PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 06
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE
Ao som de “Tocando em Frente - Almir Sater”, seis meses se passam.
~ Vicente lucra a cada dia que passa com as terras.
~ Álvaro continua sofrendo por Doralice.
~ Doralice está se adaptando no Rio de Janeiro, conhecendo novas pessoas e se dedicando aos estudos, mas jamais esqueceu sua família e Álvaro.
~ Jerônimo se muda para a capital para estudar.
CENA 01: (CASA DE ROBERTO/INT./DIA)
SANDRA REGINA: Dora, querida, tenho certeza de que você vai gostar do André. Ele é um rapaz encantador, filho do nosso grande amigo, o Otávio.
DORALICE: Tenho certeza que sim.
ROBERTO: Ele chegou!
Sandra vai até a porta. Ao abrir, André está ali, um rapaz charmoso de sorriso fácil, vestido de maneira casual, mas elegante.
ANDRÉ: Boa tarde, dona Sandra, seu Roberto. Espero que não esteja atrapalhando vocês.
ROBERTO (cumprimentando-o com um aperto de mão): Seja bem-vindo, André. Entre, por favor.
SANDRA REGINA: André, essa é Doralice, nossa filha do coração.
ANDRÉ (sorrindo): É um prazer conhecer você, Doralice.
Doralice sorri timidamente.
DORALICE: O prazer é todo meu. Falam muito de você aqui nessa casa.
ROBERTO: Vamos nos sentar! E Otávio, como vai?
ANDRÉ: Meu pai tá bem. Cuidando dos negócios dele em São Paulo.
Eles vão para a mesa, mas enquanto Sandra Regina e Roberto conversam sobre assuntos do dia a dia, André não consegue tirar os olhos de Doralice. A câmera foca nas pequenas trocas de olhares entre eles.
Corta para Santa Aurora ao som de “Ain’t No Sunshine - Bill Withers”. Logo depois, são mostradas imagens da fazenda de Vicente, que era de Martinho.
CENA 02
A cena mostra uma grande casa sendo construída, será a sede onde a família de Vicente irá morar.
VICENTE: Vai ficar um trem bão demais essa casa. O próximo passo é mudar o nome dessa fazenda. Pedra Valente. Pedra Valente vai ser o nome.
CARMEM: Finalmente né, benzim? A gente vai sair daquela pocilga, graças a Deus. Jerônimo que ia gostar demais de se mudar pra cá.
VICENTE: Jerônimo é um imprestável. Que fique por Campo Grande e que não volte nunca mais.
CARMEM: Benzim, não fale assim do nosso filho.
VICENTE: Álvaro, cadê? De noite eu preciso apresentar uma pessoa pra ele.
CARMEM: Quem?
VICENTE: Natália. Filha de um amigo fazendeiro de Lagoa da Onça. Ele vai adorar conhecer a moça.
CENA 03: (BARZINHO/EXT./NOITE)
A cena mostra Álvaro sentado em uma cadeira no exterior de um barzinho, esperando alguém. Ele parece impaciente. Minutos depois, uma moça aparece, é Natália. Eles se cumprimentam com um beijo no rosto.
NATÁLIA: Tudo bem? Desculpa pela demora...
ÁLVARO: Achei que ocê tinha desistido de vir. Tô aqui faz um tempão já.
Natália puxa a cadeira e senta-se à sua frente, ajeitando o cabelo.
NATÁLIA: Ah, foi o ônibus... Demorou que só. Peguei um que parecia que ia desmontar no meio do caminho.
ÁLVARO: Ônibus? Meu pai falou que seu pai é cheio da grana, dono de uma fazenda enorme. Não era mais fácil ter vindo de carro?
Natália parece desconfortável por um instante, mas logo ri, disfarçando.
NATÁLIA: Ah, é... Ele tem dinheiro sim. Mas é complicado. Meu pai só se preocupa com a fazenda, o gado, o lucro. Pra ele, eu sou um nada. Se eu depender dele, fico a pé.
ÁLVARO: E ocê é de que cidade?
NATÁLIA (Se enrola): É… Lagoa da Onça.
ÁLVARO: Ah. Bom, de qualquer forma ocê chegou. Meu pai comentou que cê já sabe o que aconteceu… enfim, com Doralice.
Natália muda o semblante, ficando mais séria. Ela toca de leve na mão de Álvaro.
NATÁLIA: Sinto muito. Eu imagino como deve ter sido difícil perder alguém assim de uma forma tão trágica… Ainda mais ela e a família toda. Não consigo nem imaginar o que você passou.
ÁLVARO: Foi... É como se uma parte de mim tivesse ido embora naquele dia. Quase um ano já e eu ainda sinto o vazio aqui no meu peito. Queria acordar e descobrir que tudo foi só um pesadelo.
NATÁLIA: Álvaro... Eu sei que não é fácil. Mas a vida não pode parar. Você tem que viver, tem que se permitir de novo. Olha, a gente nunca esquece as pessoas que amamos, mas a dor vai diminuindo com o tempo. Só que isso só acontece se você deixar. Somos jovens ainda. Eu não via a hora de completar meus dezoito anos, e aqui estou. Quantos anos você tem?
ÁLVARO: Vinte.
NATÁLIA: Novíssimo, tem muito o que viver ainda.
ÁLVARO: Você acha que eu tô sendo covarde? Fugindo?
NATÁLIA: Eu acho que você tá sendo humano. Mas a vida não espera por ninguém. A gente tem que seguir em frente, por mais difícil que seja. Vou te dar uma dica: fique a frente da fazenda do seu pai, bobo. Invista nos negócios, isso vai te fazer um bem danado. Quem sabe daqui uns quinze, vinte anos você não tá milionário?
ÁLVARO: Vou pensar.
NATÁLIA: Enfim, vamo pedir uma cervejinha? Acho que você tá precisando se soltar um pouco.
Com o tempo, os dois começam a conversar de forma mais descontraída. A cena avança, mostrando os dois rindo, já visivelmente bêbados.
NATÁLIA (rindo): Achei que você fosse todo sério, marrento. Mas, olha só, você até que tá soltando as frangas!
Os dois trocam olhares por alguns segundos, e o clima entre eles muda.
NATÁLIA: Sabe, Álvaro... eu acho que você merece ser feliz de novo. Muita coisa ruim já aconteceu na sua vida, baby. Talvez seja hora de virar a página e trocar o disco. Deixa a Doralice no passado. Quem morre não volta mais.
Álvaro, já um pouco embriagado, de repente, a beija. Natália corresponde. O beijo é longo e intenso ao som de “Missing Myself - Emilia Pedersen”.
NATÁLIA: Que delícia. Que tal a gente continuar esse beijo em outro lugar?
Natália dá um sorriso, e os dois, ainda bêbados, saem do bar abraçados, cambaleando pela rua. Eles caminham até um motel próximo, onde fazem sexo.
Rio de Janeiro
Dias depois. São mostradas imagens da cidade ao som da música da cena anterior, que continua a tocar. Cortamos para o exterior de restaurante chique, em frente a praia.
CENA 04: (RESTAURANTE/INT./NOITE)
André está sentado em uma mesa no canto do restaurante, olhando o cardápio, ele espera por Doralice. Minutos depois, a mocinha entra. Ela sorri ao avistá-lo e se aproxima. André levanta e eles se cumprimentam também com um beijo no rosto.
DORALICE: Desculpa o atraso. O trânsito no Rio de Janeiro não é fácil não. Ocê sabe como é, né?
ANDRÉ: Nem me fale, eu cheguei uns minutos antes. Fiquei até achando que você tinha desistido. Mas e aí, vai querer comer o que?
DORALICE: Ah, não sou de frescura com comida não. Como qualquer coisa.
ANDRÉ: Bom, que tal um vinho pra começar a noite?
DORALICE: Pode ser, uai.
O garçom se aproxima, e André pede um vinho, junto de massas. Depois que o garçom se afasta, eles começam a conversar.
ANDRÉ: Sabe, aquele dia que te vi na sua casa, você parecia… sei lá, distante. Eu pensei que não tinha ido com a minha cara.
DORALICE: Desculpa se te passei essa impressão. Não foi minha intenção. Eu só… tinha muita coisa na cabeça aquele dia.
ANDRÉ: Entendo. Nem todo dia a gente tá bem. Mas fiquei feliz quando você aceitou se encontrar comigo hoje.
DORALICE: Eu também fiquei. Precisava sair daquela casa um pouco, esfriar um pouco a cabeça. Tô estudando muito ultimamente, não aguento mais.
ANDRÉ: Tá estudando o que?
DORALICE: Agronomia. É um sonho que eu tenho desde pequenininha.
ANDRÉ: Ótimo. Bom, me fala mais de você. Como você tá?
DORALICE: Tô bem. Tô tentando me acostumar com algumas coisa. Sabe quando a vida te dá uma reviravolta e cê tem que mudar todo o sentido dela? É o que eu tô fazendo.
ANDRÉ: Eu sei bem como é. Quando perdi minha mãe dez anos atrás, o mundo acabou pra mim ali. Eu era bem novo ainda, se não fosse pelo meu pai eu não sei o que seria de mim… eu sofro até hoje, mas tô tentando levar a vida. Não é querendo me gabar, mas eu fui muito forte. Acho que outra pessoa no meu lugar teria desistido.
DORALICE: Força é uma coisa que a gente descobre que tem quando não tem outro jeito, num é?
O semblante de Doralice muda, seus olhos mostram um toque de tristeza.
ANDRÉ: Você falou isso como se tivesse passado por algo difícil. Quer desabafar?
Doralice fica em silêncio por uns segundos. Seus olhos enchem de lágrimas.
DORALICE: Eu não quero estragar a noite. É difícil falar sobre isso…
ANDRÉ: Tem certeza? Tô aqui pra te ouvir.
DORALICE: Não. Cê não tem nada a ver com isso, eu não quero incomodar.
ANDRÉ: Você não tá incomodando ninguém. Se quiser se abrir, eu tô aqui. Qualquer coisa que você falar aqui, vai ficar aqui.
DORALICE: E que é difícil demais pra mim. O que aconteceu comigo é bem pior do que qualquer reviravolta de novela. Eu perdi tudo… eu perdi tudo, André.
ANDRÉ (Sem entender): Como assim, perdeu tudo? Você não foi criada no orfanato desde bebê? Pois foi isso que seu pai falou pra mim.
Doralice fica em silêncio por um instante, enquanto as lágrimas escorrem em seu rosto. O instrumental “Velho Chico - Eduardo Queiroz, Felipe Alexandre” começa a tocar.
DORALICE: Eu não sou daqui. Eu sou de bem longe. Até poucos meses atrás eu tinha família, eu tinha uma casa, uma paixão.
ANDRÉ: Doralice, eu não tô te entendendo. Seu pai me disse que você nasceu aqui no Rio de Janeiro e foi criada num orfanato.
DORALICE: Eu sou do Mato Grosso do Sul, André. Eu num fui criada em orfanato coisa nenhuma, eu fui criada pelos meus pais biológicos. Eu tive dois irmãos, eu tive um namorado, eu tive o sonho de ser fazendeira igual meu pai. Meu pai que gostava de cuidar das vaca, das plantação…
ANDRÉ: Pera aí, você tá me dizendo que veio do Mato Grosso do Sul e que teve uma vida lá? É isso?
Doralice balança a cabeça, concordando.
DORALICE: Acabaram com tudo. (Chora) Aquele desgraçado do Vicente, ele destruiu tudo o que eu tinha. Minha casa, meu pai Martinho, minha mãe Marieta… Anita, minha irmã e Venâncio, o meu irmão.
ANDRÉ: Pera… como assim? Doralice eu tô começando a ficar assustado com essa história. Quem é Vicente?
DORALICE: Um monstro. Um monstro que se faz de bom homem, que sorri pra quem ele não gosta, que é capaz de tudo pra ele chegar onde ele quer. Vicente é um pedófilo, estrupador, violento, psicopata.
ANDRÉ: Me explica isso direito. Até agora eu não consegui compreender.
DORALICE: Álvaro, o meu namorado, é filho do Vicente. Nós demorou pra assumir o nosso namoro, e quando a gente assumiu pra nossa família, o Vicente endoidou. Endoidou porque ele é doente por mim. Além dele ser um doido por mim, ele é invejoso, calculista. Tinha inveja das terra que era do meu pai e deu um jeito de acabar com tudo. Ele, com ajuda do Jerônimo, filho dele, botaram fogo na minha casa. Meu pai, minha mãe, minha irmã, meu irmão, todos tavam lá. Eu por sorte, tinha saído pra tomar uma fresca, mas quando eu voltei e vi aquele clarão, dei de cara com o Vicente ali com o fósforo na mão.
FLASHBACK INÍCIO:
DORALICE (inocente/chorando desesperadamente): SEU VICENTE! JERÔNIMO! AJUDEM POR FAVOR! MINHA FAMÍLIA TÁ AÍ DENTRO.
Vicente, sem saber que Doralice estava fora da casa, arregala os olhos e paralisa.
DORALICE (chorando muito): POR FAVOR SEU VICENTE, FAZ ALGUMA COISA!
Chorando, Doralice acaba olhando para as mãos de Vicente e vê que ele está segurando a caixa de fósforos. Em seguida, ela nota os galões de gasolina próximos a ele e a Jerônimo.
DORALICE (incrédula): Não… não, não pode ser… SEU MONSTRO OLHA O QUE OCÊS TÁ FAZENDO COM A MINHA FAMÍLIA! NÃO! NÃO PODE SER…
VICENTE: Cala essa boca Doralice…
DORALICE: VOCÊ É UM DESGRAÇADO SEU VICENTE, UM MONSTRO DA PIOR ESPÉCIE! EU ODEIO VOCÊ, EU ODEIO!
VICENTE: EU JÁ PEDI PRA CALAR A BOCA!
Imediatamente, Vicente parte para cima de Doralice e a lhe dá um mata-leão, fazendo-a desmaiar. Com a ajuda de Jerônimo, ele a coloca dentro do caminhão e parte dali. A câmera então foca na casa em chamas e, em seguida, desfoca.
FLASHBACK FIM:
DORALICE: Depois disso ele me colocou dentro do caminhão e foi pra bem longe.
FLASHBACK INÍCIO:
Minutos depois, Doralice acaba acordando, desesperada.
DORALICE: SOCORRO! SOCORRO, ALGUÉM ME AJUDA!
VICENTE: CALA ESSA BOCA, MENINA! Aliás, pode gritar a vontade, ninguém vai te escutar mesmo.
DORALICE (Apavorada): Que que cês vão fazer comigo? Pra onde tá me levando? A minha família, a minha família! O QUE QUE OCÊS FIZERAM COM ELES?
VICENTE: Num quis ficar comigo, né, Doralice? Agora ocê vai pro inferno, junto com a tua família que já deve tá lá. (PAUSA) Seu pai, aquele desgraçado, sempre teve tudo. Gado, milho, soja, maquinário de última, tudo de primeira. E eu? Sou só um empregado dele, ralando aqui de sol a sol pra ganhar uma migalha no final do mês. Mas agora acabou! Aquela terra vai ser minha! E ocê... ocê vai pro inferno, Doralice.
DORALICE (chorando/desesperada): SEU MONSTRO, DESGRAÇADO. EU TE ODEIO!
VICENTE: Mas antes, eu vou fazer uma coisa que sempre tive vontade de fazer.
Vicente estaciona o caminhão. Doralice está apavorada.
DORALICE (chorando): Mas por que disso tudo, Vicente? O que que eu fiz pra você? Óia, se ocês me matar, todo mundo vai saber que foi ocês, ocês só tem a perder.
VICENTE: CALA ESSA BOCA! (ele desfere um tapa contra o rosto de Doralice)
Vicente se aproxima do rosto da mocinha até que coloca suas mãos no pescoço dela e a enforca. Doralice vai perdendo as forças e desmaia novamente. Jerônimo ajuda o pai, mas sua expressão é de medo.
FLASHBACK FIM:
DORALICE (chora): Ele me estuprou, abusou de mim, me violentou, fez tudo de ruim que uma pessoa pode fazer. Me abandonou numa estrada deserta, achando que eu tava morta. Mas ele tá enganado. Eu tô viva, vivinha da Silva. E eu tô aqui pra fazer justiça. Ele vai pagar caro.
André fica em choque, tentando processar as informações.
ANDRÉ: Meu Deus, Doralice… que história… nem sei o que te falar. Mas como você veio parar aqui no Rio?
DORALICE: Seu Roberto tava passando por lá naquele dia e me avistou ali, jogada no chão. Foi Deus que colocou ele ali, André. Foi Deus.
ANDRÉ: Por que você não vai na delegacia? Conta tudo?
DORALICE: E vai adiantar? A justiça do Brasil não presta não, André. As únicas justiça que funciona nesse mundo é a de Deus e a que é feita com as próprias mãos.
ANDRÉ: Calma… não vai deixar esse sentimento ruim tomar conta de você. Isso não vai passar tão cedo, claro, mas você tem que buscar ajuda, sei lá, um psicólogo. E claro, eu. Eu tô aqui pra te ajudar no que der e vier, Doralice. Mas vingança não vai levar você a lugar nenhum. Tem certeza que é isso que você quer?
Doralice limpa seu rosto.
DORALICE: É. É isso, André. Eu vou voltar, vou voltar pra Santa Aurora e vou fazer o inferno na vida de Vicente. Ele tirou tudo de mim, agora é minha vez de tirar tudo dele. (Pausa) E se Álvaro tiver no meio disso? E se ele foi cúmplice? (Se desespera)
ANDRÉ: Calma. Calma. Ficar colocando paranóias na sua mente vai te fazer mal. Quer ir pra casa relaxar um pouco? Eu levo você.
DORALICE: Não, não. A comida nem chegou.
Nesse instante, o garçom coloca os pratos sobre a mesa, interrompendo brevemente a conversa deles. Quando o garçom sai, André continua olhando Doralice, claramente preocupado.
ANDRÉ: Olha, eu tô sem palavras até agora depois de tudo isso que você me contou. Mas eu tô aqui, eu tô aqui do seu lado, Doralice. Confia em mim.
André encosta sua mão na mão de Doralice, acariciando-a. “Distritmia - Zeca Baleiro” começa a tocar.
DORALICE: Tem certeza? Eu não quero ser um incomodo na tua vida. Não quero ser um fardo pra você.
ANDRÉ: Para de falar assim. Você não tá incomodando ninguém, pelo contrário, Doralice, você me faz bem. Desde a primeira vez que eu te vi, te achei linda. Mas enfim, não vou forçar nada, você ama outro, né?
DORALICE: Amo, eu amo o Álvaro, mas eu tenho medo dele tá no meio dessa história, dele ser cúmplice do Vicente.
ANDRÉ: Eu tô aqui. Eu vou tá do seu lado.
Doralice observa o rosto de André por um momento, tentando entender se ele está falando sério. Sem pensar muito, ela se inclina em direção a ele, e seus lábios se encontram. O beijo é suave no início, mas logo a intensidade aumenta. André segura o pescoço de Doralice, com cuidado. Quando o beijo termina, os dois se afastam um pouco, ofegantes. Doralice abaixa o olhar por um momento, um pouco surpresa pelo o que acabou de acontecer. André sorri suavemente, ainda com a mão sobre a dela.
DORALICE: Eu não esperava por isso…
ANDRÉ: Nem eu. Mas enfim, aconteceu.
DORALICE: Desculpa, mil desculpas por isso.
ANDRÉ: Precisa se desculpar não, Doralice. Se você não quiser que isso se repita, eu não vou forçar a barra.
Os dois ficam em silêncio por um momento.
ANDRÉ: Eu só quero estar do seu lado, te ajudando. Seja como amigo, ou como algo a mais.
DORALICE: Eu vou pensar, André. Eu vou pensar. Bom, vamo comer né? A comida tá esfriando.
A câmera vai se afastando aos poucos.
UM ANO DEPOIS…
NOVEMBRO DE 2010
“Distritmia - Zeca Baleiro” continua a tocar. O sol brilha forte no Rio de Janeiro. Em um apartamento elegante, André está diante do espelho ajeitando os últimos detalhes de seu terno para o casamento com Doralice.
AMIGO DE ANDRÉ: Tá nervoso, meu amigo? Isso é bom, dizem que casamento sem nervosismo não vale!
André ri sem jeito, ajeitando a gravata mais uma vez.
ANDRÉ: Claro que tô nervoso, quem não estaria? Mas também tô feliz, muito feliz. Doralice é... ela é tudo que eu sempre sonhei.
Em outro local da cidade, Doralice está em frente ao espelho, deslumbrante com seu vestido de noiva. Ela se olha, pensativa, enquanto a costureira ajusta os últimos detalhes do véu.
SANDRA REGINA: Como você tá linda, filha! (se emociona) Fico triste que vai deixar a gente.
DORALICE: Ah, mãe, fica assim não. Eu posso visitar vocês sempre que der… Eu amo muito vocês, sem vocês eu não sei o que seria de mim.
Doralice abraça Sandra Regina, emocionada, enquanto uma lágrima escorre por seu rosto. O momento é interrompido pela maquiadora que se aproxima, pronta para dar os últimos retoques.
CENA 06: (IGREJA/INT./TARDE)
Algumas horas depois, a igreja está lotada. Amigos, familiares e conhecidos estão presentes, ansiosos para o início da cerimônia. André está no altar, inquieto, seus olhos fixos na porta. As conversas na igreja cessam quando as portas se abrem. Doralice surge ao lado de Roberto, deslumbrante em seu vestido branco. Eles caminham lentamente pelo corredor. Doralice está visivelmente emocionada.
O instrumental “All My Love - Guilherme Rios” toca.
ROBERTO (Sussurrando): Você está linda, filha. Nunca vi um brilho assim nos seus olhos.
Doralice sorri, seu coração batendo forte. Eles chegam ao altar e Roberto entrega a mão de Doralice a André. Os dois trocam olhares profundos.
PADRE: Estamos aqui hoje para celebrar o amor de André Ribeiro e Doralice Dourado, que hoje escolhem unir suas vidas...
A cerimônia é conduzida. Quando chega o momento dos votos, André segura as mãos de Doralice e, com a voz embargada, fala.
ANDRÉ: Doralice, desde o primeiro momento que te vi, eu soube que minha vida mudaria para sempre. Hoje, eu prometo te amar, te respeitar, e estar ao seu lado em cada passo dessa jornada. Até que a morte nos separe.
Doralice, com os olhos cheios de lágrimas, responde.
DORALICE: André, cê trouxe luz pra minha vida quando eu achei que estava tudo perdido. Prometo te amar e te fazer feliz todos os dias da nossa vida. Até que a morte nos separe.
O padre sorri, abençoando a união, e finalmente declara:
PADRE: Sendo assim, eu lhes declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva!
André e Doralice se beijam sob os aplausos e gritos dos convidados. Eles caminham pelo corredor sob uma chuva de arroz. Logo depois eles entram num carro e partem para a lua de mel.
Mato Grosso do Sul
CENA 07
Enquanto o casamento de Doralice e André se encerra no Rio de Janeiro, a cena corta para a festa de casamento de Álvaro e Natália no Mato Grosso do Sul. Músicas sertanejas tocam. Uma churrascada está em andamento, com grandes quantidades de carne sendo servidas, e o clima é de bebedeira e comemoração. “Fio de Cabelo - Chitãozinho e Xororó, Michel Teló” toca no ambiente. Todos os convidados parecem estar se divertindo, menos Álvaro, que parece pensativo. Vicente, satisfeito, observa a cena ao lado de Jerônimo.
VICENTE: Graças a Deus o Álvaro tá livre daquela maldita da Doralice. Demorou, mas ele esqueceu ela.
JERÔNIMO: Deixa a Doralice descansar em paz. Mania de ficar falando assim de quem já morreu.
VICENTE: Isso é só questão de tempo, Jerônimo. O Álvaro vai se acostumar. Natália é uma boa pessoa, é o tipo de mulher que ele tem que ter do lado dele. A Doralice... ela não era nada, era só uma pedra no meu sapato.
Cortamos para Álvaro.
ÁLVARO: Engraçado que não veio nenhum parente da Natália…
No centro da festa, Natália está radiante, conversando com os amigos e familiares de Álvaro. Em meio aos convidados, está Ofélia (Maria Padilha), dona do bordel da cidade. Ela observa Natália de longe, com olhar de desprezo. A câmera se afasta dela e mostra a festa vista de cima, até que desfoca.
O encerramento do 6° capítulo da novela é longo ao som de “Mind Over Matter - Young the Giant”.
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LEIA O CAPÍTULO SEGUINTE AQUI
Movido pela inveja e pela obsessão, Vicente cometeu um crime brutal para ficar com as terras de Martinho. Com a ajuda de Jerônimo, ele não mediu esforços em acabar com os Dourado. E Doralice, que ele acredita que morreu, está mais viva do que nunca e decidida a se vingar do vilão.
Segunda, 9h da noite, começa uma nova fase em Paraíso Virtuoso. Novos personagens, novas histórias, um novo recomeço. Você não pode perder!
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