20/06/2025

Teia de Sedução - Capítulo 15





“TEIA DE SEDUÇÃO”

Novela criada e escrita por  

Susu Saint Clair

Capítulo 15


CENA 01: VELUDO VERMELHO – MANHÃ


Raí está reunido com os quinze garçons e garçonete do bar, todos jovens e atraentes.


RAÍ: Legal, gente… Faltam poucas horas para a gente abrir o bar. Hoje, a casa estará cheia. Temos convidados de peso, então a discrição é a palavra de ordem. Lembrem-se: os olhos veem, mas as bocas calam. Nenhuma informação sobre nossos clientes sai daqui. Nenhuma. Isso inclui conversas entre vocês.


Ele faz uma pausa, seu olhar percorrendo cada um deles.


RAÍ: O sorriso e o corpo de vocês é o nosso cartão de visitas. Atendam a todos com a mesma cortesia e atenção, independente da aparência ou do pedido. Ninguém é mais importante que ninguém aqui dentro, mas alguns podem nos trazer mais... oportunidades. Sejam espertos. Confio em cada um. Sorrisos no rosto, brilho nos olhos e charme à vontade. Agora, vão se preparar. O show vai começar!


CORTA PARA: José Carlos e Jaqueline, que estão sentados lado a lado no balcão. Ele toma um uísque puro, mesmo àquela hora. 


JAQUELINE: (incrédula) Então... o mordomo te ameaçou quando você tentou confrontar ele?


JOSÉ CARLOS: (murmura, ainda perturbado) Ele me olhou como se soubesse de tudo... Me chamou de “putinha do Nelson” sem piscar. (com raiva contida) Como é que ele pode saber disso, meu Deus?


JAQUELINE: (pensativa) Se ele sabe do seu segredo com o Nelson… então com certeza sabe de muito mais. (pausa) Talvez seja esse o motivo da aliança dele com a Gisela. Ou então… (olha nos olhos de José Carlos) Talvez os dois escondam algo. Algum podre em comum.


JOSÉ CARLOS: (olha pra ela, intrigado) Você acha mesmo?


JAQUELINE: José Carlos, ninguém sobrevive naquela mansão sem ter alguma sujeira debaixo dos tapetes. Aquela família fede a segredo e hipocrisia. (se inclina sobre o balcão, mais baixa) Você precisa investigar. Descobrir se Caetano e Gisela compartilham alguma coisa... algo que possa virar o jogo.


José Carlos considera. Bebe mais um gole. O olhar dele se acende com uma faísca de desconfiança e ambição.


JAQUELINE: (olhando fixamente pra frente) Acredite… por trás da seda, do luxo e das pratarias... tem um esgoto inteiro escondido naquela casa.


Eles se entreolham.


CENA 02: ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA – SALA DE PAIVA – MANHÃ


Ambiente sofisticado, decorado com sobriedade e classe. Livros jurídicos em estantes de madeira escura. Gisela está sentada diante de Dr. Paiva. Eles tomam café em xícaras de porcelana.


GISELA: (bebe um gole de café, direta) Fui hoje ao cartório. Quis dar uma conferida no testamento do meu pai.


DR. PAIVA: (sorri, curioso) Imagino que o senhor Nelson não tenha feito muitas surpresas…


GISELA: (cínica) Surpresas, não. Mesmo me odiando, ele deixou pra mim a maior fatia da fortuna. Ou seja… (sorri com desdém)

Sou a sucessora oficial daquela múmia!


DR. PAIVA: (assente com a cabeça) Faz jus ao histórico da família.


GISELA: (se inclina levemente, com interesse) Mas tem uma coisa que me intriga, Paiva… e é por isso que vim aqui, afinal, você é meu advogado pessoal, meu homem de confiança. (olhar fixo) Hipoteticamente falando… se surgisse, do nada, uma filha bastarda do meu pai… ela teria algum direito sobre essa herança?


DR. PAIVA: (levanta uma sobrancelha) Uma filha bastarda?


GISELA: (séria) Hipoteticamente.


DR. PAIVA: (toma um gole de café, pondera) Bem… se for comprovado por exame de DNA e reconhecido legalmente, sim. Ela teria direito a uma parte da herança — proporcional, claro, como herdeira legítima. (mais sério) Isso incluiria não apenas bens, como também participação na empresa, caso o testamento não especifique o contrário.


GISELA: (se recosta, fria) A Bergmann Privé que fique nas mãos do José Carlos. Aquilo já tá condenado à falência desde que ele assumiu. (baixa o tom) O que me interessa de verdade… é garantir a parte que me cabe do patrimônio do meu pai. Nada mais.


DR. PAIVA: (adverte, gentilmente) Mesmo sem interesse direto na empresa, se essa filha aparecer… a senhora não só perde parte da herança, como também a exclusividade do sobrenome. E, convenhamos, para alguém como você, isso pesa.


GISELA: (sorri de lado, amarga) Perder exclusividade… para uma bastarda desconhecida? (encara Paiva com intensidade) Não, doutor. Isso não vai acontecer. Eu não vou permitir.


CLOSE NO OLHAR GELADO DE GISELA, FIXO NA XÍCARA.


CENA 03: CASA DE VOLNEY – SALA – TARDE


A campainha toca. Estela surge do corredor e abre a porta. Do outro lado, está Marcos, impecável, um sorriso educado nos lábios.


MARCOS: Como vai, Estela? O Volney tá em casa?


ESTELA: Tá sim. Entra.


Marcos entra. Observa a sala com certa impaciência. Estela sai para chamar o filho. Alguns segundos depois, Volney aparece, ainda com a expressão cansada e o corpo levemente abatido.


VOLNEY: (surpreso) Marcos?


MARCOS: Como você tá, Volney? Soube do que aconteceu. Vim aqui dizer que... sinto muito, de verdade.


VOLNEY: (suspira, irônico) Primeiro foi a queda na escada da sua casa... agora quase me afogo.


MARCOS: Pois é... E é justamente disso que eu vim falar. Essas "tragédias", Volney... não foram coincidência.


VOLNEY: (sem entender) Como assim?


MARCOS: Elas foram provocadas por duas pessoas. A minha irmã... e o Afonso.


VOLNEY: (rindo, desconfiado) O que você tá dizendo?


MARCOS: Tô dizendo que a Sabrine e o Afonso se aliaram. Eles tramaram juntos pra te sabotar naquele campeonato. A ideia era simples: fazer você passar mal, te tirar da competição. Só que as coisas saíram do controle.


VOLNEY: (pasmado) Não. O Afonso me salvou!


MARCOS: E acha que isso não pode ter sido culpa pesando na consciência? Volney, acorda! O Afonso queria se vingar de você! Ele abriu o jogo com a Sabrine! Ele quer se vingar por você ter traído ele com a minha irmã. Ele manipulou a Sabrine, usou o rancor dela pra jogá-la contra você.


Volney vai se afastando, devagar. Ele está em choque, o cérebro tentando juntar as peças. Baixa o olhar. Uma lembrança vem à tona.


VOLNEY: (baixinho, mais pra si) Foi por isso que ele disse que nunca se perdoaria se o pior acontecesse comigo! E eu vi a sua irmã lá quando eu fui pegar a bebida no quiosque! (olha pra Marcos, com os olhos arregalados) Agora tudo faz sentido... Meu Deus. Como ele foi capaz?


MARCOS: (seco) Eu te digo como: com frieza. Com sede de vingança. E se eu fosse você, já estaria na delegacia. Isso foi uma tentativa de homicídio, Volney.


VOLNEY: (ecoando) Tentativa de homicídio...


MARCOS: Mas não esquece: a minha irmã também foi manipulada nessa história. Não joga ela no mesmo saco que ele. Ela foi usada. 


Volney permanece imóvel, o rosto entre a raiva, a decepção e o medo.


MARCOS: Pensa no que eu disse. E age antes que seja tarde.


Ele se vira e sai, deixando Volney paralisado, os olhos fixos no nada, completamente tomado pelo turbilhão de emoções.


CENA 04: MANSÃO VON BERGMANN - QUARTO DE GISELA - TARDE


No luxuoso quarto de Gisela, a atmosfera é de tensão. Ela encara Caetano, que parece apreensivo.


GISELA: (a voz baixa, quase um sussurro furioso) O José Carlos descobriu que você enviou aquelas fotos pra mim?


CAETANO: (com a voz baixa e trêmula, evita o olhar dela) Descobriu, sim, senhora.


Gisela, chocada, leva a mão à boca, o rosto contorcido pela raiva e incredulidade.


GISELA: (gritando, desesperada) Mas como aquele desgraçado conseguiu essa informação?! Como ele soube?!


CAETANO: (hesitante, olhando para os lados como se temesse ser ouvido) Eu não sei, Dona Gisela. Mas se eu fosse a senhora, abria o olho. Seu Zé Carlos deve ter alguma comparsa. Alguém que pode ter induzido ele a investigar e a descobrir isso… Ele acabou chegando até a mim. Me ameaçou. Me pressionou pra dizer o porquê de eu ter ajudado a senhora, mas eu não contei nada!


GISELA: Até porque se você contasse o motivo de ter me ajudado, você estaria ferrado!  


CAETANO: Nós dois estaríamos. Não se esqueça que a senhora tem o mesmo peso de culpa que eu no que aconteceu com o/


GISELA: (interrompe) Cala a boca! (fala baixo) Não fala nesse assunto em voz alta, seu idiota! Sai daqui! Sai! Deixa que eu resolvo as coisas agora! Sai!


CAETANO: Com licença.


Caetano se curva levemente e sai do quarto, deixando Gisela sozinha, mergulhada em sua fúria.


GISELA: (caminha de um lado para o outro, os punhos cerrados, a voz cheia de ódio) Aquela vadia da Jaqueline deve estar fazendo a cabeça do José Carlos, tenho certeza que é ela! Primeiro roubou meu marido e agora está querendo provocar o caos na minha vida. (seus olhos se arregalam, tomados por uma determinação sombria) Eu vou descobrir por que essa puta está querendo tanto me prejudicar! 


CENA 05: DELEGACIA - TARDE


Na delegacia, o DELEGADO está em sua sala, concentrado em alguns papéis. A porta se abre e um POLICIAL coloca a cabeça para dentro.


POLICIAL: (com licença) Licença, senhor. Tem um rapaz aí querendo falar com o senhor.


DELEGADO: (sem tirar os olhos dos papéis) Manda entrar.


O policial assente e faz um sinal para a pessoa que está aguardando. Volney entra na sala, visivelmente tenso. O Delegado, finalmente, levanta a cabeça e faz um gesto para que ele se sente.


Volney se senta, sua expressão grave.


DELEGADO: (Com um tom direto, mas não agressivo) O que foi, garoto?


VOLNEY: (Respira fundo, com determinação) Delegado, vim fazer uma denúncia.


CENA 06: PEDRA DO FORTE - STOCK-SHOTS - ANOITECER

Anoitece na cidade.


CENA 07: MANSÃO PASSARELLI - SALA DE ESTAR - NOITE

Afonso caminha de um lado para o outro, visivelmente inquieto. Sua expressão está tensa, e ele morde o canto da boca.


FELIPE: (observando-o com preocupação) O que é que cê tem, meu filho? Tá inquieto.


AFONSO: (displicente, sem parar de andar) Nada…


Neide, a empregada, passa por trás deles com um vaso de flores nas mãos, e esbarra acidentalmente em Nadine.


NEIDE: (aflita) Dona Nadine, eu ponho essas flores onde?


NADINE: Põe naquela bancada ali, Neide.


Neide assente e sai para cumprir a tarefa.


NADINE: (volta-se para Afonso) Eu já vou mandar servir o jantar. Afonso, vai avisar a Jaqueline.


AFONSO: (distraído) Jaqueline tá no Veludo Vermelho. Deixei ela lá. Ela me disse que não sabe que horas vai voltar.


Nesse instante, a campainha toca. 


NADINE: (grita) NEIDE!


Nadine espera por Neide, mas a empregada não aparece. Nadine suspira, um pouco impaciente, e vai até a porta. Ela abre, e sua expressão de surpresa se transforma em choque ao ver alguns policiais parados na entrada.


NADINE: (voz um pouco trêmula) Boa noite. Algum problema?


DELEGADO: (com uma postura séria e profissional) Boa noite!… O senhor Afonso se encontra?


NADINE: O que vocês querem com meu filho?


Afonso, que ouviu a movimentação, caminha até a porta, seguido de perto por Felipe, que também está intrigado.


FELIPE: (com um tom de autoridade) O que está havendo aqui?


DELEGADO: (ignora Felipe, fixando o olhar em Afonso) Senhor Afonso. Queira nos acompanhar.


AFONSO: (confuso, sua inquietação se transformando em apreensão) Não tô entendendo.


DELEGADO: (direto, sem rodeios) O senhor está preso como suspeito da tentativa de homicídio contra o senhor Volney Viana!


Nadine e Felipe se entreolham, o choque estampado em seus rostos. Afonso está completamente paralisado, a informação o atingindo como um raio. CLOSE NELE. 


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