13 de nov. de 2024

Linha Tênue - Capítulo 08 (13/11/2024)

 LINHA TÊNUE - CAPÍTULO 08



Webnovela de Tony Castello


PARTE 1: PRAIA / TARDE

William fica sem reação ao ser abraçado por Antonella. Gabriela tenta virar o rosto para disfarçar seu incômodo, mas não consegue esconder completamente. Antonella se afasta de William, dando um sorrisinho. Após um breve instante, William volta seu olhar para Gabriela e a puxa pela mão para que se ela levante.

William: Essa é a minha namorada, Gabriela.

Gabriela(com um sorriso forçado): Muito prazer.

Por um momento, Antonella parece hesitar ao ver William apresentar Gabriela, mas logo assume um sorriso de orelha a orelha e estende a mão para Gabriela num aperto firme.

Antonella: Muito prazer, Gabi! Você é linda e tem muita sorte de namorar um cara tão legal e habilidoso com a prancha. Tenho certeza de que você deve sentir muito orgulho dele.

Gabriela: Ah, sim, sinto sim. Mas também sinto um pouco de medo por ele, nunca se sabe o que pode acontecer.

Antonella: Ah, normal, boba! Eu também ficaria com o coração na boca se visse meu namorado enfrentando uma onda dessas. Mas é um tipo de adrenalina muito boa. É algo que cria na gente a sensação de que só tá vivendo uma vez, eu adoro.

William foca seu olhar em Gabriela, percebendo seu desconforto, e então decide interromper a conversa.

William: Gente, vocês podem nos dar licença um minutinho?

William puxa Gabi pela mão e a leva para longe do grupo.

William(aproximando o rosto do dela): Tudo bem, Gabi?

Gabriela: Tudo sim, por quê?

William: Você... parece meio incomodada.

Gabriela(pondo a mão no braço dele e alisando): Não precisa se preocupar, meu amor, eu tô bem. É só que... você não acha que já tá na hora da gente ir?

William dá um sorriso meigo para Gabriela.

William: Se é o que você quer, então a gente vai. Só vou me despedir do Nando e do resto do pessoal e levo você, minha linda.

Então, William segura a mão de Gabriela e os dois retornam juntos até o grupo, onde Fernando está rodeado pelas garotas, gesticulando animadamente.

PARTE 2: FRENTE DA CASA DE GABRIELA / FIM DE TARDE.

William para a moto uma quadra antes da casa de Gabriela, como já era de costume desde que começaram a sair. Gabriela desce da moto e William tira o capacete. Ele encara Gabriela um pouco sério.

William: E aí, vai me contar o que rolou na praia?

Gabriela: Como assim? Não rolou nada!

William (apoiando os dois braços em cima do capacete): Olha, Gabi, eu penso que se a gente vai mesmo entrar nessa, então você tem que confiar mais um pouco em mim. Hoje, lá na praia, você conseguiu se abrir comigo, e eu percebi que algo te incomodou.

Gabriela: Eu sei, Eu sei...Me desculpa. É que tem coisas que eu sinto vergonha de falar pra você.

William: É, eu também... Acho que estou te pressionando demais também, me desculpa por ser invasivo. Às vezes, não passa pela minha cabeça que você pode se sentir desconfortável em me contar certas coisas.

Gabriela (hesitando): É que lá na praia, quando aquelas garotas vieram pra cima de você, eu me senti um pouco nervosa. Você não vai rir de mim se eu te contar?

William: Juro que não, pode falar.

Gabriela (aproximando a boca do ouvido dele): A minha vontade era de arrastar você dali, pra bem longe daquelas meninas.

William sente um impulso de gargalhar, mas se controla, pressionando os lábios.

William: Pois eu acho muito fofo esse seu ciuminho; significa que você gosta tanto de mim que não aguenta me ver perto de outras mulheres. Mas quer saber de uma coisa? Não precisa se preocupar, porque agora eu pertenço a você. Mesmo que alguma outra garota chegue perto, é só você que vai estar nos meus pensamentos.

Gabriela sorri e coloca as duas mãos no rosto, se sentindo envergonhada. William também ri e puxa a namorada pra um abraço firme, dando um beijo na testa dela.

PARTE 3: APARTAMENTO FAMÍLIA FORTUNATO / FIM DE TARDE

Mônica bate na porta do quarto de Celso e espera alguns instantes, mas ele não abre.

Mônica: Celso, é mamãe, por favor, querido, abra a porta, querido.

A porta permanece fechada.

Mônica: Olha, eu sei que você está chateado, mas eu tenho boas notícias, meu amor. Eu falei com seu tio...

Nesse momento, um barulho vem de dentro do quarto, como se alguém corresse em direção à porta. Celso abre a porta abruptamente.

Celso: Eu não acredito.

Mônica: Oi, meu anjinho, está mais calmo?

Celso: Corta esse papo e me diz logo o que diabos você falou com o velho.

Mônica: Nada demais, apenas fiz ele enxergar que estava sendo duro demais com você, o que é absolutamente verdade. O Júlio pode ser uma pessoa carrancuda, mas, no fundo, ele é um homem sensato e me deu ouvidos. Saiba que você ainda tem seu emprego.

Celso: Só pode ser piada, agora eu preciso da proteção da mamãe pro velho babão não me escorraçar?

Mônica: Você não precisa enxergar as coisas assim, mas olha aqui, meu filho, não interessam as circunstâncias. O que seu tio te deu foi mais uma chance e, vamos combinar, Celso, você pisou na bola com ele. Reconheça isso e aprenda a abaixar a cabeça; você não está em posição de protestar. Aproveite essa nova chance que seu tio está te dando e seja o mais bonzinho possível. Faça isso por mim e pelo seu irmão.

Celso fica em silêncio, desviando o olhar para o nada. Mônica se aproxima e acaricia seu rosto.

Mônica: Tudo bem, meu filho? Tenho certeza de que tudo isso vai servir para que você construa um futuro brilhante naquela empresa e conquiste a confiança do Júlio.

Celso: É... Fazer o quê? Eu não tenho outra alternativa. Vou ter que voltar pra aquele escritório com o rabinho entre as pernas e fazer meu papel de cordeirinho pro velhote. Mas ele que me aguarde; se ele acha que todas as humilhações que estou passando não vão ter volta... ah mas ele tá muito enganado.

Celso balança a cabeça com um olhar fixo e decidido enquanto Mônica o abraça, acariciando seus cabelos.


ALGUNS DIAS DEPOIS...


PARTE 4: CASA DE GABRIELA/TARDE

Fátima espera na sala, sentada no sofá, enquanto Gabriela entra em casa segurando a mão de William. Ela dá um sorriso tímido para a mãe e então se vira para William, colocando a palma da mão no peito dele e abaixando um pouco a cabeça, como se buscasse coragem.

William(com um sorriso nervoso): Tudo bem...

Gabriela vira novamente para Fátima, dessa vez esboçando um sorriso mais entusiasmado.

Gabriela: Então... Mãe... Este é o William, meu namorado.

Fátima(levantando e sorrindo): Oi, William, como vai?

William (estendendo a mão): Muito prazer, dona Fátima.

Fátima (apertando a mão dele): O prazer é todo meu, meu filho. Finalmente a Gabi criou coragem de te trazer aqui; não sei pra que tanto mistério.

Gabriela : Ah, mãe, a gente só queria um pouco de cautela.

William: Que fique claro que eu sempre quis vir aqui me apresentar pra senhora, mas tive que respeitar o desejo da Gabi.

Fátima: É, e eu tive que saber pelos vizinhos que a Gabriela estava de namorado novo.

Gabriela arregala os olhos para a mãe, surpresa.

Gabriela: Como assim, mãe?

Fátima(rindo): Ai, menina, você é besta? Você achou mesmo que os vizinhos não iam comentar vendo você zanzando pelo bairro com esse menino? E é óbvio que a fofoca chegou em mim muito antes de você me contar. Eu já estava sabendo do namoro de vocês no terceiro dia em que você trouxe ele aqui em casa.

William (gargalhando): É mesmo?

Fátima: Pois é. Acho que vocês dois subestimaram o poder de uma vizinhança que ama se meter na vida alheia. Quase todo dia eu ouço: “Fátima, você já viu aquele menino loirinho que anda trazendo sua filha de carro aqui na rua?”

William: Desculpa, dona Fátima, é que eu...

Fátima: Não precisa se desculpar, meu filho, tá tudo bem. E eu vejo pela sua cara que você é um menino do bem. Eu faço muito gosto que você namore minha filha e, quando a Gabi me falou de você, eu já pensei em chamar a família toda pra vir te ver.

William (surpreso e feliz): Nossa, sério? Eu ficaria feliz em conhecer toda a família.

Gabriela: É, mas eu acho que foi melhor assim, só a gente. Já basta esses vizinhos metidos comentando a nossa vida. E também eu queria que fosse um almoço especial só pra você.

Fátima: Sim, e ela me ajudou a cozinhar tudo, William. Modéstia à parte, eu sou uma cozinheira de mão cheia e a Gabriela herdou esse talento de mim. Tenho certeza de que você vai amar a minha comida. Além disso, eu fiz um bolo de cenoura com cobertura de chocolate de sobremesa. Espero que você goste de bolo de cenoura.

William (animado): Tá brincando? Eu sou louco por bolo de cenoura, é um dos meus favoritos.

Fátima: Pois então, o que a gente tá esperando? Vamos almoçar antes que essa comida esfrie.

Os três se sentam à mesa na cozinha, e Gabriela ajuda a mãe a servir a comida para William. Eles almoçam uma galinhada.

William: Nossa, dona Fátima, a senhora realmente não tava brincando quando disse que é uma cozinheira de mão cheia. Tá tudo uma delícia.

Fátima: Obrigada, meu filho. Que bom que você gostou. Fiz tudo com muito carinho.

Gabriela: E você não tinha outra opção a não ser gostar, já que passamos a manhã toda cozinhando.

Os três caem na risada.

Fátima: Sabe, William, um dos motivos de eu ter gostado de você antes mesmo de te conhecer foi que passei a ver minha filha muito mais sorridente. Eu não a via assim desde que meu esposo se foi. A Gabi sempre foi uma menina alegre, talvez um pouco tímida, mas nunca perdeu o sorriso no rosto. Desde que meu marido morreu... sabe... as coisas não têm sido fáceis. Por isso, agradeço por fazer minha filha feliz novamente.

William: Ah, que isso, eu que agradeço. Sua filha é uma das pessoas mais incríveis que já conheci, se não for a mais. E sinto muito pelo seu marido.

Depois de algum tempo, Fátima serve bolo de cenoura como sobremesa. William prova o bolo, fechando os olhos para demonstrar satisfação pelo sabor.

Gabriela: E então, o que achou?

William: Tô sem palavras, realmente muito bom. Acho que eu precisava namorar você só pra provar esse bolo, Gabi.

Gabriela dá um tapinha no braço de William, fingindo repreendê-lo pelo comentário, mas sorrindo. Fátima também ri.

William: Aliás, agora sou eu que preciso fazer um convite especial para vocês duas irem até minha casa, para que eu possa apresentar a Gabi e a senhora também, dona Fátima, aos meus pais e minha irmã.

Fátima: Nossa, fico lisonjeada. Olha que nenhum namorado da Gabriela jamais me convidou para conhecer os pais. Falando nisso, você é o primeiro que a Gabriela traz aqui para me apresentar formalmente.

William (colocando sua mão na de Gabriela e acariciando): Então isso é um bom sinal.

PARTE 5: SALA DE REUNIÕES / TARDE

Na sala de reuniões, Júlio está em pé, debatendo com o conselho do grupo. Celso está sentado, observando atentamente. Em um dado momento, ele interrompe o discurso de Júlio para opinar sobre algo. A reunião segue tensa até que Júlio recebe uma ligação. Ele atende rapidamente e, após uma breve conversa, encerra a ligação e retoma a reunião.

Júlio: Então, amigos, acredito que tenha esclarecido tudo e conto com a colaboração dos senhores nos próximos dias.

Todos começam a se levantar e cumprimentam Júlio antes de deixarem a sala. Celso é o último a se levantar; ele tenta sair da sala discretamente.

Júlio: Celso!

Celso (virando-se devagar): Sim, Dr. Júlio.

Júlio: Só quero dizer que estou gostando de ver a sua dedicação à empresa. Continue assim.

Celso: Ah... Sim senhor. Espero estar atendendo às suas expectativas.

Júlio: Sei que tivemos nossas diferenças, embora causadas pela sua falta de disciplina, mas quero que saiba que gosto de você independente de qualquer coisa.

Celso: Entendo, senhor. Obrigado pelo seu voto de confiança.

Júlio: E sobre aquele assunto que conversamos no outro dia, tem informações novas para me dar?

Celso: Sim, senhor. Não consegui descobrir muitas coisas, mas descobri o bairro onde a garota mora. Ela é vizinha da sua empregada, Janaína. É aluna do curso de enfermagem, a mãe é costureira e ela tem uma tia que possui uma confecção de roupas e um brechó. Sua nora trabalha nessa confecção em meio período. Parece que ela e seu filho estão muito envolvidos. Foi tudo o que consegui descobrir nos últimos dias.

Júlio: Hum... Muito bem. Não é muita coisa, mas estou satisfeito. Bom trabalho, meu filho!

Celso: Obrigado, Senhor! Precisa de mim pra mais alguma coisa?

Júlio: Não, está liberado.

Celso: Obrigado, Dr. Júlio. Tenha um ótimo fim de tarde e até amanhã.

Celso se vira para sair.

Júlio: Ah, Celso!

Celso: Sim?

Júlio anda devagar até se aproximar de Celso, focando seu olhar no dele.

Júlio: Preciso saber se está disposto a fazer o que for preciso para se tornar um legítimo homem de negócios.

Celso: Mas... Mas é claro, senhor. O que o senhor quiser que eu faça, eu farei. Já disse que estou à sua disposição pra qualquer coisa.

Júlio: Bom saber... Parece que nossa última conversa realmente colocou você nos trilhos.

Celso acena com a cabeça e sorri nervosamente. Júlio se vira para sair da sala, mas antes dá dois tapinhas amigáveis no ombro esquerdo de Celso. Então Júlio sai pela porta, e o sorriso de Celso se transforma em uma expressão séria enquanto encara fixamente a porta.

PARTE 6: QUARTO DE CELSO / NOITE

Celso entra no quarto e joga o paletó na cama com um movimento brusco. Ele começa a afrouxar a gravata, os lábios comprimidos em uma linha fina, revelando sua frustração.

Celso: Velho patético! Depois de tudo que disse, agora vem lamber o meu saco. Eu vou mostrar pra ele quem manipula quem.

O celular vibra no bolso da calça, interrompendo seus pensamentos. Ele puxa o aparelho e seus olhos se arregalam ao ler a mensagem recebida.

Celso: (com um risinho) Inacreditável...

Digitando freneticamente no celular, ele recolhe o paletó da cama e sai do quarto, determinado.

PARTE 7: CORREDOR DE UM PRÉDIO / NOITE

Celso bate na porta e aguarda por alguns instantes, mas ninguém abre.

Celso: Eu sei que você tá aí... (Silêncio) Me chamou por quê? (Silêncio) Então eu posso ir embora? Se me chamou aqui pra ficar plantando na sua porta como forma de punição, então parabéns, agora eu tô indo.

Ele começa a caminhar para ir embora, mas para e se vira em direção à porta. Fica breves instantes encarando-a com um olhar pensativo e indeciso, até que anda devagar até a porta novamente.

Celso: Escuta, se não quiser abrir, tudo bem. Mas me diz ao menos se você tá bem, tô começando a ficar preocupado. Dá um sinal sequer de vida.

Espera mais alguns instantes e então ouve um barulho no trinco. A porta se abre.

Laura: Eu tô... bem.

Celso: O que aconteceu?

FIM DO CAPÍTULO.


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