22/05/2025

Terra Vermelha - Capítulo 11



Capítulo 11



CENA 01 - FRENTE AO PRESÍDIO - EXT/DIA


A luz do sol ilumina o portão. O vento balança os galhos das árvores ao redor. O portão da prisão se abre.

Aline surge, agora mais forte, mais serena. Ela veste uma roupa simples, mas limpa. Ela para no portão, fecha os olhos, respira fundo. O vento sopra contra seu rosto. Ela sorri com um sorriso contido. 


Aline - Eu voltei… E agora é a minha vez.


Jussara(gritando, emocionada) - Aline!


As duas abrem os braços e se abraçam com força. Cândida chega logo atrás, também com os olhos marejados. As três se abraçam juntas. 


Cândida - Você está livre, agora. Livre!


Aline - Vou recomeçar a minha vida, agora de um jeito diferente. 


Jussara - É claro, é claro! Agora vamos, meu bem. 


Elas caminham até a caminhonete de Cândida, estacionada do outro lado da rua. 


Aline - Preparou tudo, vó?


Jussara - Está tudo dentro do carro.


Aline olha mais uma vez para trás. A prisão ficará no seu passado.


CENA 02 - CAMINHONETE/ESTRADA - DIA


A caminhonete segue pela estrada. Aline, agora sentada no banco de trás, abre a janela e apoia os braços ali. O vento bate em seu rosto, levantando seus cabelos soltos. Ela fecha os olhos e sente a liberdade.

O céu está azul, aberto como o futuro de Aline.


Cândida dirige. Jussara olha pelo retrovisor e sorri vendo Aline.


Plano geral do carro cortando a estrada. A câmera sobe aos poucos, pegando a estrada em curva, o carro diminuindo ao longe.


CENA 03 - RUAS DE VIENA - EXT/DIA


Viena, Áustria.


O céu está cinzento, fechado. Uma leve, bem leve chuva cai sobre as ruas. Caio e Graça caminham de mãos dadas entre os monumentos históricos, cobertos com cachecóis, casacos pesados e luvas. Eles sorriem, tiram fotos. 


Eles entram no apartamento. Ele é sofisticado, moderno, com grandes janelas que mostram a vista lá fora. 


Caio - Pelo amor de Deus, esse inverno!


Graça - Logo nós que estávamos acostumados com o inferno que é o Mato Grosso. É tão lindo!


Ela começa a tirar o casaco pesado. Caio também retira o dele, jogando as roupas sobre uma poltrona próxima. Eles se olham. Caio se aproxima e beija ela. Eles caem na cama, rindo baixinho. 


CENA 04 - ESTRADA - DIA


A caminhonete entra numa pequena cidade do interior, chamada Esmeraldas. As ruas de paralelepípedo e as casas bem antigas. Cândida reduz a velocidade, mas não para. O carro segue direto, saindo da área central.


Pousada Luz dos Campos - Beira da Estrada:


A câmera se afasta do carro. Lentamente, ela se aproxima de uma construção simples, mas charmosa. Bastante gasta pelo tempo, rodeada por árvores. Um letreiro meio torto diz: “Pousada Luz dos Campos”.

A câmera sobe pelas janelas até encontrar uma aberta, por onde entra suavemente.


CENA 05 - POUSADA LUZ DOS CAMPOS - QUARTO DE PÉROLA - INT/DIA


O quarto é simples, mas cheio de personalidade. Uma jovem de aproximadamente 18 anos, Pérola, está diante de um espelho trincado. Ela fala sozinha com dramaticidade, encenando um monólogo emocional.


Pérola(chorosa, teatral) - Mas… por que, mamãe? Por que me rejeitas, se sou feita do mesmo sangue?


Ela tenta forçar o choro, se observando, até sorri orgulhosa da performance. Mas, de repente…


Barulho de porta se abrindo.


Lucinda entra. Uma mulher de feições duras, olhar impaciente, com o avental sujo.


Lucinda(cortante) - Que palhaçada é essa? 


Pérola se assusta.


Pérola - Nada demais, só… só estava brincando.


Lucinda(sem paciência) - Anda logo. Vai lá atrás pegar lenha, anda! Os hóspedes gostam da nossa comida caseira. Ah, e tire toda essa maquiagem, está parecendo uma palhaça.


Pérola(baixa a cabeça, murmurando) - Tá bom…


Ela tira com delicadeza a maquiagem improvisada. 


Lucinda(autoritária) - E vê se não demora, Pérola. Ainda tem que me ajudar a cortar os legumes.

A câmera foca no rosto de Pérola, uma pequena frustração. 



CENA 06 - FAZENDA DE CÂNDIDA - EXT/INT/DIA


A caminhonete sobe por uma estrada de terra batida.


Cândida(sorrindo ao volante) - Chegamos.


A câmera revela a fazenda de Cândida. Um casarão imponente, com janelas de madeira e varandões. Ao redor, plantações bem cuidadas, lavouras extensas, e alguns tratores trabalhando. Aline se encanta com o lugar.


Aline - É aqui. Esse será o pontapé inicial pra minha nova vida.


Interior do casarão:


No salão principal, arejado e rústico, com móveis antigos e cheiro de madeira encerada, estão Jonas, Patrícia e Divina, aguardando.


Cândida - Olhem quem chegou!


Todos se levantam. Um breve silêncio de expectativa. Jonas, sério, encara Aline. Ela retribui o olhar.


Divina(abrindo os braços) - Bem-vindas! Estávamos aqui ansiosas pra conhecer vocês!


Abraços são trocados. Patrícia se faz de simpática, beijando o rosto de Aline. Jonas se aproxima, estende a mão a Aline. Ela segura firme.


Jonas - Seja bem-vinda. 


Divina - Óia, fiquem à vontade, a casa é de vocês também, agora. Né, dona Cândida?


Cândida - É claro! Inclusive, vamos lá, vou mostrar o quarto de vocês. 


Cândida caminha à frente. Aline e Jussara atrás, maravilhadas com os detalhes da casa.


Cândida - Esse aqui é o seu, Aline. O da Jussara é logo ao lado.


Aline entra, observa o quarto acolhedor, a cama arrumada com carinho. Ela sorri com gratidão.


Divina - Dona Cândida. Eu só vim avisar que a mesa está posta. Vocês devem estar famintas. Preparei uma comidinha deliciosa.


Jussara - Opa. Que coisa boa!


Todos bem felizes vão em direção à mesa de jantar.

A mesa está cheia. Pratos típicos. Todos se sentam.


Cândida - Se sirvam à vontade. Só queria conversar um minutinho com Aline e Jonas de uma vez, pra depois você ir descansar de uma vez. Me acompanhem.


Eles saem até a varanda.


Cândida - Jonas… você terá uma nova missão. Você vai ensinar a Aline tudo que ela precisa saber sobre essa terra. Sobre as plantações, o cuidado, a colheita… tudo.


Jonas - Sim senhora, tia. É um mundo à parte, mas se você estiver disposta a aprender… é claro que eu ensino!


Aline ergue os olhos, determinada.


Aline - Eu estou. Eu preciso fazer isso. Faz parte dos meus planos.


Cândida - Alina, querida. Se for só pra você…


Aline - Não, dona Cândida. Eu também quero fazer isso, eu amo essa terra e quero crescer a partir dela. E eu gostaria de agradecer a senhora pela oportunidade e por ter aceito.


Cândida - Oh meu amor. Depois de tudo que eu te vi passar, é claro.


As duas se abraçam e voltam pra mesa.


CENA 07 - CASA NOVA DE PETRA E LUIGI - INT/TARDE


A câmera mostra uma casa moderna, elegante, com linhas limpas, fachada de vidro e jardim bem cuidado. O sol brilha sobre Nova Primavera. Dois carros estacionam e descem Petra, Luigi, Irene, Antônio e Angelina. 


Irene - Nossa, mas que casa linda! Luigi tem muito bom gosto.


Luigi - Petra também ajudou a decidir.


Irene - Ah, mas eu tenho certeza que a grande decisão veio de você, Luigi. Por que se dependesse da Petra…


Antônio - É bem espaçosa.


Eles entram definitivamente na casa. Angelina observa tudo bastante encantada.


Petra olha para Angelina, animada com o momento.


Petra - Angelina… eu queria te fazer um pedido.


Angelina - Pode falar, meu bem.


Petra - Por que não fica com a gente? Queria você trabalhando aqui, ao meu lado. 


Angelina fica surpresa.


Angelina - Petra… você tem certeza?


Luigi - É… não sei se… bom.


Irene - Casamento novo, Petra. Às vezes, é melhor que o casal tenha seu tempo, a sua privacidade. A intimidade é importante.


Petra - Eu entendo, mãe. Mas a Angelina é a minha família, é parte da minha vida. Ela sempre foi minha base em tudo. Eu quero ela aqui com a gente.


Angelina(emocionada) - Então tá. Eu fico… é claro que eu fico. Obrigada, minha querida.


Todos sorriem. Petra vai até Júlia, brincando com a criança.


Petra - E você, minha princesa? Gostou da casa nova da titia?


Irene - Nossa! Olhando assim, você daria uma boa mãe, Petra. Já pode ir treinando com o Luigi aí porque logo logo eu quero mais um neto.


Petra fica desconfortável.


Antônio(olhando o relógio) - Agora eu tenho que ir, gente. Tenho uma reunião agora na cooperativa. Mais problemas. Gostei da casa nova, minha filha. Seja feliz! Ah, Petra, acho bom você um dia ir comigo na cooperativa. Seria bom ir conhecendo mais as coisas por lá…


Petra - Ah… Claro, meu pai! Eu vou sim!


Irene se adianta.


Irene - Ela precisa agora focar na casa dela. Por falar nisso, eu também estou indo.

(para Antônio)

Antônio, me deixe em casa primeiro, por favor.


Ela cumprimenta Luigi com um beijo no rosto e uma encarada, e depois dá um abraço de leve em Petra.


Irene - Vamos, Julinha.


Antônio(para Angelina) - Quando a Petra tinha me dito sobre você ficar aqui eu achei um absurdo, porque você sempre foi muito alinhada em tudo. Obrigado por todos esses anos lá em casa, Angelina. Cuida bem dessa menina.


Angelina - Pode deixar, seu Antônio.


Antônio - E Luigi. Rapaz, agora você tem uma família, hein. Acho bom honrar ela e fazer o mesmo que eu pedi pra Angelina. Senão eu te capo.


Luigi - Sim senhor, doutor Antônio.


Eles saem. Petra os observa.


Petra - Achei que minha mãe fosse ficar mais.


Angelina - Oh, minha querida. Não fica assim. Você sabe como sua mãe é. Mas no fundo ela te ama.


Petra - No fundo quando você diz é como se fosse a fossa das Marianas.


CENA 08 - QUARTO DE PETRA E LUIGI - INT/NOITE

Luigi abre a porta e entra com Petra. 


Luigi - O nosso cantinho do amor. É bem aqui.


Ele tenta se aproximar, carinhoso, querendo beijá-la. Petra hesita, recua desconfortável.


Petra - É… é lindo o quarto.


Luigi estranha.


Petra - Eu esqueci de falar algo pra Angelina, vou ver onde ela está.


Ela se afasta rapidamente.


Luigi fica ali encarando a paisagem pela janela, pensativo, desapontado.


ENCERRAMENTO.


(Lost On You - LP)




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Entre a Cruz e a Espada - Capitulo 01 (23/06/2025)