruiz Castillo e Daniel de Abrantes Ferraz em matrimônio. O amor não conhece fronteiras, e hoje, diante da lei e na presença da testemunha, afirmamos o direito desses dois rapazes de unir suas vidas em casamento. Que a jornada deles daqui para frente seja repleta de amor, respeito e apoio mútuo inabalável. Com a autoridade que me foi concedida, declaro-os agora esposos para toda a vida. Podem selar seus votos com um beijo.
Os dois sorriem e se beijam. Angélica aplaude, animada.
Angélica: (radiante) Finalmente. Meu sonho se realizou! (se aproxima dos dois, abraçando-os) Até que enfim, vou poder ver… meus dois amores felizes!
A campainha toca, interrompendo aquele momento triunfante dela.
Daniel: Minhas convidadas chegaram.
Angélica: (estranha) Convidadas?
Daniel vai até a porta e abre. Afrodite e Marinalda entram na mansão.
Angélica: (indo até eles) Mas o que é que significa isso?
Daniel: Eu quis fazer uma surpresa.
Marinalda: Desculpe ter faltado ao trabalho esses últimos dias, dona Angélica. Creio que a senhora deve ter sentido muito a minha falta, não é?
Angélica: Mas o que é isso, Daniel? Como que você permite que essazinha me dirija a palavra nesse tom de ironia? Mas é muito atrevimento seu, né, Marinalda?
Daniel: A única pessoa com atrevimento aqui é você, Angélica.
Angélica olha para ele, sem entender.
Angélica: Como é que é?
Daniel: Essas aqui… são a minha mãe… e a minha irmã.
Angélica entra em choque.
Angélica: (claramente indignada) O QUÊ?
Daniel: O Rodrigo é tão bom investigador que mesmo com tanta dificuldade ele conseguiu encontrar a minha mãe biológica. E ainda descobri que a Marinalda, que trabalhou esse tempo todo aqui em casa, também é filha dela.
Marinalda: Surpresa, Angélica?
Afrodite: Menina… então é essa a tal vaca que ia acabar numa vala de quem você tanto falava, filhinha?
Marinalda: (sorrindo) Ela mesma.
Angélica: (aumentando o tom) Como você ousa/
Daniel: (interrompendo-a) Tem mais uma coisinha, Angélica. Eu não posso permitir que a Marinalda, na condição de minha irmã, continue trabalhando como empregada aqui em casa. Então eu tomei uma decisão. Agora… minha querida. Quem vai trabalhar como empregada nessa casa vai ser você!
Angélica fica estarrecida.
Daniel: E ela… vai ser a sua governanta!
Marinalda sorri, triunfante. Angélica fica chocada e horrorizada com a decisão de Daniel.
ENCERRAMENTO.
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