CAPÍTULO II
CENA I – CHERRY NA RUA APÓS SUA TRÁGICA FORMATURA
(Cherry sai correndo do salão, trêmula e coberta de tinta vermelha.
A respiração é ofegante e as risadas ecoam na sua mente.)
CHERRY: (de joelhos e sussurrando para si mesma) Não vou chorar.
Não vou dar esse prazer para eles.
(Alguém toca em seu ombro. É François.)
FRANÇOIS: Meu Deus, Cherry... Eu não sabia. Não fazia ideia
que isso fosse acontecer, você estava tão deslumbrante.
CHERRY: (virando-se, encarando-o com raiva) Você também
estava lá, François! Você aplaudiu junto com todo mundo! Sai daqui!
FRANÇOIS: (ajoelhando-se ao lado dela) Eu sinto muito,
Cherry. Você não merece isso... Eu estou aqui por você, de verdade. Não minto
que aplaudi, pensei ser alguma encenação, na hora. Perdoe-me querida.
(Cherry olha para ele, ainda incrédula, mas começa a
respirar mais devagar.)
FRANÇOIS: Venha, meu bem. Vou levar você para casa a casa da Wilma.
CHERRY: Não, não mesmo. Eu vou voltar lá na festa e acabar com todos.
FRANÇOIS: O quê? Não vai, não vou deixar.
(François agarra Cherry e liga para Wilma que continua no salão
tomando seu bom champagne como se nada tivesse acontecido. Enquanto aguarda a chamada, ele lembra da conversa estranha de Wilma sobre o vestido branco e percebe que ela
pode ser a responsável pelo acontecido)
INTERVALO
CENA II – CHERRY EM SUA CASA / CASA DE WILMA, LAVANDO O ROSTO APÓS O
INCIDENTE
(Cherry está de frente para o espelho, com os cabelos
molhados, ainda respingados de tinta vermelha. Seus olhos estão vermelhos de
tanto chorar.)
CHERRY: (para si mesma) Eu não acredito que ela fez isso...
Como eu pude ser tão cega? Confiei nela esse tempo todo...
(Cherry se afasta do espelho, apanha uma toalha e começa a
secar o rosto. Ela encara seu reflexo, uma expressão de raiva e determinação
surge em seu rosto.)
CHERRY: Isso não vai ficar assim, Wilma. Você vai pagar caro.
CENA III – DOUGLAS CHEGA AO RIO DE JANEIRO
(Douglas desce de um ônibus no Rio de Janeiro, com uma
mochila surrada nas costas e olhar decidido. Ele caminha pelas ruas
movimentadas da cidade, claramente com um destino em mente.)
DOUGLAS: (para si mesmo) Finalmente vou acertar as contas
com você, Bionda. Chega de fugir.
(Douglas para em frente a um prédio luxuoso e observa a
entrada por um momento, como se estivesse esperando o momento certo para agir.
De repente, seu celular toca. É Daniel.)
DANIEL (ao telefone): Mano, pensa bem. Não faça nada que
possa te colocar de volta na cadeia.
DOUGLAS: Não tem volta, Daniel. Já estou decidido. É agora
ou nunca.
DANIEL: Só estou dizendo, pense nas consequências. Essas
pessoas são perigosas. Você está mexendo com fogo.
DOUGLAS: Não se preocupa, eu sei o que estou fazendo.
(Douglas desliga o telefone e entra no prédio com passos
firmes.)
CENA IV – BIONDA E VIVIAN PREPARAM UM JANTAR NO APARTAMENTO
DE BIONDA
(Bionda está de pé em frente à bancada da cozinha, abrindo
uma garrafa de vinho. Vivian está sentada no balcão, mexendo em seu celular,
parecendo desinteressada.)
BIONDA: O juiz vai dar uma resposta definitiva amanhã. Tudo
vai se resolver.
VIVIAN: (sem levantar os olhos do celular) Ótimo. E quanto a
Cherry?
BIONDA: Cherry não é o problema agora. O foco é garantir que
nosso plano continue. Ela está em boas mãos... eu acho.
VIVIAN: Você não parece nem um pouco preocupada com a filha.
(Vivian olha para Bionda com certa desconfiança, mas não diz
nada. A campainha toca.)
BIONDA: (indo em direção à porta) Deve ser a Camila. Ela
ficou de trazer mais vinho.
(Ao abrir a porta, Bionda dá de cara com Douglas.)
BIONDA: (surpresa) Douglas?
DOUGLAS: Surpresa em me ver, Bionda?
(Vivian se levanta rapidamente do balcão, alarmada. Bionda
tenta se recompor.)
BIONDA: O que você está fazendo aqui?
DOUGLAS: Resolvi fazer uma visita à velha amiga que me
colocou atrás das grades. E olha, achei até que você fosse me confundir com o Daniel... Pelo visto você se recorda muito bem do mal que me fez.
CENA V – WILMA EM CASA, AO TELEFONE COM LUCY
(Wilma está em um quarto mal iluminado, fumando um cigarro
enquanto fala ao telefone.)
WILMA: A cerimônia foi perfeita. Ela está completamente
humilhada.
LUCY: (ao telefone): Bom trabalho, Wilma. Cherry precisava
dessa lição. Agora ela está pronta.
WILMA: Pronta? Pronta para quê?
LUCY: Para se juntar a nós. O sacrifício simbólico foi
apenas o começo.
(Wilma parece nervosa, mas tenta esconder seu desconforto.)
WILMA: Não sei se estou pronta para seguir com isso, Lucy.
LUCY: Não tem volta, Wilma. A próxima fase já começou.
(Wilma desliga o telefone, inquieta, e olha para uma foto de Cherry em seu celular.)
BIONDA - PAOLLA OLIVEIRA
CHERRY - VALENTINA HERSZAGE
WILMA - NATÁLIA DO VALE
DOUGLAS E DANIEL - SÉRGIO GUIZÉ
FRANÇOIS - RAINER CADETE
VIVIAN - AGATHA MOREIRA
LUCY - MARIA DE MEDEIROS
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