CENA 01: IGREJA/DIA
Nervoso, Leandro começa a olhar em volta, enquanto começa a ter flashbacks com Cecília. Ele começa a tremer e a pressão cai.
PADRE: Vou repetir a pergunta para que possa responder. Leandro Figueira, você aceita Isabel Figueira como sua legítima esposa?
LEANDRO (com a voz trêmula): Não.
INSTRUMENTAL: ED S THEME - IURI CUNHA
A câmera dá o close em Isabel, que arregala os olhos imediatamente. No fundo, os convidados se chocam. Leandro encara Isabel diretamente, que não entende de imediato o que está acontecendo.
ISABEL (desesperada, constrangida): Como assim, “não”? Que brincadeira é essa, Leandro? Padre, o Leandro está apenas brincando… ele aceita sim! Não é, Leandro? Diga logo que aceita!
LEANDRO: Me desculpa, Isabel… Mas eu não posso. Eu não posso me casar com você.
ISABEL: Como não? A gente planejou tanto esse casamento, meu amor! Me fala que você está apenas brincando!
TÉRCIO (levantando-se com fúria): Isso é um absurdo! Quem esse moleque pensa que é pra fazer isso com a minha filha?
LEILA (gritando): Covarde! Você é um covarde, Leandro! Um canalha!
Enquanto está prestes a acontecer uma tragédia, o burburinho entre os convidados só aumenta.
UBALDO (sussurrando para Paulina): Eu vou acabar com a raça do Leandro quando chegar em casa!
A câmera volta a atenção para o centro do altar, onde está Leandro, Isabel e o padre. Leandro ainda está paralisado olhando diretamente nos olhos de Isabel, que tenta conter o constrangimento diante de tantas pessoas.
PADRE: Bom, já que o noivo disse não, a cerimônia está encerrada. Espero que Deus esteja com vocês.
ISABEL (inconformada): Não! Não! Ele vai aceitar sim, padre! Não é, Leandro? Fala que aceita e acaba logo com esse show, meu amor!
Abalado, Leandro lança o último olhar para Isabel e se vira, indo em direção à porta da igreja. O falatório no ambiente aumenta mais ainda e Isabel entra em desespero, indo atrás do noivo.
ISABEL (chorando, enquanto percorre o corredor): LEANDRO! LEANDRO, POR FAVOR, VOLTA! PORQUE VOCÊ TÁ FAZENDO ISSO COMIGO? O QUE FOI QUE EU TE FIZ? LEANDRO!
Leila, Tércio, Ubaldo e Paulina correm imediatamente atrás deles.
TÉRCIO (furioso): Ah, se eu pego esse canalha, eu acabo com a raça dele!
UBALDO: É meu filho, mas eu te ajudo, Tércio. Leandro não tem o direito de ter feito isso com a sua filha.
ISABEL (ainda correndo atrás de Leandro): LEANDRO! VOLTA, POR FAVOR, MEU AMOR! EU TE AMO! LEANDRO!
Sem olhar para trás, Leandro atravessa os portões da igreja, enquanto a chuva intensa continua a cair. Ele sai e vai em direção ao seu carro, estacionado em frente a igreja. Ele dá partida no veículo e parte, sob o olhar atônito de todos.
ISABEL (vendo o carro partir, gritando com ainda mais força): NÃO, NÃO! LEANDROOOO!
Ela cai de joelhos no meio do asfalto molhado, completamente devastada. A maquiagem já não existe mais, o penteado vai se desfazendo a cada gota de chuva que cai, e o vestido começa a se ensopar e sujar.
Num surto de dor e raiva, Isabel começa a rasgar o próprio vestido, aos gritos.
ISABEL (gritando, em colapso): POR QUEEEEE?? POR QUE FEZ ISSO COMIGO, LEANDRO?? SEU COVARDE!!! DESGRAÇADO!!!
LEILA (chegando correndo, se ajoelha ao lado de Isabel): Filha! Minha filha, não faça isso com você! Olha só o seu estado. Vem, vamos embora pra casa. Eu não quero que você faça os outros rirem de você.
ISABEL (aos prantos): Ele me abandonou, mãe! Ele me deixou no altar! Por quê? O que foi que eu fiz? Ele dizia que me amava!
LEILA (acariciando o rosto dela): Leandro vai pagar por tudo isso que fez com você, filha... Ele vai se arrepender amargamente.
CENA 02: CASA DE LEANDRO/INT./TARDE
Leandro está subindo as escadas quando Ubaldo e Paulina surgem pela porta principal e vão atrás dele, apressados.
UBALDO (furioso): LEANDRO! VOLTA AQUI, SEU DESGRAÇADO! VOLTA AQUI, QUE EU TENHO MUITA COISA PRA CONVERSAR COM VOCÊ.
PAULINA (tentando contê-lo): Ubaldo, por favor… Tentar resolver as coisas de cabeça cheia só vai piorar ainda mais a situação!
UBALDO (subindo a escada apressadamente): Ele tem que me ouvir, Paulina! Eu só não dou uma surra nesse moleque agora, porque não é da minha índole.
Ubaldo finalmente chega até o fim da escada e vira o corredor, indo em direção ao quarto de Leandro. Ao chegar na porta, ele bate diversas vezes até que o filho abra. Ubaldo imediatamente agarra ele pela gola do terno, furioso.
UBALDO: EU VOU ACABAR COM A TUA RAÇA, LEANDRO! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA ABANDONAR UMA MULHER NO ALTAR? HEIN?
PAULINA (tentando impedir Ubaldo de fazer uma besteira, desesperada): Meu amor, por favor… pare com isso! Violência não vai levar a lugar nenhum!
UBALDO (gritando): TUDO ISSO POR CAUSA DAQUELA BASTARDA, NÃO É? VOCÊ NÃO TEM VERGONHA?
Com força, Ubaldo joga Leandro contra a cama. O mocinho começa a chorar descontroladamente, enquanto o pai 0 encara com rancor.
LEANDRO (chorando): Eu não queria… eu não queria ter feito isso com a Isabel…
UBALDO: Não queria, MAS FEZ! E agora? E agora, hein, Leandro? O que vai ser de você? A família da Isabel não vai querer te ver nem pintado de ouro na frente deles! E ela? O que vai ser da Isabel, hein? A menina é apaixonada por você, morre de amores por você… Aí chega o tão sonhado dia do casamento que ela sempre queria e o que é que ela recebe? Um não no altar! Você tem noção disso, rapaz? Você tem noção do que fez?
LEANDRO: Foi no impulso, no calor do momento… eu juro que eu quase disse sim…
UBALDO: Mas não disse!
PAULINA: Se fosse pra humilhar a moça no altar, Leandro, nem deveria ter entrado naquela igreja.
LEANDRO: Eu sei, Paulina, eu sei… eu errei, errei muito.
UBALDO: E aquela bastarda, hein? Você acha mesmo que o Tércio vai aceitar que você e ela assumam um relacionamento depois de tudo isso que aconteceu? Pois pode tirar seu cavalinho da chuva!
LEANDRO (atordoado, com os olhos cheios de lágrimas): Eu vou até a mansão. Eu vou lá, preciso pedir perdão pra Isabel.
UBALDO: NÃO! Você não vai a lugar nenhum! Vai ficar aí agora, refletindo a merda que você fez. Depois de uns dias, sim, você vai até lá pra pedir perdão pra Isabel. Mas agora, não! Agora é hora de você repensar sobre os seus atos. (indignado) Onde já se viu, largar a noiva no altar como se fosse um lixo?
PAULINA: Ubaldo, chega! Agora não é hora de ficar remoendo o que aconteceu na igreja. O que podemos fazer agora, é esperar. Esperar os dias passarem até que você, Leandro, tome coragem e vá pedir desculpas pra Isabel e pra família dela.
UBALDO: E se eu souber, Leandro, que você e aquela bastarda estão juntos, eu juro que te tiro daquele hospital! Eu só não faço isso agora, porque eu não sou uma má pessoa, mas se eu quisesse…
LEANDRO (chorando): Eu amo a Cecília…
UBALDO: Você não ama ninguém! Chega! Acabou com esse teatro! Você hoje merecia umas boas palmadas!
PAULINA (olhando para Leandro): Se prepara para sair em todas as colunas sociais amanhã, tá? A mídia não vai perdoar esse escândalo, ainda mais envolvendo a família Figueira.
UBALDO: Sair em jornais, revistas, não é nada perto do que Leandro merecia passar. Você, Leandro, é uma vergonha pra mim! Uma vergonha pra nossa família!
Furioso, Ubaldo se retira do quarto. Paulina, acolhedora, se senta ao lado de Leandro e lhe dá um abraço apertado.
PAULINA: Eu tô aqui, Leandro. Eu tô aqui, do seu lado. Chora, chora mesmo que faz bem chorar. Amanhã é um novo dia, e eu quero que você tente reparar todo esse caos que você causou.
LEANDRO (se batendo): Eu sou um merda! Eu sou um canalha, um idiota!
PAULINA: Não, não, não! Não faz isso com você, meu bem… Olha, todo mundo erra… Você não é a primeira pessoa e nem a última a errar nesse mundo. Se até eu já errei…
LEANDRO: Eu menti pra Isabel, Paulina… eu falei pra ela esses anos todos que a amava, que sempre sonhei em me casar com ela… Você tem noção do que eu tô me sentindo agora? Eu tô me sentindo um lixo!
PAULINA: Leandro, o que você falou ou deixou de falar, ficou no passado… Agora é melhor você focar no presente, e também no futuro, que não vai ser nada fácil…
LEANDRO: Eu fiz tudo isso por causa da Cecília… Eu amo aquela mulher, eu tô completamente apaixonado por ela… Mas imagina só, se Isabel descobre o nosso caso? Ela já odeia a irmã, e se souber dessa história… é capaz de matar um.
PAULINA: Não pense nisso agora, Leandro. Calma. Uma hora tudo vai se acertar, e se for pra vocês ficarem juntos, vocês vão ficar. E se não for, também… Agora chega desse assunto. Eu vou tentar telefonar pra casa da Isabel depois, pra saber como ela está. Qualquer notícia que me derem, eu venho aqui te falar.
Leandro desaba sobre o ombro de Paulina e cai em lágrimas. A câmera se afasta lentamente.
CENA 03: MANSÃO FIGUEIRA/TARDE
A cena já começa com Isabel gritando em seu quarto, e arremessando vários objetos contra a parede, um seguido do outro. Leila, Nina e Tércio estão ali, se esquivando a cada objeto que voa.
ISABEL (gritando, enquanto arremessa mais um objeto): AAAHHHH! EU ODEIO O LEANDRO, EU ODEIO!
LEILA: Filha, por favor… agir assim não vai te fazer bem, meu amor…
ISABEL (chorando, andando de um lado para o outro): O que foi que eu fiz? Será que eu não fui uma boa noiva? Será que eu deixei faltar alguma coisa pro Leandro? O que foi que eu fiz, mamãe?
LEILA: Calma. Calma, meu amor. Você é uma menina linda, uma pessoa maravilhosa, é claro que não deixou faltar nada.
TÉRCIO: Se eu pego aquele patife, eu arrebento a cara dele!
ISABEL: Então… será que ele tem outra, mamãe? Será que o Leandro tem uma amante?
LEILA (tentando acalmar): É claro que não, filha… O Leandro deve ter feito isso por outro motivo que não sabemos… Olha, amanhã mesmo eu quero que ela venha até aqui para dar sérias explicações!
ISABEL: Eu não quero explicação, não quero nada! Eu só quero acabar com a raça daquele desgraçado! Quem ele pensa que é, pra abandonar Isabel Figueira no altar? Se ele tem uma amante, mamãe, eu vou descobrir! Desgraçado… me jurou amor, me iludiu, disse que me amava… CANALHA! VAGABUNDO! (ela surta novamente e arremessa mais alguns objetos contra a parede)
Nesse momento, Cecília, que ouvia os barulhos de seu quarto, decide ir até o quarto de Isabel para saber o que está acontecendo.
CECÍLIA (assustada, surpresa): O que é isso? Isabel? O que aconteceu?
LEILA: Aconteceu tudo! O Leandro abandonou Isabel diante do altar, dá pra acreditar?
Cecília se choca, colocando as mãos sobre a boca.
ISABEL: Aquele desgraçado me usou, me iludiu, enganou os meus sentimentos!
CECÍLIA: Meu Deus, eu nem sei o que dizer… Nunca pensei que Leandro tivesse essa coragem… Eu sinto muito, Isabel. De coração.
ISABEL: A minha rivalidade com você, Cecília, não chega nem perto do que estou passando. A partir de agora, eu quero paz. Eu não quero mais ficar brigando com você pelos quatro cantos desta casa. Concorda?
CECÍLIA: Por mim, tudo bem…
Isabel se aproxima de Cecília e abre os braços, como se quisesse abraçá-la. Cecília engole seco e paralisa por uns segundos, mas acaba aceitando o abraço da rival. Elas se abraçam e a câmera mostra Cecília com os olhos arregalados e lágrimas saindo deles, enquanto abraça Isabel.
CONGELAMENTO EM CECÍLIA.
A novela encerra seu 15° capítulo ao som de “Hot Stuff - Donna Summer” (tema de Isabel)
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