CENA 01: CASA DE LURDINHA/INT./DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR.
INSTRUMENTAL: INEVITÁVEL - EDUARDO QUEIROZ, GUILHERME RIOS
CECÍLIA: Isabel? Tá fazendo o que aqui?
ISABEL (olha para Lurdinha e Teófilo): Por gentileza, poderiam nos deixar a sós?
LURDINHA (olha pra Cecília, apreensiva): Tem certeza que quer ficar a sós com essa maluca, minha amiga?
CECÍLIA: Tá tudo bem, Lurdinha. Pode ir.
Lurdinha e Teófilo se retiram, enquanto Isabel os observa com desdém até que eles saem para o lado de fora.
ISABEL (debochando): Quem diria, hein? O Teófilo, um homem bonito, segurança bem pago, namorando com aquela pobretona da Lurdinha… é por isso que…
CECÍLIA (cortando-a, firme): Me poupe desses seus comentários preconceituosos, Isabel. Fala logo o que você quer e cai fora.
ISABEL: Eu vim aqui pra conversar com você.
CECÍLIA (se levantando): Eu acho que a gente não tem mais nada pra conversar depois de tudo o que aconteceu.
ISABEL: É claro que tem. Cecília, todos estão achando que fui eu quem sabotou aquele maldito carro pra tentar te matar, até o Leandro tá acreditando nessa maluquice. Mas eu quero que você saiba que eu não sujaria as minhas mãos com você, muito menos por causa do Leandro… eu quero que vocês vão pro raio que o partam.
CECÍLIA: Será mesmo? Será mesmo que você não sujaria as suas mãos, Isabel? Você sempre implicou comigo, sempre me tratou como a sua pior inimiga…
ISABEL (avançando um passo): Mas você é a minha pior inimiga! Ou será que não se lembra de tudo o que fez comigo? Você é uma maldita, Cecília! Você roubou tudo o que era meu. A casa, o amor do meu pai, o meu noivo… que espécie de ser humano é você?
CECÍLIA (encarando Isabel com firmeza, mas sem perder a calma): Eu não roubei nada de você, Isabel. Eu entendo perfeitamente a sua raiva em ver que eu e Leandro estamos juntos, mas não foi culpa minha! O destino quis…
ISABEL (interrompendo, com raiva): Ah, me poupe com esse teatrinho! Você entrou na minha vida como uma praga. Tudo desandou depois que você apareceu.
CECÍLIA:
Desandou? Tem certeza de que a culpada de tudo fui eu? Você nasceu em berço de ouro, Isabel. Sempre teve tudo à sua disposição: roupa de marca, comida da boa, escola particular, motorista… Você cresceu com o rei na barriga e, quando descobriu que tinha uma irmã, o que fez? Simplesmente me odiou desde o primeiro minuto. A nossa relação podia ter sido diferente, Isabel… mas foi você quem escolheu que fosse assim.
ISABEL (rindo com deboche): É claro que eu te odiei. Queria o que? Que eu beijasse os seus pés depois que invadiu a minha casa? É impressionante o quanto você é cínica, garota. Deve ter puxado à mãe.
Nesse instante, Cecília, ao ouvir Isabel falar de sua mãe, acaba desferindo um tapa contra o rosto da rival, que segura o rosto com a mão.
CECÍLIA (gritando): DA MINHA MÃE VOCÊ NÃO FALA!
ISABEL (encara Cecília, com ódio): Você deveria ter morrido no lugar do Chico, sua imbecil.
As duas se olham fixamente por alguns segundos, até que Isabel decide se retirar, deixando Cecília imóvel.
DIAS DEPOIS…
Mostramos imagens do Rio de Janeiro ao som de “If Can't Have You - Yvonne Elliman”.
CENA 02: CASA DE TEÓFILO/NOITE
Um carro estaciona em frente a casa do segurança da mansão Figueira. De dentro dele, sai Leila, que discretamente, entra pelo portão da casa, como se já estivessem combinado. Dentro da casa, Teófilo assiste a um jogo de futebol, quando a vilã bate à porta.
TEÓFILO (encarando a televisão): Pode entrar!
Leila entra, fechando a porta atrás dela.
TEÓFILO (olha na direção da vilã): E não é que a patroa veio mesmo? E aí, cadê a minha grana?
Leila abre sua bolsa e retira de dentro dela, um envelope volumoso.
LEILA: Aqui está, Teófilo. Tudo o que combinamos, e um pouco menos, claro, já que a sua incompetência não te deixou dar um fim na Ivani.
TEÓFILO (irritado): Menos? Pô, dona Leila, eu quase destruí o meu carro tentando atropelar aquela louca.
LEILA: Pouco me importa o estado do seu veículo. Eu não te pedi para atropelá-la, pedi? Só disse que queria que desse um fim naquela desgraçada.
TEÓFILO: Você sabe que essa coisa toda pode fugir do controle. Imagina se alguém começar a desconfiar? Se Ivani resolver falar tudo? Ela não é boba.
LEILA: É por isso que eu quero que você dê um fim naquela desgraçada o quanto antes! Eu tô comendo o pão que o diabo amassou nas mãos da Ivani, e não vejo a hora disso tudo acabar.
TEÓFILO: Eu só acho que matar não vai resolver. Porque não dá um passaporte pra ela e manda a Ivani pra bem longe? Você tá se complicando a cada dia… cortou os freios do carro, dona Leila… matou a Dalvinha e agora quer dar um fim na outra?
A porta se range ao fundo. Lurdinha entra pálida, com os olhos arregalados.
TEÓFILO (assustado): Lurdinha?
LEILA: Mas o que é que você tá fazendo aqui, sua bisbilhoteira?
LURDINHA (engasgando de nervoso): Então… foi você… foi você quem cortou os freios… meu Deus…
CENA 03: GALPÃO ABANDONADO/INT./NOITE
INSTRUMENTAL: DENSIDADE SOTURNA - SACHA AMBACK
A câmera se aproxima de Lurdinha, que está com as mãos amarradas numa cadeira de ferro, e a boca amordaçada com um pano sujo. O rosto dela está molhado de lágrimas. Leila se aproxima, para na frente de Lurdinha, a encara por alguns segundos, se abaixa e sem delicadeza nenhuma, arranca a mordaça de uma vez só.
LURDINHA (gritando, desesperada): SOCORRO! SOCORRO, ALGUÉM ME AJUDA!
LEILA: Shhh… não adianta gritar, querida, ninguém vai poder te ouvir.
LURDINHA: Monstro! Você é um monstro, Leila! Você devia apodrecer na cadeia, na rua, no inferno! Você vai pagar por tudo o que fez, sua maldita!
LEILA (fria, cruel): Se tem uma coisa que eu odeio, Lurdinha, é gente intrometida. E advinha o que você foi hoje? Intrometida! Se meteu onde não devia, e agora tá aqui, prestes a deixar este mundo.
LURDINHA: Você pode até me matar, mas todo mundo vai saber quem você é de verdade, sua psicopata! A polícia vai saber de tudo o que você fez! Você tentou matar a Cecília, sua vaca! matou a Dalvinha! Tá achando que isso vai durar pra sempre?
LEILA (dá um tapa seco na cara de Lurdinha): CALA ESSA BOCA! Você fala demais. Igual a Dalvinha. E olha onde ela foi parar…
LURDINHA (encarando-a): Me mata então, Leila. Vai. Mostra que você é tão covarde quanto parece.
LEILA: Ainda não. Vou deixar você aqui mais alguns dias, pra poder refletir a vida.
LURDINHA (gritando): Porque, hein? Porque você cortou os freios daquele carro? A Cecília nunca te fez nada!
LEILA (com a voz embargada de ódio): Mas fez pra Isabel! Aquela desgraçada da Cecília acabou com a vida da minha filha, fez a Isabel passar a maior humilhação da vida dela!
LURDINHA (olhando nos olhos dela): Você é doente… eu achava que a Isabel era uma pessoa ruim, mas você… a coitada da sua filha nem sabe da metade das merdas que você fez.
LEILA: Pobretona… suburbana maldita… sabia que eu nunca fui com a sua cara? E eu acho bom você começar a rezar pela sua vida, porque amanhã… você não vai estar mais aqui.
Leila olha Lurdinha por alguns segundos e se retira, enquanto a amiga de Cecília olha para o lado e vê Teófilo ali, parado.
LURDINHA: Teófilo… Teófilo, me desamarra… por favor, me tira daqui!
Teófilo se aproxima lentamente de Lurdinha, que o encara com os olhos marejados.
TEÓFILO: Eu não posso…
LURDINHA (trêmula): Como assim não pode?
CENA 04: MANSÃO FIGUEIRA/INT./NOITE
INSTRUMENTAL: ÚLTIMO SUSPIRO - EDUARDO QUEIROZ, BIBI CAVALCANTI
No quarto de Leila, a porta se abre devagar, com um rangido leve. Nina entra com cautela, fechando a porta silenciosamente atrás de si.
NINA (falando para si mesma): Vamos ver se eu encontro aquele maldito diário…
Ela começa a abrir gavetas, uma a uma. Revira as roupas, vasculha caixas, documentos, papéis… até que, no fundo de uma cômoda, entre as roupas, encontra um livro de capa de couro gasta. Nina segura o objeto com cuidado e percebe que é o diário que estava procurando. Ao abrir, a caligrafia elegante de Leila surge em tinta preta, firme e amarga. As primeiras páginas são banais... até que ela encontra o que procurava.
NINA (lendo em voz baixa, assustada): "Eu achei bem feito a idiota da minha irmã ter falecido no parto . Era só esperar o momento certo. Quando ela morreu, mandei o marido dela pro quinto dos infernos… e fiz todos acreditarem que Isabel era minha filha com Tércio. Elias, o detento que assassinou o Élcio por minha ordem, vai apodrecer na cadeia acreditando que eu vou tirá-lo de lá, mas ele que se engana… eu vou é viver a minha vida naquela mansão, formando a família que eu sempre sonhei, mas não consegui, já que não posso ter filhos… mas agora eu tenho. Isabel vai me fazer muito feliz, e ninguém nunca vai saber que na verdade, ela é minha sobrinha.”
Nina arregala os olhos. Vira as páginas com mais pressa. A cada parágrafo, mais um crime, mais uma mentira.
NINA (baixinho, quase sem voz): Capeta!
Nina fecha o diário com força. Põe o diário debaixo do braço e se apressa para sair do quarto.
CENA 05: GALPÃO ABANDONADO/INT./NOITE
LURDINHA: Teófilo, por favor! É só desamarrar!
TEÓFILO (olhando nos olhos dela): Eu não posso, Lurdinha. Eu tô recebendo ordens… e você, você ouviu mais do que devia!
LURDINHA (inconformada, chorando): Meu Deus… como eu pude ser tão burra, tão idiota a ponto de acreditar que você me amava? Desgraçado…
Enquanto fala, Lurdinha está tentando se desamarrar por conta própria.
TEÓFILO (rindo, debochando): Amar? Você? Eu só tava te usando! Você é uma idiota, uma virgenzinha que eu só queria me aproveitar!
LURDINHA (em choque, as lágrimas caindo, a voz embargada): Eu me entreguei pra você… e você tava do lado da Leila o tempo todo, enquanto se fazia de bonzinho? Seu desgraçado!
TEÓFILO (cruzando os braços): Eu faço o que ela manda. E quer saber? Melhor ser leal a quem tem o poder do que morrer abraçado com quem vai afundar!
Lurdinha, com raiva e dor, continua tentando soltar as cordas nos pulsos.
LURDINHA (trêmula, encarando-o com ódio): Você vai pagar por tudo, Teófilo! Você vai apodrecer na cadeia!
TEÓFILO (irônico, se aproximando dela): Ah, é? E você, hein? Você vai morrer!
Ele se inclina até ficar bem próximo do rosto dela, sussurrando com crueldade.
TEÓFILO (sussurrando): Se eu fosse você, começava a rezar…
Lurdinha cospe no rosto dele. Teófilo recua, furioso, limpando com a manga da camisa.
TEÓFILO (furioso): Sua vagabunda!
Discretamente, Lurdinha consegue se soltar, mas sem Teófilo perceber. Um rato passa pelo galpão e faz barulho, fazendo Teófilo se virar e se distrair. Aproveitando o momento, Lurdinha se levanta lentamente e pega um pedaço de madeira.
LURDINHA (com ódio): É você quem devia começar a rezar, seu desgraçado!
Num impulso de raiva, ela acerta Teófilo em cheio, fazendo ele cair no chão imediatamente. Lurdinha larga a madeira com as mãos tremendo, e corre até a saída, desesperada.
CENA 06: DISCOTECA LET'S DANCE!/INT./NOITE
O ambiente está animado, com “He's The Greatest Dancer- Sister Sledge” tocando ao fundo. Em um canto mais reservado, Cecília, Leandro e Cássio conversam em tom baixo, tensos.
CECÍLIA (chocada, arregalando os olhos): Como assim? Você tá me dizendo que a Isabel… não é minha irmã?
CÁSSIO (sério, firme): Não é. Ela nunca foi sua irmã, Cecília. A Leila mentiu esse tempo todo… pra todo mundo. Essa desgraçada vai pagar caro por tudo o que fez! Eu espero de verdade, que a Nina consiga achar esse diário pra gente finalmente desmascarar a Leila.
CECÍLIA: Meu Deus, então a Leila é um monstro… só um monstro é capaz de matar o próprio cunhado e mentir pra “filha” esses anos todos… meu Deus… que história… e eu tô mais chocada ainda com a história de você e a Nina serem tio e sobrinha…
LEANDRO (ainda processando): Eu também tô tentando digerir tudo isso… Mas, Cecília, agora a gente entende por que a Nina voltou tão determinada. Ela sabia que a Leila destruiu a vida da mãe dela… e do pai também.
CÁSSIO (com os olhos marejados, emocionado): O irmão que eu mais amava… foi jogado às feras por aquela mulher. Injustiçado, humilhado… morto como um criminoso. E tudo isso enquanto ela fingia ser mãe da filha dele!
CECÍLIA: E a Isabel? Será que ela desconfia de alguma coisa?
LEANDRO (balançando a cabeça): Acho que não. A Isabel sempre idolatra a Leila. Pra ela, a mãe é uma santa. Mas quando essa verdade vier à tona…
CECÍLIA (olhando em volta): E a Lurdinha, hein? Já não era pra ela tá aqui, trabalhando?
CÁSSIO (olhando pro relógio de pulso): Pois é, ela tá atrasada…
CECÍLIA: Que estranho, ela me disse que tava indo pra casa do Teófilo mas que jajá viria pra cá…
CÁSSIO: Eu já disse pra ela mil vezes que aquele cara não é de confiança, mas ela não me dá ouvidos.
LEANDRO: Vamos esperar mais alguns minutos, se ela não aparecer, a gente vai até a polícia.
Nina entra e vai até eles, como se tivesse vencido uma guerra.
CÁSSIO (ansioso): E aí, conseguiu o diário?
NINA (encarando os três): Consegui. Tava bem escondido no fundo de uma cômoda… mas é o que vai enterrar de vez a Leila.
De repente, Lurdinha chega desesperada, ofegante. Os olhares de todos se voltam a ela.
INSTRUMENTAL: ED S THEME - IURI CUNHA
CECÍLIA (preocupada): Lurdinha? Aconteceu alguma coisa? Porque tá assim?
LURDINHA (chorando, desesperada): A Leila… a Leila e o Teófilo…
LEANDRO: O que tem eles, Lurdinha? Fala!
LURDINHA (trêmula): Eles são cúmplices! Eu cheguei… eu cheguei na casa do Teófilo e ela tava lá… eu escutei ela falando tudo… foi ela Cecília, foi a Leila quem cortou os freios do carro! Foi ela quem tentou te matar!
CECÍLIA: Como é que é?
LURDINHA: Eles me sequestraram, me levaram pra um galpão, me amarraram… a Leila me ameaçou, disse que eu morreria amanhã… por um milagre, eu consegui me soltar, peguei um pedaço de madeira e no impulso, acabei ferindo o Teófilo... vim correndo pra cá.
CECÍLIA: Meu Deus do céu!
LEANDRO: Ela te machucou, Lurdinha? Você tá bem?
LURDINHA: Fisicamente, não, mas aquela maldita acabou com o meu psicológico...
NINA (determinada): Agora ela passou de todos os limites! A gente não pode perder mais tempo, pessoal. Nós temos que desmascarar aquela desgraçada ainda hoje!
A câmera foca no rosto de todos os personagens em cena.
CONGELAMENTO EM NINA.
A novela encerra seu 29° capítulo ao som de “Gimme! Gimme! Gimme! - ABBA”.
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