Paixões & Legados - Capítulo 8 (01/10/2024)

 


Paixões & Legados

Escrita por Fafá

Faixa das 18h


Bernardino conhece a pequena Anabel. O homem esperava pelo fim do parto na sua sala de estar.


BERNARDINO: Seja bem-vinda, pequenina! Serei como um pai para você, te darei todo o amor e tudo o que precisar. Prepare-se para se tornar a menina mais mimada desse mundo.


Mercedes, a governanta, está no canto da sala, apenas observando a cena.


BERNARDINO: Mercedes, não fique escondida aí! Venha conhecer a menina. Afinal, conviverá bastante com ela.


MERCEDES: Desculpe-me, senhor, mas só estou aqui para caso precise de alguma coisa.


BERNARDINO: Você sempre foi tão rígida consigo mesma. Está o tempo todo se comportando como uma simples governanta, não importa o lugar ou o momento.


MERCEDES: Acho que é o certo a se fazer. Dediquei quase que minha vida inteira a esse trabalho, não vejo como seria diferente.


BERNARDINO: E nas vezes que tira férias? Sempre viaja para algum lugar. Tem família longe daqui? Se comporta assim com eles também?


MERCEDES: Tenho minha casinha, fica mais por interior. Uma parte de minha família mora lá, mas só os vejo de vez em quando. Respondendo sua pergunta: não, eu não me comporto assim com eles, não sou ignorante a esse ponto.


BERNARDINO: Não tem filhos? Nem ao menos um marido, alguém para amar e ser amada?


MERCEDES: Nunca me casei. Tive algum casinho, algum namorico ou outro, mas nunca se tornou algo sério, o senhor bem sabe disso… Quanto a filhos, seria loucura para mim.


BERNARDINO: Por favor, leve a pequena Anabel até o quarto e veja se Lúcia precisa de algo.


Mercedes pega delicadamente a criança do colo de Bernardino e a leva até o quarto onde Lúcia descansa.


LÚCIA: Obrigada, Mercedes! Ela estava tão confortável no seu colo, leva jeito com crianças.


MERCEDES: Acho exagero da sua parte, nunca tive muito contato com crianças. A senhora necessita de mais alguma coisa?


LÚCIA: Por enquanto, não. Se precisar eu te chamo.


Mercedes se retira e Lúcia balança a filha em seus braços.




Na grande mansão de Celine, ela, Débora e Leonel estão na sala. Logo chegam Tia Gláucia e seus filhos adolescentes, Flor e Elias.


GLÁUCIA: Oi minhas queridas, há quanto tempo não vejo vocês! Débora, virou um mulherão, hein, mudou tanto!


DÉBORA: Tia, não exagere, a senhora passou apenas 1 ano longe daqui.


GLÁUCIA: É bastante tempo! Celine, quem é este rapaz? Não me diga que arranjou um marido…


CELINE: Não, este é Leonel, apenas um amigo. Ajudei-o há alguns meses e agora ele está me retribuindo.


LEONEL: Para mim, não é favor algum. Estou ajudando como um amigo.


GLÁUCIA: Minha querida, você realmente mudou. Está tão… frágil.


Leonel sabia do que Gláucia estava falando. Celine havia piorado, sua pele estava mais pálida, a cor dos lábios apagada, as olheiras mais profundas e suas expressões e gestos eram feitos com fraqueza.


CELINE: É apenas impressão sua, estou bem.


GLÁUCIA: Mesmo? Lembro-me que sua saúde estava um tanto debilitada


CELINE: Eu garanto que está.




Celine caminha pelo seu jardim e Leonel se aproxima para conversar com a moça.


CELINE: E então, o que achou da minha tia?


LEONEL: Achei… simpática.


CELINE: Não se engane. Tia Gláucia até pode ser uma boa pessoa, mas, às vezes, suas falas e atitudes podem soar um tanto rudes.


LEONEL: Por que mentiu à ela?


CELINE: Menti?


LEONEL: Sobre sua doença. Por que está mentindo para mim? Por que está mentindo para todos sobre isso? Celine, está claro que você não está bem. Por que quer esconder isso? Não confia em mim?


CELINE: Eu não quero que se preocupem comigo. Os últimos meses têm sido tão bons para mim, não quero pesar o clima bom que essa casa está mantendo.


LEONEL: Se nos preocuparmos com você, não estragará o clima bom dessa casa, acho que apenas melhoraria, pois teríamos alegrar ainda mais o ambiente.


CELINE: Esses atos, de sempre tentar melhorar alguma coisa, me soa que está sendo tudo falso. Eu adoro quando apenas ficamos andando por esse jardim, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, apenas esperando o tempo passar. Os meus momentos de trabalho nunca foram tão bons como estão sendo agora, pois é outro momento nosso. Não quero receber um diagnóstico para os cuidados serem me privar de tudo isso. Mas se quer saber o que está acontecendo, Leonel, eu sinto que tenho pouco tempo de vida. E eu só quero aproveitar este pouco tempo que tenho.


LEONEL: Pouco tempo? Não há tratamento, algum remédio que te cure?


CELINE: Eu já me consultei com diversos médicos e nenhum soube sequer dizer o que tenho.


LEONEL: Eu… nem sei o que dizer…


CELINE: Vamos continuar nosso passeio.


Eles continuam andando, em silêncio. Leonel fica pensativo, processando o que Celine acabou de lhe dizer. Tia Gláucia observa os dois pela janela da sala.


GLÁUCIA: Afinal de contas, quem é este rapaz?


DÉBORA: É um coitado que Celine achou quase morto na beira da estrada. Sentiu pena dele e deu tratamento a ele aqui dentro de casa. Acredita, tia, que ela está dando mais confiança a esse desconhecido do que a mim, que sou irmã dela.


GLÁUCIA: É… Os dois exalam um certo carinho um pelo outro. Vendo assim, parecem ser um casal. Chuto que só não estão juntos por medo de se declararem.


DÉBORA: Para mim é um golpista. Já está bem claro, a senhora percebeu, Celine está morrendo. E se ele der um jeito de casar com ela antes?


GLÁUCIA: Pareceu-me um rapaz simpático.


DÉBORA: Ele não me engana, sei que é um mau caráter. 


GLÁUCIA: Não entendo o porquê de tanta implicância com o rapaz. Já fui assim com um, e no final me casei.


DÉBORA: Ora, tia, o que a senhora está insinuando?


GLÁUCIA: Às vezes, isso tudo é um amor reprimido.


DÉBORA: A senhora voltou mais louca do que já era.


Débora dá as costas e sobe as escadas.




Voltamos à fazenda do Coronel Guilhermino. O dono das vastas plantações está sentado na sua varanda e recebe Jarbas, acompanhado de outro homem.


JARBAS: O detetive traz novidades.


GUILHERMINO: Diga.


DETETIVE: Vigiei a moça Elza, como o senhor pediu. Há alguns meses ela se mudou de cidade, arrumou um novo emprego.


GUILHERMINO: Teria recebido alguma carta do ex-amante?


DETETIVE: Se recebeu, ainda não se encontraram.


GUILHERMINO: Continue atrás dela, uma hora ou outra vai nos levar até ele.




Alguns dias depois, Lúcia passeia com sua filha pela praça da cidade e decide passar na Pensão Maria das Graças.


TOMÉ: Que menina linda, Lúcia! Olha só que fofura.


CÁSSIA: Parabéns por essa benção! Muito bonitinha, não esperava que a fábrica daquele velho funcionasse tão bem.


LÚCIA (Desconfortável): Obrigada… eu acho.


Elza desce as escadas da pensão.


ELZA: Seu Tomé, vou sair e…


Ela fica perplexa ao ver Lúcia, com roupas chiques e uma criança no colo, na sua frente. As duas ficam se encarando, causando um clima tenso.


ENCERRAMENTO

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