CAPÍTULO 03
O tempo passou, e a presença de José na casa de Potifar tornou-se indispensável. A cada manhã, o jovem hebreu cumpria suas tarefas com excelência e reverência, como se tudo o que realizava fosse para Deus e não apenas para homens. Suas mãos abençoadas fizeram prosperar não apenas a casa, mas também os campos e negócios de seu senhor.
Potifar, homem experiente, logo percebeu que José era diferente dos demais servos. Vendo que tudo quanto confiava a ele se multiplicava, entregou-lhe toda a administração de seus bens. José, ainda jovem, tornou-se responsável por tudo o que Potifar possuía, e em sua casa havia paz e abundância.
No entanto, José não chamava atenção apenas pela sua sabedoria e diligência. Sua aparência formosa e seu porte nobre atraíam olhares, especialmente o da esposa de Potifar. Mulher de espírito inquieto, ela passou a desejar o jovem servo em segredo.
Certa tarde, enquanto a casa estava silenciosa e os demais servos haviam saído para suas tarefas externas, a esposa de Potifar se aproximou de José com intenções maliciosas. Com palavras sedutoras, ela tentou persuadi-lo:
— Deita-te comigo — sussurrou, tentando envolvê-lo.
José, firme em sua fé e em seus princípios, recuou com dignidade. Seus olhos não refletiam medo, mas uma convicção inabalável:
— Meu senhor confiou tudo em minhas mãos, e não me vedou nada, senão a ti, porque és sua esposa. Como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?
Dia após dia, ela insistia, mas José permanecia incorruptível. Sua fidelidade a Deus era maior que qualquer tentação. Até que, num dia em que José entrou na casa para realizar suas tarefas e não havia ninguém ali, a mulher agarrou-o pelo manto, suplicando mais uma vez.
Em um gesto rápido e decidido, José escapou de suas mãos, deixando seu manto para trás e fugindo para fora da casa. Humilhada e tomada pela ira, a mulher tramou uma vingança cruel. Chamou os servos e, chorando falsamente, acusou José de ter tentado violentá-la.
Quando Potifar chegou e ouviu as palavras de sua esposa, encheu-se de fúria. Sem um julgamento justo, e sem ouvir a defesa de José, ordenou que ele fosse lançado na prisão dos prisioneiros do rei.
Assim, José, que fora fiel em tudo, viu-se novamente mergulhado na escuridão da injustiça. De escravo honrado, tornou-se prisioneiro. Contudo, mesmo nas profundezas da adversidade, José não perdeu a esperança. No silêncio frio da prisão, sua fé em Deus brilhou ainda mais forte, como uma chama que nenhuma sombra poderia apagar.
Ele sabia: seu destino estava nas mãos Daquele que jamais falha.
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