04/04/2025

O Cravo no Jardim de Rosas - Capítulo 05 (04/04/2025)


Criado e Escrito por LUCAS GARCIA

 

CAPÍTULO 05

 

 

Cena 01: Mansão de Hans. Sala de Estar. Interior. Noite.

 

SONOPLASTIA: Maldade Suspense – PH CASTANHEIRA (instrumental)

 

SALAZAR coloca a mão no ombro de LUÍS MIGUEL para encaminhá-lo a saída, mas nesse instante o rapaz fica paralisado, olhando fixamente para JÚLIO, sentado no sofá, ficara abismado com o semblante do coroinha.

 

JÚLIO: (assustado) - Jovem, está tudo bem? Quer dizer mais alguma coisa?

 

LUÍS MIGUEL começa a chorar incessantemente, todos ficam atônitos, sem reação, por instinto, o rapaz aponta para JÚLIO que fica trêmulo.

 

LUÍS MIGUEL: (aos prantos) – Tem um espírito das trevas sentado ao seu lado!

 

GARDÊNIA, ao escutar a frase, tem um desmaio, JÚLIO fica estagnado sem esboçar reação. SALAZAR corre acudir a governanta, enquanto AUGUSTO olhava anestesiado para toda aquela situação.

 

JÚLIO: (amedrontado) – Augusto, acuda Gardênia! Salazar, faça alguma coisa!

 

SALAZAR corre em direção a GARDÊNIA, tenta reanima-la, MARICOTA no mesmo instante ao ouvir a queda, aparece sorrateiramente na sala, para ajudar.

 

LUÍS MIGUEL ainda encarava estranhamente JÚLIO, este, observava ao seu redor, a fim de atestar que não há nada de sobrenatural a sua volta.

 

LUÍS MIGUEL: (aos prantos) – Essa criatura tem a estrutura de um corpo humano – respira fundo – não tem rosto, está acinzentado! Está sumindo!

 

LUÍS MIGUEL, consegue ver com clareza a presença daquela aparição medonha desaparecer instantaneamente do local.

 

GARDÊNIA (acordando) – O que está acontecendo – levantando a cabeça – o que aconteceu comigo?

 

GARDÊNIA, é aos poucos levantada por MARICOTA e SALAZAR que colocam-na sobre o sofá, enquanto JÚLIO permanecera intacto no mesmo lugar.

 

JÚLIO: (amedrontado) – Rapaz, pode me dizer o que é essa coisa que viste?

 

LUÍS MIGUEL: (aos prantos) – Desculpe senhor Hans, não queria assustá-lo – enxugando as lágrimas – é a primeira vez que vejo isso, só sei que é uma energia ruim, pois o Padre nos ensina muito sobre o mundo espiritual.

 

AUGUSTO: (trêmulo) – Você nos assustou profundamente – levantando-se – quase matou a Gardênia! 

 

LUÍS MIGUEL: (suspirando) – Me perdoem, jamais foste minha intenção assustá-los – começa a lacrimejar novamente – me perdoem, com licença!

 

O coroinha, sem mais explicações corre em direção a porta e, sai desvairado pelo jardim da mansão, SALAZAR o segue.

 

MARICOTA: - Vamos Dona Gardênia, a senhora precisa de um chá de camomila, ou quer uma reza brava?

 

GARDÊNIA: (trêmula) – Deixe de ser petulante, me ajude – levantando-se do sofá – preciso de água!

 

GARDÊNIA caminha em direção à cozinha com o auxílio de MARICOTA, as duas se dispersam pela casa. Na sala, ainda inertes, ficam JÚLIO e AUGUSTO, este último já está em pé, próximo ao lustre no canto.

 

JÚLIO: (amedrontado) – O que será que esse rapaz viu, afinal?

 

AUGUSTO: (atordoado) - São tantas coisas a se pensar, mas não é hora para isso – bocejando – bebemos demais por hoje Hans, preciso ir embora, antes que minha mulher me entregue aos percevejos!

 

AUGUSTO, levanta-se ainda sonso, estava sob os efeitos do álcool, aperta a mão do amigo e também se retira da residência. JÚLIO, ficara pensativo.

 

JÚLIO: (sussurrando) – Não pode ser... o que há de sobrenatural nesta casa? Esse mancebo precisará me explicar o que viste, não ficarei sem essa resposta!

 

JÚLIO passa a sentir calafrios e arrepios intensos, não deixa de olhar ao seu redor, com o semblante de medo.

 

Cena 02: Casarão de Herculano. Sala de Estar. Interior. Noite.

 

HERCULANO, corre vestir a calça e coloca de forma desajeitada a camisa.

 

ISOLDA: (atônita) – Amor, que modos são esses?

 

HERCULANO (irritado) – Oras! Estava pio que havia apenas tu neste casarão – abotoando a camisa – mas, pelo visto, temos visita!

 

JOCASTA: (sarcástica) – Muito mais que uma visita, se me permite corrigi-lo – desviando o olhar para Isolda – sou da família!

 

ISOLDA: - Herculano, a Jocasta...(INTERROMPIDA)

 

HERCULANO: (irado) – Pouco me importa o que Jocasta esteja fazendo aqui, ela que compre a passagem de volta para a capital!

 

JOCASTA: (nervosa) – Como ousas falar assim? Como se a minha pessoa não estivesse presente nesta sala? Ficarei aqui, por um tempo, mas ficarei!

 

HERCULANO: (irritado) – Isolda, por favor, informe a ela que nesta casa, não há mais espaço!

 

JOCASTA: (nervosa) – Herculano, deixe de ser ingrato, tudo que tens é graças a mim e o parvo Marco, que apoiamos vocês como casal, nunca se esqueça que morou debaixo de nosso teto também!

 

HERCULANO ignora JOCASTA e, sobe a escada ajeitando a roupa, a mulher fica ainda mais furiosa e passa a berrar loucamente.

 

JOCASTA: (aos berros) – Me ouça Herculano, não me dê as costas, volte aqui! – arregala os olhos para ISOLDA – faça alguma coisa! Seu marido irá me colocar na rua, achas justo um despautério deste?

 

ISOLDA: (enfadonha) – Calma Jocasta, ele deve estar cansado, falando coisas sem pensar, deixe ele descansar, amanhã cedinho converso com meu marido.

 

JOCASTA: (aos berros) – Tu és uma pata-choca, não se move, trata tudo com desdém!

 

ISOLDA: (enfadonha) – Estou cansada também, vou preparar meu leito, logo Herculano me chamará!

 

JOCASTA: (aos berros) – Não irá mesmo, fique aqui comigo!

 

ISOLDA se desvia de JOCASTA, também sobe a escada.

 

JOCASTA: (aos berros) – Não tirarei meus pés deste casarão, é dever de vocês me ajudar neste momento – respira – não renunciarei ao meu direito de estadia, NÃO RENUNCIAREI!

 

JOCASTA, pega um vaso que estava posto encima do armário colonial e ameaça jogar no chão, pensa algumas vezes, mas decide colocar no lugar, permanecendo emburrada.

 


 

CENAS EXTERNAS

SONOPLASTIA: VOA BICHO – MILTON NASCIMENTO

 

O raiar do sol das primeiras horas do dia preponderava sobre Vale das Rosas, algumas imagens de pessoas caminhando pelas ruas, pela praça principal, um close na igreja matriz, depois, há uma transição, onde aproxima-se da faixada da mansão de Hans, é possível ver as pétalas de rosas murchas, o jardim estava descuidado.

 

Cena 03: Mansão de Hans. Jardim. Exterior. Dia

 

GARDÊNIA estava pensativa, observando o chafariz, seus olhos estavam fixados nas águas, sua mente estava compenetrada em algo, era profundo. SALAZAR, vai detidamente se aproximando, tira o quepe.

 

SALAZAR: (comedido) – Gardênia, bom dia! Está tudo bem?

 

GARDÊNIA não responde, seus olhos permanecem fixados na fonte, era algo visceral, tomara toda sua atenção!

 

SALAZAR: (comedido) – Gardênia, está me ouvindo?

 

SALAZAR toca duas vezes no ombro esquerdo da governanta que desperta em fração de segundos, ela encara o motorista.

 

GARDÊNIA: (ríspida) – O que querer Salazar?

 

SALAZAR: (irônico) – Bom dia para você também Gardênia, dormistes comigo?

 

GARDÊNIA: (ríspida) – Tenha santa paciência! Não venha com falatórios logo pela manhã! Já foi até Hans?

 

SALAZAR: Sim, certifiquei que ainda dorme – tosse forçadamente – mas, e você está bem?

 

GARDÊNIA: (reflexiva) - Não, confesso que estou muito pensativa com aquilo que o coroinha disse ontem, estou temorosa com o que vem pela frente!

 

SALAZAR: (surpreso) - Não entendi muito bem, o que virá? Sabes de algo?

 

GARDÊNIA se vira totalmente para o motorista, faz cara de nojo.

 

GARDÊNIA: (irritada) – Não é da sua conta, vá para seus afazeres, pois irei aos meus!

 

GARDÊNIA se afasta do motorista e caminha em direção ao interior da mansão, deixando o motorista encafifado.

 

SALAZAR: (pensativo) – O que será que Gardênia quis dizer?


 O motorista fica apreensivo, observando o jardim as minguas. 


Cena 04: Mansão de Hans. Quarto de Gardênia. Interior. Dia


GARDÊNIA, entra em seu quarto em lágrimas, estava muito aflita, ela encosta a porta, abre seu armário, pega um algum de fotos, senta na cama e começa a folear.


                                        GARDÊNIA: (lacrimejando) – O tempo é cruel, não nos perdoa! – alisando                                             algumas fotos envelhecidas – sempre cuidarei de você, sempre!

 

GARDÊNIA, deixa uma lágrima cair sobre o álbum, rapidamente seca com a ponta dos dedos. De repente, a porta se abre, MARICOTA adentra de supetão.


                                MARICOTA: (gritando) – Bom dia Gardênia, posso preparar o café do “seu”                                            Júlio?

 

GARDÊNIA, se assusta com a presença dela, e deixa cair uma foto no chão, MARICOTA rapidamente pega a foto e encara, fica boquiaberta.


                                MARICOTA: (chocada) – Calma aí, hei de saber quem é esse bebê – arregala                                         os olhos – é o “seu” Júlio, pois nesta casa tem várias fotos dele bem bebezinho! E é                                     você nesta foto segurando ele? Mas, desde quando você trabalha nesta casa?                               


GARDÊNIA fica pálida, o questionamento de MARICOTA a deixa sem respostas.

 


Encerramento




 

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