A TERCEIRA VÉRTICE - CAPÍTULO 6
Assim que chega em seu apartamento, Lucas pega seu celular e clica em um contato da sua lista. Ele põe o celular no ouvido.
Lucas: (sorri) Oi, primo. (desfaz o sorriso) Ah, é você, Gardênia… Cadê ele?
Do outro lado, Gardênia, jovem, morena e bonita, vai com o celular até Sebastian, que está numa banheira cheia de espumas e trajando apenas um tapa olhos. Ela cutuca ele com o celular na mão.
Sebastian: Que foi?
Gardênia: Ligação do Brasil. É o Lucas.
Sebastian: Porra… que inferno. (ele tira o tapa olhos e pega o celular) O que você quer?
Lucas: Que grosseria. Cadê sua educação?
Sebastian: Tá dentro do meu cu.
Lucas: Olha, eu tô te ligando a pedido da minha mãe. Ela mandou te informar que vai aí essa semana.
Sebastian: O que essa vaca quer?
Lucas: Vai saber quando ela chegar aí.
Sebastian: Pera. Como ela vai fazer pra chegar aqui? Até onde eu sei, o salário de empregadinha que ela recebe não dá pra ela viajar nem como segunda classe. Ela teria que vir dentro da mala.
Lucas: Se toca, Sebastian. Minha mãe tem privilégios naquela casa, se ela quiser brotar aí a qualquer hora ela consegue. Enfim, o aviso está dado. Passar bem.
Sebastian: Passa você. Abusado.
Sebastian desliga.
Sebastian: Acabou meus dias de paz.
Gardênia: Eu falei pra você bloquear o número dessa gente toda, mas como sempre cê pegou o ouvido e enfiou no cu.
Sebastian: Não posso fazer isso, eu tenho que manter eles por perto. Principalmente minha tia Angélica. Não sei o que ela quer comigo, mas acho que agora é a oportunidade perfeita de fazer essa putinha pagar por tudo o que ela fez com a minha família.
No dia seguinte, na mansão Ferraz, Marinalda prepara o café da manhã de Daniel, bocejando de sono. Olga aparece por trás.
Olga: Tá bocejando demais hoje, Marinalda.
Marinalda: Tô muito cansada. A diaba me fez limpar todos os banheiros da casa ontem.
Olga: Toma cuidado. Se dona Angélica te ver com essa cara, ela te mata.
Marinalda: Qualquer coisinha é motivo pra ela me massacrar, Olga.
Olga: Vai lavar esse rosto, vai. Deixa que eu termino de fazer isso. Vai…
Marinalda: Obrigada.
Marinalda sai. Percebendo que está sozinha, Olga despeja um frasco de Lacto purga sem sabor de 100ml no copo de suco. Ela mistura com a colher. Em seguida, pega a bandeja e sai. Ao chegar no quarto de Daniel ela entra e deixa a bandeja em cima da cama.
Olga: Bom dia.
Daniel: (acorda) Bom dia, Olga.
Olga: Como passou a noite?
Daniel: Ótimo… E você?
Olga: Muito bem… Trouxe seu café.
Daniel: Obrigado. Pode ir, qualquer coisa eu te chamo.
Olga: Com licença.
Ela se retira. Angélica a espera no corredor. As duas se falam sussurrando.
Angélica: E aí?
Olga: Fiz do jeito que você falou.
Angélica: Ótimo…
Olga: Você acha que vai dar certo?
Angélica: Despejou o frasco todo como eu falei?
Olga: Claro…
Angélica: Então vai dar certo sim. Esse idiota não vai sair do quarto tão cedo. (ri) Vai ficar com o cu esfolado de tanto cagar.
Olga: Mais ainda?
Lucas estaciona seu carro em frente à mansão. Ele corre até lá e aperta a campainha. Olga abre a porta.
Olga: Bom dia… (vê Lucas) Ah é você.
Lucas: (olha pros lados) Cadê a minha mãe?
Olga: (sussurra) Shi, fala baixo. Seu louco, já pensou se alguém ouve?
Lucas: Você já deu o purgante pro purgante?
Olga: Já.
Lucas: Então não tem ninguém pra ouvir nada.
Olga: Tem sim, a Marinalda.
Lucas dá muxoxo e se joga no sofá.
Lucas: Mamãe vai demorar? (Olha o relógio)
Olga: Tá terminando de se arrumar.
Lucas olha pros lados.
Lucas: Então a gente poderia aproveitar que a gente tá sozinho nessa sala né?
Olga: Para. Não começa.
Lucas vai até ela e a agarra, prensando-a na parede e beijando-a com muito fogo. Olga retribui. Lucas começa a beijar o pescoço dela e vai levantando seu vestido ao agarrar sua coxa.
Olga: (tenta afastá-lo) Para, alguém pode ver. Para, Lucas. Ninguém pode descobrir a gente assim.
Lucas: Só vão descobrir se você contar. E você não vai contar. Vai?
Olga: Claro que não.
Os dois se olham intensamente. Olga lhe prende com a coxa que está levantada.
Olga: Irmãos guardam segredos.
Os dois voltam a se beijar feito loucos.
Lucas estaciona o carro em frente ao Asilo Maria de Fátima. Angélica está com um casacão preto e uma peruca Chanel loira.
Angélica: Chegou a hora…
Lucas: Vai demorar lá dentro?
Angélica: Não muito. Será apenas uma visitinha rápida. Me espera aqui.
Lucas: Viu… anda logo.
Ela desce do veículo e adentra o local. Vai até a recepção.
Angélica: Bom dia… Eu vim visitar minha tia, dona Séfora de Almeida.
Recepcionista: Claro… Documentos, por favor.
Angélica: Aqui.
Ela tira um RG da bolsa e entrega para a recepcionista. Detalhes para o RG, na foto, Angélica tem a mesma aparência do seu disfarce e o nome é “Nice dos Santos”.
Recepcionista: (entrega o RG de volta) Quarto 606, dona Nice.
Angélica: (sorri) Obrigada.
Ao dar as costas para ela, Angélica desfaz o sorriso e no lugar dele, entra uma expressão diabólica no rosto.
Ela entra no quarto de Séfora, que está dormindo. Angélica olha para a mulher por um tempo.
Angélica: (fala para si) Vai ser mais fácil do que pensei.
Ela fecha os olhos e começa a rezar silenciosamente. Ao terminar, ela faz o sinal com a cruz e sorrateiramente, abre sua bolsa, tirando de lá, uma seringa. Ela se aproxima e senta na cama, ao lado da velha. Angélica fura o braço dela com a seringa e aplica ar na sua veia. Em seguida, limpa a gotícula de sangue de seu braço com o algodão e a observa dormir.
Instrumental: Chasser - Felipe Alexandre.
Angélica: Descanse em paz nos braços do nosso senhor Jesus Cristo. (ela faz o sinal da cruz) Amém!
Ela levanta e sai do quarto. Séfora permanece de olhos fechados na cama.
Enquanto isso, Rodrigo está com o carro parado no meio da rua, ligando para Daniel.
“Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem…”
Rodrigo: Desculpa, Dan… Vou ter que ir sem você.
Marinalda para no corredor, em frente ao quarto de Daniel. Ela bate na porta.
Marinalda: Seu Daniel? Vim pegar a bandeja do café.
Marinalda bate na porta novamente, mas não obtém respostas. Ela então entra no quarto. Ao ver a cama vazia, vai até o banheiro. Ao entrar dá um grito. Ela se depara com Daniel desmaiado no chão do banheiro.
Marinalda: Meu Deus… Daniel… (se agacha) Daniel… (grita) Olga!!! Olga! Me ajuda aqui. OLGAAAAAAAAA.
Rodrigo entra no Asilo Maria de Fátima e estranha ao ver a equipe do Instituto Médico Legal no lugar.
Rodrigo: (vai até a recepção) Bom dia, vim ver a dona Séfora de Almeida.
Recepcionista: Você é parente dela?
Rodrigo estranha a pergunta.
Rodrigo: (mente) Sou neto. Porquê?
Recepcionista: Sinto muito… A sua avó acaba de falecer.
Rodrigo: (chocado) O quê?
Recepcionista: Os médicos suspeitam que ela teve uma embolia pulmonar enquanto dormia. Olha, meus pêsames, senhor. Sua avó era muito querida aqui no asilo. O senhor seria a segunda visita que ela receberia hoje.
Rodrigo: (sem entender) Como?
Recepcionista: Dona Séfora recebeu uma parente hoje cedo. Ela foi embora tem pouco tempo.
Rodrigo: (reage) Parente? Quem foi?
Recepcionista: Uma senhora chamada Nice dos Santos.
Acreditando que pode ser uma pista para levar até a mãe de Daniel, Rodrigo decide arriscar.
Rodrigo: Você tem uma foto dessa tal de Nice aí? Preciso saber se é a pessoa que eu tô pensando.
Recepcionista: Claro…
Ela abre as imagens das câmeras de segurança no computador e vira a tela para mostrar a Rodrigo, que se encurva para ver a imagem da tal mulher.
Rodrigo: Dá um zoom pra mim?
A recepcionista dá um zoom no rosto da mulher e Rodrigo fica chocado. Ele se afasta aos poucos, em estado de choque.
Rodrigo: A governanta…
ENCERRAMENTO.
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