LINHA TÊNUE - CAPÍTULO 18
Webnovela de Tony Castello
PARTE 1: HOSPITAL / INT. LEITO DE JÚLIO / MADRUGADA
Júlio: Então você invadiu o meu quarto para me falar asneiras? Pois faça o favor de se retirar.
Mônica: Deixa de ser grosseiro comigo. Eu vim aqui educadamente ver o seu estado. Vim dar força pra sua mulher que tava aí fora abatida, tadinha. E aproveitei pra trazer seu filho pra saber o estado de saúde do pai dele.
Júlio: Corta essa, Mônica. Acabou a brincadeira. Eu não quero mais saber de piadinha sua. Você sabe muito bem, porque eu já cansei de repetir ao longo de todos esses anos. Eu só tenho dois filhos, apenas dois herdeiros, e você trate de se contentar com isso.
Mônica: É, Júlio... Foram mesmo muitos anos, longos anos. Anos em que eu fui uma mãe dedicada pro seu filho. Fui uma boa amiga para você, guardei o nosso segredinho a sete chaves, sempre sendo uma boa garota para não te desmoralizar na frente da sua verdadeira família, como você mesmo dizia. Mesmo na hora do aperto, eu aceitei baixar a cabeça para você, sempre acatando tudo o que você me dissesse. Aceitando as suas ajudinhas financeiras. Eu só fico me perguntando... O que eu ganhei com tudo isso? E o Celso, o que ele ganhou? O que ele vai ganhar? Meu filho, o seu filho, o filho de um dos homens mais ricos desse país, parece não ter valor nenhum.
Júlio: Mônica, eu já disse mil vezes que o Celso está assegurado no meu testamento. Se por acaso algo acontecer comigo, nem o Celso e nem você ficarão desamparados. Mas nem por um momento pense que eu vou reconhecer ele como filho, pois isso não vai acontecer. Eu não vejo o Celso como algo que é parte de mim. Eu vejo ele como alguém muito diferente, muito estranho. Eu vejo ele como um funcionário, que eu posso mandar e ele vai acatar as minhas ordens, mas um filho? Isso jamais.
Mônica: Pois eu duvido, Júlio. Eu duvido. Eu aposto que você sente alguma coisa pelo Celso, sim. Você teria que ter um coração de pedra pra conviver todos os dias com alguém que é sangue do seu sangue, que é sim muito parecido com você, por mais que você negue, e ainda assim não sentir nada. Não tente me enganar, pois eu te conheço muito bem. Te conheço mais do que você mesmo se conhece. Eu te amei um dia, lembra? Te amei antes de você correr pros braços da Celina. Eu consigo decifrar os seus olhos como ninguém mais consegue e sei que você ama o Celso como seu filho, você só não o reconhece por colocar a sua imaculada imagem de chefe de família acima de tudo. Aquele teatrinho que você criou com a Celina precisa continuar. Só por isso você renega o Celso.
Júlio: Pense o que quiser, Mônica. Eu não sei o que você quer de mim, mas adianto que você não vai conseguir. Se você achou que eu ia morrer e te deixar na rua da amargura, fique tranquila, eu já disse que você e seu filho estarão assegurados. Mais do que isso, você não terá.
Mônica: O Celso tem uma grande ambição por ser grande, Júlio. Enquanto você espera que o William seja uma cópia sua, o Celso já tá aqui, pronto pra ser você. Talvez você não confie nele porque não confia em si mesmo. Mas acho que você é capaz de enxergar que Celso é o único capaz de perpetuar o seu legado. Enquanto você renegou ele a vida toda, ele cresceu e se tornou exatamente aquilo que você procurava no outro filho e não achou. Eu não estou aqui pra mendigar herança. Estou aqui pra que você seja sensato e considere o Celso como o seu sucessor.
Júlio sorri de incredulidade, virando a cabeça para o outro lado.
Júlio: Você só pode estar bêbada. Ou anda abusando dos seus tarja preta. Escuta, Mônica, eu já disse pra você que tudo o que o Celso terá de mim é o que é de direito dele, o que é justo. Mas estar no topo do império que eu construí a vida inteira? Do império que eu preparei pra que William seja o dono? Você está louca. Tire essa ideia maluca da sua cabeça. Seu filho não passa de um funcionário meu e é isso que ele será enquanto trabalhar para mim.
Mônica: Tudo bem, Júlio. Eu sei que no momento não sou capaz de fazer você enxergar o óbvio. Talvez você precise de mais uns tombos pra poder cair na real. Mas eu sei que um dia você vai se dar conta de que Celso é a única pessoa que pode ocupar o seu lugar. Por enquanto, eu desejo que sua saúde se mantenha estável.
Mônica se aproxima ainda mais de Júlio, encostando os lábios próximos da orelha dele e falando quase sussurrando.
Mônica: Você ainda é um homem muito forte. Até continua muito bonito. Ainda é o homem encantador pelo qual eu me apaixonei há muitos anos. Celina é mesmo uma mulher de sorte por ter você. Pena que ela não conseguiu te dar um filho que fosse tão parecido com você como eu dei.
Mônica sai do quarto, deixando Júlio sozinho com seus pensamentos tumultuados. Ele suspira profundamente, olhando para o teto, sentindo o peso das palavras de Mônica.
PARTE 2: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / INT. QUARTO DE CELINA E JÚLIO / MANHÃ
Após Júlio receber alta do hospital, todos voltam para a mansão. William, com o rosto cansado pela noite em claro, decide deixar Gabriela em casa para que ela possa descansar. Na mansão, Celina e Júlio conversam no quarto, onde Júlio agora se encontra deitado.
Celina: Pronto, agora você pode descansar o dia inteiro.
Júlio: Não posso descansar, Celina. Tenho coisas a fazer. Um homem como eu não foi feito para estar deitado em uma cama como um inválido.
Celina se senta na beira da cama, acariciando suavemente o braço de Júlio.
Celina: Você não é um inválido, Júlio, mas não custa tirar um tempinho para repousar. Você anda com a cabeça cheia de atribulações. Talvez você devesse mesmo eleger alguém pra te substituir naquela empresa e viver os bons anos que ainda te restam.
Júlio se remexe, desconfortável, olhando para o teto.
Júlio: Você fala como se eu já tivesse passado da validade e não pudesse mais dar conta do recado.
Celina: Não é isso. Eu sei que você ainda tem plenas condições de ser um grande empresário, mas e a sua vida? E a sua família? Você não acha que está perdendo tempo, um tempo precioso que você poderia estar aproveitando com sua família?
Júlio vira o rosto para Celina.
Júlio: Perdendo tempo? Eu, perdendo tempo? Você sabe o que eu estou fazendo? Estou garantindo que seus filhos tenham um futuro, principalmente William. Ele pode estar irredutível agora, mas eu tenho certeza de que ele vai acabar se convencendo de que o lugar dele é na empresa, ao meu lado.
Celina: Ainda nisso, Júlio? Nós não já tivemos problemas demais devido a essa sua obsessão com o que William deve ou não fazer com a vida dele? William está feliz, Júlio, ele encontrou alguém que ama e com quem quer passar a vida. Nosso papel como pais é apoiá-lo. Além disso, você nunca pensa na Liliana como alguém que poderia estar ocupando o seu lugar, você só tem olhos para William.
Júlio: Liliana é a minha princesinha, mas você sabe que alguém como ela não teria capacidade de se tornar uma boa executiva.
Celina: Por quê? Porque ela é mulher? Tá vendo? Esse é o seu grande defeito. Você não tem fé nos seus filhos, não confia nos sonhos deles e nem mesmo enxerga a capacidade que eles têm de serem grandes pessoas. William tem seus próprios sonhos que não estão alinhados às suas expectativas, e a Liliana pode sim ser uma grande executiva. Por mais que ainda seja muito jovem, sua filha tem qualidades que você, como pai, se recusa a ver.
Júlio: Besteira, Celina. Você vai ver como eu vou conseguir que William retome o juízo e volte a si. Um menino como ele, vindo de boa família, com o nosso sobrenome, não deve estar desperdiçando seu talento e potencial com certas distrações que estão bagunçando a mente dele.
Celina balança a cabeça, frustrada com a visão limitada de Júlio. Ela se levanta da beira da cama e caminha até a janela, olhando para o jardim da mansão.
Celina: Júlio, você precisa entender que os sonhos dos nossos filhos são importantes. William tem o direito de escolher o próprio caminho, mesmo que não seja o que você imaginou. E Liliana... ela pode surpreender você, se você der a chance.
Júlio(suspirando): Veremos, Celina, veremos.
Júlio fecha os olhos, sentindo a exaustão finalmente tomar conta de seu corpo, enquanto Celina continua observando a paisagem, preocupada com o futuro de sua família.
PARTE 3: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / INT. QUARTO DE HÓSPEDES / MANHÃ
Alguém bate à porta do quarto. Laura, ainda vestida em seu robe e com cara de choro, se levanta da cama para abrir.
Celina: Olá, Laura!
Laura: Tia Celina? Bom dia! A senhora me desculpa, nem tive tempo de me arrumar. Eu soube o que aconteceu com o tio Júlio ontem, mas vocês já tinham saído. Não tive como me arrumar, preferi esperar aqui em casa. Passei a noite aflita, chorando e rezando pela saúde do tio.
Celina: É mesmo, Laura? Esse seu choro tem a ver com o que aconteceu com Júlio ou com o fato de você ter beijado o meu filho ontem na presença da namorada dele?
Laura: Tia? Eu...
Celina: Nem comece com as suas desculpas. William me contou tudo, sinceramente fiquei horrorizada com o seu comportamento, Laura.
Laura abaixa a cabeça, as lágrimas ameaçando escorrer novamente pelo rosto, tentando encontrar as palavras certas.
Laura: Tia, eu nem sei o que dizer. Só peço que a senhora me perdoe pelo meu comportamento. Eu agi sem pensar, mas a senhora tem que entender que eu fiz isso porque ainda amo muito seu filho. Eu o amo com toda a minha alma e, pra mim, ainda é muito difícil ver ele com outra mulher.
Celina: Não importa, Laura. Não importa o quanto você ame meu filho, isso não é desculpa para promover baixarias em minha propriedade. Essa aqui é uma casa de respeito. Eu pensei que você fosse uma mulher que se desse ao respeito, pelo visto estava enganada.
Laura: Espera aí, tia, também não é assim. Eu sei que eu errei, mas também não precisa me ofender.
Celina: Eu não estou te ofendendo, estou te repreendendo pelas suas ações. Infelizmente, Laura, isso tudo me fez enxergar que a sua presença nessa casa foi uma péssima ideia. William deixou claro para mim que não consegue ficar à vontade nessa casa com você estando aqui. Dá para acreditar? Meu filho não consegue se sentir confortável na casa onde ele nasceu porque você fez o favor de constrangê-lo. Ah, Laura, eu posso ter ainda muito carinho por você, mas entre você e meu filho, é óbvio que eu vou escolher ele. Portanto, tire uns dias para se organizar e volte para seu apartamento. Ouviu bem?
Laura começa a chorar novamente, a voz trêmula e embargada pela emoção.
Laura: Ai, tia, por que a senhora está me tratando assim? Até a senhora? Agora todos resolveram me tratar como se eu fosse uma vagabunda.
Celina: Deixe de se fazer de vítima, Laura. Eu detesto pessoas que se fazem de vítima. Mostre que você ainda preserva a educação que seus pais lhe deram e haja como uma mulher de respeito. Largue de choramingar e faça o que eu mandei. E a partir de hoje, eu não quero saber de gracinhas suas com William, ouviu bem? Nem saber que você desrespeitou a namorada dele, que aliás será a futura esposa. Até mais, Laura.
Celina dá as costas para Laura e sai do quarto, fechando a porta com firmeza. O choro de Laura dá lugar a um grunhido de raiva. Ela grita e, num acesso de fúria, apanha um vidro de perfume na penteadeira e o atira na parede, que se despedaça espalhando cacos de vidro pelo quarto.
PARTE 4: CASA DE GABRIELA / INT. SALA / MANHÃ
Gabriela estava deitada no sofá com a mão repousada sobre a testa, respirando fundo. Fátima surge na sala andando devagar, preocupada com a filha.
Fátima: E aí, como foi lá? O velho ficou bem?
Gabriela: Deu tudo certo, acabou que não foi nada grave.
Fátima: É, onde já se viu rico morrer assim? Eles têm o melhor atendimento nos melhores hospitais.
Gabriela: Não é bem assim, mãe.
Fátima: E seu namorado?
Gabriela: Veio me deixar e já foi. Sinceramente, eu tô muito preocupada com ele. Desde que a gente ficou junto, parece que as coisas desandaram.
Fátima: Ah, mas isso não é culpa sua.
Gabriela: Disso eu sei, mas sei lá... Às vezes sinto que o universo conspira contra a gente. Antes eu me perguntava se eu estava à altura de um homem como ele. Sei que é errado pensar assim, mas não pude evitar. Daquele dia do jantar, eu tive que me manter forte pra não terminar o nosso namoro. Não queria perder ele de jeito nenhum, mas a minha vontade era terminar tudo pra não ter que passar por nenhuma outra humilhação. Agora eu só me sinto como um peso pra ele. Sinto que o pai dele me olha de banda e pensa que eu não mereço estar ao lado do filho dele.
Fátima: Pois eu não te ensinei a se sentir tão abaixo do que você realmente vale, Gabriela. Sempre te ensinei a ser forte e saber que riqueza não é sinônimo de classe e educação. Você se perguntando se está à altura daquele menino? Logo você?
Gabriela: Eu sei, eu sei... Mas o que eu posso fazer?
Fátima: Eu sei que você ainda é muito jovem, Gabriela, mas você tem que aprender que pessoas como nós, independente do nosso lugar na sociedade, nosso valor não é menor do que nenhum velho branco que arrota hipocrisias. E se você se sente por baixo porque um homem assim tentou te diminuir, então você precisa levantar a cabeça e mostrar que é mais forte do que ele imagina. Você é uma mulher incrível, Gabriela, e não deve deixar ninguém te fazer sentir o contrário.
Gabriela olha para a mãe com lágrimas nos olhos.
Gabriela: Obrigada, mãe. Eu vou tentar ser mais forte.
Fátima: E não esquece que um dia você me disse que não deixaria nada nem ninguém separar você desse menino. Ele é um bom rapaz e vocês sim merecem estar juntos.
Gabriela se levanta do sofá e abraça Fátima, buscando conforto nos braços da mãe.
PARTE 5: APARTAMENTO DE OLIVER / INT. QUARTO DE OLIVER / TARDE
Liliana entra no quarto de Oliver, que ainda dorme profundamente devido à ressaca. Liliana senta na beirada da cama, observando o namorado dormir com feição pensativa. Ela se levanta e tenta sair, mas Oliver desperta.
Oliver: Lily?
Liliana (se virando): Oi, Oliver, como você passou a noite?
Oliver se senta na cama, passando as mãos no rosto para ficar mais desperto. Seus olhos demonstram confusão e cansaço.
Oliver: Sinceramente, não lembro de muita coisa de ontem. Foi você quem me trouxe pra casa?
Liliana: Sim.
Oliver: Me desculpa se eu dei vexame ontem, eu não queria ter bebido tanto.
Liliana: E você lembra de alguma coisa?
Oliver: Lembro de ter acertado a cara daquele otário.
Liliana: Ah, então você lembra do seu showzinho.
Oliver: Bom, quanto a isso eu peço que você me desculpe, mas você também não me respeita, Liliana. Você queria que eu fizesse o quê? Eu dou as costas e você já começa a dar mole pra outro cara.
Liliana: Dar mole? Eu só tava conversando com ele. Não sou sua propriedade pra estar proibida de conversar com quem eu quiser... Quer saber, Oliver? Eu só vim ver como você tava, me senti meio culpada pela sua bebedeira de ontem, mas já me arrependi de ter vindo. Quer saber de uma coisa? O Fred é um cara muito gentil, muito fofo, o contrário do que você vem sendo comigo. Sabe o que eu tava fazendo ontem? Tava no hospital esperando meu pai ser atendido depois dele cair duro no chão.
Oliver se levanta da cama, indo até próximo de Liliana e alisando o rosto dela com os dedos
Oliver: Sério? Meu Deus, Lily, eu sinto muito. Se eu soubesse, eu tinha ido...
Liliana: Que tinha ido o quê, você com o rabo cheio de cachaça não iria nem a meio metro dessa cama. Eu só queria que você tivesse um pouco mais de respeito por mim. Era pros nossos últimos dias juntos serem perfeitos, acabou que eu nem sei se quero ficar perto de você agora.
Oliver: Não fala assim, Liliana. Vamos passar uma borracha nessas idiotices e tentar manter a harmonia entre a gente? Eu odiaria tanto ir embora e saber que o clima ficou ruim entre a gente. Eu te amo demais, Liliana, e talvez por isso eu esteja metendo os pés pelas mãos, não tô sabendo lidar com a nossa separação. Só peço que você me dê um desconto.
Liliana: Eu não sei, Oliver. Não sei mais o que pensar sobre a gente. Na verdade, eu tô um pouco exausta, cansada de tentar fingir que tá tudo bem. A verdade é que nosso relacionamento esfriou há um bom tempo. A gente só tava tapando o sol com a peneira.
Oliver: Não fala isso, Liliana, por favor. Eu não vejo assim, acho que todo relacionamento tem crise e o nosso tá passando por uma.
Liliana: É, Oliver, mas diferente dos outros relacionamentos, o nosso tem prazo e validade. O que me faz questionar se tudo isso vale a pena. Talvez seja melhor a gente colocar um ponto final nisso e assumir que há um bom tempo a gente vem sendo só amigos.
Oliver: Eu não aceito isso, não aceito que você queira terminar comigo assim. Você quer que eu fique, é isso? Pois eu fico. Eu desisto da viagem e fico aqui sendo todo seu.
Liliana: Como você pode dizer algo assim? Desistir do seu sonho? Da sua formação, por mim? Você deve me achar a pessoa mais egoísta do mundo.
Oliver: Não é isso, Lily, é que eu acho que não sei viver sem você e eu não tenho mais certeza se quero ir pra outro país e saber que não vou ter mais a sua presença na minha vida.
Liliana: Oliver, você vai sempre ter a minha presença na sua vida, se você quiser... Mas infelizmente o nosso relacionamento já acabou faz tempo.
Oliver começa a chorar e Liliana o abraça, afagando suas costas. Algumas lágrimas também caem dos olhos dela.
PARTE 6: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / INT. QUARTO DE CELINA E JÚLIO / MANHÃ
Júlio está se arrumando para sair. Ele ajusta a gravata enquanto sai do closet. Celina desperta do sono, observando-o se preparar.
Celina: Vai sair tão cedo, Júlio?
Júlio: Vou sim, tenho assuntos a resolver.
Celina: Não seria melhor você tirar mais uns dias de folga enquanto se recupera?
Júlio: Que nada, eu estou muito bem e não quero perder mais nenhum minuto para resolver meus assuntos.
Júlio sai da mansão com seu motorista. Ele pede que o motorista o leve até a casa de Gabriela e que pare o carro em uma rua próxima, fora da vista de qualquer um que possa reconhecê-lo. Ele fica um tempo esperando até que vê William chegar com o carro, e Gabriela entrar. William parte com o carro, e Júlio pede que seu motorista o siga à distância, mantendo-se fora do campo de visão. Chegando na faculdade de Gabriela, Júlio observa de longe os dois se despedirem e Gabriela entrar. Assim que William vai embora, Júlio desce do carro e entra no prédio, tentando alcançar Gabriela. Ao entrar, ele avista-a de longe e corre para alcançá-la.
Júlio: Gabriela!
Gabriela se vira para olhar e fica surpresa com a presença de Júlio.
Gabriela: Bom dia, senhor! O que faz aqui?
Júlio: Eu vim porque preciso conversar com você.
Gabriela: Agora?
Júlio: Sim, agora!
Gabriela: O senhor vai me desculpar, mas agora eu tenho aula e não posso faltar. Tenha um ótimo dia.
Gabriela se vira, mas Júlio a segura pelo braço
Júlio: Por favor, Gabriela, preciso mesmo falar com você.
Gabriela fica pensativa, sem saber o que dizer.
Júlio: Você sabe que eu não viria aqui se não fosse muito importante, ainda mais depois do que me aconteceu.
Gabriela: É verdade, acabei sendo mal-educada e não perguntei como o senhor tá se sentindo.
Júlio: Estou bem, minha filha. Mas ficaria ainda melhor se você me cedesse um pouco do seu tempo.
Gabriela olha para os lados, tentando lutar contra a indecisão, sabendo dentro de si que não deveria dar nenhum minuto de sua atenção para Júlio.
FIM DO CAPÍTULO.
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