26/02/2025

Os Fantoches - Capítulo 18 (26/02/2025)

 

01. HOTEL COPACABANA PALACE. PISCINA. EXT. NOITE


NOITE DO DESAPARECIMENTO DE ALICE

 

A piscina do Hotel Copacabana Palace brilha sob as luzes frias da noite, criando um contraste com as sombras profundas da área externa. O som distante do mar ecoa suavemente. Giovana, vestida com um elegante vestido preto, está sozinha, próxima à piscina. Ela olha para a água, pensativa, com o semblante pesado.

James se aproxima, passos firmes e decididos. Ele está calmo, como sempre, com um ar de superioridade que parece impossível de abalar.

JAMES - (SORRINDO, OFERECENDO UM COPO DE UÍSQUE) Você está sofrendo, Giovana?

Giovana levanta os olhos para ele, o olhar cansado e, ao mesmo tempo, determinado. Ela hesita por um momento, mas acaba aceitando o copo que ele oferece, com um leve movimento de cabeça. Ela olha para o líquido dourado no copo, levando-o até os lábios.

GIOVANA - (VOZ BAIXA, AMARGA) Fui até aqui para impedir que o homem que eu amo fizesse uma besteira. Mas agora é tarde. Ele fugiu com outra.(SUSPIRA, DANDO UM GOLE NO UÍSQUE) Agora, só me resta assistir tudo se despedaçar.

James observa a dor dela com um sorriso dissimulado, como se estivesse mais interessado no impacto da confissão do que no sofrimento que ela expressa. Ele a encara com uma curiosidade fria.

JAMES - (DELICADO, MAS COM UM TOM DE PROVOCAÇÃO) Não vai revelar quem é esse homem misterioso, Giovana?

Giovana ri secamente, soltando um pequeno resmungo de descrença.

GIOVANA - (COM UM SORRISO TRISTE) Não, James. Mas posso te dizer uma coisa. Ele foi embora com a sua filha, Alice.

James dá um passo para trás, a expressão em seu rosto se endurecendo. Ele sabia que a situação com Alice estava prestes a tomar proporções perigosas, mas agora algo mais se desenhava diante dele, uma oportunidade de manipulação.

JAMES - (SOMENTE COM UMA LEVE PREOCUPAÇÃO DISFARÇADA) Disso eu sei. (PAUSES, O OLHAR SE TORNANDO MAIS SEVERO) E é justamente por isso que estamos tendo essa conversa, Giovana (T) Eu espero que a morte de uma mulher como você seja o suficiente para deixar minha filha com medo (T) Medo de falar (T) Medo de reabrir feridas.

Giovana olha fixamente para ele, sem desviar o olhar. Ela percebe que a conversa está tomando um rumo ainda mais sombrio. Mas antes que possa responder, um arrepio percorre seu corpo. Ela sente uma leve vertigem, como se as palavras de James tivessem penetrado de forma mais profunda do que imaginava.

GIOVANA - (COM DIFICULDADE, LUTANDO CONTRA A SENSAÇÃO) Você (SE SENTE TONTA) Está falando sério, James. Não acha que (T) isso pode ser demais?

James apenas sorri de forma amarga, observando o efeito de suas palavras sobre ela. Ele se aproxima mais, sua presença imponente agora dominando completamente o espaço.

JAMES - (CALMAMENTE, COM UM TOQUE DE MALÍCIA) Você acha que o que aconteceu com Henrique foi um acidente? (SEM ESPERAR RESPOSTA, SE APROXIMA AINDA MAIS, SUSSURRANDO) Agora, você vai entender o que é realmente perigoso.

Giovana sente a pressão aumentando. O mundo começa a girar ao seu redor. Ela tenta manter o equilíbrio, mas seus olhos começam a se fechar lentamente. As palavras de James se tornam um eco distante enquanto ela começa a perder a força. O copo de uísque escorrega de suas mãos e se estilhaça no chão, mas ela mal percebe.

JAMES -(ASSISTINDO FRIAMENTE) São as drogas, Giovana. (OLHA PARA ELA, OBSERVANDO SUA QUEDA) Eu te disse que uma morte é o que fará minha filha ficar quieta (T) Você deveria ter sido mais esperta (T) Aceitar bebida de qualquer um que te oferece (RI) Mas puta é burra (T) Conhece como os homens pensam com a cabeça de baixo, não com a de cima.

De repente, Giovana perde a consciência. Ela cai para trás, entrando na piscina de forma abrupta, sem nenhum grito, apenas o som de seu corpo submerso. A água se agita ao redor dela enquanto ela afunda, e um silêncio pesado se instala.

James, com uma expressão triunfante, observa por um momento antes de virar de costas e sair da área externa. Ele caminha lentamente para longe da piscina, sem pressa, com o olhar firme e distante. O som de seus passos ecoa pelo ambiente silencioso. À medida que ele se afasta, a música começa a tocar suavemente ao fundo. A música de Seven Devils de Florence and the Machine, um contraponto perfeito para o momento sombrio.

A câmera se aproxima da piscina, onde a silhueta de Giovana permanece submersa. A água da piscina, agora calma, reflete sua presença imóvel em sua quietude macabra. O rosto de Giovana desaparece lentamente, enquanto a música cresce, tocando cada nota com uma intensidade visceral.

A IMAGEM FUNDE-SE COM:

CORTA PARA:

 

CENA 2. MANSÃO DOS CAMPOS DE SODRÉ. SALA DE JANTAR. INT. NOITE

 

SONOPLASTIA: - TANGO AMORE - EDVIN MARTON

 

A música de tango, dramática e sensual, invade o ambiente luxuoso e pesado, com candelabros de cristal projetando sombras intensas nas paredes. Amelinha comanda a tensão como uma regente de orquestra, cada palavra um golpe calculado.

AMELINHA - (SORRISO CORTANTE, OLHAR FIXO EM OLGA) Ah, querida Olga (T) Fica tão bem nesse papel de matriarca moralista. Mas sabe o que é engraçado? Eu me lembro muito bem de como você me vendeu (PAUSA DRAMÁTICA) Sim, minha entrada nessa família foi um excelente negócio, não foi? Uma fusão entre os Campos e os Sodrés (T) Você me exibia nos seus jantares como um troféu (T) A amante de meu pai (T) Pois era isso que você era (RI) Logo ela foi quem encontrou a solução para manter a reputação da minha família intacta (T) Enquanto meu pai se afogava em dívidas (GÉLIDA) A santa Olga resolveu toda a situação com um casamento lucrativo.

OLGA - (SEM SE ABALAR, FIRME) E funcionou, não foi? A propósito, você devia me agradecer, Amelinha. Se não fosse por mim, você não teria sido mais do que uma...

SOL  - (CORTANDO, COM VENENO) Uma puta de luxo. Uma ascensão admirável, diga-se de passagem.

Amelinha estreita os olhos e ri, um riso controlado, mas letal.

AMELINHA - Falou a ex-paquita, com sua moral impecável. Uma garota de programas de auditório, dançando de sainha e agora se metendo onde não é chamada. (APROXIMANDO-SE DE SOL) Querida, o problema não é de onde você veio (T) Mas a sua falta de berço (T) Porque ter classe (PAUSA DRAMÁTICA) Ah, isso não se compra, não é?

SOL  - (FERIDA, DISFARÇANDO) Você devia ter cuidado ao falar de mim, Amelinha. Eu sei muito bem o que você tem medo que todos aqui descubram.

AMELINHA  - (PERIGOSA, AFIADA) Se está se referindo ao seu caso com Aníbal, não perca tempo tentando se fazer de vítima. (VIRA-SE PARA O GRUPO) Sim, meus caros, Solange foi amante de Aníbal (SORRISO SARCÁSTICO) Mas, por favor, não se sinta lisonjeada, Solange, afinal, vocês três dividiam a cama (T) Aníbal também era amante de Henrique.

Todos reagem com choque. Alice, visivelmente alterada pelo álcool, solta um riso amargo.

ALICE - (DEBOCHADA) Ah, traições! Quem diria? E eu? Eu fui a maior idiota. Traída por todos...

AMELINHA -(CORTANTE) Cale a boca, Alice. Traída? Você? (PAUSA, A VOZ AFIADA COMO NAVALHA) Você dormia com Tomé enquanto fingia amar Henrique. (T) Não se atreva a falar de traição quando você mesma manchou o nome dos Campos de Sodré sem nem ter entrado oficialmente para a família.

Clarisse tenta aliviar o clima com um tom brincalhão.

CLARISSE - (FORÇANDO UM RISO) Vamos, Amelinha (T) Estamos todos um pouco dramáticos, não? Que tal abaixar as armas? Estamos aqui para saborear o presente e não relembrarmos o passado e crucificar todos por seus erros (RI)

AMELINHA - (IMPLACÁVEL, ENCARANDO CLARISSE) Ah, Clarisse (T) Sempre a palhaça, não é? Mas eu sei que você também estava naquela festa. Você conheceu Henrique. E não por acaso decidiu se hospedar no Copacabana Palace na mesma época que nós. Coincidência? Ou foi para ter certeza de que ninguém investigaria mais a fundo?

CLARISSE - (PERDENDO A MÁSCARA, SINCERA) Eu estive na festa, sim. E a morte de Henrique me assombra até hoje. Ele foi o primeiro homem que me enxergou como uma mulher de verdade.

Amelinha sorri, venenosa.

AMELINHA  - O gosto de Henrique sempre foi peculiar.

James, tenso, tenta interromper.

JAMES – Amelinha, chega. Está passando dos limites. Não há necessidade disso.

AMELINHA - (FEROZ, GIRANDO O OLHAR PARA JAMES) Não me interrompa, James! Eu sei muito bem o que você e Aníbal estão tramando. Vocês acham que podem me enganar? Querem a minha herança! Planejaram tudo juntos (T) A morte da Marina... Sim, ela também estava no testamento. Mas adivinhem? Vocês fracassaram! Amanhã, meu único herdeiro será Joaquim. O único Campos de Sodré de verdade!

Todos ficam em choque. Aníbal, Sol, Alice e Olga trocam olhares tensos.

AMELINHA - (COM UM SORRISO FRIO) Mas foi tudo em vão. Amanhã, o testamento será alterado pelo tabelião e quando lido, meu único herdeiro será Joaquim (T) Porque ele, e apenas ele, é um verdadeiro Campos de Sodré.

O silêncio se instala, pesado como chumbo. A música de tango atinge um clímax dramático. Aníbal, James, Sol, Alice e Olga se levantam, deixando a mesa, derrotados ou furiosos. Amelinha permanece sentada, com um sorriso triunfante, como uma rainha destronando seus súditos.

A cena fecha com o som do tango diminuindo, enquanto Amelinha saboreia sua vitória momentânea.

CLOSE EM AMELINHA

CORTA PARA:

 

CENA 03. MANSÃO DOS CAMPOS DE SODRÉ. SALA DE JANTAR. INT. NOITE

 

SONOPLASTIA - SEVEN DEVILS - FLORENCE AND THE MACHINE

 

A música começa suave, mas com uma intensidade crescente, combinando com a tensão que se instala na sala.

A câmera revela a longa mesa de jantar, iluminada por candelabros de cristal que lançam sombras dramáticas pelas paredes. Clarisse, Olga, Joaquim, Joana, Aníbal, Sol, Alice e James estão sentados ao redor da mesa. O ambiente é luxuoso, mas uma sensação de desconforto paira no ar. As conversas baixas e olhares desconfiados são interrompidos pela chegada de Amelinha.

Ela entra na sala com a postura de uma grande estrela, como se fosse o centro do universo. Seu vestido elegante brilha sob a luz das velas, e ela caminha com confiança, cada passo calculado. Ela se detém na entrada da sala, aguardando que todos a olhem. A música "Seven Devils" começa a crescer em volume, criando uma atmosfera quase mística, como se o momento estivesse carregado de revelações.

AMELINHA - (COM UMA VOZ MELÓDICA, PORÉM CORTANTE, E UM SORRISO TRIUNFANTE) Bem, bem, bem... vejo que todos já estão confortavelmente acomodados. Pois saibam, meus caros, que esta noite será reveladora. Eu sou uma mulher que adora revelar segredos. E, ah, meus amores, todos vocês têm algo a esconder, não é mesmo? Não adianta disfarçar, eu vejo tudo. Cada um de vocês tem uma história que gostaria de manter enterrada, mas eu… eu estou aqui para desenterrar tudo!

Amelinha começa a andar pela mesa, com sua presença imponente, como uma cobra que se aproxima da presa. Seu olhar atravessa os rostos dos convidados, um por um, com um brilho de malícia. A música aumenta, acompanhando a crescente tensão no ar.

AMELINHA - (COM A VOZ FIRME, COMO SE ESTIVESSE ORQUESTRANDO UMA CENA DRAMÁTICA) E o que mais me encanta, meus caros, é saber que nenhum de vocês pode escapar do meu olhar. Não importa o quanto se esforce para esconder, eu vejo tudo. Cada gesto, cada palavra não dita, todos estão aqui, exatamente onde eu planejei. Cada um de vocês tem um papel a desempenhar neste grande jogo que só agora começa a se revelar. Mas, como em toda grande produção, o espetáculo está apenas começando e eu, meus queridos, sou a estrela.

Ela dá uma risada abafada, como se estivesse em seu próprio espetáculo, e se senta com uma graça calculada, colocando suas mãos sobre a mesa, como uma imperatriz que finalmente tomou seu lugar.

AMELINHA - (COM UM TOM MAIS SUAVE, MAS COM UM SORRISINHO CÍNICO) E agora, meus queridos vamos ver até onde vai a mentira, e onde começa a verdade.

Olga troca um olhar com James, ambos visivelmente desconfortáveis com a chegada de Amelinha. Joana observa, com um semblante de quem espera que algo aconteça, enquanto Joaquim parece cada vez mais tenso. Aníbal troca olhares com Sol, ambos parecendo saber mais do que estão dispostos a admitir. Alice, com um copo de vinho na mão, começa a se sentir nervosa, como se tivesse algo a perder.

Amelinha observa tudo isso, sentindo o poder da situação, enquanto a música atinge seu clímax, fazendo com que a sala pareça vibrar com a tensão crescente.

AMELINHA - (COM UM SORRISO ENCANTADOR, MAS VENENOSO) Vamos ver, então, quem realmente sabe a verdade. Quem se atreve a encarar o que está bem diante dos seus olhos… e quem ainda está cego para o que está escondido nas sombras. O jogo está só começando, meus caros, e eu, como sempre, sou a única que conhece as regras.

A câmera gira lentamente em torno da mesa, capturando os rostos tensos e os olhares trocados. A música se torna quase estridente, criando uma sensação de presságio. A tensão entre todos os presentes é palpável, enquanto Amelinha se acomoda na cadeira, aguardando, como se estivesse em um palco, pronta para fazer seu grande movimento.

A cena está construída para que cada palavra de Amelinha ecoe como uma sentença, enquanto todos se preparam para os segredos que ela está prestes a revelar. O silêncio se instala, carregado de expectativa, e a música vai diminuindo gradualmente, deixando apenas um leve eco de suspense.

CLOSE EM AMELINHA

CORTA PARA:

 

CENA 3. DELEGACIA. ESCRITÓRIO DO DELEGADO. INT. NOITE


O delegado Pedro está sentado em sua mesa, tomando uma xícara de café forte. A iluminação é fria, refletindo o clima tenso do momento. Um policial bate à porta e entra apressado, segurando um tablet. Pedro ergue o olhar, atento.

POLICIAL — (TENSO) Delegado, recebemos esse arquivo agora. É a última filmagem enviada para o telefone de Alma.

O policial coloca o tablet sobre a mesa. Na tela, um vídeo em alta definição: Aníbal, claramente reconhecível, aparece baleando o homem responsável pela manutenção do Hotel Copacabana Palace. Pedro assiste em silêncio, os olhos se estreitando.

PEDRO — (DURO) Tentaram encobrir isso?

POLICIAL — (CONFIRMATIVO) Sim, senhor. Manipularam as câmeras de segurança, mas o arquivo foi enviado antes da transmissão ser interrompida. Alguém de dentro facilitou.

Pedro se inclina para frente, o rosto firme, a xícara de café esquecida sobre a mesa.

PEDRO — (FRIO, DECIDIDO) Então temos um traidor. Mas agora a prioridade é Aníbal. (T) Quero um mandado de prisão contra ele imediatamente.

POLICIAL — (ASSENTE) Sim, senhor (T) Vou pedir a emissão agora mesmo.

PEDRO — (CONTUNDENTE) E envie viaturas para a Mansão dos Campos de Sodré, em Paraty (T) Contate a polícia local (T) Quero vigilância total (T) É lá que ele está.

POLICIAL — Entendido, delegado.

O policial sai com urgência. Pedro recosta-se na cadeira, apertando as têmporas, o olhar fixo no vídeo pausado de Aníbal. O clima pesado se intensifica com o som distante de trovões.

CORTA PARA:

 

CENA 4. MANSÃO DOS CAMPOS DE SODRÉ. SALA DE ESTAR. INT. NOITE


Amelinha está parada, imponente como sempre, quando Aníbal entra com dois copos de uísque nas mãos. Ele entrega um a ela, mas enquanto prepara a bebida, vemos de forma sutil que ele despeja discretamente um líquido no copo destinado a Amelinha.

ANÍBAL — (SORRISO CÍNICO) A noite promete, não acha, Amelinha? Um brinde a retirada de sua generosidade!

AMELINHA — (FRIA, PEGANDO O COPO) Me poupe, Aníbal (T) Você nunca passou de um agregado conveniente (T) No meu testamento, eu fui mais que justa (T) Mais do que você merece e James mereciam? E como me pagam? Tramando pelas minhas costas? A justiça brasileira não reconhecer esquemas querido, mas eu os decifro logo quando os vejo (SORRI).

ANÍBAL — (FERIDO, MAS MANTENDO A POSE) Eu fui o filho que você perdeu, Amelinha (T) Sempre ao seu lado, cuidando de tudo (T) E me paga assim? Desprezo? Migalhas? Indiferença?

AMELINHA — Migalhas? É o bastante por ter me bajulado todos esses anos. Você sempre foi um empregado de luxo, Aníbal (T) Nada mais.

Ela leva o copo aos lábios, prestes a beber, quando Sol surge dramaticamente na porta.

SOL — (ALERTA) Não beba isso, Amelinha!

AMELINHA — (REVIRANDO OS OLHOS) Que diabos você quer, Solange?

SOL — (DESAFIADORA) Ele tentou te envenenar. Jogue fora essa bebida, agora.

Aníbal ri, debochado, mas seus olhos estreitam, avaliando a situação.

ANÍBAL — (VENENOSO) Isso é ridículo. Está me acusando de quê, exatamente?

SOL — (FIRME, ENCARANDO-O) De planejar a morte dela (T) Eu ouvi você e James conversando ontem à noite no jardim (T) Vocês estavam conspirando contra Amelinha (T) Quer que eu refresque sua memória?

 

FLASHBACK.JARDIM.EXT. NOITE ANTERIOR.

Sol está parcialmente oculta entre as sombras, observando à distância enquanto James e Aníbal conversam. Aníbal sussurra para James, com expressão sombria.

ANÍBAL — (SUSSURRANDO) Eu cuido disso. Amelinha não será mais um problema.

 

FIM DO FLASHBACK

 

De volta ao presente, Sol encara Aníbal com fúria controlada.

SOL — E então, Aníbal? Vai continuar negando?

Amelinha, furiosa, estende o copo de uísque para ele.

AMELINHA — Se está tão seguro, beba você mesmo, Aníbal. Vamos ver se é só paranoia dessa alpinista social.

ANÍBAL — (HESITANTE, MAS TENTANDO DISFARÇAR) Eu não preciso provar nada.

SOL — (DESAFIADORA) Não? Beba! Ou todos aqui saberão exatamente quem você é.

Amelinha avança, derramando o uísque em Aníbal com um gesto dramático.

AMELINHA — (GRITANDO) Canalha! Ingrato! Você acha que pode me enganar? Eu enfrentei gente muito maior do que você, Aníbal (T) Eu sou Amelinha Campos de Sodré! Não se brinca comigo!

ANÍBAL — (EXPLODINDO) Você sempre foi uma megera! Sol, você me traiu! Eu fiz tudo por você, e é assim que me paga?

SOL — (FERIDA, MAS FIRME) Eu não tive escolha! Protegi Joaquim de você e do seu veneno. Eu não ia deixar você destruir tudo (T) Ficar com a herança dele!

Aníbal, furioso, lança um último olhar de ódio e sai batendo a porta. Amelinha e Sol trocam um olhar longo. Pela primeira vez, um resquício de cordialidade entre elas.

AMELINHA — (SUSSURRANDO) Dessa vez, Solange (T) Você fez a coisa certa.

Sol apenas assente, ainda tensa, enquanto o trovão ressoa ao fundo, ecoando a tempestade emocional que se aproxima.

CORTA PARA:

 

CENA 5. DELEGACIA. INT. NOITE


O delegado Pedro está de pé, olhando pela janela. A chuva forte chicoteia os vidros, trovões ribombam ao fundo.

POLICIAL 1 - (ENTRANDO, URGENTE) Delegado, a polícia local de Paraty respondeu. A estrada está interditada pela tempestade. Nenhuma viatura conseguiu alcançar a Mansão dos Campos de Sodré.

PEDRO - (SOMBRIO) Essa desculpa não me serve (T) Prepare o helicóptero da corporação (T) Eu vou pessoalmente.

POLICIAL 1 - (COM CAUTELA) Com esse tempo, senhor? É perigoso.

PEDRO - (FEROZ, CORTANTE) Mais perigoso é deixar um canalha como Aníbal solto. Ele matou um homem, orquestrou a morte de Marina e eu aposto a minha farda que está envolvido na morte de Alma (T) Se não formos agora, pode ser tarde demais.

O policial assente, hesitante, e sai para cumprir a ordem. No fundo da sala, um segundo policial, jovem, atento, finge organizar papéis enquanto ouve a conversa. Quando Pedro se vira para sua mesa, o segundo policial se afasta discretamente, pega seu celular e sai pelo corredor, falando em sussurros.

POLICIAL 2 - (MURMURANDO, AO TELEFONE) Ele tá indo até ai.

A câmera foca em Pedro, que pega o coldre e verifica sua arma, determinado. 

CORTA PARA:

 

CENA 6. MANSÃO DOS CAMPOS DE SODRÉ. CASA DA PISCINA. INT. NOITE


Aníbal está descontrolado. Com raiva, joga o telefone contra a parede, que se espatifa em pedaços. Ofegante, ele derruba um abajur, garrafas de uísque, quadros. Vidros se quebram. O som do trovão ecoa, intensificando a tensão.

James entra calmamente, fechando a porta atrás de si.

JAMES — (IRÔNICO) Uma faxina, Aníbal? Ou seria uma cena de arrependimento tardio?

ANÍBAL — (AINDA OFEGANTE) Pedro já sabe de tudo. A morte da Marina (T)O desgraçado da manutenção (T) Alma. Ele tá vindo pra cá! Eu devia ter te escutado. (SE APROXIMA DE JAMES) Devíamos ter acabado com ela antes.

James dá um meio sorriso, frio.

JAMES — (BAIXO) Minhas mãos estão limpas. Até que provem o contrário. O problema, Aníbal, é que você não sabe se controlar (T) Faz barulho demais. Eu, por outro lado, sou discreto (T) Refinado.

ANÍBAL — (AMEAÇADOR) Não me testa, James. Eu sei o suficiente pra acabar com você. Eu posso contar tudo!

James estreita os olhos, avaliando a ameaça. O clima é cortante. Ambos deslizam as mãos para a cintura, tirando discretamente armas de suas jaquetas.

JAMES — (SORRISO VENENOSO) Então você quer falar de lealdade, Aníbal? Me ameaçar agora? Depois de tudo? Você acha que vai sobreviver pra contar alguma coisa?

Aníbal ergue a arma. James faz o mesmo. Ambos se encaram, armas apontadas, suor escorrendo pelo rosto. O silêncio pesa, apenas o som da chuva intensa e dos trovões preenche o ambiente.

ANÍBAL — (VOZ TRÊMULA, MAS FIRME) Vamos ver quem cai primeiro, James.

JAMES — (BAIXO, MORTAL) Eu sempre fui mais rápido que você.

 

CORTA PARA:

 

CENA 7. MANSÃO DOS CAMPOS DE SODRÉ. CASA DA PISCINA. EXT. NOITE


A tempestade ruge. Relâmpagos iluminam o céu carregado. Vemos a silhueta das sombras pela janela da casa da piscina. O clarão de dois disparos ecoa. As sombras caem no chão enquanto o trovão estoura no céu, ocultando o resultado final.

 

CORTA PARA:

 

CENA 8. MANSÃO DOS CAMPOS DE SODRÉ. SALA DE ESTAR. INT. NOITE

 

SONOPLASTIA – O QUE TINHA QUE SER – INSTRUMENTAL

 

Sol e Amelinha estão sentadas, cada uma com um copo de uísque nas mãos, ainda processando o embate com Aníbal. A tensão está no ar, cortante. O silêncio é interrompido por dois tiros secos, vindos do exterior. As duas se entreolham, alarmadas.

AMÉLINHA — (SECA) O que diabos foi isso?

Sol se levanta bruscamente, derramando parte do uísque.

SOL — Eu vou ver.

AMÉLINHA — (LEVANTANDO-SE) Não sozinha (T) Vamos.

Elas deixam os copos e caminham rapidamente para a porta dos fundos da mansão, localizada na cozinha. O som da chuva forte ecoa ao fundo. Elas abrem a porta, o vento chicoteia, e correm pela área externa, atravessando a piscina, ambas molhando os pés descalços no gramado encharcado. A tempestade ilumina o céu com trovões dramáticos.

Ao chegarem à casa da piscina, a porta está entreaberta. A luz interna oscila. Tudo está revirado — móveis quebrados, vidros estilhaçados. No centro do caos, um corpo está caído no chão. Sol hesita por um instante, então corre e se ajoelha ao lado do corpo. É Aníbal, ensanguentado, respirando com extrema dificuldade.

SOL — (CHOCADA, SUSSURRANDO) Aníbal (T) Meu Deus...

Ele abre os olhos lentamente, encarando Sol com um meio sorriso dolorido.

ANÍBAL — (VOZ FRACA) Cachorra...

Sol ri com lágrimas nos olhos, tentando segurar o choro.

SOL — (SUSSURRANDO) Gostoso (OLHOS CHEIOS DE LÁGRIMAS) Meu gostoso (T) Aguenta, por favor!

Ela pressiona o ferimento no peito dele com as mãos, desesperada.

ANÍBAL — (TOSSINDO SANGUE) Eu entendo (FRACO) Você (T) fez o que precisava pra proteger o Joaquim (T) Eu devia ter te protegido mais, ter sido menos egoísta...

SOL — (CHORANDO) Não! Não fala assim! Eu te amo (T) Sempre te amei, mesmo quando você age como um canalha (SORRI, EMOCIONADA) Eu amo (T) Amo todas as suas versões...

Aníbal sorri levemente, mais pálido a cada segundo.

ANÍBAL — (VOZ QUASE INAUDÍVEL) Eu também (T) Sempre (T) Sol (T) Escuta... (ELE COCHICHA ALGO NO OUVIDO)

Sol arregala os olhos, em choque, e então ele perde a força. Seu corpo fica inerte.

SOL — NÃO! ANÍBAL! NÃO!

Ela se joga sobre o corpo dele, soluçando descontroladamente. Amelinha, até então fria e observando de pé, caminha até ela com uma expressão pétrea.

AMÉLINHA — (DURA) Solange (T) Levanta (T) Ele se foi.

SOL — (CHORANDO) Eu (PAUSA) Eu não posso (PAUSA) Ele (PAUSA)  Ele (GRITANDO) NÃO!

Amelinha puxa Sol pelo braço com firmeza, afastando-a do corpo. Sol resiste, mas Amelinha a encara com frieza e força.

AMÉLINHA — (GÉLIDA) Controle-se. Isso não vai trazer ele de volta.

Sol finalmente cede, se encolhendo no chão. Amelinha a observa por um instante e depois, mais controlada, se aproxima dela.

AMÉLINHA — (BAIXO) O que ele disse? O que ele cochichou?

Sol levanta o olhar, ainda trêmula, mas agora intensa.

SOL — (FIRME, SUSSURRANDO) Você tem o direito de saber.

As duas se encaram intensamente. A tempestade ruge do lado de fora, trovões iluminando os rostos tensos. O silêncio se prolonga, carregado de mistério e promessas de revelações.

CORTA PARA:

 

CENA 9. HELICÓPTERO. INT. NOITE


O helicóptero corta o céu noturno, sobrevoando o Rio de Janeiro em meio a uma tempestade intensa. A chuva martela as janelas da aeronave, enquanto relâmpagos iluminam o céu de forma intermitente. O som das hélices ressoa alto, misturando-se ao barulho da chuva.

Pedro está sentado no banco ao lado do piloto, olhando fixamente pela janela em meio às gotas de água escorrendo pelo vidro. Seu semblante é tenso, os olhos cerrados de determinação.

PEDRO — (GRAVE) Quanto tempo até Paraty?

O piloto ajusta os controles, monitorando os instrumentos.

PILOTO — (FIRME) Com esse tempo? Cinquenta minutos, talvez um pouco mais. As rajadas de vento estão fortes.

Pedro aperta os punhos, visivelmente impaciente.

PEDRO — (SECO) Temos que ser mais rápidos. Cada segundo pode custar uma vida (T) Muitas vidas.

PILOTO — Farei o possível, delegado, mas segurança é prioridade.

PEDRO — (OLHANDO-O INTENSAMENTE) Não me importa o risco (T) Pessoas podem estar morrendo naquela mansão (T) Acelere (T) É uma ordem.

O piloto assente, ajustando o acelerador. O helicóptero ganha velocidade, enquanto o som da chuva e trovões se intensifica. A câmera foca no olhar obstinado de Pedro, refletido no vidro embaçado, enquanto a aeronave se afasta rumo à escuridão.

 

CORTA PARA:

 

CENA 10. MANSÃO DOS CAMPOS DE SODRÉ. SALA DE ESTAR. INT. NOITE


SONOPLASTIA - "SEVEN DEVILS" - FLORENCE AND THE MACHINE

 

A sala está iluminada de maneira dramática, com uma atmosfera densa. Olga, Clarisse, Mary Léon, Alice, Joaquim e Joana estão reunidos, os olhares tensos e desconfiados. O clima está carregado de tensão quando Amelinha e Sol entram na sala, interrompendo o silêncio pesado.

OLGA - (FRANZINDO A TESTA, COM UM OLHAR PERPLEXO)O que está acontecendo aqui, Amelinha?

AMELINHA - (COM UM SORRISO FRIO E VENENOSO, APONTANDO PARA A OUTRA ENTRADA DA SALA, COMO SE JOGASSE UM PESO SOBRE OLGA) Pergunte ao seu filho, Olga (T) Ele tem a resposta (T) Eu, claro, já sei de tudo.

James está ali, aparentemente calmo, mas sua expressão diz o contrário. Ele tenta se manter firme, mas a verdade que paira no ar é inescapável.

JAMES -(TENTANDO SE EXPLICAR, NERVOSO) Eu descobri os crimes de Aníbal (T) Ele tentou me matar e, durante a luta, acabei atingindo ele. Eu não tive escolha!

O som da música se intensifica, criando uma atmosfera ainda mais tensa e ameaçadora. Amelinha, então, se aproxima lentamente de James, seu olhar fixo e gélido.

AMELINHA - (COM UM SORRISO DESDENHOSO, SE APROXIMANDO AINDA MAIS, SUA VOZ BAIXA E CORTANTE COMO UM FIO DE NAVALHA) Ah, James, meu caro (T)Você é mais incompetente do que eu pensava (T) O que me causa prazer, é que, mesmo com todo o seu teatro, você não pode enganar a mim. Eu sei de toda a verdade. Sabe por quê? Porque tudo aqui foi extremamente calculado, cada movimento meu, cada palavra (T) Nunca estive doente, estou mais forte que nunca. Como um touro, meu caro (T) Um touro que estava apenas esperando o momento certo para fazer o grande golpe.

Ela dá um passo adiante, o silêncio na sala é ensurdecedor, e todos a observam, sem ousar interferir.

AMELINHA - (COM VENENO ESCORRENDO DE SUAS PALAVRAS, COMO SE CADA SÍLABA FOSSE UMA LÂMINA AFIADA) Eu armei todo esse espetáculo para descobrir quem matou Henrique (T) Eu sou uma mulher meticulosa, você sabe. E agora eu consegui, James. Eu descobri. Eu vi tudo e não foi difícil. Você não é tão inteligente quanto pensa. Você matou meu filho. E agora, meu querido, será você quem pagará por isso.

Amelinha dá um tapa impiedoso na cara de James. A sonora pancada ecoa na sala, como um estalo de trovão. A tensão é palpável, e o ar está saturado de um veneno mortal.

AMELINHA -(COM UM SORRISO FRIO E VENENOSO, OLHANDO NOS OLHOS DE JAMES) Eu sempre soube que, no final, os culpados sempre se revelam. Você, James, é o verdadeiro assassino. E agora (RI) O destino de todos vocês está em minhas mãos.

A câmera foca no rosto de James, sua expressão atônita, e então, lentamente, vai se afastando, capturando as reações atônitas de todos os presentes. A música, agora no auge, reflete a gravidade da revelação e a atmosfera pesada da cena.

CORTA PARA:

 

FIM

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