21/04/2025

O Cravo no Jardim de Rosas - Capítulo 19 (21/04/2025)

 



Criado e Escrito por LUCAS GARCIA

 

CAPÍTULO 19

 

CENA 01: Casarão de Herculano. Quarto de Herculano. Interior. Manhã

 

JOCASTA, abruptamente, aproxima-se de ISOLDA e ameaça costurar a boca dela, mas a mulher acorda no mesmo instante, constata que a madrasta estava prestes a agredi-la, e berra.

 

 

ISOLDA: (gritando) – SOCORROOOO!

 

 

ISOLDA, empurra JOCASTA, que bate a cabeça na quina da escrivaninha.

 

 

HERCULANO: (assustado) – Isolda, Isolda!!!

 

HERCULANO, tentava segurar ISOLDA que se batia por todos os lados, a mulher estava tendo um grande pesadelo.

 

HERCULANO: (assustado) – Isolda, ACORDA!

 

ISOLDA, abre os olhos, estava transpirando muito, olha para o marido e percebe que não havia mais ninguém no quarto além deles, sente-se aliviada.

 

ISOLDA: (ofegante) – Meu Deus, achei que estava sendo atacada! Foi apenas um pesadelo!

 

ISOLDA, afunda a cabeça no travesseiro, enquanto HERCULANO permanece sentado na cama, observando-a, esperando que ela volte ao sono.

 

CENA EXTERNA:

 

Passagens do amanhecer de VALE DAS ROSAS é transmitido, ao som de “Voa Bicho” de Milton Nascimento. Pessoas caminhando pelas pacatas ruas da cidade, comércios se abrindo, foco na mansão de Hans, no jardim.

 

 

CENA 02: Mansão de Hans. Interior. Manhã.

 

JÚLIO, desce a escada, estava apressado, GARDÊNIA, o aguardava, estava preocupada.

 

GARDÊNIA: - Hans, onde vai? Maricota me contou o que aconteceu contigo a noite passada, você sabe quem é a pessoa que lhe atacou?

 

JÚLIO: - Não, mas eu vou descobrir, essa pessoa pagará muito caro pelas brincadeiras de mal gosto!

 

 

JÚLIO, vira-se e retira-se apressado da casa, deixando GARDÊNIA preocupada.

 

 

CENA 03: Casa de Augusto. Sala de Estar. Interior. Manhã.

 

JÚLIO e AUGUSTO estavam sentado no sofá, CLARA, estava com um semblante de cansaço, mas serve o café para ambos.

 

 

JÚLIO: - Meu caro amigo, espero que as coisas por aqui, estejam melhor – encara o semblante de Clara – mas venho aqui, para acertarmos os detalhes da defesa de Abner.

 

CLARA, se retira da

 

AUGUSTO: - Hans, as coisas estão melhorando, e sobre Abner – olha para baixo – vou preparar as preliminares, mas preciso conversar antes, pois é uma provocação ao Estado, não existe uma ação contra ele, é uma declaração que precisamos da justiça, a fim de provar as pessoas que ele é inocente, é algo que demanda tempo de estudo e trabalho.

 

 

JÚLIO: - Fique tranquilo, pagarei cada centavo por esse trabalho! Quero ajudar meu amigo, e você é a pessoa mais habilitada e que mais confio para isso.

 

 

AUGUSTO, não responde, abaixa a cabeça, JÚLIO, percebe a tristeza.

 

 

JÚLIO: (contido) - O que está acontecendo com a Clara?

 

AUGUSTO: (entristecido) – Já faz algum tempo que a Clara tem apresentada alguns distúrbios mentais, mas ainda não há um diagnóstico conclusivo, apenas a recomendação de medicação. São dias difíceis meu caro... dias difíceis... não quero me estender, acredito que está de saída, não é?

 

JÚLIO, sente-se constrangido, levanta-se do sofá.

 

JÚLIO: - É... preciso ir à floricultura, avisar Abner que conversamos e pedir uma resposta contundente da parte dele. Nos falamos, até breve!

 

Os dois se abraçam e JÚLIO se retira da casa, deixando AUGUSTO pensativo.






Cena 04: Casarão de Herculano. Sala de Estar. Interior. Manhã.

 

 

JOCASTA e BERENICE, já estavam com o véu, prontas para ir à igreja, MARCO PAULO estava sentado no sofá, ainda se espreguiçando.

 

 

JOCASTA: - Vamos Berenice, antes que o seu pai invente de nos seguir!

 

 

BERENICE: - Deixe mamãe, papai precisa ir às missas, fará bem!

 

 

JOCASTA: - Não, vamos nós, rezamos pela vida descarregada desse ser pecador!

 

 

MARCO PAULO, não responde, continua no sofá, sonolento. De repente, HERCULANO, aparece apressado, com uma maleta nas mãos.

 

 

 

MARCO PAULO: - Está de saída Herculano?

 

 

 

HERCULANO: - Estou, voltarei tarde, então, peço que ajude Isolda nas tarefas domésticas, já que a beata de sua esposa, nada faz!

 

 

 

HERCULANO, apressadamente chega na porta, abre e fecha violentamente, deixando o MARCO PAULO confuso. Alguns minutos depois, ISOLDA aparece apressada.

 

 

 

ISOLDA: - Papai, precisarei sair, mas tão logo estou de volta!

 

 

MARCO PAULO: - Mas, eu vou ficar sozinho nesta casa?

 

 

ISOLDA, não responde, apressadamente se retira.

 

 

MARCO PAULO: - Onde o povo dessa casa arranjou tantos compromissos e eu não estou sabendo?

 

 

MARCO PAULO, se levanta do sofá e sobe para seu quarto.

 

 

 

Cena 05: Igreja Matriz. Interior. Manhã.

 

 

BERENICE e JOCASTA observam o PADRE ELVIS fazer a leitura das escrituras sagradas. LUÍS MIGUEL, que estava próximo ao altar, não tirava os olhos de BERENICE.

 

 

JOCASTA: (sussurrando) – Aquele rapaz, o coroinha, parece ser mais velho que os demais... não tira os olhos de você, vou acabar me irritando com ele.

 

 

BERENICE: - Mamãe, é coisa de sua cabeça!

 

 

JOCASTA: (sussurrando) – Não, não é, vou provar que não é!

 

 

As duas voltam ao silêncio, enquanto à distância LUÍS MIGUEL ainda a observava.

 

 

Cena 06: Escritório de Donato. Interior. Manhã.

 

 

DONATO, tragava seu charuto, olhando com desdém e ao mesmo tempo sarcasmo para HERCULANO.

 

 

DONATO: - Então, parece que vossa pessoa está precisando de mais cheques? – dá algumas tragadas – E desta vez, preciso de uma contraprestação, senão, me tornarei um mágico da lâmpada, para Vossa pessoa.

 

 

HERCULANO: - Pois bem, não venho com a intenção de pedir qualquer coisa gratuitamente, diante de coisas que vem acontecendo...

 

 

- FLASHBACK ON -

 

ISOLDA levanta-se, encara o marido.

 

ISOLDA: (incisiva) – Andei pensando na última noite, não quero mais desconfianças nesta casa, talvez, para que haja paz, precisamos mostrar ao meu pai e à Jocasta que compramos esse casarão com nossas reservas, certo?

 

HERCULANO, estranha a mulher falar naqueles termos com ele.

 

ISOLDA: (incisiva) – Mas, antes eu mesma, quero ir ao banco, com você, para saber qual o saldo de seu numerário, quero saber quanto temos, e demonstrar a minha família, que tudo é fruto de muito trabalho – frange a sobrancelha – concorda comigo?

 

 

HERCULANO: (gaguejando) – Isolda... você, nun... nunca me questionou sobre nossas reservas.

 

 

ISOLDA: (incisiva) – Pois, agora quero estar por dentro de tudo, somos um casal, não temos nada a esconder! Quero mostrar à minha família que não temos nada a esconder, que temos dinheiro suficiente para sobreviver, assim, se desfaz qualquer indício de que usurpação!

 

HERCULANO, bambeia, dá alguns passos para trás.

 

 

- FLASHBACK OFF

 

HERCULANO: - Minha esposa (INTERROMPIDO).

 

 

DONATO: - Sua esposa que se parece com minha antiga namorada de adolescência, que foi morta nesta cidade – levanta-se da cadeira – acredito que ela esteja desconfiada de onde foi todo o dinheiro, pois compraram aquele casarão e não sobrou mais nada.

 

 

HERCULANO: - Como assim? Como sabes de minha vida?

 

 

DONATO: - Calma meu companheiro... calma, estou apenas sugestionando o que esteja acontecendo, já que você chegou nesta cidade sem veículo, sem ocupação, achei que precisasse de um auxílio, por isso ofereci o trabalho e ajuda.

 

 

HERCULANO: - Eu aceito, aceito trabalhar para você!

 

DONATO: - Não preciso me preocupar, pois um cavalheiro como você comprar aquele casarão, já demonstra ser muito competente no que faz! Aliás, podemos tomar um café, qualquer dia desses em sua casa?

 

 

HERCULANO: - Não, acredito que agora, nossa relação é estritamente profissional!

 

DONATO, esbanja uma gargalhada medonha.

 

 

DONATO: - Então, a partir de agora me chame de doutor Donato! E outra coisa, sua esposa, como já disse é muito parecida com uma antiga namorada, por acaso... (INTERROMPIDO).

 

 

HERCULANO: - Minha esposa não se parece com ninguém, e peço que não cite o nome dela novamente!

 

 

DONATO: (sarcástico) – Tudo bem, ficarei no mais pleno silêncio, porém, precisamos brindar esse momento, chamarei, minha secretária!

 

 

HERCULANO, permanece sentado, enquanto DONATO se retira, mas em pouco segundos retorna com duas taças e uma garrafa de uísque, os dois brindam, apesar do primeiro estar envergonhado.

 

Passados alguns minutos de bebedice, HERCULANO parecia já demonstrar certeza leseira em seu semblante, então, DONATO, aproveita-se.

 

 

DONATO: - Meu caro, agora que aceitou trabalhar para mim, precisa assinar os termos, para que tudo saia na forma da lei!

 

 

DONATO, retira um calhamaço de folhas da gaveta, coloca na mesa e põe encima da pilha de papéis, uma caneta.

 

 

DONATO: - Agora, peço que assine!

 

HERCULANO, arrasta a cadeira para mais perto, um pouco zonzo, começa a assinar, SEM LER, sem pestanejar o contrato, folha por folha, eram mais de quatrocentas.

 

 

DONATO: (sarcástico) – Ótimo cavalheiro, assine mais um pouco e assim, estaremos quites!

 

 

De repente, um vento forte, faz com que a janela se abra, um abutre pousa sobre o batente, assustando, ambos, o animal encara os dois homens e ameaça entrar na sala, então, DONATO rapidamente se levanta, pega o paletó e espanta o animal, fechando a janela.

 

 

DONATO: - Desgraçado! Vive por essas redondezas!

 

 

DONATO, volta a cadeira e observa HERCULANO terminar de assinar as últimas páginas.   

 

 

Cena 07: Biblioteca. Interior. Manhã.

 

 

ABNER, estava em uma fileira de livros, estava ajeitando a estante da biblioteca, de depende, uma mão sedosa, macia, com cheiro de lavanda, tapa sua visão, ele estranha.

 

 

ISOLDA: (sussurrando) – Adivinhe quem é!

 

 

ABNER, mesmo com o rosto tapado, abre um grande sorriso.

 

 

ABNER: - Mas, é claro que eu sei quem você é, Isolda!

 

 

ISOLDA, tira as mãos dele, ABNER se vira, os dois se abraçam carinhosamente.

 

 

ABNER: - Nossa, já faz muitos dias que não nos vemos, é sempre um prazer, revê-la!

 

 

ISOLDA: O prazer é todo meu Abner, você é uma pessoa que me faz muito bem – coloca a mão no ombro – não sei explicar, parece que já éramos amigos há muito tempo.

 

 

ABNER: - Fico muito feliz... e aproveitando, acredito que há uma pessoa que adoraria conhece-la, Dona Sebastiana!

 

 

ISOLDA: (curiosa) – Dona Sebastiana, quem é?

 

 

ABNER: - Você só saberá quando chegar na casa dela!

 

 

ISOLDA: - Abner, que medo! Você sempre me leva para lugares... que aliás, você poderia me levar novamente na floricultura, amei aquela estufa, o que acha?

 

 

ABNER, desmancha o breve sorriso e encara a mulher.

 

 

ABNER: - Sim... podemos ir... depois levo-a para onde gostaria que conhecesse.

 

 

ISOLDA: - Ótimo, então, vamos à Floricultura, estou ansiosa para revisitar aquele lugar, me fez tão bem!

 

 

ABNER, mesmo a contragosto, e esboçando um certo descontentamento, cede ao pedido de ISOLDA, deixa os livros, empilhadas sobre a prateleira e se retiram da biblioteca.

 

 

Cena 08: Floricultura. Interior. Manhã.

 

 

ISOLDA, retira os sapatos, pega nas mãos de ABNER, e caminham pela estufa.

 

 

ISOLDA: (contente) - Vamos correr? Há, que saudade de correr!

 

 

ABNER, novamente abre um sorriso, um pouco envergonhado.

 

 

ABNER: - Melhor não, aqui é o meu local de trabalho, uma hora estou aqui, outra hora estou na biblioteca, mas fique à vontade, sei que adorou.

 

 

ISOLDA, então, caminha pelas fileiras, sente o aroma das rosas. De repente, JÚLIO, adentra o local, olhando fixamente para ABNER, que ao perceber a presença do patrão, fica atônito.

 

JÚLIO: - Olá Abner, gostaria de informar que Augusto nos ajudará em sua defesa – estranha a fisionomia do homem – o que houve?

 

 

ISOLDA: (correndo) - Abner, qual é o nome dessa flor?

 

 

ISOLDA, corre em direção a ABNER que permanece intacto.

 

JÚLIO, ao notar a presença da mulher, arregala os olhos, fica trêmulo, seus lábios secam, ABNER fica sem reação, enquanto, ISOLDA encara JÚLIO.

 

 

ISOLDA: (surpresa) – Pois, eu me lembro do senhor... você... – aproxima a flor próximo ao peito – você me salvou aquele dia no desfile, e me ajudou aquele dia na praça!

 

 

JÚLIO: (emocionado) – Sim, sou eu, bem lembro de seu rosto – suspira – e como lembro!

 

 

JÚLIO, pega na mão dela, beija, na frente de ABNER que se sente incomodado, enquanto, ISOLDA fica assustada com o gesto.

 

 

JÚLIO: (emocionado) – Agora, eu faço questão de saber essa história, o que você e o Abner tem em comum, como vocês se conheceram?

 

 

ABNER, passa a tremer com aquele questionamento, seus olhos ficam marejados, enquanto ISOLDA olhava fixamente para JÚLIO, sem conseguir responde-lo.

 

 

Encerramento



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

CONHEÇA A NOVA SEDE!