“Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade".
Continuação do Capítulo Anterior…
CENA 01. COLÉGIO MELHOR ESCOLHA. INT. DIA.
THALITA — Fala, Lorenzo! Por que ficou tão incomodado com o Mathew beijando o Lucas?
Lorenzo engole em seco, encurralado. Ele aperta os punhos, mas solta-os logo em seguida.
LORENZO — Eu só estava querendo te proteger, mas se é desse tipo que você gosta, então fica à vontade. Eu não vou mais me meter nos teus assuntos.
LUCAS — Se é isso mesmo que você quer…
Lorenzo e Lucas entreolham-se por um momento, logo em seguida Lorenzo vai embora, passando por Thalita e empurrando as pessoas aglomeradas à sua volta.
THALITA — Acabou o show, vamo indo embora!
Thalita grita, indo atrás de Lorenzo logo em seguida. Lucas, respirando fundo, ainda muito abalado, quase esquece da presença de Mathew, segurando um guardanapo sobre o nariz, ainda sangrando.
MATHEW — Peraí, onde é que você vai?
LUCAS — O que é cê quer, heim? Já não causou estrago suficiente?
MATHEW — Sério? Porque foi o meu nariz que saiu quebrado. O mínimo que você tem que fazer é cuidar de mim. Eu tô dodói e não é só do nariz.
Mathew agarra seu peito, do lado esquerdo, onde fica o coração, e faz cara de choro, cínico.
LUCAS — Pede para o teu pai bacana te pagar uma enfermeira e um transplante de coração e some, seu ridículo!
Lucas agarra sua mochila e sai, nervoso, dali. Restando apenas Mathew, que sorri, sentindo dor ao mesmo tempo, satisfeito.
CENA 02. CASA DE LEONARDO. INT. DIA.
Leonardo e Ariadne estão sentados no sofá, um de frente para o outro, calados. Foco nele, com as mãos sobre as pernas, inquieto. Depois, nela, torcendo os lábios, sem graça.
ARIADNE — Então é aqui que você vive?
Ariadne olha em volta, tudo muito escuro, janelas fechadas. De luz mesmo, só a do laptop aberto e um pequeno abajur distante.
LEONARDO — Acho que eu te devo uma explicação.
ARIADNE — Acho que sim, já que não estamos na condição de professor e aluna agora, então...
LEONARDO — Sempre estaremos nessa condição. O fato é que eu tenho asma, aquilo que você viu foi apenas uma crise. Eu não estava conseguindo respirar.
ARIADNE — Alguma coisa em você me diz que está mentindo.
Leonardo levanta-se do sofá, nervoso.
LEONARDO — Essa é a minha verdade, cabe a você acreditar nela ou não. De agora em diante, eu sou seu professor e você uma aluna que frequenta minhas aulas. Nada de especial.
Leonardo pega Ariadne pelo braço, delicadamente, e a arrasta até a porta.
ARIADNE — Ei! Peraí, me solta, heim? Eu esperava um obrigado, já que eu salvei sua vida! Eu poderia ter te deixado morrer ali, PROFESSOR!
LEONARDO — (seco) Obrigado! Agora vai.
ARIADNE — Já falei pra me soltar!
LEONARDO — Sai!
ARIADNE — Mas, eu/
LEONARDO — Será que você não está vendo que eu não quero a sua companhia? Saia da minha casa e passe muito bem!
Leonardo bate a porta na cara de Ariadne, que sai andando, chocada.
CENA 03. COLÉGIO MELHOR ESCOLHA. INT. BANHEIRO. DIA
Mathew se encontra inquieto no banheiro, já com o sangue do nariz estancado. Ele fala exaltado com Carvalho ao telefone. Esfrega seu couro cabeludo, sorrindo de indignação, enquanto explicava seu estado numa versão bem pior do que tinha acontecido.
MATHEW — Pai, eu tô te dizendo, meu nariz está sangrando muito. Eu acho que quebrou mesmo… Como assim você está numa reunião importante? Você ouviu o que eu disse? E você não pode sair dessa reunião pra me dar um pouco de atenção? É inacreditável…
Mathew desliga, nervoso. Ele respira fundo, com um profundo ódio. Ele se apoia na pia do banheiro e se olha no espelho. Ele vira-se rapidamente quando nota a porta se abrir por Lucas, que adentra.
LUCAS — Escuta, é… Eu vim saber como é que está seu nariz…
Lucas diz, demonstrando preocupação, enquanto se esgueira para tentar enxergar o rosto de Mathew que, por sua vez, sorri solenemente, mas depois pigarreia, engrossando a voz.
MATHEW — Por que? Você não pareceu se importar quando tentava se explicar pro seu namoradinho.
LUCAS — O Lorenzo não é… Isso, não importa. Você também não pareceu nada bem. Seu nariz estava sangrando muito. Será que não é o caso de você ir ao hospital.
MATHEW — Nem meu pai veio saber como eu tô. Você não devia se importar também.
LUCAS — Eu não me importo, só estou me sentindo culpado e nem deveria, porque você causou toda essa confusão.
MATHEW — Que belo jeito de demonstrar pena por alguém. Mas não importa também, fica com ela. Eu não preciso de ninguém.
LUCAS — Escuta, eu sei como é se sentir sozinho, tá bom? Você é um crápula, mas não acho que seja justo com ninguém passar a vida assim.
MATHEW — Vai embora logo!
Lucas sente-se mal e hesita em ir, mas acaba o fazendo segundos depois. Assim que Mathew ouve a porta se fechar, ele se volta para o espelho, olhando seu nariz em perfeito estado. Ele olha para o celular, em seguida para a porta e, hesitante, fecha o punho diante do seu rosto.
MATHEW — Que se dane.
Ele cerra o maxilar e se prepara, desferindo um soco contra seu próprio rosto.
[INTRO]
CENA 04. COLÉGIO MELHOR ESCOLHA. SALA. INT. DIA
SONOPLASTIA: Muiito Pouco — Luka Luka - Muiito Pouco
Foco em Lucas e Mathew. Lucas se encontra fazendo um curativo no nariz de Mathew, descamisado, sentado numa cadeira, olhando o rosto concentrado de Lucas, em pé na sua frente.
LUCAS — Essa sua camiseta suja de sangue tava me dando um nervoso.
MATHEW — Ah, então não era uma desculpa pra você tirar uma casquinha?
LUCAS — (sorri) Idiota…
MATHEW — Obrigado. Por me ajudar.
LUCAS — Não acredito que um soco causou esse estrago todo.
MATHEW — Pois, é. Ainda bem que eu tenho você pra cuidar de mim.
LUCAS — Você ainda vai precisar ir num hospital pra checar esse inchaço, mas não acho que esteja quebrado.
MATHEW — (sorri) Você leva jeito para coisa. Só…
Mathew agarra a mão de Lucas e o leva até seu peito. Ele respira fundo. Lucas olha os olhos castanhos de Mathew, mais ainda por conta da luz do sol adentrando pelas janelas, proporcionando uma vivacidade de cor não só no olho de Mathew, mas como também em sua pele.
MATHEW — … conserta meu coração também?
Os dois se entreolham, ao passo que o foco passa para Lorenzo, que flagra a cena dos dois por uma brecha na porta. Ele encara por alguns momentos e depois sai, magoado.
CENA 05. COLÉGIO MELHOR ESCOLHA. EXT. DIA.
Todos estão de saída do colégio. Thalita, ainda na entrada, aguarda por Lorenzo, que andando rapidamente, perdido em seus pensamentos, passa direto por ela, mas é impedido quando ela agarra seu braço.
THALITA — Peraí, onde você vai? Cê está bem?
LORENZO — Agora, não, por favor…
THALITA — Lorenzo, a gente precisa conversar. Claramente está acontecendo alguma coisa, eu só preciso entender.
LORENZO — Eu estou muito confuso agora, mas eu não quero te enganar.
THALITA — Do que é que cê tá falando?
LORENZO — Eu não sei se estou sentindo a mesma coisa que você.
THALITA — (abalada) Olha, se for por causa daquela história de casamento, esquece isso, eu viajei, eu sei….
LORENZO — Não, não é isso, Thalita. Sou eu, eu. Eu tô confuso, eu não sei se o que eu sinto real e enquanto eu não descobrir, por favor, acho melhor… a gente terminar.
THALITA — Cê não pode estar falando sério…
LORENZO — Desculpa, mas agora não dá…
THALITA — (chorosa) Lorenzo… não…
LORENZO — (chora) Eu preciso ir… Desculpa, de verdade.
THALITA — Não vai…
Lorenzo passa por Thalita, deixando-a sozinha, abalada, tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Uma lágrima escorre pelo seu rosto. Ela respira fundo, sentindo-se sufocada pelo movimento das pessoas.
ENCERRAMENTO: Muiito Pouco — Luka Luka - Muiito Pouco
FIM
DO CAPÍTULO | EVERTON B DUTRA
OBRA REGISTRADA E PROTEGIDA PELA LEI N° 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO, DE 1998. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

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