A Melindrosa- Cap 2 17/12/24

A Melindrosa.



Capítulo 2.

Abertura.



1910,São Paulo.


Cena 1- Manhã.Residência dos Gaspar Cavalcante.Escritório de Nestor.

Ambos se encaram.Olho no olho.Ana Lúcia temendo seu segredo ter sido descoberto,e sem saber como,enquanto Nestor anseia por uma explicação da filha.Uma música de tensão toca ao fundo.

Ana Lúcia- Eu disse que fui me limpar na companhia de Mariane.Porque não acredita pelo menos uma vez na vida em mim ?.

Nestor- Fica difícil acreditar em você,quando recebo uma carta afirmando que você estava se encontrando às escondidas com um tal de Osvaldo.Vamos,me responda,quem é ele ?.

Ana Lúcia- Não conheço nenhum Osvaldo.

Nestor- É melhor não mentir para mim,Ana Lúcia.

Ana Lúcia- O que posso fazer se o senhor não acredita nem uma vez sequer em mim.Se acha mesmo que sou uma mentirosa,uma qualquer que se encontraria às escondidas,como se fosse uma fugitiva.

Nestor- Já que você não quer colaborar,tudo bem,mas eu vou descobrir a verdade por trás desta carta. E você está de castigo,trancada no seu quarto.

Luzia,que estava escutando tudo atrás da porta,decide intervir neste momento e interceder por sua filha.

Luzia- Nestor,por favor,não é necessário essas medidas drásticas,nós podemos chegar em um consenso.

Nestor- Você estava escutando atrás da porta? Era o que me faltava,é o cúmulo do absurdo.Por isso sua filha se encontra nessa situação deplorável.Não vai demorar muito para que ela fique mal falada na sociedade. E a culpa .... Vai ser toda sua que não põe limites nessa garota.

Luzia- Meu queri-

Ela é interrompida bruscamente por seu marido.

Nestor - Me obedeça agora,Ana Lúcia,vá para seu quarto.

A menina sai arrasada do escritório,chorando,desesperada com o que o pai pode fazer.

Cena 2- Quarto de Ana Lúcia.

Anastácia,que é a babá da moça,e a tem como filha,está fazendo carinho nos cabelos loiros da garota,enquanto a menina chora no colo,deitada na cama.

Anastácia- Vá minha filha.Pode me dizer tudo,eu não vou te julgar.

Ana Lúcia- Você nunca se apaixonou na vida tia?.

Anastácia- Ah minha filha,claro que já,mas faz tanto tempo.

Ana Lúcia- Eu também estou apaixonada,é isso,mas o meu amor é…

Anastácia- Pode falar,continue,bote tudo pra fora.

Ana Lúcia- Ele é pobre,tia,é isso.Ele trabalha como jardineiro.Imagina que meu pai vai permitir que me envolva com um simples jardineiro.

Anastácia- Oh meu Deus.Minha menina já tá grande,até apaixonada está.Mas é um bom rapaz ?.

Ana Lúcia- Sim,ele tem um ótimo caráter,não tem com o que se preocupar.

Anastácia- Pois eu vou lhe ajudar com ele.Seu pai não vai conseguir destruir o seu primeiro amor.Você é jovem ainda,tem que viver,fora que isso é normal,acontece com todas nós.

Cena 3- Residência dos Serra e Dutra.Sala de jantar.

Sebastião e seu pai Jerônimo conversam enquanto tomam café.

Sebastião- Acho que a surpresinha que preparei para Ana Lúcia vai resultar em algum efeito.

Jerônimo- Surpresa ? Que surpresa ?.

Sebastião- Bom… Digamos que,pelo bem dela,eu fiz algo que o pai dela vai gostar de saber.

Jerônimo- Seja claro.

Sebastião- Então Dr Jerônimo,eu flagrei a mocinha aos beijos com um pé rapado e contei isso em uma carta para Nestor.

Jerônimo sorri em concordância com o filho.

Jerônimo- Aí sim,gostei de ver.Quem sabe assim,eles não aprendem a controlar melhor a filha deles.

Pai e filho riem das possíveis consequências causadas pela carta enviada.

Cena 4- Residência dos Bittencourt de Andrade.Corredor.

Mariane está ouvindo atrás da porta a conversa entre seu pai e o pai de Ana Lúcia.

Mariane - Meu Deus,tenho que dar um jeito de avisar a Lucinha.Ah, tem também o Osvaldo,coitado.

Cena 5- Jardins da Residência dos Bittencourt de Andrade.

Mariane se aproxima de Osvaldo,que está trabalhando,regando as plantas do jardim.

Mariane- Ei.Psiu.

Ele se assusta com a presença da jovem.

Osvaldo- Ah,Mariane,que susto você me deu.O que anda fazendo por aqui?.

Mariane- Preciso falar urgente com você.

Osvaldo- É sobre a Lucinha?.

Mariane- O pai dela acabou de chegar e eu ouvi a conversa dele com o meu pai no escritório.Ele veio perguntar se eu ajudo a filha a se encontrar com algum "pobretão" de nome Osvaldo.Acho que o meu pai já deve ter ligado os pontos e chegado à conclusão que o namorado de lucinha é você.

Osvaldo- Ele vai acabar me demitindo,isso não pode acontecer.Eu e o meu pai não podemos nos separar,eu quem cuido dele.

Mariane- Vamos dar um jeito nessa situação.

Osvaldo- O seu pai não vai ter piedade de mim.

Cena 6-Residência dos Gaspar 

Cavalcante,sala de estar.

Mariane- Tia,eu preciso falar urgente com a Lucinha.

Anastácia- Mas ela está de castigo,porque não escreve uma carta para que eu mande a ela? .

Mariane- Mas esta carta não pode chegar às mãos de outra pessoa,só ela pode ler,tudo bem? .

Anastácia- Viu minha filha,agora adiante logo para a Luzia não ver.

Ao longe,escondida,Luzia observa a cena e escuta a conversa.

Cena 7- Residência dos Gaspar Cavalcante,quarto de Ana Lúcia.

"Lucinha" lê a carta atentamente,enquanto lágrimas escorrem por seu rosto angelical.A menina sofre pelo medo de não poder viver seu amor com Osvaldo.Até que Luzia entra no quarto e acolhe a filha.

Luzia- Minha filha,eu ouvi tudo.Já sei que a carta que provocou suas lágrimas foi da Lucinha lhe comunicando sobre algo relacionado ao seu amor secreto.

Ana Lúcia- Mamãe,por favor,não conta ao papai,eu te imploro,por favor,por favor.Ele vai dar um jeito de nos afastar.

Luzia- Tudo bem.Eu não vou permitir que seu pai lhe cause tanto sofrimento.Mas tenho que lhe aconselhar.Lucinha,não se entregue totalmente a um homem sem sobrenome,que não seja rico.Como ele é financeiramente? .

Ana Lúcia- Ele é pobre.

Luzia- Ah meu bem,aí é pior ainda.Aproveite-o o quanto quiser,mas não se entregue,não dê a ele o que você tem de maior valor.Nós,mulheres,que não temos voz na sociedade,devemos cuidar do nosso futuro.Eu,por exemplo,estou até hoje em paz com seu pai.

Ana Lúcia- Mas mãe,eu não devo viver o meu amor? .

Luzia- Claro que deve,enquanto é jovem.Mas não se iluda,ele é um amor passageiro,logo vai passar.Uma paixonite boba da juventude.Seu pretendente perfeito é o Sebastião Serra e Dutra.

Ana Lúcia- Não quero me casar com ele.

Luzia- Se você não quiser casar-se com ele,tudo bem,mas de qualquer jeito você vai se casar com um homem de posses,o que não é o caso de homenzinho aí que você diz tanto gostar.Tudo isso é para seu bem meu amor.

Cena 8- Residência dos Bittencourt de Andrade,cozinha.

O pai de Mariane está tendo uma séria conversa com Osvaldo e Igor.

Conrado- Já estou a par do romance do seu filho com a jovem Ana Lúcia,e não vou dar respaldo a um romance sem futuro como esse,e ainda mais sendo uma filha de um grande amigo meu.Por isso estão dispensados.

Igor- Não patrão,por favor não.Nós não temos onde morar,se não trabalharmos aqui para onde vamos ?.

Osvaldo - Não seja covarde Seu Conrado,deixe que,ao menos,meu pai que já é um idoso,siga morando e trabalhando aqui,eu sou jovem,posso me virar,encontro qualquer outro trabalho,mas meu pai não.

Conrado- A decisão já está tomada,não vou voltar atrás.Você devia ter pensado melhor quando se envolveu com uma menina de uma classe social 

acima da sua,esses romances nunca dão certo,apenas nos livros.

Conrado sai do cômodo,e Seu Igor desata a chorar,enquanto é consolado por seu filho.

Encerramento 






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