Limite da Vida - Capítulo 07


 Limite da Vida - Capítulo 07

Uma novela de Larice da Costa



Catarina: Olha o convento, Humberto. Está totalmente incendiado. Cadê Mitra? Está vendo ela?

Humberto: Catarina... O que aconteceu aqui? 

Catarina desce da charrete desesperada como se fosse cair no chão, Humberto vem logo atrás tentando ajudar a mesma.

Humberto: Vamos até lá, talvez estamos agindo precipitadamente, ela pode estar bem.

Catarina se levanta com o apoio de seu marido, ela seca as lágrimas e os dois vão juntos até os fazendeiros e o delegado que tinha acabado de chegar no local.

Humberto: Dia! 

Catarina: Onde está Mitra? Chamem ela, por favor.

Todos se entre olham sem graça, até que um fazendeiro toma coragem e diz.

Fazendeiro: Eu sinto muito, dona. 

Catarina: Não... não pode ser. Chamem a Mitra, CHAMEM ELA AGORA!

Humberto tira o chapéu passando a mão pela testa, com uma expressão de decepção.

Delegado: Se acalme, senhora.

Catarina: Me acalmar? Estão dizendo que minha filha está morta e vocês querem que eu me acalme? EU QUERO A MINHA FILHA AQUI, AGORA! Humberto, a nossa filha, homem. Me diz que eu entendi errado, que eu estou enganada.

Humberto: Enganado estava eu quando não insisti, quando não fui totalmente contra essa ideia de colocá-la em um convento.

Humberto agarra os braços de Catarina.

Humberto: É sua culpa, Mitra morreu por capricho seu.

Delegado: Se acalmem, não vamos nos exaltar. Eu sinto muito pelo ocorrido, se a gente puder fazer alguma coisa.

Catarina: Vocês têm certeza do que estão dizendo? Ela pode ter corrido de medo, é isso, ela fugiu, não deve estar muito longe.

Humberto: Cai na realidade, Catarina, não tente se convencer do que não existe.

Catarina: Eu não acredito, eu não posso ter certeza de uma coisa que eu não vi. Vocês não viram uma moça correndo? Ela era baixa, tinha um pingente de rosa no pescoço, não tirava por nada.

Delegado: Pingente de rosa? Por acaso esse daqui?

O Delegado entrega o pingente em uma sacolinha para Catarina analisar, ela cai de joelhos quando percebe que era o pingente de Mitra.

Delegado: Eu sinto muito, estava no pescoço de uma das noviças, eu imaginei que seria uma forma de identificação já que... enfim, fogo né!

Humberto continua andando para mais próximo dos destroços, ele se vira de costas e chora disfarçadamente, com vergonha de demonstrar.

Catarina: AAAAAHHHHHH! MITRAAAAAAAA. Uma chuva torrencial começa.

Fazendeiro: Vamos sair daqui. Venha comigo, senhora.

Catarina: ME DEIXA, SAIAM DAQUI VOCÊS, SAIAM!

Delegado: A senhora não pode ficar debaixo dessa chuva, vamos para um local coberto.

Catarina: Eu quero que chova, quem sabe assim me limpa e leva embora toda a tristeza que estou sentindo. Me deixem aqui.

Debaixo da chuva, Catarina e Humberto choram com a dor da perda de Mitra. Catarina olha para o céu como se fosse falar com Deus.

Catarina: Ela não merecia isso, não é natural uma mãe enterrar uma filha, não é esse o ciclo da vida. ISSO NÃO É JUSTO! Minha filha, apesar de algumas ideias controvérsias, sempre foi uma boa pessoa, por quê tirar a vida dela tão brutalmente dessa forma? ELA NÃO MERECIA.

Catarina agarra a grama molhada e começa a arrancar tudo do chão, fazendo voar lama pela sua cara.

(No caminho):

Tânia: Que chuvarada hein!?

Motorista: Não seria melhor se voltássemos, madame? 

Tânia: Agora que estamos quase chegando? Pode continuar, Juarez. 

Rosinha: A senhora quer realmente falar com essa menina, viu. Se não fosse tão importante já teríamos retornado.

Tânia: É realmente muito importante, você sabe, Rosinha. Anda mais depressa, Juarez. Essa menina é preciosa, não sei o que ela tem, não sei o que ela faz, se é algum tipo de vidente ou se usa alguma magia, mas ela acertou o futuro, estava certa. Quero ver se ela consegue algum meio de comunicação... você sabe.

Rosinha: Eu sei sim senhora.

Tânia: Pois bem.

Juarez: Chegamos, senhora.

Tânia: Não estou conseguindo enxergar direito, onde está o convento?

Juarez: É nesse local, sempre vim aqui.

Tânia: Espera, ele está queimado?

Rosinha: O que?

Tânia: Vá até aquela casa, vou perguntar aos moradores de lá.

Rosinha: Tem até carro de polícia aqui.

Juarez para o carro em frente a fazendinha e Tânia e Rosinha saem com um guarda-chuva. Tânia bate na porta de madeira que abre sozinha, ela entra na casa.

Tânia: Dá licença, perdão ir entrando, mas a porta estava aberta. 

Tânia vê Humberto ao lado de Catarina que foram até a casa.

Tânia: Humberto?

Humberto: Tânia?

Catarina olha depressa percebendo que eles já se conhecem.

A chuva para e o tempo abre, trazendo assim um arco íris.

(Na cidade):

Jussara: Chegamos, querida. Agora é só dizer onde fica a sua casa que te levamos até lá.

Mitra: Não precisa, já fizeram demais por mim, daqui pra frente eu posso ir sozinha.

Fazendeiro: Mas o que é isso, já estamos aqui mesmo, podemos te levar em sua casa.

Mitra: Não precisa, já disse. Muito obrigada por terem me acolhido, não moro longe. Que Deus lhes abençoe.

Mitra desce da charrete e parte em disparada pelas ruas da cidade até desparecer no meio das pessoas, ela vai passando pelas ruas em que passou para chegar na casa de Tânia da última vez que foi. Mitra consegue achar o endereço da madame e toca o sino.

A empregada sai de lá de dentro. 

Empregada: O que precisa?

Mitra: Por favor, eu preciso de um copo com água, me deixe entrar para tomar, por favor.

Empregada: Não sei se devo.

Mitra: Não negue um copo com água para uma necessitada, por favor.

A empregada deixa Mitra entrar e elas vão conversando.

Mitra: A sua patroa está?

Empregada: Dona Tânia? Dona Tânia saiu, não sei quando volta. O que quer com minha patroa?

Mitra sente uma tontura.

Empregada: O que foi? Está se sentindo mal?

Felícia chega bem na hora na cozinha e presencia Mitra desmaiando.

Felícia: Meu Deus! Quem é ela? 

Empregada: Não conheço, ela me pediu um copo de água e quando chegou aqui, puft, desmaiou.

Felícia se aproxima de Mitra no chão.

Felícia: Por Deus, a menina está ardendo em febre, e agora?

(Mansão de Maia): 

Graça: Clementino, meu amor, vamos logo procurar essa caixinha de jóias. Você pode procurar aqui no andar debaixo e eu procuro lá ó, em cima.

Clementino: Pode deixar, meu amor.

Graça: E vê se procura direito, abre as coisas, examina bem hein, nós vamos encontrar!

Graça começa a subir as escadas quando a campainha toca, ela volta para abrir e se depara com sua mãe.

Graça: Mamãe!? O que faz aqui? Não era pra estar cuidando do velho inválido?

Dandara: Surpresa, querida. Era, mas ele se foi e os filhos dele não me quiseram lá mais. Então fiquei sabendo que você agora é uma senhora de posses, com uma mansão imensa como essa, não vai negar abrigo a sua mãezinha, não é?

Graça encara a mãe com ódio e logo depois olha para Clementino.

Graça: Pois era o que eu devia fazer já que fez isso quando não aceitou que eu morasse com a senhora na casa do velho lá.

Dandara: Minha filhinha, os filhos deles não aceitaram, eu não tive culpa. Mas com uma mansão como essa daqui, você não vai precisar encontrar comigo, posso ficar bem quentinha no meu canto, darling.

(Mansão de Tânia):

Mitra já está deitada no sofá quando acorda. Mitra abre os olhos e observa os móveis chiques em volta, ela se senta e percebe o sofá macio e o quadro de Tânia na parede.

Felícia: Ah, a senhorita acordou!

Mitra e Felícia se encaram sem saber que são irmãs.

ENCERRAMENTO.


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