TENTE OUTRA VEZ - CAPÍTULO 1 (25/11/24)
Elenco:
Thiago Lacerda - Renato
Letícia Colin - Luísa
Diogo Almeida - Júlio
Giovanna Antonelli - Cássia
Isadora Cruz - Helena
Taís Araújo - Viviana
Klara Castanho - Flávia
Clara Moneke - Laura
Larissa Manoela - Gabi
André Marques - Vinícius
Rhaissa Batista - Penélope
Eriberto Leão - Dr. Eduardo
Murilo Benício - Rogério
Caco Ciocler - Gilson
Bárbara Paz - Lúcia
Palomma Duarte - Ana
Participação especial:
Flávio Galvão - Marinheiro
Mostrando cenas de pontos turísticos cariocas ao som de “ Nem Luxo nem Lixo” - Rita Lee, o capítulo inicia com takes iniciais mostrando o Rio de Janeiro. Logo, mostra a Goffmann, a indústria de cervejaria do protagonista Renato, focando logo em seu personagem. Na cena, Renato (Thiago Lacerda) e Eduardo (Eriberto Leão) debatem sobre a expansão da cervejaria, entrando logo em seguida Flávia (Klara Castanho).
Cena 01: Interior da Indústria Goffmann/Manhã
Renato - Expansão, dr. Eduardo, expansão! É tudo o que planejamos para a Goffmann, expansão!
Eduardo - Mas há planejamento para isso?
Renato - Mas é claro que há! Ou acha que está falando com algum amador? Planejamentos feitos por mim, é óbvio. Tudo bem, que não foi discutido na diretoria ainda, mas quem liga? Eu sou o dono! Eu quero, eu faço!
Eduardo - Mas o senhor sabe que não é bem assim, não é? Olha, eu sei que o senhor já preside a empresa há mais de dez anos, mas as vezes parece que começou ontem…
Renato - Dr. Eduardo, por algum acaso está me chamando de amador?
Eduardo - De forma alguma, sr. Renato. Mas apenas quero te alertar que um planejamento feito pela diretoria é a melhor escolha no momento.
Renato - Pois então guarde suas escolhas para fazer isso na sua casa, porque aqui quem manda ainda sou eu.
(Flávia chega querendo conversar com seu pai)
Flávia - Pai, eu queria conversar um assunto sério com você.
Renato - Agora não, filha, não vê que estou em uma discussão?
Flávia - Mas eu preciso que seja agora.
Eduardo - Olha, eu já estava de saída. Pela tarde podemos dar seguimento ao nosso assunto?
Renato - Ótimo então.
(Eduardo sai da cena, deixando Renato e Flávia a sós)
Renato - Pois então diga, o que é tão importante assim que atrapalha uma reunião de trabalho?
Flávia - É um assunto de extrema importância. Eu vou sair de casa!
Renato - Era só isso?
Flávia - O que? E não é suficiente?
Renato - Flávia, só esse ano você já disse isso umas dez vezes.
Flávia - E eu estou cumprindo agora. Eu já arrumei minhas malas, estão prontas lá em casa.
Renato - Está bem, e você vai se sustentar de que exatamente?
Flávia - Eu procuro trabalho, ué?
(Renato solta uma risada franca)
Flávia - Mas do que está rindo?
Renato - Ah, Flávia, essa foi a melhor piada que ouvi nos últimos anos… você trabalhar?
Flávia - E qual o problema?
Renato - O problema é que de revolucionária, você não tem nem no branco do olho. Você é a maior patricinha que conheço, sempre teve tudo na mão. Se um dia você precisar trabalhar pra comprar uma esponja para lavar os pratos, você surta.
Flávia - Isso é preconceito, viu?
Renato - Isso é a realidade. Você só estuda porque eu pago a sua faculdade, você tem tudo nas mãos porque eu te dou, além da mesada que você recebe sempre, que é maior que qualquer assalariado ganha aí no início do mês. Você não sabe o que é trabalho duro, não sabe o que é suor, e ainda digo mais… se um dia você começar a trabalhar, às ordens mundiais das coisas viram de ponta cabeça.
Flávia - Que ridículo, pai. Eu não estou ouvindo isso…
Renato - Já contou essa piada pra sua avó? Garanto que ela vai rir muito.
Flávia - Quer apostar que eu consigo viver sem depender do senhor?
Renato - Aposto sim, aposto. Bom, agora que você pretende morar sozinha, pelo visto ficarei com dinheiro extra… sem mesada, sem pagar a faculdade, sem os gastos exorbitantes que pago pelas suas comprinhas todos os meses…
Flávia - Peraí pai, mas porque esses cortes todos?
Renato - O que? A revolucionária não vive sem mesada? Tá fraca você viu… eu falei, esse papinho aí é fogo de palha.
Flávia - Pois fique sabendo que não é. Eu já arranjei um emprego. Atendente de farmácia, e vou morar com meu namorado…
Renato - Peraí, volte a conversa aí.
Flávia - O que? Que eu já arranjei um emprego?
Renato - Não, depois.
Flávia - Que eu vou ser atendente de farmácia?
Renato - Depois disso.
Flávia - Que eu vou morar com meu namorado?
Renato - Isso! De jeito nenhum!
Flávia - Mas pai.
Renato - Olha, eu aceitei todas as suas loucuras, de você arranjar um emprego, de morar sozinha até tudo bem. Mas esse namoro não, isso já é demais. Minha filha vai namorar um favelado? Era só o que me faltava.
Flávia - Peraí, pai, favelado não. É preconceito agora, é? Só porque meu namorado é pobre, trabalhador e da periferia?
Renato - Pare, pare agora que já estou sentindo até alergia… eu coloco minha filha no melhor colégio, na melhor faculdade, até intercâmbio eu paguei, pra no final me aprontar isso… é demais pra mim. Minha filha, você não gosta desse cara, você quer me tirar a paciência com ele!
Flávia - Pois não é verdade. E olha, minha mãe deixou.
Renato - Que referência… sua mãe é outra desmiolada, só fala besteiras. Parece a Magda do Sai de Baixo.
Flávia - O senhor é preconceituoso, machista, opressor.
Renato - E aquele que banca suas coisas… você nunca lavou um prato, Flávia, vem pra cima de mim com essa? Se eu cortar um real de sua mesada, você esquece tudo isso que disse e volta ao normal. Essa sua conversa de liberdade, revolucionária, não combina com você. Eu sei disso, porque conheço um monte de gente que disse que queria um emprego pra viver independente do pai, e não deu duas semanas e já estava em casa de novo.
Flávia - Pois eu não vou fazer isso.
Renato - Agora eu digo, quer apostar? Vamos ver até quando você consegue se sustentar nisso.
Flávia - Veremos então!
(Os dois apertam a mão em sinal de acordo)
Há uma transição de imagem, com cenas locais do Rio, ao som de “Só pra o Vento” - Ritche. A cena se passa na padaria de Júlio, com a presença de um figurante ao qual ele vende uma sacola de pães, e logo entra o agiota Gilson (Caco Ciocler), que lhe cobra uma dívida.
Cena 02: Padaria de Júlio/Manhã.
Júlio - Muito obrigado, seu Antônio. Já anotei na caderneta. Volte sempre!
Gilson entra lentamente, ao som de uma trilha tensa. Júlio olha para trás e se assusta.
Júlio - Gilson! Você por aqui? Olha, eu vou me explicar.
Gilson - Não adianta explicar nada agora, Julio. Ou paga de uma vez por todas, ou esqueça sua própria vida!
Júlio - Eu vou pagar, não se preocupe. Mas eu preciso que tenha um pouco de calma.
Gilson - Calma eu posso até ter, mas ele não. Pague logo de uma vez.
Júlio - Gilson, nós somos amigos…
Gilson - Amigos amigos, negócios à parte, colega. Eu trabalho pra alguém que você deve… anda, passa a grana aí.
Julio - Pra te falar a verdade, se eu tivesse aqui eu te entregava com o maior prazer. Mas eu não tenho, juro! Eu não tenho. Você sabe que eu trabalho com promissória, alguns clientes dizem que vão pagar depois e ainda não pagaram. Eu só preciso de mais um tempo.
Gilson - Dois meses, Julio! Dois meses pendentes. Você sabe que o juros aumenta, né? Sabe que quanto mais o tempo passar, mais a corda aperta no pescoço.
Júlio - Porque não fazemos um acordo? Olha, eu prometo que até o próximo dia 5 eu te pago tudo o que devo e com juros!
Gilson - Ah é? E qual a garantia?
Julio - Essa padaria! É o único bem que eu tenho.
Gilson - Olha, está bem, eu vou tentar segurar mais um pouco. Mas ouça aqui, se você não pagar tudo até o dia 5, saiba que eu venho buscar a garantia, e não vou tolerar mais nada, ouviu?
Júlio - Claro, claro que sim. Tudo certo!
Gilson - Agora, assine esse documento aqui. Não nasci ontem, eu quero algo que comprove tudo o que você disse.
Júlio - Assino, claro!
Gilson - É assim mesmo, pra saber com quem está se envolvendo…
Gilson pega o documento e sai furioso da padaria. Logo em seguida, “Guerreiro Menino” - Fagner toca em cena, marcando a cena com um clima triste. A câmera dá zoom lentamente em Júlio, que abaixa a cabeça no balcão e começa a chorar. Paisagens paradisíacas são usadas como transição, mostrando o apartamento de Helena. Na cena, Helena (Isadora Cruz) e Viviana (Taís Araújo) dialogam.
Cena 03: Apartamento de Helena/Manhã
Helena - Aqui mãe, minha conta de blogueira. Depois me siga.
Viviana - Que legal, filha. Uma filha blogueira.
Helena - Você vai ver, em pouquíssimo tempo eu já vou estar aparecendo em tudo quanto é programa! Quem sabe no Encontro, no café da manhã com a Ana Maria, ou até no Balanço Geral… mas essa aí só em última opção. Você sabe mãe, meu sonho é ser famosa. Se até qualquer inútil que faz um vídeo meia boca faz sucesso, porque eu não posso? E olha que só faço conteúdo de qualidade…
Viviana - Calma, filha. Tudo em seu tempo.
Helena - Mãe, se eu esperar mais do que eu já esperei eu só vou aparecer nas notícias da funerária da cidade.
Viviana - Não fale isso!
Helena - Mãe! Eu tenho um pai famoso, ator de televisão. Eu tenho sangue artístico nas veias.
Viviana - Um homem que só te viu uma vez na vida, e foi no dia de seu nascimento.
Helena - Pessoas importantes são assim mãe, muito ocupadas. Ele pelo menos nunca faltou com a pensão.
Viviana - É, por que eu insistia. Olha, você sabe da dificuldade que foi criar você. Ter que te deixar com a sua tia porque eu precisava trabalhar. E nunca que ele veio pra te ver, nem pela janela.
Helena - O que importa é que carrego o nome dele. Pedro Morello. Toda vez que vêem esse nome na minha identidade já me tratam bem. Pra você ver.
Viviana - Olha, vou te deixar com sua ilusão aí, eu preciso ir.
Helena - Ah não, mãe. Fica mais um pouco.
Viviana - Não posso, filha. Você sabe que sou muito atarefada.
Helena - Porque você nunca me diz onde você mora?
Viviana - Ora… é porque é um lugar muito cheio. Não posso sair te expondo assim. Eu moro lá porque não tem jeito.
Helena - E porque não vem pra cá? Aqui tem espaço o suficiente.
Viviana - Você sabe que eu gosto do meu espaço, sozinha.
Helena - Mas você não disse que lá é cheio, que é uma muvuca?
Viviana - É uma forma de dizer. Olha filha, eu vou aqui que não posso perder o ônibus…
Helena - Tá mãe, tchau. Mas antes, eu não estarei aqui nesse final de semana
Viviana - Onde você vai, filha?
Helena - Pra um aniversário, em uma ilha particular. Só veja minhas postagens e entenderá.
Viviana - Ué, mas de quem o aniversário?
Helena - Do Caio Ventura, o filho de um político aí.
Viviana - Ah, do Silvio Ventura… sei quem é. Bom, aproveite muito .
“All about that bass” - Meghan Trainor toca, enquanto Helena faz várias seções de fotos. A música segue tocando enquanto Viviana desce as escadas da casa, e corre pela rua até encontrar seu carro e sair. A música segue tocando enquanto vemos imagens de praias cariocas. A sequência termina, e Viviana chega de fininho na casa de Renato.
Cena 04: Casa de Renato/Manhã
Renato - Que bonito, que bonito. Posso saber onde a senhora estava?
Viviana olha assustada para Renato.
Renato - Anda, que não tenho o tempo todo. Onde é que você estava? Já tem três dias que você não aparece.
Viviana - Você sabe, Renato. Eu estava na casa de minha tia.
Renato - Uma coisa que eu não entendo. Já tem mais de 20 anos que você vem com a mesma conversa, pelo menos duas vezes no mês você vai pra casa de uma tia que eu nunca vi, passa lá três dias, uma semana e depois volta como se nada tivesse acontecido.
Viviana - Ora, Renato, é minha tia. Minha família, eu não posso deixar faltar assim.
Renato - Nem com sua mãe você é assim. Já tem mais de um ano que você falou que iria visitar ela. Você tá me escondendo alguma coisa e agora eu quero saber…
Viviana - Que isso, Renato? Está duvidando de mim?
Renato - Estou, estou sim. Só sendo um idiota pra não ver isso, e eu ainda fui paciente, porque se fosse outro você já estaria no meio da rua… nenhum homem gosta que sua mulher saia e só volte três, quatro dias depois. Eu nunca fiz isso…
Viviana - Olha, vamos conversar isso mais tarde, tá bom…
Renato - Mas eu quero saber isso agora.
Viviana - Eu estou com dor de cabeça, Renato.
Renato - Viviana, volte aqui!
Viviana - Me deixa em paz!
Viviana bate a porta na cara de Renato. Ele fica furioso. Dentro do quarto, ao som de “Um dia de Domingo” - Tim Maia/Gal Costa, ela começa a chorar na cama. Na cena seguinte, Luísa (Letícia Colin) chega do trabalho, e conversa com uma vizinha (Bárbara Paz).
Cena 05: Frente da casa de Luísa/Tarde.
Luisa - Boa tarde, dona Lúcia.
Lucia - Boa tarde… eu soube que seu marido está desempregado?
Luísa - Está… mas o porquê da pergunta?
Lucia - Nada de importante. É porque eu estranhei ele em casa, nesse horário. E com companhia…
Luísa - Companhia? O que você está dizendo?
Lucia - Eu acho que já falei demais…
Luísa - Não, agora você vai continuar, termine! Dona Lúcia, volte aqui! Ah, o Vinícius vai ver!
Luísa entra furiosa em casa e procura por Vinícius, até entrar em seu quarto.
Luísa - Vinícius! Mas o que você faz aí?
Vinícius - Ué, estou vendo futebol. O que houve que chegou estressada assim?
Luísa - Nada, nada não. Eu vou tomar um banho.
Ela vai em direção ao guarda-roupa e abre e Penélope (Rhaissa Batista) sai do guarda roupa
Luísa - Meu Deus mas o que é isso?
Vinícius - Calma, eu explico!
Luísa - Bem que a dona Lúcia tinha avisado! Seu safado! Saia daqui.
Vinícius - Espera, amor, vamos conversar?
Luísa - Se eu for conversar com você, é com a polícia te defendendo, porque eu vou te espancar.
Penélope - Você não vai fazer nada com ele não.
Luísa - E você fique quieta sua, sua… caia fora daqui você, antes que eu te vire do avesso. Minha conversa agora é com ele.
Penélope sai da casa, e só se ouve barulhos de paneladas e cadeiradas de dentro da casa de Luísa. Ela sai correndo.
Lucia - Essa rua já foi muito melhor frequentada…
Dentro da casa de Luísa, a cena vai mostrando panelas, cadeiras, todas jogadas no chão, e Vinícius estirado no chão cheio de hematomas.
Luísa - E da próxima vez, vá trair a sua avó
Embalada por “Só pra o Vento” - Ritche, a cena mostra Cassia (Giovanna Antonelli) limpando sua loja, e chega uma de suas vizinhas (Palomma Duarte) vai atrás dela pra falar de seu marido, Rogério (Murilo Benício).
Cena 06: Loja de Cássia/Tarde
Ana - Cassia, Cassia pelo amor de Deus.
Cassia - O que houve, Ana? Porque esse desespero?
Ana - O Rogério está atacado.
Cassia - A não, ele bebeu de novo?
Ana - Pelo visto foi. Está quebrando tudo lá, e eles já chamaram a polícia.
Cassia - Meu Deus, a polícia não. Ana, você consegue dar uma olhadinha aqui? Eu vou lá ver essa situação.
Cassia pega seu carro e vai até a sua rua. Ao chegar no local, Rogério está sendo segurado por dois policiais.
Cassia - Por favor, soltem ele.
Policial - Ele está detido minha senhora, o que ele é seu?
Cassia - Ele é meu marido. Por favor, soltem ele.
Policial - Pode nos acompanhar? A senhora por ser mulher dele, é importante que esteja lá.
Cassia - Ah meu Deus.
Uma transição de cena, já mostra os dois em casa. E a cena relata uma discussão entre Cassia e Rogério.
Cassia - Mais uma vez eu tendo que resolver um problema seu. Olha, sinceramente sem condições. Está impossível já.
Rogério - Então me larga de uma vez, pomba! Ninguém tá mandando você continuar comigo.
Cassia - Olha como você está, está bêbado. Você sabe que não aguenta a bebida e continua.
Rogério - Eu faço o que eu quero, ouviu bem? E pare de me encher a paciência.
Cassia - Escute aqui, eu não vou continuar aturando esse tipo de tratamento não. Você já passou dos limites.
Rogério - E porque não me deixou lá na delegacia? Eu não te pedi pra me tirar de lá.
Cassia - Eu te tirei de lá porque eu te amo! Mas até o amor tem limites… me mostre onde você guarda a bebida, ande me mostre que eu vou desfazer de tudo.
Rogério - Você saia daí. Antes que…
Cassia - Antes que o que? Você vai me bater por algum acaso? Me bata logo de uma vez.
Rogério - Eu vou é embora daqui isso sim. E não vá atrás de mim!
Rogério sai furioso de casa. Cassia se joga no chão e chora, ao som de um instrumental triste. Ana entra pela porta.
Ana - Meu Deus, Cassia. Você está bem?
Cassia - Eu preciso ficar sozinha, Ana. Preciso ficar sozinha. Eu já sei, vou trabalhar, assim fico melhor.
Ana - Você não vai pra lugar algum. Eu já fechei a loja, sabia que você não teria condições de trabalhar hoje.
Cassia - Você não podia ter feito isso.
Ana - Mas eu fiz. Fiz e não me arrependo. Vamos dar uma volta na praia, nos divertir, tentar esquecer um pouco essa situação.
Elas começam a passear pela orla de Copacabana. Cenas belíssimas da praia são mostradas ao embalo de “ Chuva de Prata ” - Gal Costa. Elas param em uma sorveteria e tomam uma casquinha.
Ana - Olha, Cassia. Como eu te disse, você precisa fazer algo pra esquecer essa situação. Olha, você sabe que eu não suporto o Rogério e por isso te apoio tanto. Olha, amanhã é sábado, você tem alguma programação?
Cassia - Eu tenho um amigo, e ele me convidou para um aniversário na ilha, sabe. Mas eu não sei se vou.
Ana - Como assim não sabe se vai? Você vai sim.
Cassia - Eu não sei, eu sou amiga da mãe dele, nem tanto dele.
Ana - Mas você foi convidada, deve ir. Olha, após esse sorvete nós vamos em uma loja aqui perto, comprar umas roupas novas de praia pra você.
Cassia - Meu Deus, mas eu já tenho uma loja de roupas.
Ana - Roupas arrojadas, Cassia. Pelo amor de Deus, não me diga que você vai pra praia de calças? Olha, vamos. Eu pago.
Cena 07: Escritório da Goffmann/Tarde.
Renato - Sr. Eduardo, por favor, a minha agenda. Preciso ver minhas atividades para os próximos dias.
Eduardo - Olha, as 17h o sr. tem uma reunião com os acionistas da Kantur. Amanhã o senhor tem um aniversário para ir e…
Renato - Espera, espera. Aniversário?
Eduardo - Sim, do Caio Ventura.
Renato - O filho do finado Silvio Ventura?
Eduardo - Exato. Ele te convidou para uma festa na ilha.
Renato - Meu Deus, nem me recordava. Mas tem algo na segunda?
Eduardo - Uma reunião às 8h com os chineses
Renato - Ótimo, eu vou pra festa e volto no domingo. Mas uma pergunta, o senhor consegue segurar aqui no sábado?
Eduardo - Claro, não seja por isso. Eu tomo conta do escritório.
Renato - Perfeito. Agora eu vou me organizar pra reunião.
Eduardo - Calma, mas são só 14h. Da tempo de fazer várias coisas ainda.
Renato - Verdade. Então Sr. Eduardo, um vinho bem gelado e duas taças.
Eduardo - Agora mesmo!
Cena 08: Casa de Júlio/Noite. Na cena, Julio chega em casa e suas duas sobrinhas, Gabi (Larissa Manoela) e Laura (Clara Moneke) o recebem.
Gabi - Meu tio, o senhor vai?
Julio - Pra onde menina?
Gabi - Pro aniversário de Caio Ventura.
Júlio - Ah… eu acho que não.
Laura - Como não? O senhor tem que ir. Tirar esses problemas que estão te atormentando aí. Relaxar um pouco, né tio?
Julio - Olha, eu não sei ainda.
Laura - Mas é amanhã? Vai pensar mais em que?
Julio - Arrumar mochila ainda, não estou disposto.
Gabi - Não seja por isso, já está pronta.
Julio - Vocês querem me ver longe daqui mesmo, né?
Laura - De jeito nenhum.. mas é que todo mundo precisa se divertir, ficar enfurnado em casa não resolve nada.
Julio - Se eu for, vocês cuidam da casa?
Laura - Com toda certeza.
Gabi - Pode deixar com a gente.
Julio - Tá bom, então eu vou.
As duas comemoram e abraçam ele.
Cena 09: Casa de Luísa/Noite.
Luísa - Vinícius!
Vinícius - Não, não me bata mais não, por favor.
Luísa - Não se preocupe que agora não vou te bater. Agora. Mas amanhã eu vou pra um aniversário.
Vinícius - Oba, boca livre.
Luísa - Você vai trabalhar amanhã e domingo. Esqueceu daquela obra lá daquele apartamento.
Vinícius - Eu posso adiar, digo que estou doente.
Luísa - De jeito nenhum. Você vai trabalhar sim. Eu que trabalho a semana toda que vou curtir um pouco.
Vinícius - Você me odeia, isso sim. Eu sofro na sua mão.
Luísa - Sofre porque quer. Se você se comportasse não seria assim.
Uma transição de cena ao som de “Asa Morena” - Zizi Possi, mudando de um dia para o outro. Todos no pier prontos para pegar a lancha. Os quatro estão no Pier, e chega Renato, com algumas malas. O marinheiro (Flávio Galvão) está presente.
Cena 10: Pier /Madrugada
Renato - Ah, que bom que vocês estão aí. Podem pegar minhas malas, porque estão no carro e…
Luísa - Calma, calma lá. Nós não somos funcionários não.
Renato - Ah, perdão. São pescadores? Desculpa.
Júlio - Nós vamos pra um aniversário na ilha.
Renato - Ah, o do Caio Ventura? Também?
Luísa - Alguma surpresa?
Renato - Não, não. Só é estranho ele chamar pessoas mais humildes para uma festa grande.
Cassia - Calma lá, assim você está nos ofendendo.
Marinheiro - Bom dia, vocês são os convidados de Caio Ventura?
Cassia - Sim, sim.
Marinheiro - Bom, ele já saiu em um iate. Mas ele deixou reservado um barco pra vocês, podem subir.
Renato - Alguem pra levar minha mala?
Luísa - Sim, seus braços. Tu não é homem não?
Renato - Você me respeite.
Cassia - Gente, vamos parar de brigar?
Luísa e Renato se olham, e sobem no barco. Cada um em seu celular e em alto mar, o barco bate em uma pedra, e todos se assustam.
Helena - Eu acho que não era pra fazer esse bagulho.
Renato - E não era mesmo. Mas o que aconteceu?
Julio - O barco bateu em alguma rocha. Alguém vai ver o marinheiro?
Luisa - Eu vou lá ver.
Luísa vai até a cabine, e vê o marinheiro desmaiado.
Luísa - Meu Deus! Ele está desmaiado, e o barco está desgovernado.
Julio - Ele vai bater na ilha.
Renato - Seus incompetentes, vocês não sabem pilotar um barco?
Helena - Você sabe?
Renato - Isso não interessa.
Luísa - Cala boca, palerma. Precisamos ver o que vamos fazer.
Começa a subir água no barco
Julio - Aquilo ali é água?
Renato - É, é água. Peraí, água? Estamos afundando?
Cassia - Peguem os coletes salva vidas. Precisamos pular.
Renato - Mas meu celular? Meus documentos?
Luísa - Coloquem aqui nesse saquinho.
Renato - Eu não acredito…
Cassia - Pulem!
Todos pulam na água, e o barco afunda.
A câmera faz uma visão panorâmica da situação, e o encerramento completo ao som do tema de abertura.
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