Sabores em Guerra - Capitulo 01 (29/07/2024)

 

SABORES EM GUERRA CAP. 001






Elenco:

Marcello Melo Jr.

Renato Góes 

Marina Ruy Barbosa 

Christiane Torloni 

Maria Padilha 

Danilo Mesquita 

Sérgio Malheiros 


Cena 01 - A cena inicia com um foco no sol, descendo a câmera para o carro de Cássio, que acelera pela pista. A cena embalada por A Vida é Dura - Demônios da Garoa. Ele para em frente ao prédio da Roma Construtora, empresa de sua família. Ele sobe a escadaria, e entra na sala de aula mãe, Margarete.


Cássio - Mamãe, bom dia!

Margarete - Oi, Filho. O que os bons ventos trazem?

Cássio - A senhora sabe, né? Saudades! 

Margarete - Eu sai de casa não faz nem 1 hora.

Cássio - Para ver como não sei viver sem você! (Ele dá um beijo em sua bochecha)

Margarete - Diga logo, precisa de quanto?

Cássio - Mas o que é isso? Acha que eu só procuro a senhora por conta de dinheiro? Cinco mil reais.

Margarete - Pois caso você não se lembre, eu paguei a sua mesada ontem.

Cássio - Eu sei, o problema é que…

Margarete - Eu já sei, já sei de toda essa conversa. Eu quero construir o meu restaurante, você já falou mil vezes sobre isso.

Cássio - Mil e uma com agora. Poxa mãe, meu sonho de infância é ter esse restaurante.

Margarete - Eu sei filho, já conheço essa história. Já sei que quer abrir esse restaurante, naquele prédio na Vila Souto e isso e aquilo. O problema é que não tem condições de fazer absolutamente tudo por você. Quando será que você vai amadurecer o suficiente pra ter suas próprias coisas?

Cássio - Ah, isso eu não sei. Quem sabe quando eu tiver uns sessenta anos? A senhora sabe quanto custa aquele imóvel? Sabe quanto custa toda a arrumação e ornamentação? Uma fortuna. Só que essa fortuna, é troco de pão pra você. O que custa ajudar?

Margarete - Porque você já tem 32 anos, e pelo que me lembre, você não é aleijado. Portanto, tem forças para trabalhar.

Cássio - E quem trabalha com uma mãe que recebe milhões mensalmente? Trabalho e pessoas ricas são duas coisas que não andam juntas.

Margarete - Pois aqui anda, viu. E saiba de uma coisa, não vou te dar 1 real. Você vai aprender comigo, que nunca tive nada fácil nessa vida.

Cássio - Ah não? E aquela ajuda lá do italiano? Não conta não?

(Uma trilha tensa começa a tocar)

Margarete - Nunca mais repita isso! Nunca mais, ouviu bem?

Cássio - Tá, tá, não tá mais aqui quem falou. Mas, e o pix? Nada ainda?

Margarete - Não! Não e Não! E pode ir saindo daqui, agora!

Cássio - Que humor, viu… Vai pra casa na hora do almoço?

Margarete - Fora, Cássio! Fora!


(Cássio sai da sala, e ouve som de uma transferência. Ele olha o celular, e vê que sua mãe transferiu o dinheiro) A Vida é Dura - Demônios da Garoa volta a tocar, e junto com ela, algumas paisagens paulistas passam na tela.


Cena 02: Restaurante de Fábio/ Manhã.

Fabio - Grande Rick! Se você pudesse estar na minha pele nesse momento!

Rick - Diga, chefia!

Fabio - Lembra daquele prêmio que eu estava concorrendo, com aqueles outros doze cozinheiros? 

Rick - Sim, chefe, me lembro.

Fabio - Pois eu ganhei! Ganhei! E a premiação será na quarta feira. 

Rick - Mas o chefia é um gênio mesmo, quem mais ganharia? 

(Começa a tocar um instrumental de Manequim - Ney Matogrosso)

Fabio - Você tem razão, quem iria ganhar de mim, sendo eu um dos maiores cozinheiros de São Paulo? Você tem razão. Quem poderia contra mim, não é?

Rick - Isso mesmo, chefia. Ninguém poderia contra o senhor!

Fabio - Olha Rick, eu nunca te contei essa história, mas te contarei agora. Mas jure para mim que não contará para ninguém, se não cortarei a sua língua!

Rick - Chefia, eu sou um túmulo.

Fábio - Assim espero. Na minha infância, eu conheci um menino chamado Cássio. Nunca fui com a cara dele, brigávamos sempre, até que um dia ele resolveu fazer a mesma faculdade que a minha, gastronomia. Fizemos na mesma faculdade, no mesmo semestre. Eu sei que foram os anos mais apavorantes da minha vida, apavorantes Rick.

Rick - Apavorantes, apavorantes chefia.

Fábio - Já faz uns seis anos que não o vejo, mas pelo que ele era na escola… ele só teve um futuro porque a mãe tem dinheiro. Ela é dona da Roma Construtora. Mas também, se não fosse esse dinheiro, com certeza estaria vendendo pipocas na rua (risada). É triste imaginar que em 32 anos de vida, eu só tive um rival, e esse rival tinha tudo, absolutamente tudo para ser um excelente aliado. Bom, mas eu espero não vê-lo nunca mais, foram os anos mais estressantes de minha vida, sabe? Bom, mas voltemos ao trabalho porque comida não se faz sozinha, não é?

Rick - Exatamente! Exatamente, chefia.

Fábio - Só uma pergunta. Porque você é tão puxa saco? 

Rick - Porque nessa vida, cada um faz o seu pé de meia, não é?


A câmera foca em Fábio, com um efeito musical cômico 


Cena 03: Em frente a uma praça/Manhã. Milena passeando pela praça falando ao telefone, indo atravessar a faixa de pedestres


Milena - Sim, mãe, eu estou ouvindo. Um pacote de feijão, outro de arroz, e dois quilos de carne, não é? Está bem, eu vou passar ali no mercado


O carro de Cássio freia em cima dela, ela se assusta e derruba o celular. Os dois se encaram com instrumental de tensão 


ABERTURA - https://youtu.be/xCaDw2521gg?si=sN4rjD-jVddB-T0g


Milena - Escute aqui, você é maluco? Não me viu passando não?

Cássio - Vem cá, é assim que se fala por acaso? 

Milena - Com gente desenfreada que nem você, é!

Cássio - Me bata logo, maluca.

Milena - Quem você chamou de maluca?


Cássio desce do carro e diz - Você! MA - LU - CA!


Milena - Grosseiro!

Cássio - Avoada. Se não tivesse falando pelo celular, nada disso teria acontecido.

Milena - Agora a culpa é minha?

Cássio - Minha que não é, não?

Milena - Olha, quer saber. Eu vou pra casa.

Cássio - Espere, eu levo você.

Milena - Não, obrigada, eu ainda tenho pernas.

Cássio - E eu ainda tenho educação. Bora, entre ali que eu levo você vai.

Milena - E se eu não fizer isso?

Cássio - Se não fizer, me sentirei na obrigação de levar assim mesmo.

Milena - Tá bom, cavalheiro. A donzela entrará na carroça.

Cássio - Carroça? Está chamando essa beldade de carroça? Saia imediatamente.

Milena - Olha, me poupe vá! Vamos logo.

Cássio - Enjoada.

Milena - Infeliz.


Cássio olha com satisfação para Milena, e acelera.


Cena 04: Casa de Milena/Manhã.


Cássio - Entregue! 

Milena - Muito obrigada.

Cássio - Tudo ficará melhor quando você me disser seu nome. 

Milena - Me chamo Milena.

Cássio - Cássio, Cássio Andrade Romano ao seu dispor.

Milena - Eu já ouvi esse sobrenome antes.

Cássio - Margarete Andrade Romano?

Milena - Isso, a dona daquela construtora.

Cássio - Isso, sou filho dela.

Milena - Que bacana. Agora tchau.

Cássio - Ei, calma, não nos veremos outras vezes?

Milena - Quem sabe, né? Tchau.

Cássio - Tchau! Vamos, Cássio! Bola que segue

 

(Um chego trecho de A Vida é Dura toca na transição de cena)


Milena - Mãe!

Gilda - Oi, filha! 

Milena - Hoje aconteceu tanta loucura que até esqueci de comprar aquilo que a senhora me pediu. Acredita que quase fui atropelada?

Gilda - Misericórdia, filha. Essa São Paulo está perigosa mesmo.

Milena - E o rapaz é até filho de gente importante, e me trouxe para casa.

Gilda - Você deixou? Meu Deus, filha, ele poderia ser um bandido.

Milena - Oh, mãe, naquela hora eu estava tão nervosa… não dava pra pensar tanto.

Gilda - Vem cá, você disse que ele era filho de gente importante. Quem é a mãe ou o pai dele?

Milena - Não sei se a senhora conhece a Margarete Andrade Romano, a dona da construtora.


Uma trilha sonora tensa toca, a câmera foca na Gilda apavorada com a notícia 


ESTAMOS APRESENTANDO/VOLTAMOS A APRESENTAR 


Milena - Mãe, mãe, o que houve? A senhora está bem?

Gilda - Bem? Eu estou bem sim…

Milena - Você ficou tão estranha com a notícia que dei.

Gilda - Minha filha, eu vou te pedir uma coisa.

Milena - Fale, mãe. Pode dizer?

Gilda - Não se encontre mais com esse rapaz. Esqueça que ele existe, tá bom?

Milena - Oxe, mas porque?

Gilda - Sem perguntas, minha filha. Eu só não quero mais que você se encontre com esse rapaz!


As duas se olham de forma assustada 


Cena 05: Cássio segue dirigindo pela Avenida Paulista, conversando sozinho


Cássio - É cada coisa que me acontece nessa vida, que me surpreendo. Ela fica com o celular pela rua, não presta atenção onde atravessa, e agora a culpa é minha. Mas será possível… inacreditável (...) 


O carro acaba passando em um buraco e quebra o pneu. Cássio desce e olha o estrago. Os motoristas começam a buzinar.


Cássio - Pelo amor de Deus, era só o que faltava. Quebrar o pneu agora. Já vou, já estou saindo, calma. Bando de gente agoniada.

Fabio - Oh seu desajeitado, não tá vendo que está atrapalhando a pista não?


Cássio vira na direção de Fábio, e os dois se encaram impactados.


Cássio - Fabio Feitosa 

Fabio - Cássio Romano 



A câmera foca nos dois se encarando, congestionamento a Avenida Paulista, congelando e encerando o capítulo. Encerramento ao som do tema de abertura. 


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