A Terceira Vértice - Capítulo 06 (23/03/2024)


 A TERCEIRA VÉRTICE - CAPÍTULO 6


Assim que chega em seu apartamento, Lucas pega seu celular e clica em um contato da sua lista. Ele põe o celular no ouvido.

Lucas: (sorri) Oi, primo. (desfaz o sorriso) Ah, é você, Gardênia… Cadê ele? 

Do outro lado, Gardênia, jovem, morena e bonita, vai com o celular até Sebastian, que está numa banheira cheia de espumas e trajando apenas um tapa olhos. Ela cutuca ele com o celular na mão. 

Sebastian: Que foi? 

Gardênia: Ligação do Brasil. É o Lucas.

Sebastian: Porra… que inferno. (ele tira o tapa olhos e pega o celular) O que você quer? 

Lucas: Que grosseria. Cadê sua educação? 

Sebastian: Tá dentro do meu cu. 

Lucas: Olha, eu tô te ligando a pedido da minha mãe. Ela mandou te informar que vai aí essa semana.

Sebastian: O que essa vaca quer? 

Lucas: Vai saber quando ela chegar aí. 

Sebastian: Pera. Como ela vai fazer pra chegar aqui? Até onde eu sei, o salário de empregadinha que ela recebe não dá pra ela viajar nem como segunda classe. Ela teria que vir dentro da mala.

Lucas: Se toca, Sebastian. Minha mãe tem privilégios naquela casa, se ela quiser brotar aí a qualquer hora ela consegue. Enfim, o aviso está dado. Passar bem. 

Sebastian: Passa você. Abusado. 

Sebastian desliga. 

Sebastian: Acabou meus dias de paz. 

Gardênia: Eu falei pra você bloquear o número dessa gente toda, mas como sempre cê pegou o ouvido e enfiou no cu. 

Sebastian: Não posso fazer isso, eu tenho que manter eles por perto. Principalmente minha tia Angélica. Não sei o que ela quer comigo, mas acho que agora é a oportunidade perfeita de fazer essa putinha pagar por tudo o que ela fez com a minha família. 


No dia seguinte, na mansão Ferraz, Marinalda prepara o café da manhã de Daniel, bocejando de sono. Olga aparece por trás.

Olga: Tá bocejando demais hoje, Marinalda. 

Marinalda: Tô muito cansada. A diaba me fez limpar todos os banheiros da casa ontem. 

Olga: Toma cuidado. Se dona Angélica te ver com essa cara, ela te mata. 

Marinalda: Qualquer coisinha é motivo pra ela me massacrar, Olga. 

Olga: Vai lavar esse rosto, vai. Deixa que eu termino de fazer isso. Vai… 

Marinalda: Obrigada. 

Marinalda sai. Percebendo que está sozinha, Olga despeja um frasco de Lacto purga sem sabor de 100ml no copo de suco. Ela mistura com a colher. Em seguida, pega a bandeja e sai. Ao chegar no quarto de Daniel ela entra e deixa a bandeja em cima da cama. 

Olga: Bom dia. 

Daniel: (acorda) Bom dia, Olga. 

Olga: Como passou a noite? 

Daniel: Ótimo… E você? 

Olga: Muito bem… Trouxe seu café. 

Daniel: Obrigado. Pode ir, qualquer coisa eu te chamo. 

Olga: Com licença. 

Ela se retira. Angélica a espera no corredor. As duas se falam sussurrando. 

Angélica: E aí? 

Olga: Fiz do jeito que você falou. 

Angélica: Ótimo… 

Olga: Você acha que vai dar certo?

Angélica: Despejou o frasco todo como eu falei? 

Olga: Claro…

Angélica: Então vai dar certo sim. Esse idiota não vai sair do quarto tão cedo. (ri) Vai ficar com o cu esfolado de tanto cagar. 

Olga: Mais ainda? 


Lucas estaciona seu carro em frente à mansão. Ele corre até lá e aperta a campainha. Olga abre a porta. 

Olga: Bom dia… (vê Lucas) Ah é você. 

Lucas: (olha pros lados) Cadê a minha mãe? 

Olga: (sussurra) Shi, fala baixo. Seu louco, já pensou se alguém ouve? 

Lucas: Você já deu o purgante pro purgante? 

Olga: Já.

Lucas: Então não tem ninguém pra ouvir nada. 

Olga: Tem sim, a Marinalda. 

Lucas dá muxoxo e se joga no sofá.  

Lucas: Mamãe vai demorar? (Olha o relógio) 

Olga: Tá terminando de se arrumar. 

Lucas olha pros lados. 

Lucas: Então a gente poderia aproveitar que a gente tá sozinho nessa sala né? 

Olga: Para. Não começa. 

Lucas vai até ela e a agarra, prensando-a na parede e beijando-a com muito fogo. Olga retribui. Lucas começa a beijar o pescoço dela e vai levantando seu vestido ao agarrar sua coxa. 

Olga: (tenta afastá-lo) Para, alguém pode ver. Para, Lucas. Ninguém pode descobrir a gente assim.

Lucas: Só vão descobrir se você contar. E você não vai contar. Vai?

Olga: Claro que não. 

Os dois se olham intensamente. Olga lhe prende com a coxa que está levantada. 

Olga: Irmãos guardam segredos. 

Os dois voltam a se beijar feito loucos. 


Lucas estaciona o carro em frente ao Asilo Maria de Fátima. Angélica está com um casacão preto e uma peruca Chanel loira. 

Angélica: Chegou a hora…

Lucas: Vai demorar lá dentro? 

Angélica: Não muito. Será apenas uma visitinha rápida. Me espera aqui.

Lucas: Viu… anda logo. 

Ela desce do veículo e adentra o local. Vai até a recepção. 

Angélica: Bom dia… Eu vim visitar minha tia, dona Séfora de Almeida. 

Recepcionista: Claro… Documentos, por favor. 

Angélica: Aqui.

Ela tira um RG da bolsa e entrega para a recepcionista. Detalhes para o RG, na foto, Angélica tem a mesma aparência do seu disfarce e o nome é “Nice dos Santos”.

Recepcionista: (entrega o RG de volta) Quarto 606, dona Nice. 

Angélica: (sorri) Obrigada. 

Ao dar as costas para ela, Angélica desfaz o sorriso e no lugar dele, entra uma expressão diabólica no rosto. 


Ela entra no quarto de Séfora, que está dormindo. Angélica olha para a mulher por um tempo.

Angélica: (fala para si) Vai ser mais fácil do que pensei.

Ela fecha os olhos e começa a rezar silenciosamente. Ao terminar, ela faz o sinal com a cruz e sorrateiramente, abre sua bolsa, tirando de lá, uma seringa. Ela se aproxima e senta na cama, ao lado da velha. Angélica fura o braço dela com a seringa e aplica ar na sua veia. Em seguida, limpa a gotícula de sangue de seu braço com o algodão e a observa dormir. 

Instrumental: Chasser - Felipe Alexandre.

Angélica: Descanse em paz nos braços do nosso senhor Jesus Cristo. (ela faz o sinal da cruz) Amém! 

Ela levanta e sai do quarto. Séfora permanece de olhos fechados na cama. 


Enquanto isso, Rodrigo está com o carro parado no meio da rua, ligando para Daniel.

“Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem…”

Rodrigo: Desculpa, Dan… Vou ter que ir sem você. 


Marinalda para no corredor, em frente ao quarto de Daniel. Ela bate na porta.

Marinalda: Seu Daniel? Vim pegar a bandeja do café.

Marinalda bate na porta novamente, mas não obtém respostas. Ela então entra no quarto. Ao ver a cama vazia, vai até o banheiro. Ao entrar dá um grito. Ela se depara com Daniel desmaiado no chão do banheiro.

Marinalda: Meu Deus… Daniel… (se agacha) Daniel… (grita) Olga!!! Olga! Me ajuda aqui. OLGAAAAAAAAA. 


Rodrigo entra no Asilo Maria de Fátima e estranha ao ver a equipe do Instituto Médico Legal no lugar. 

Rodrigo: (vai até a recepção) Bom dia, vim ver a dona Séfora de Almeida. 

Recepcionista: Você é parente dela? 

Rodrigo estranha a pergunta.

Rodrigo: (mente) Sou neto. Porquê? 

Recepcionista: Sinto muito… A sua avó acaba de falecer. 

Rodrigo: (chocado) O quê? 

Recepcionista: Os médicos suspeitam que ela teve uma embolia pulmonar enquanto dormia. Olha, meus pêsames, senhor. Sua avó era muito querida aqui no asilo. O senhor seria a segunda visita que ela receberia hoje.

Rodrigo: (sem entender) Como? 

Recepcionista: Dona Séfora recebeu uma parente hoje cedo. Ela foi embora tem pouco tempo.

Rodrigo: (reage) Parente? Quem foi?

Recepcionista: Uma senhora chamada Nice dos Santos. 

Acreditando que pode ser uma pista para levar até a mãe de Daniel, Rodrigo decide arriscar. 

Rodrigo: Você tem uma foto dessa tal de Nice aí? Preciso saber se é a pessoa que eu tô pensando.

Recepcionista: Claro… 

Ela abre as imagens das câmeras de segurança no computador e vira a tela para mostrar a Rodrigo, que se encurva para ver a imagem da tal mulher. 

Rodrigo: Dá um zoom pra mim?

A recepcionista dá um zoom no rosto da mulher e Rodrigo fica chocado. Ele se afasta aos poucos, em estado de choque. 

Rodrigo: A governanta… 

ENCERRAMENTO.


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