PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 26 (ÚLTIMOS CAPÍTULOS)
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE
CENA 01: PENITENCIÁRIA/INT./DIA
Jerônimo está na cela, sentado no chão e pensativo. Um policial o chama e diz a ele que tem alguém lhe esperando na sala de visitas. O instrumental ”Gara - Eduardo Queiroz" entra em cena e segue até o fim da cena 3.
JERÔNIMO: Será que é minha mãe?
No próximo take, Doralice está sentada na cadeira da sala de visitas, esperando Jerônimo. Ao chegar, ele paralisa e engole seco ao ver a moça.
JERÔNIMO (com voz trêmula): Doralice? Tá fazendo o que aqui?
DORALICE: Ah, então já te contaram a verdade? A gente precisa ter uma conversa séria, Jerônimo. Cê não acha?
JERÔNIMO: O que é que ocê quer aqui? Veio rir da minha desgraça, é?
DORALICE: Era isso que eu poderia fazer. Poderia tá aqui me rolando no chão e rindo da tua cara, Jerônimo.
JERÔNIMO: Fala logo, e cai fora!
DORALICE: Você acha que eu me esqueci do que você e seu pai fizeram comigo no passado?
JERÔNIMO: Doralice, eu…
DORALICE (interrompendo, firme): CALA A BOCA! Cala a boca que quem vai falar aqui sou eu. (Pausa) Jerônimo, eu não entendo o motivo daquela barbaridade toda. Do seu pai, já era de se esperar, já que ele era doente por mim e tinha inveja do meu pai. Mas você? Eu nunca te fiz mal algum.
JERÔNIMO: Eu não quero falar sobre esse assunto. Ocê já conseguiu o que queria, não já? Então agora cê pode ir embora.
DORALICE: Não. Enquanto eu não saber o motivo que te levou a cometer aquela loucura, eu não vou sair daqui.
CENA 02: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./DIA
Natália está na sala, quando a campainha toca. Ela se levanta e vai atender.
NATÁLIA (irritada): Mas que palhaçada é essa?
A câmera foca em Silvinha, que carrega duas malas nas mãos. A filha de Marluce entra na casa com uma expressão de deboche, enquanto Natália, desacreditada, a olha boquiaberta.
SILVINHA (sarcástica): Cansei de ficar naquela pensão. Eu até poderia ficar lá, sabe? Mas aí eu pensei: poxa, minha vida podia dar uma guinada de uma hora pra outra, né? Menina, aí eu me lembrei que agora eu tenho ocê nas minhas mãos, acredita?
NATÁLIA: Pera aí… cê tá insinuando o que com isso?
SILVINHA: Ué, eu te ajudei a separar a ricaça da donzela Álvara, e agora, nada mais justo do que você me dar um lar, cê não acha? Eu, que sou uma mera prostituta, não faço mal a ninguém…
NATÁLIA: Desgraçada! Maldita hora em que eu te contratei pra fazer aquela maldita armação! Bem que dizem por aí que você não vale nada.
SILVINHA: Pelo visto, eu valho bem mais do que ocê, queridinha. Bom, vou subir e colocar minhas coisas no seu quarto. A partir de hoje, ocê vai dormir no quarto de hóspedes.
NATÁLIA (desacreditada): Como é que é? Isso só pode ser brincadeira. Olha aqui, o Álvaro, ele vai voltar a morar nessa casa, e o meu quarto, também é dele.
SILVINHA: Ele que se vire. Ou ocê dorme onde eu tô mandando, ou eu vou jajá na delegacia contar tudo o que eu sei.
Silvinha dá as costas e sobe as escadas, deixando Natália possessa. Minutos depois, Silvinha desce as escadas novamente.
SILVINHA: Vou dar uma voltinha na cidade. Quando eu voltar, eu quero o café da tarde prontinho. Tá me ouvindo?
Silvinha se retira e, Natália, furiosa, arremessa um vaso de flores contra a porta.
CENA 03: PENITENCIÁRIA/INT./DIA
DORALICE (lacrimejando): Pera aí… então quer dizer que o Vicente praticamente te obrigou a cometer aquele crime?
JERÔNIMO (chorando): Foi. É muito difícil pra mim dizer isso, Doralice, mas foi. Por mais que ele seja meu pai, eu não concordo nada, nada com tudo isso que ele fez. Me perdoa, Doralice. Me perdoa por tudo isso que eu causei na sua vida. Naquele momento, eu… eu tava fora de mim, eu queria agradar o meu pai. Queria que ele me aprovasse como filho, sabe? Mas não adiantou de nada, ele sempre preferiu o Álvaro.
DORALICE: Jerônimo, se você se arrepende mesmo, então me ajuda. Me ajuda a colocar o seu pai atrás das grades.
JERÔNIMO: Cê ficou louca? Se eu fizer isso, eu também paro atrás das grades. Eu fui cúmplice dessa barbaridade.
DORALICE: Jerônimo, se você entregar o seu pai, você pega bem menos anos de cadeia do que ele.
JERÔNIMO: Não sei… meu pai iria me odiar.
DORALICE: Olha, eu sei muito bem que você andou abusando da Rita. Se você tá aqui, fui eu sim que colaborei pra isso. Eu voltei pra me vingar, Jerônimo. Cê acha mesmo que eu iria deixar barato tudo isso que vocês fizeram com a minha família? Se você se diz tão arrependido, deveria sim me ajudar a colocar o monstro do teu pai na cadeia.
JERÔNIMO: Volta aqui amanhã, e eu te dou a resposta.
CENA 04: RUAS DE SANTA AURORA/DIA
Silvinha anda pelas ruas até que Marluce a vê de longe e decide chamá-la.
MARLUCE ( ergue a mão e grita): Silvinha!
Silvinha se vira, surpresa.
SILVINHA: Mãe?
No próximo take, as duas estão sentadas em um restaurante da cidade, frente a frente.
MARLUCE (emocionada): Ôh, minha filha… eu senti tanto a sua falta, cê não tem ideia, Silvinha.
SILVINHA: É aquele ditado: a pessoa só dá valor depois que perde. Olha mãe, eu não vou fingir que nada aconteceu. Eu fiquei bastante decepcionada com a senhora depois de tudo aquilo. Tudo bem, eu errei, mas a senhora me botou pra fora de casa como se eu fosse um pedaço de merda.
MARLUCE: Me perdoa, Silvinha. Me perdoa. Só Deus sabe o quanto eu sofri sentindo a sua falta naquela casa, filha.
SILVINHA: Eu posso até te perdoar, mas pra aquela casa eu não volto mais.
MARLUCE: Tudo bem, só de ocê tá falando comigo, eu fico feliz. E ocê, tá morando aonde?
SILVINHA: Eu fiquei vários dias morando numa pensão mequetrefe aqui na cidade, mas agora me mudei pra fazenda. Sabe aquela fazenda daquela ricaça, que perdeu o marido? Então, eu tô lá.
MARLUCE: Ocê morando numa fazenda? Na fazenda da Doralice?
SILVINHA: Se eu te contar o motivo… ué, não entendi o espanto, mãe. A senhora falou o nome da ricaça com um tom estranho…
MARLUCE: Filha… eu acho que já tá na hora de ocê saber da verdade.
SILVINHA: Verdade? Que verdade, mãe? Enlouqueceu?
MARLUCE (lacrimejando): Filha… eu sempre te disse que seu pai morreu quando ocê era ainda bebê, né? Eu cheguei a inventar um nome pra ele, para que ocê nunca soubesse da verdade.
SILVINHA: Eu não tô entendendo, mãe. Eu cresci a vida toda sem meu pai, acreditando sim que ele tinha morrido. Essa não e a verdade?
MARLUCE: Não, Sílvia. Eu inventei toda essa história.
SILVINHA: Como é que é?
MARLUCE: Seu pai morreu sim, mas foi muitos anos depois, ocê já era uma adulta.
SILVINHA (lacrimejando): E por que a senhora mentiu pra mim esse tempo todo, mãe? Eu sempre sonhei em ter um pai na minha vida. Na escola eu cheguei a sofrer bullying por causa isso, a senhora tem ideia?
O instrumental “Non Chiaro - Guilherme Rios” entra em cena.
MARLUCE: Filha, o seu pai… ele tinha outra família, a gente teve uma história linda de amor na juventude mas, depois, ele me abandonou. Me abandonou e se casou com outra mulher, teve até outros filhos… enfim, ele nem sabia que eu tinha ficado grávida dele.
SILVINHA: E quem é esse homem, mãe? Ele era daqui?
MARLUCE (com lágrimas nos olhos): Era. Seu pai era o Martinho, Silvinha. O Martinho que morreu no tal incêndio.
SILVINHA (impactada): Como é que é? A senhora tá me dizendo que… não é possível… se eu sou filha do Martinho, então a ricaça… ela é minha irmã?
Focamos em Silvinha, intercalando com a mãe.
CONGELAMENTO EM SILVINHA.
A novela encerra seu 26° capítulo ao som do instrumental “Non Chiaro - Guilherme Rios”.
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