Paraíso Virtuoso - Capítulo 11 (13/12/2024)

 PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 11
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE 

no capítulo anterior… (instrumental “Sede de Vingança - Eduardo Queiroz“ toca)

DORALICE: Eu queria convidar vocês e a família para uma comemoração depois de amanhã a noite na mansão. Quero fazer um pequeno evento pra comemorar a minha chegada, espero que compareçam.
*
CARMEM (olhando para Doralice): Engraçado. Parece que eu já te vi em algum lugar, Laís.

 Doralice paralisa por um instante, mas disfarça.

DORALICE: Que isso, dona Carmem, deve ser só impressão sua. 
.

ANDRÉ (microfone): E agora, com vocês, a poderosa, a linda, a magnífica: Laís Ribeiro!

Todos aplaudem. Segundos depois, Doralice desce do helicóptero com um salto alto e em seguida, a câmera sobe lentamente, revelando seu rosto. Confiante, ela olha para todos (que ainda estão aplaudindo) com um sorriso no rosto e caminha até os convidados. Álvaro, que já está bêbado, está bem a frente e consegue ver nitidamente o rosto da mocinha e algo o chama a atenção. 

ÁLVARO: Que estranho. Ela se parece com alguém… 

NATÁLIA: Linda, né? Olha só que espetáculo de mulher.

ÁLVARO: Doralice… é ela! É a Doralice!

Álvaro se desespera e em algum momento, Doralice olha na direção dele. Câmera lenta. Os dois se encaram.

(instrumental “Sede de Vingança - Eduardo Queiroz“ encerra)
fique agora com o capítulo de hoje:

CENA 01: MANSÃO/EXT./NOITE

Doralice e Álvaro trocam breves olhares ao som de “Como Vai Você - Antônio Marcos, Zezé Di Camargo e Luciano”. Os jornalistas se aproximam da mocinha, tirando-a de vista do filho de Vicente. Inconformado, Álvaro tenta segui-la, mas, no meio do tumulto, não consegue chegar perto. Natália vai atrás dele, tentando contê-lo. Ela segura o marido pelo braço. 

NATÁLIA: O que é isso, Álvaro? Enlouqueceu, foi?

ÁLVARO: É ela, Natália. É a Doralice! Eu tenho certeza que é ela ali.

NATÁLIA (revira os olhos e aperta o rosto de Álvaro): Álvaro, olha pra mim. Acorda! Aquela não é a Doralice, meu amor. Você precisa esquecer essa mulher. Olha só o vexame que você me fez passar, Álvaro! Aquela ali é a Laís Ribeiro, a nova dona da fazenda, esposa do André. Tá me entendendo? Doralice tá morta e enterrada. Tá me ouvindo? 

ÁLVARO: Ocê não entende, aquela é sim a Doralice. É claro que é ela, é idêntica.

NATÁLIA: Vem, vamos embora. Pessoas idênticas existem mesmo, Álvaro, e você não pode ficar aqui vendo coisa onde não tem. Eu te falei pra não beber, não falei? Vem, vamos pra casa.

Natália puxa Álvaro pelo braço e o conduz para fora do tumulto. Em seguida, cortamos para Doralice, que está cercada por jornalistas. Ela se desculpa rapidamente e foge dos repórteres. Segundos depois, a mocinha sobe as escadas da mansão, pega um microfone e atrai a atenção dos convidados, que voltam seus olhares para ela.

DORALICE: Boa noite a todos! Bom, gostaria de dizer que essa festa foi organizada para que vocês, moradores de Santa Aurora e da região, possam presenciar a transição de gestão da fazenda Pedra Valente. Eu, Laís Ribeiro, junto com meu marido, André Ribeiro, assumimos o compromisso de colocar a fazenda nos eixos, mesmo diante das dificuldades. Quero tranquilizar os nossos funcionários: ninguém será demitido. Pelo contrário, planejamos construir uma cantina para aqueles que não têm como ir e voltar todos os dias para a cidade. Além disso, investiremos em máquinas de última geração para a plantação e a colheita de milho e soja. Aos fazendeiros da região aqui presentes, peço o apoio de todos vocês. Sou agrônoma, mas nunca fui fazendeira (ela ri). Por isso, conto com a colaboração de cada um de vocês. Aproveito para pedir desculpas aos jornalistas que tentaram falar comigo mais cedo. Infelizmente, eu estava com muita pressa, mas ficarei à disposição para responder a todas as perguntas ao final do evento. Por fim, gostaria de agradecer ao antigo proprietário da fazenda, Vicente González, pelo ótimo trabalho que realizou ao longo de todos esses anos cuidando de Pedra Valente.

Todos os convidados aplaudem Doralice, que retribui com um sorriso. A festa segue a todo vapor, com os convidados dançando, conversando e se divertindo.  Câmera lenta. “WE PRAY - Coldplay, Little Simz, Burna Boy, Elyanna, TINI” toca no ambiente.

CENA 02: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./NOITE

Álvaro chega em casa visivelmente bêbado, apoiado por Natália, que o segura pelo braço para ajudá-lo a caminhar. Eles entram pela porta da sala, e, com esforço, começam a subir a escada lentamente. 
Cortamos para o quarto do casal. Álvaro se senta na beira da cama, esfregando o rosto com as mãos enquanto Natália, pacientemente, ajoelha-se e tira os sapatos dele. O instrumental “Sospetto - Guilherme Rios”  começa a tocar. 

NATÁLIA: Você me faz passar por cada uma, Álvaro. Precisava beber tanto assim? 

ÁLVARO (fora de si): Doralice… era ela! 

Nesse instante, Natália para o que estava fazendo, e se levanta, irritada.

NATÁLIA (aumentando o tom): Eu já disse que não é a Doralice! Mas que insistência! Aquela é a Laís, a nova dona da fazenda. Vai precisar repetir quantas vezes pra você entender que essa mulherzinha tá morta?

Álvaro começa a chorar. Natália anda de um lado para o outro e  se vira para o espelho, falando sem parar, cada vez mais irritada.

NATÁLIA: Sabia que eu tô cansando desse casamento? Você só pensa nessa Doralice, parece que ela levou a tua alma junto com ela.  Sabe o que eu me sinto, Álvaro? Um nada. É, eu me sinto um nada nesse casamento. Porque em um casamento pelo o que eu sei existe diálogo, amor, sexo, união… E isso tá bem longe de acontecer entre a gente, cê não acha?

Álvaro não a responde. Natália se vira para ele e se aproxima. 

NATÁLIA: Álvaro? Eu tô falando com você!

Ela chega mais perto do marido e constata que ele dormiu. Focamos em Natália, que revira os olhos e dá um tapa na cama.

NATÁLIA: Inferno!

Amanhece ao som de “Lost On You - LP” e imagens da região de Santa Aurora são exibidas.

CENA 03: MANSÃO/EXT./MANHà

Doralice está sentada à mesa, tomando café. Poucos segundos depois, André se aproxima, lhe dá um beijo e se senta à mesa também.

ANDRÉ: E aí? Gostou da festa?

DORALICE (enquanto passa a manteiga no pão): Eu amei! Não imaginei que minha volta fosse tão icônica assim, amor. A cidade toda se divertiu, dançou, bebeu... Sem falar na reputação dessa fazenda que tá voltando pro topo. Tô me sentindo realizada.

ANDRÉ: É, mas nem tudo são flores… tem muita coisa pra ser resolvida ainda. Várias máquinas estão paradas pois o Vicente não teve dinheiro o suficiente pra arrumar, as plantações foram devastadas por uma praga que ninguém conseguiu controlar e tem também a criação de gado. Vicente vendeu todas as cabeças de gado que existiam nessa fazenda porque não tava dando conta de manter os gastos.

DORALICE: Ele conseguiu mesmo acabar com todo o legado que meu pai havia deixado, impressionante. Esse homem além de ser um monstro, um assassino, não sabe se quer administrar uma fazenda. 

ANDRÉ: É, meu amor, a gente vai ter que comer bastante feijão com arroz pra reerguer Pedra Valente.

DORALICE: Vai ser fácil, eu consegui o apoio de vários fazendeiros da região. Eles me prometeram que vão me ajudar com os produtos contra as pragas e com a manutenção das máquinas, só espero que seja o mais rápido possível. Bom, tô de saída.

ANDRÉ: Ué, onde você vai?

DORALICE: Vou dar uma volta por aí. Preciso conhecer a fazenda direito, bom, na verdade eu já conheço (ela ri). Só preciso relembrar cada canto desse lugar. Você vem comigo?

ANDRÉ: Não, eu tô exausto. Pode ir, amor. 

Doralice se levanta da cadeira, aproxima-se de André e lhe dá um beijo. Em seguida, ela se retira.

CENA 04: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./MANHà

A família González está tomando café à mesa. 

CARMEM: Passa esse queijinho pra mim, Natália. Ai, finalmente a gente tá podendo comer sem economizar. Olha só que banquete maravilhoso! 

NATÁLIA: E aí, o que acharam da festa? 

VICENTE: Uma pataquada sem tamanho. Essa Laís aí é uma fresca. Fez aquela cerimônia toda pra nada, só pra passar uma boa imagem pro povo da cidade.

CARMEM: Benzim, mas ocê tem que entender que agora ela é a nova dona da fazenda e tem direito de fazer o que quiser aqui, até mandar a gente ir embora ela pode. 

VICENTE: Ela que nem pense em fazer uma coisa dessa.

JERÔNIMO: Eu só sei que a minha cabeça tá explodindo. Bebi como se não tivesse amanhã.

ÁLVARO: Eu também bebi demais, nem lembro como cheguei em casa.

NATÁLIA: Se eu te contar…

ÁLVARO: Bom, vou dar uma passada no celeiro e depois vou pra Santa Aurora. Até mais.

Álvaro se levanta da cadeira, apressado.

NATÁLIA: Não vai me dar um beijo de despedida, amor?

Ao ouvir a voz de Natália, ele para, volta até ela, dá-lhe um beijo breve e se retira em seguida.
 
NATÁLIA: Álvaro tá muito estranho comigo ultimamente.

CARMEM: Como assim, filhinha?

NATÁLIA: Ah, dona Carmem, ele tá frio comigo, troca só meia dúzia de palavras, não dá carinho…

VICENTE: Eita! Será que meu filho tá dando seta?

CARMEM: Para com isso, Vicente! (lhe dá um tapinha no braço) Que mania feia de ficar falando essas coisa, ô boca ruim! 

CENA 05: CELEIRO/MANHà

Álvaro está no estábulo, acariciando o cavalo enquanto conversa com ele, completamente distraído. De repente, uma voz feminina ecoa no ambiente:

— Que cavalo lindo! É seu?

Surpreso, Álvaro se vira e se depara Doralice, que o observa com um sorriso nos lábios. Por um momento, eles se encaram em silêncio. Ao fundo, começa a tocar "What’s Up? - 4 Non Blondes”. Os olhos de Doralice brilham.

DORALICE: Álvaro…

ÁLVARO: Como cê sabe o meu nome?

DORALICE (se enrola): Ah… então eu acertei? Eu estive conversando com seus pais essa semana e eles me disseram que tem dois filhos. Álvaro e Jerônimo, né? Quando te vi ali já imaginei que você seria o Álvaro (ela ri). Prazer, Laís Ribeiro.

Ela ergue seu braço para ele, que lhe dá um aperto de mão.

ÁLVARO: O prazer é todo meu. 

DORALICE: E aí, o que achou da festa de ontem?

ÁLVARO (ri sem jeito): Ah, mal aproveitei. Me embebedei todo, cheguei em casa e apaguei. 

DORALICE: Que pena. (Pausa) Eu conheci sua mulher outro dia na cidade, adorei conversar com ela. Muito simpática!

ÁLVARO: Ah, a Natália é sim uma boa moça, não me arrependo de ter me casado com ela.

O sorriso de Doralice se desmancha.

ÁLVARO: Sabe, eu te achei muito parecida com uma pessoa. Ontem na festa até cheguei a acreditar que era ela ali, na minha frente.

DORALICE: Sério? E quem é essa pessoa?

ÁLVARO: Ah, uma ex namorada minha que faleceu há uns quinze anos atrás num incêndio. 

Doralice prende a respiração, seu coração acelera. Ela sente o peso das palavras, mas controla suas emoções.

DORALICE: Poxa… que pesado. E qual era o nome da moça?

ÁLVARO: Doralice. Era linda, linda, linda. Acho que eu jamais vou amar ninguém igual amei aquela mulher.

DORALICE: Eu sinto muito, Álvaro. Mas agora você tem a Natália, né? Eu sinto que ela te ama muito, de verdade.

ÁLVARO: Eu também amo a Natália, mas acho que vai ser muito difícil esquecer a Doralice. Já tem tantos anos que ela partiu e não consegui tirar ela da cabeça até hoje…

DORALICE: E você sabe o que provocou o incêndio?

ÁLVARO: Gás de cozinha, segundo as investigações. 

DORALICE: Jura? Nossa, que tristeza… Eu sinto muito…

ÁLVARO: Foi uma tragédia. A Doralice, a mãe dela, o pai, e até o casal de irmãos… Todos morreram naquele incêndio.

Doralice tenta conter as lágrimas, mas elas surgem de forma imprevista. 

ÁLVARO: Tá chorando?

DORALICE (enxugando as lágrimas): Desculpa, é que casos assim me tocam muito, sabe? Eu me coloco no lugar de todo mundo. Resumindo, sou chorona. Mas vamos mudar de assunto. E esse cavalo aí? Qual o nome desse lindão?

ÁLVARO: Esse é o Inverno, aquela outra ali é a Primavera.

DORALICE (acariciando o rosto de Inverno): Que lindeza! São seus?

ÁLVARO: São sim. Me desculpa, eu nem perguntei se eles podiam ficar aqui, se ocê quiser eu posso retira…

DORALICE (interrompendo): Não, não se preocupe, deixa eles aí mesmo. Eu amo animais, pra mim são melhores que muitos seres humanos.

ÁLVARO: Que tal a gente dar uma volta por aí, pra você conhecer melhor a fazenda? Eu tava com compromisso na cidade mas eu posso deixar pra depois.

DORALICE (sorri): Se não for incomodar, vamos sim.

Horas se passam, e a cena mostra imagens aéreas de Álvaro e Doralice caminhando pelos arredores da fazenda. A sequência é exibida em vários takes, embalados pela música “Lost On You - LP”.

CENA 06: 

ÁLVARO: Vamo lá em casa, vou falar pra Rita preparar um cafezinho pra ocê.

DORALICE: Não, eu não quero incomodar.

ÁLVARO: Vem, para de bobeira.

Doralice e Álvaro seguem juntos em direção à casa da família González, caminhando em um ritmo tranquilo.

CENA 07: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./TARDE

Preocupada com Álvaro, Natália vai até a janela de seu quarto, localizado no segundo andar da casa. De lá, avista Álvaro caminhando ao longe com alguém. Ela estreita os olhos, tentando enxergar melhor quem o acompanha.

NATÁLIA: Rita! Ritinha!

Rita se aproxima.

RITA: O que foi, dona Natália? Aconteceu alguma coisa?

NATÁLIA: Quem é aquela pessoa caminhando com o Álvaro? É uma mulher?

RITA: É sim, é uma mulher sim. 

Álvaro e Doralice continuam se aproximando, e Natália, ainda observando da janela, finalmente consegue distinguir melhor quem está ao lado dele.

NATÁLIA: É ela! É a Laís Ribeiro. O que que essa mulherzinha tá fazendo com o meu marido, caminhando ao lado dele?

RITA: Calma, dona Natália, ele deve tá só mostrando a região pra ela. Álvaro conhece essa fazenda como ninguém.

NATÁLIA: E ele agora virou guia de turismo? Tem alguma coisa errada nessa história, Ritinha. 

O instrumental “Atentado - Eduardo Queiroz” entra em cena.

RITA: Dona Natália, acho melhor a senhora não tirar conclusões precipitadas.

NATÁLIA: Será que o Álvaro tá tendo um caso com essa mulherzinha? Claro, por isso ele anda estranho comigo ultimamente. Que idiota eu sou! Essa Laís até  veio falar comigo na loja, com certeza ela já sabia que eu era a corna e veio se fazer de amiga. E tem mais, ontem o Álvaro disse que ela se parecia com Doralice lá na festa, até trouxe ele pra casa porque tava bêbado e delirando com aquela falecida. Falso… tudo isso pra despistar o caso dos dois.

RITA: Não, dona Natália, não tem nada a ver isso, a mulher chegou ontem praticamente. Para de colocar caraminholas na cabeça.

NATÁLIA: Olha lá, o tanto que eles riem! Parece que já se conhecem há tempos, Ritinha. (Pausa) Mulherzinha… cadê o marido dela? Será que deixou ele em casa pra vir arrastar asa pro meu marido? Isso não vai ficar assim, Ritinha. Eu não vou deixar essa mulherzinha se aproximar do Álvaro de jeito nenhum.

A câmera se aproxima do rosto de Natália, intercalando com Álvaro e Doralice, que ainda caminham até a casa.

CONGELAMENTO EM NATÁLIA.

A novela encerra seu 11° capítulo ao som de “Missing Myself - Emilia Pedersen” (tema de Natália).










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