criada e escrita por SINCERIDADE
CENA 01: HOSPITAL DA UNIÃO/INT./DIA
INSTRUMENTAL: ED S THEME - IURI CUNHA
O movimento no ambiente é constante, com médicos, enfermeiros e pacientes circulando a todo momento pelos corredores. No fim do corredor, uma figura surge com jaleco branco, touca e máscara cirúrgica. É Leila, disfarçada. Ela caminha sorrateiramente até chegar na UTI, onde Cecília está. A câmera foca na mocinha, que ainda está desacordada e entubada. A vilã então se aproxima e fica parada por alguns segundos, encarando Cecília.
LEILA (cruel): Que soninho gostoso, não? Que tal nunca mais acordar?
Ela se aproxima dos aparelhos e com cuidado, começa a desligar o respirador que mantém Cecília viva. O barulho do ventilador para de repente, e o bip do monitor começa a ficar mais lento. Leila encara Cecília, sorrindo de canto. De repente, uma enfermeira surge na entrada da UTI, e se aproxima, surpresa ao ver Leila ali.
ENFERMEIRA (com a voz firme): O que você está fazendo com o aparelho?
Leila se vira lentamente, mantendo o disfarce.
LEILA (calma): Calma, estou apenas ajustando o aparelho. O médico pediu pra eu verificar.
ENFERMEIRA (desconfiada): Não vi nenhuma ordem para isso…
Nesse instante, um médico passa pelo corredor, percebe a cena e se aproxima.
MÉDICO: Algum problema?
ENFERMEIRA: Doutor, essa enfermeira aqui está mexendo no aparelho da paciente sem autorização.
Leila se mantém impassível, com o olhar fixo no médico, sorrindo levemente por trás da máscara.
LEILA: Doutor, eu fui designada para verificar os aparelhos do hospital hoje e me pediram pra vir até aqui…
O médico olha para a prancheta de Leila, que finge checar anotações.
MÉDICO: Está tudo certo então. Por favor, siga com seu trabalho, mas peço que não cause mais tumultos por aqui.
A enfermeira, ainda desconfiada, lança um último olhar para Leila, que aproveita para ajustar novamente o respirador, certificando-se de que o aparelho está funcionando perfeitamente. Ela solta um suspiro de raiva e, lentamente, começa a se afastar da porta da UTI, olhando uma última vez para Cecília.
LEILA (sussurrando): Desgraçada… da próxima você não escapa.
Enquanto caminha pelo corredor, Leila lança um olhar nervoso para trás, certificando-se de que ninguém mais a viu. A câmera a segue até que ela desaparece na curva do corredor.
CENA 02: MANSÃO FIGUEIRA/INT./DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA PENÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR.
ISABEL: Mas isso é uma calúnia! Vocês estão me acusando de uma coisa que eu não fiz.
LURDINHA: Não adianta bancar a cobra cega, tudo leva a crer que foi você sim quem tentou matar a Cecília e matou o pobre motorista que não tinha nada a ver com nada.
ISABEL (irritada): Olha aqui, eu não vou ficar aqui escutando essas infâmias contra mim, tá bem? E você, Leandro, não me espanta a sua cara de pau de vir até aqui só pra tentar me atacar.
LEANDRO: Chega de mentir, Isabel, chega de jogo sujo! A Cecília está entre a vida e a morte por sua culpa!
ISABEL (trêmula, indignada): Meu Deus do céu… eu devo ter salgado a santa ceia pra tá acontecendo tudo isso… Eu já disse que não tenho nada a ver com esse maldito acidente!
LURDINHA (explode): Mentirosa, cínica!
Lurdinha avança e pega Isabel pelos cabelos. As duas entram em uma luta corporal, se empurrando e trocando agressões. Leandro intervém imediatamente.
LEANDRO (gritando): Lurdinha, chega! Para com isso! Solta ela!
LURDINHA (furiosa): VOCÊ VAI PAGAR POR TUDO! ASSASSINA!
ISABEL: Vocês são loucos! Saiam daqui agora! Saiam daqui antes que eu chame a polícia!
LURDINHA: ÓTIMO! ASSIM A GENTE APROVEITA E CONTA TUDO O QUE VOCÊ FEZ COM A CECÍLIA!
LEANDRO: Deixa ela, Lurdinha. Não vai adiantar nada a gente ficar aqui, ela não vai admitir mesmo. Mas se tem uma coisa, Isabel, que você pode ter certeza, é que a verdade vai vir à tona.
ISABEL (com rancor): Você sempre querendo ser o mocinho da história, não é, Leandro? Sempre é o coitadinho, o dono da razão… se tem uma coisa que eu me arrependo amargamente nessa vida é ter me envolvido com você.
LEANDRO (firme, olhando fixamente nos olhos de Isabel): E eu me arrependo o dobro! Tudo bem, eu já sabia que você era arrogante, mesquinha e soberba, mas tentar tirar a vida de outra pessoa só pra se sair por cima? Isso eu não esperava.
Isabel começa a ficar vermelha de raiva. Ela respira fundo, tentando controlar o nervosismo, mas explode.
ISABEL (gritando, descontrolada): EU JÁ DISSE QUE NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO, INFERNO! Quer saber? Eu mesma vou descobrir quem cortou esses malditos freios e vou esfregar na cara de vocês que sou inocente! Agora chega, saiam daqui agora! SAI! ANTES QUE EU CHAME OS SEGURANÇAS!
LURDINHA (encarando-a): A gente vai, mas pode ter certeza que isso não vai ficar assim.
Lurdinha e Leandro se viram e saem da sala. Isabel, sozinha, respira fundo, com o rosto tomado por uma mistura de raiva e desespero. De repente, ela explode, pegando um vaso e arremessando-o contra a parede. O objeto se estilhaça, espalhando cacos pelo chão. Ela pega uma almofada do sofá e a joga com força contra a parede. Logo depois, a rival de Cecília caminha pela sala e arremessa mais um objeto, dessa vez, um porta-retratos. Leila chega pela porta principal e se depara com a cena. Desesperada, ela corre até a filha.
LEILA: Isabel, minha filha… Meu Deus! O que aconteceu aqui? Eu acabei de encontrar com o Leandro e aquela amiga da Cecília na entrada… não vai me dizer que foram eles?
ISABEL (chorando, soluçando): Esses imbecis estão me acusando de uma coisa que eu não fiz, mãe. Eles estão achando que fui eu quem sabotou os freios do maldito carro que causou o acidente daquela maldita!
Leila arregala os olhos ao ouvir sobre os freios.
LEILA: Como assim? De onde eles tiraram que os freios foram cortados?
ISABEL: Sei lá, acho que saiu o primeiro laudo e eles foram atrás… agora estão achando que fui eu.
Leila fica em silêncio por um momento, ainda processando as informações.
LEILA (nervosa por dentro, porém mantendo manter a calma): Não deixe que isso te afete, minha filha. Eu sei muito bem que não foi você. Conheço muito bem a filha que eu tenho.
ISABEL (ainda chorando, mas desconfiada): Mas… se o carro foi sabotado, quem pode ter feito isso?
LEILA: Minha filha, esse é só o laudo preliminar. Muito provavelmente tudo isso vai mudar.
ISABEL: Mãe… me responde uma coisa.
LEILA: É só falar, meu bem.
ISABEL: Foi você?
CENA 03: HOSPITAL DA UNIÃO/INT./DIA
INSTRUMENTAL: FAULT - RENO DUARTE
Na UTI, Cecília está deitada, inconsciente e respirando com a ajuda de aparelhos. A porta se abre devagar. Inácio entra, cabisbaixo. Ele se aproxima da cama e observa Cecília por alguns segundos.
INÁCIO (lacrimejando): Ei. Você pode me ouvir? Que coisa maluca, você, uma pessoa cheia de vida, aqui, nessa situação… eu nunca pensei que fosse te ver assim. Eu errei, Cecília, errei feio com você. Mé deixei levar pelo orgulho, por sentimentos ruins… te deixei quando você mais precisou de mim… Te trair, foi um dos erros mais cruéis que cometi em toda a minha vida. Eu só quero que você saiba que eu tô arrependido de todo o mal que te fiz. Se eu pudesse voltar no tempo… Eu sei que não mereço teu perdão… mas se um dia você acordar… e ainda for capaz de me ouvir… eu juro que vou passar o resto da minha vida tentando consertar o que fiz.
Ele encosta levemente sua mão na mão dela. Permanece em silêncio por um instante, olhando fixamente para Cecília, emocionado.
CENA 04: MANSÃO FIGUEIRA/INT./DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 02.
LEILA (finge surpresa e dor): Como pode me fazer uma pergunta dessa? Eu? Capaz de uma monstruosidade dessas? Por mais que eu também tenha motivos pra detestar a Cecília, jamais desceria a esse nível.
ISABEL: Desculpa… é que a minha cabeça tá fervendo, eu não tô mais aguentando tudo isso…
LEILA (abraçando Isabel): Fica calma. Tudo isso vai passar. Maldita Cecília, só foi aquela praga se instalar nessa casa que todo esse caos começou…
INSTRUMENTAL: CORROSIVA - EDUARDO QUEIROZ, GUILHERME RIOS
De repente, a porta se escancara. Dois funcionários da Idearium entram às pressas, segurando Tércio, que está pálido, trêmulo e delirando.
ISABEL (assustada): Pelo amor de Deus! O que houve com ele?
LEILA: Tércio?! Meu amor, olha pra mim!
ISABEL (para os funcionários): Porque não levaram ele pro hospital? Meu pai tá ardendo em febre!
FUNCIONÁRIO: A gente até tentou, dona Isabel, mas o seu Tércio insistiu que queria vir pra cá.
TÉRCIO (delirando): Foi ela… aquela ordinária escondeu o papagaio dentro do piano… agora ninguém toca mais Beethoven nesta casa… maldita…
ISABEL: O que ele tá falando?
FUNCIONÁRIO: Ele tá delirando muito, tendo confusões mentais desde que saímos da Idearium.
LEILA: Isabel, não acha melhor levar ele pro hospital?
TÉRCIO (ainda delira): Não! Eu quero ficar aqui! Aqui é o meu castelo.
LEILA: Então, por favor, peço que levem ele até o quarto e coloquem o Tércio na cama. Vou pedir pra Ivani fazer um chá e ele vai se acalmar.
FUNCIONÁRIO: Claro.
De longe, a câmera mostra Ivani observando tudo. Sem disfarçar, ela se aproxima.
IVANI (mentindo): Dona Leila, deixa que eu cuido dele. Eu já fui enfermeira e sei bem como tratar pessoas com esse tipo de problema.
LEILA (irônica): Enfermeira? Olha só, uma enfermeira trabalhando dentro da minha casa?! Quantas profissões você teve, Ivani?
IVANI: Agora não é hora pra piadinhas, dona Leila. Me permita que eu cuide do seu marido.
LEILA: Se não acabar de matar o coitado, claro que pode.
CENA 05: MANSÃO FIGUEIRA/INT./DIA
No quarto de Tércio, Ivani molha um pano numa bacia com água e o torce com calma. Ela se senta ao lado dele e começa a limpar a testa do empresário com delicadeza.
IVANI: E aí, tá se sentindo melhor agora?
TÉRCIO (atordoado): O que aconteceu?
IVANI: Você passou mal na empresa, e começou a delirar, pra variar. Eu já cansei de te falar pra parar de beber os sucos que a dona Leila prepara, mas você não me escuta…
TÉRCIO: Sucos?
IVANI: Olha só pra você, um homem saudável, que esbanja saúde… de repente vive caindo pelos cantos, delirando, esquecendo o que falou. Eu não sei qual é a intenção da sua mulher com esse veneno, se é pra te deixar apenas doente, se é pra te matar aos poucos… mas pode ter certeza que eu não vou deixar que isso aconteça.
TÉRCIO: A Leila não faria nada de ruim comigo.
IVANI: Faria sim, com você e com qualquer um.
Na sala, Isabel, Leila e Nina estão conversando sobre o estado de saúde de Tércio, quando Nina percebe a ausência de Dalvinha pela casa.
NINA (olhando em volta): Aliás… cadê a Dalvinha?
ISABEL: É mesmo. Faz uns bons dias que não vejo ela. Você a viu, mamãe?
LEILA: Demiti.
ISABEL: Demitiu? Como assim? A Dalvinha trabalha nessa casa desde quando eu me entendo por gente.
LEILA: Dalvinha andava estranha, respondona, não gostava de obedecer às minhas ordens… E ultimamente parecia muito interessada em assuntos que não lhe dizem respeito.
NINA: E que assuntos são esses?
LEILA (se irrita): Ah, Nina, faça-me o favor!
Nina encara a tia sem medo, e Leila percebe a desconfiança no olhar da sobrinha.
DIAS DEPOIS…
Mostramos imagens do Rio de Janeiro ao som de “Everybody Dance - CHIC”.
CENA 06: HOSPITAL DA UNIÃO/INT./MANHÃ
Cecília ainda continua em coma, sobrevivendo por causa de aparelhos. A cena mostra Isabel entrando na UTI e se aproximando da cama da rival. Ela observa Cecília por alguns segundos.
ISABEL (fria): Quem diria, hein? Assim, deitada, frágil… Sabe, Cecília? Eu espero que continue assim por muito tempo. Você causou um inferno na minha vida, acabou com o meu casamento e agora tá prestes a me colocar na cadeia por um crime que eu não cometi. Você vai pagar por cada lágrima, por cada humilhação que me fez passar. De uma coisa você pode ter certeza: quando acordar, ou, se acordar, eu vou fazer da sua vida um inferno, sua maldita. Você mexeu com a pessoa errada, se meteu onde não devia!
Nesse momento, Cecília abre os olhos de repente. Isabel se assusta e dá um passo para trás. A câmera faz um close alternado nos rostos das duas.
CENA 07: MANSÃO FIGUEIRA/INT./MANHÃ
Leila dorme em sua cama, envolta em lençóis macios e uma máscara de dormir cobrindo os olhos. Alguém bate à porta várias vezes, até a vilã acordar.
LEILA: Quem é?
Ivani abre a porta devagar, segurando uma bandeja farta.
IVANI (sorrindo): Bom dia, dona Leila. Trouxe um cafezinho pra senhora.
Leila retira a máscara dos olhos , ainda com sono, e observa a bandeja com desconfiança.
LEILA: Café na cama? Tá querendo o que comigo, Ivani? Já vou avisando que gosto de outra fruta.
IVANI: Que besteira. Eu cuidei do seu Tércio aquele dia, e hoje decidi fazer um cafezinho especial pra senhora. Fiz com muito carinho e dedicação.
LEILA (espreguiçando-se): Então me faça um favor, abra essa cortina pra mim. Tá um calor infernal nesse quarto.
IVANI (sorrindo, deixando a bandeja na beira da cama): Claro.
Ela caminha até a janela e abre a cortina, deixando a luz do sol invadir o quarto. Ao pegar a bandeja novamente, Ivani se desequilibra de propósito, deixando tudo cair no chão.
INSTRUMENTAL: TENSÃO PSYCHO - SACHA AMBACK
LEILA (furiosa): MAS QUE INCOMPETENTE! VOCÊ VAI LIMPAR ESSA SUJEIRA AGORA, SUA PUTA DE ESQUINA!
Ivani encara Leila, com um sorriso contido.
IVANI: Eu? Eu não vou limpar nada.
LEILA: Como assim, não vai limpar? É claro que vai limpar! Quem você pensa que é pra me enfrentar, hein? Abusada! Se não for pra obedecer às minhas ordens então pode juntar os seus trapos e ir pro olho da rua!
IVANI (provocativa): Sabe quem vai limpar essa bagunça, dona Leila? A senhora.
LEILA: Ah, mas isso é o cúmulo! Vai embora desta casa agora!
IVANI: NÃO OUVIU O QUE EU DISSE? É A SENHORA QUEM VAI JUNTAR OS CACOS E LIMPAR ESSA BAGUNÇA! A partir de agora, dona Leila, quem vai mandar aqui sou eu! Ou se não, todo mundo vai saber o capeta que a senhora é! Não vai querer que descubram que foi a senhora quem cortou os freios do carro, que matou a Dalvinha, ou que está envenenando seu próprio marido, vai?
Leila arregala os olhos, encurralada.
CONGELAMENTO EM LEILA.
A novela encerra seu 24° capítulo ao som de “Chega Mais - Rita Lee” (tema de Ivani).
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