L U X Ú R I A
Episódio 7
O topo do mundo ?
Abertura
Escrita por Raquel Assunção
Cena 1- Flashback
Ao som de uma trilha incidental, Elias chega a delegacia acompanhado por policiais, ele chora desesperadamente. Alguns jornalistas tiram fotos e o cercam. Ele entra na delegacia, depois de muita turbulência. Close nele, confuso, triste, e desesperado.
Flashback off
Cena 2- Dias depois.Rio de Janeiro,Brasil.Manhã.Apartamento de Elias.Hall de entrada/Sala de estar.Int.
O protagonista entra no apartamento com sua Tia Amanda e o arquiteto que fez o projeto do local. O apartamento é clean, moderno, espaçoso, e principalmente luxuoso. A sala tem em seu centro um grande tapete de veludo preto, um sofá espaçoso azul marinho, uma Tv de 60 polegadas sobre um pequeno armário, como decoração estão espalhados quadros de arte pelo local, as paredes estão pintadas de bege e verde desbotado, o piso é madeirado claro.
Elias- Mas tá incrível! Eu amei. Muito obrigado cara, de verdade, está como sempre sonhei.
Amanda- Eu tô tão orgulhosa das suas conquistas, meu amor.
O arquiteto- Então, vamos ver os outros ambientes ?.
Os três seguem para os outros compartimentos.
Cena 3- Mansão Scheffel.Cozinha.Int.
Yara e Diná conversam enquanto tomam café.
Yara- Ai Diná, nem te conto, foram tantas aventuras nessas semanas na Europa.
Diná- Me conta tudo !.
Yara- A começar por um carinha lá, que eu me envolvi. De início não dava nada. Mas depois… (ela começa a rir) Menina, eu gozei, gozei muito!.
Diná- Misericórdia.
Yara- E na cama ? Ele era melhor ainda. Que delícia. Até me tremo quando lembro desses dias. Mas depois eu descobri uma coisa.
Diná- O quê?.
Yara- Ele era frade, filho de pais conservadores, e em breve ia para o Vaticano.
Diná fica chocada.
Diná- O QUÊ? TÁ REPREENDIDO, VÁ DE RETRO.
Yara- Calma, Diná… Vem cá, preciso te contar uma coisa.
Diná- É fofoca? Me conta.
Yara- Teve um dia lá, que o Elias estava muito estranho. Parecia meio aéreo, eu mesma não o reconheci.
Diná- Não estou entendendo.
Yara- Ai, Diná, deixa de ser burra. Ele parecia estar drogado. Não sei também. Apesar que nesse meio, muitos modelos acabam experimentando, pelo menos uma vez.
Diná- Ai misericórdia. Que Deus afaste nosso menino dessas porcarias.
Yara- Nosso menino ? Nosso menino é o Louis.
Diná- Pois então, é ele mesmo a quem me refiro.
Yara- Ah bom.
Cena 4- Iate em alto mar.Ext.
O Iate só está ocupado por Helena e Ronaldo, ambos bebem e conversam, aproveitando o dia ensolarado e a companhia um do outro.
Helena- Mas me conta, você não tem nenhuma namorada?.
Ronaldo- Já tive muitas, mas não tem como namorar levando o estilo de vida que eu levo.
Helena- Entendo…
Ronaldo- Como você se dá com seus pais ?.
Helena- Eu ? Ah… Mal, péssimo, terrível, horrível.
Ronaldo ri de lado com a resposta.
Ronaldo- É tão mal assim ?.
Helena- Sim. Mas eu não gosto de falar muito sobre eles não, vamos mudar de assunto.
Ronaldo- Você já foi para as Ilhas Maldivas ?.
Helena (rindo)- Sério? Você tá me perguntando isso mesmo ? Claro que não. Com que dinheiro você acha que eu iria para as Maldivas ?.
Ronaldo- E seu eu te chamasse pra ir ? Você toparia ?.
Helena se engasga com a cerveja que estava tomando e ri com a proposta, ainda sem acreditar no que escutou.
Helena- Você está falando sério? Olha que eu acredito hein !.
Ronaldo- Claro que tô pô. Pode acreditar.
Cena 5- Ruas do Rio de Janeiro.Ext.
Ao som de "Portas-Marisa Monte", Louis dirige seu próprio carro. O garoto está feliz, se sentindo completo, realizado. Indo em direção ao apartamento novo de Elias. Ele bebe um energético, no banco do passageiro ele leva um buquê de flores para seu amado. O movimento do trânsito está fraco, tudo parece estar indo perfeitamente.
Louis (em seu pensamento)- Espero que o Elias goste da minha surpresa.
De repente, alguns bandidos fecham a rua e começam a fazer um arrastão. Vários motoristas entregam seus pertences. Ao perceber o que está acontecendo, Louis sobe a janela de seu carro.Não demora muito para que os bandidos cheguem até ele, e ao ver que ele se recusava a entregar os pertences, um dos bandidos insiste na abordagem.
O bandido (violento, agressivo)- TÁ ESPERANDO O QUÊ, PORRA ? ABRE ESSA JANELA E PASSA TUDO.
Louis o encara profundamente, olhando no fundo de seus olhos, como se o estivesse desafiando. E assim o bandido entendeu. Vendo-se questionado pela vítima, ele não tardou a responder a altura. Louis logo se assustou e se amedrontou com a atitude covarde do outro ser, que passou a bater no vidro agressivamente, a sorte do garoto era que o carro era blindado. Não tardou muito para que o bandido tirasse uma arma e apontasse para Louis, enquanto seus comparsas seguiam com o arrastão a todo vapor.
O bandido (gritando)- TÁ DUVIDANDO RAPÁ ? TÁ PENSANDO QUE ISSO AQUI É DE BRINQUEDO ? FILHO DA PUTINHA. VOU TE MOSTRAR COMO ISSO AQUI É DE BRINQUEDO.
Louis respirou fundo, via sua vida correr risco pela primeira vez. Era a primeira vez também, e ele esperava que fosse a última, que o rapaz de da alta roda carioca experimentava a violência urbana do Rio de Janeiro. Sempre ouvira falar sobre, mas nunca a experimentara assim, na pele, tão de perto, a ponto de sentir seus batimentos cardíacos batendo mais forte do que o normal. Ele abriu a porta do carro devagarinho, tentando entregar seus pertences ao bandido.
Louis- Calma, eu não quero perder minha vida, moço, pode levar.
Mal deu tempo dele pegar sua carteira e seu celular para entregar ao bandido, que a polícia chegou ao local, e o grupo de assaltantes assustaram-se com a presença dos mesmos por alí. No desespero, iniciou-se uma troca de tiros desenfreada entre a polícia e seus rivais. Louis, da mesma forma que todos as outras vítimas, assustou-se e tentou se proteger o mais rápido que pôde, ele se abaixou alí por perto dos carros, já que o mesmo bandido que o enfrentou tomou seu carro como esconderijo. Várias vidraças são destruídas durante o tiroteio, janelas de carros quebradas, crianças e famílias inteiras assustadas, carros foram destroçados de tiros. Um pai de família acabou ferido, outra criança também foi atingida. Louis, que tentou se proteger, foi atingido muito rapidamente, e diretamente no coração. Ao fim da operação, muitos inocentes foram feridos, alguns bandidos se feriram mas conseguiram fugir enquanto outros foram presos.
Cena 6- Hospital.Int.
Na sala de espera estão reunidos Diná, Yara e Bruno, todos desesperados e tristes com o que aconteceu. Yara se encontra revoltada com toda a situação, culpando a péssima gestão da segurança pública do país, enquanto Diná reza religiosamente, e Bruno chora compulsoriamente, temendo perder a pessoa mais importante de sua vida, seu filho. Em um silêncio perturbador acompanhado pela trilha dramática, Elias chega ao local desesperado por notícias de seu amado, ele chora muito, com as lágrimas correndo por sua face como uma forte tempestade, Yara e Diná o consolam. Bruno o olha de lado, mas não tem forças para abraçar o amante. A cena é dívida com flashes da cirurgia que acontece a poucos metros dali, na mesa de cirurgia Louis está sedado enquanto os cirurgiões lutam por sua vida. A tensão é palpável no ambiente, e o medo do resultado está estampado nos rostos dos doutores. Ninguém tem certeza de que o jovem irá sair vivo, e sempre é uma tristeza anunciar uma morte. Ainda mais de um homem tão novo, que tem tanto a conquistar pela frente.
Cena 7- Clube.Ext.
Helena, Imaculada e Ronaldo tomam banho na piscina.
Helena- Olha elaaaaa. Toda gostosa, no auge dos 90 aninhos, isso que é uma múmia bem preservada.
Ronaldo acha graça e ri. Imaculada por sua vez, não gosta nem um pouco da “brincadeira”.
Imaculada- Olha aqui, sua putinha, você me respeita. 90 anos tem é esse seu cu, todo rodado e cheio de gozo de macho casado.
Helena- Mais fácil sua piriquita, que é mais rodada que catraca.
Imaculada se irrita de vez e a puxa pelos cabelos. Ronaldo percebe o tom sério da cafetina.
Imaculada- Eu acho melhor você parar com suas brincadeirinhas que eu não estou gostando nenhum pouco. Putinha. Vagabunda. Rodada. Peixe.
Imaculada solta os cabelos da “amiga”.
Ronaldo- Você chamou ela de peixe, mas porque peixe ?.
Imaculada- Ué. Porque todo mundo come e é barato. Ou seja, ela é uma puta barata.
Helena- Puta Barata é sua avó.
Imaculada se irrita de vez.
Imaculada- Minha santa avó? Você ousou tocar no nome dela ? Foi isso mesmo que eu ouvi? Agora você vai ver !.
Helena se assusta com o tom sério adotado por Imaculada, que por sua vez, passar a distribuir puxões de cabelos e socos em Helena. Algumas pessoas observam atentamente a briga.
Imaculada- Toma sua quenga ! Puta ! RAPARIGA. PROSTITUTA. MERETRIZ.
Cena 8- Hospital.Sala de espera.Int.
Elias chora abraçado à sua tia Amanda. Sentada, Yara observa a cena, já cansada do choro de seu genro. Diná está ao lado dela.
Yara (sussurrando p/ diná)- Mas que bicha chata. Na hora de dar, ele não chora desse jeito.
Diná ouve chocada as palavras.
Diná- Yara, por Deus.
Yara- Nananinão,senhora Yara !.
Diná- Que seja, mas tenha compaixão !.
Yara se irrita com a bronca e se levanta, tirando um cigarro de sua bolsa e começando a fumar, mas justamente quando ela se movimenta, um médico cirurgião chega.
Yara- Doutor ? E meu filho ? Como está meu tesouro ? Ele está bem, não está?.
Todos olham diretamente ao Doutor, temendo pela resposta. Bruno não está presente, não conseguiu ficar frente ao genro/amante, o arrependimento causando-lhe ânsia de vômito.
Elias narrando- Nesse momento, cheguei a pensar no que faria se ele morresse. O que seria de mim ? Eu estaria mesmo no topo do mundo ? O que faria se o pior acontecesse? Eu e Bruno, continuaríamos nosso romance?... E mesmo que, para o Elias de um ano atrás, eu já tivesse conseguido tudo que podia, eu queria mais. Minha ambição só crescia à medida que eu conquistava mais e mais. Eu precisava das minhas presas para seguir rumo a vitória.
O doutor- Calma. O senhor Louis Scheffel-
Yara o interrompe.
Yara (ferina,peremptória)- Di Holanda ! Scheffel é o rabo do pai dele.
O doutor- Como quiser, madame.
Yara (agressiva)- Olha aqui seu doutorzinho de merda-
Diná- Por favor, Yara, deixa o doutor falar.
O doutor- O jovem está bem, e a cirurgia foi um sucesso. Agora ele está sedado na CTI.
Todos os presentes se aliviam e ficam felizes com a notícia.Bruno chega e Yara lhe comunica a novidade.
Bruno- O Louis ? Ele está bem ?.
Yara (feliz,sorrindo)- SIM, MON AMOUR. NOTRE BÉBÉ VA BIEN.
Bruno e Yara se abraçam, um toque singelo, sincero, com uma lembrança dos velhos tempos.
Cena 9- Dias depois.Manhã.Mansão Scheffel.Hall de entrada/ sala de estar.Int.
O imponente Karl Scheffel chega na luxuosa mansão seguido de dois funcionários que ficaram de levar suas malas para sua hospedagem. Ele é recebido por Yara e Diná.
Diná- Senhor Scheffel ! Que honra vê-lo novamente.
Yara- Olha ele ! Quem diria que ainda estaria vivo. Pensei que já tinha sido embalado, como todas as múmias são. Bem vindo ao umbral chamado Brasil.
Karl (dirigindo-se a governanta)- Diná, querida ! Como vai ? (p/ Yara) E você hein Yara, sempre com seu humor de mal gosto. Mas segue muito bela. Por acaso, você e Bruno voltaram ?.
Diná dirige-se, junto aos dois funcionários que carregam as malas do senhor Scheffel, aos aposentos onde ele vai ficar hospedado, deixando ex-nora e ex-sogro a sós.
Yara- Eu e Bruno ? Não, imagina. Quem gosta de passado é velho, como o senhor. Eu gosto de coisas novas.
Karl- Pena que sua suposta juventude, até porque novinha você não é, não lhe trouxe um pouco de bons modos. Age como se fosse uma nova rica. Sinceramente…
Yara- Aiaiai. Melhor agir como uma nova rica, do que ser rico de berço e não se manter assim (ela dá uma rodadinha, mostrando suas belas curvas) Ó (ela bate na própria bunda) Gostosa, atual, dando um suco nas novinhas. Você por exemplo, poderia muito bem estar bem melhor, mas é um preguiçoso.
Karl (debochando)- Não sei porque ainda me surpreendo com sua delicadeza. E meu neto, como anda ?.
Yara- Depois daquele atentado, agora ele está bem melhor. Isso não teria acontecido se tivéssemos ficado na Europa. Lá sim é um lugar para pessoas como nós, civilizadas, reencarnações de nobres europeus. Que trouxeram cultura pra essa gentinha.
Karl- Você está incluída nessa “gentinha”.
Karl segue em rumo a escada para o 2° andar da propriedade. Yara sentir-se ofendida e grita ;
Yara- Olha aqui, seu velho fedido. Gentinha é você, com essa pose de superioridade, mas não passa de um morto-vivo que já deveria ter sido abatido a muito tempo !.
Cena 10- Quarto de Louis.Int.
Louis está deitado na cama, sorrindo para Elias, que está sentado na beira da cama, fazendo carinho em seus cabelos.
Louis- Você me ajudou muito na minha recuperação.
Elias- Eu sei.
Os dois riem.
Louis- Como é convencido.
Elias- Claro que sou, eu sei que tenho o molho.E você gosta desse molho.
Louis- Eu ? (falando baixinho) Eu amo.
Elias- Então, já que está bem melhor, o que acha de provar desse molho ?.
Louis sorri. Elias se aproxima e os dois se beijam de língua, um sentindo a língua roçando na boca do outro, o beijo é longo e cheio de paixão, desejo, como se fosse o último beijo da vida dos dois. Mas o momento é interrompido pela chegada de Karl ao quarto, que fica horrorizado ao ver a cena, enquanto o namorados se assustam com a intromissão do mais velho.
Karl- Mas que pouca vergonha. Meu neto, aos beijos com outro homem. Isso é uma patifaria. Esse paísinho de quinta categoria está arruinando meu neto, primeiro arruinou meu filho, agora está estragando meu neto. VAMOS, EXPLIQUE-SEM.
Elias- Bom dia para o senhor também. Prazer, eu sou Elias, namorado do Louis.
Louis- É, vô, o Elias é meu namorado. O senhor gostando ou não.
Karl- Mas como eu não fui informado de uma barbaridade dessas ? Meu Deus. Minha linhagem está em risco desse jeito. Que horror. Como serão meus bisnetos dessa forma ? Porque pelo que eu saiba, homem com homem ainda não faz filho. Como você vai dar esse orgulho a seu pai ? HEIN ? ME RESPONDE.
Elias- Abaixe seu tom, que ninguém aqui é criancinha para levar bronquinha. Somos adultos e sabemos muito bem o que estamos fazendo, e nos orgulhamos disso. Somos um casal homoafetivo sim, e daí? O que você pode fazer ?.
Karl- VOCÊ ME RESPEITE, SEU MOLEQUE EU GRITO QUANDO EU BEM ENTENDER. SABE QUEM EU SOU ? O GRANDE KARL SCHEFFEL.
Louis- Vovô! Se acalme. Não precisa gritar.
Elias- Eu vou deixar vocês dois sozinhos, Louis. Mas se precisar pode me chamar.
Cena 11- Frente da Prisão Masculina de Bangú.Ext.
Fernando sai da prisão depois de um longo tempo preso, o rapaz se sente feliz por finalmente ter sua tão sonhada liberdade de volta. Ele respira e sente o ar puro fora da prisão, uma sensação inexplicável.
Ele sorri. Um sorriso que expressa muito mais do que felicidade. Fica explícito que a saída da prisão vai movimentar e muito a vida do rapaz.
Cena 12- Tarde.Apartamento de Elias.Varanda.Ext.
Elias está sem camisa e ao fundo toca "Santo- Jão" tema do personagem. Ele soa muito pois está praticando seus exercícios físicos para se manter em forma. Close no rosto cansado dele. Elias bebe água e a companhia toca, ele atende é sua tia.
Elias- Tia ? Entra.
Amanda entra no apartamento.
Amanda- Eu preciso lhe dar uma notícia.
Elias- O quê ? Não me diga que a senhora também vai virar modelo?.
Ele ri.
Amanda- Para de ser debochado, menino, é sério.
Elias- Então fala, ué.
Amanda- O Fernando. Ele saiu da cadeia.
Foco no rosto estupefato de Elias, sem acreditar no que acabou de escutar.
Elias narrando - Eu não podia acreditar nisso. Era o meu maior pesadelo voltando dos mortos. Esse assunto já estava encerrado. Eu segui em frente. Enterrei ele junto com meu passado. E agora ele estava de volta. E eu sabia que ele ia querer se vingar.
Encerramento ao som de "Malandragem - Cassia Eller"

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