A TERCEIRA VÉRTICE – CAPÍTULO 7
Personagens deste capítulo
Daniel - Humberto Carrão
Rodrigo - Gabriel Leone
Angélica - Glória Pires
Olga - Débora Ozório
Marinalda - Gabz
Rodrigo fica incrédulo ao reconhecer Angélica na imagem.
Recepcionista: Você conhece essa mulher?
Rodrigo: (disfarça) Não... quer dizer. Deve ser uma parente distante. (solta um riso) Nunca cheguei a conhecer.
Recepcionista: Novamente sinto muito pela sua perda. Se tiver algo que eu possa fazer.
Rodrigo: Eu não tenho muito contato com a minha família, já faz tempo que não falo com ninguém, então se puder me dar informações sobre o velório e até mesmo sobre o enterro da minha avó, eu ficarei muito agradecido. (entrega o cartão para ela) Você pode me ligar a hora que quiser ou mandar uma mensagem.
Recepcionista: Pode deixar.
Rodrigo: Obrigado!
Rodrigo dá as costas e vai saindo do asilo. Ele pega seu celular e disca, levando ao ouvido.
“A sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem. Você pode mandar um recado após o sinal”
Rodrigo: Oi Dan, eu tô preocupado. Você não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens. Me liga assim que puder.
Ele encerra a chamada, entra no carro e dá a partida.
Enquanto isso, os paramédicos conduzem Daniel, que está desacordado em cima de uma maca, até a ambulância. Marinalda, preocupadíssima, e Olga, plena, vão atrás.
Marinalda: Eu preciso ligar pra alguém. Vou falar com dona Angélica.
Olga: (a impede) Nem pense nisso!
Marinalda: Qual o seu problema, Olga? O Daniel não pode ir pro hospital sozinho, eu preciso falar com alguém pra acompanhar ele.
Olga: Ah é? Por que você não foi então? Ah, lembrei. Se você fosse, dona Angélica ia te punir, não é? A única pessoa que tem problemas é você, Marinalda, que só faz merda. Quando dona Angélica chegar, eu é quem vou avisá-la do ocorrido. Enquanto isso, vai fazer o seu trabalho, vai. É o melhor que você faz.
Marinalda volta para dentro. Olga revira os olhos e também entra.
Marinalda adentra a cozinha quando seu celular toca.
Marinalda: (atende) Alô? Sim, é a neta dela. (em choque) O quê?
Olga entra.
Olga: O que foi?
Marinalda olha para ela com lágrimas nos olhos.
Marinalda: A minha avó morreu.
Ela chora, inconsolável.
Olga: (dá muxoxo) Achei que fosse alguma coisa séria. Dá licença, tenho que tirar essa carne do forno antes que ela queime. (ela vai até o fogão)
Marinalda olha para ela, incrédula.
Marinalda: Você escutou o que eu disse?
Olga se vira e a encara.
Olga: Ouvi. O que você quer que eu faça? Que eu mande sua vó reviver igual Jesus fez com Lázaro?
Marinalda: Meu Deus... Você tem um coração de pedra igual a dona Angélica.
Olga: Olha só, Marinalda. Eu não tenho nada a ver com a sua vida. Sua avó morreu? Que pena pra você!
Marinalda: Eu vou pro meu quarto.
Ela vai, aos prantos. Olga ouve o telefone tocar. Ela tira a carne do forno, coloca em cima do fogão e vai até a sala atender.
Olga: (atende) Mansão Ferraz, quem deseja?
Rodrigo: É o Rodrigo.
Olga: Ah, como vai, seu Rodrigo, é Olga.
Rodrigo: Oi, Olga. O Daniel tá em casa? Eu tô há horas tentando falar com ele, mas nada dele me atender.
Olga: Olha, o seu Daniel passou mal hoje cedo e deu entrada no hospital.
Rodrigo: (em choque) O quê? Em qual hospital ele está?
Olga: Ele foi pra Santa Casa.
Rodrigo: Estou indo pra lá agora. Obrigado.
Ele desliga.
No hospital, Daniel permanece acordado e conversando com o médico. Rodrigo entra no quarto.
Rodrigo: Meu amor... (se aproxima e o beija) Meu amor, como você tá? Eu fiquei tão desesperado quando a Olga me disse que você estava mal.
Daniel: (sorri, calmo) Eu tô bem agora... (para o médico) esse aqui é Rodrigo, ele é meu...
Daniel se cala, sem saber o que dizer. Rodrigo olha para ele, com a mesma reação.
Daniel: Rodrigo é... (pega na mão dele) meu namorado.
Rodrigo abre um sorriso bobo enorme.
Médico: (para Rodrigo) Seu namorado teve uma queda de pressão causada pela ingestão cavalar de laxante.
Rodrigo: (incrédulo) Laxante?
Ele olha para Daniel, sem entender.
Médico: Urina escura, cólicas abdominais, inchaço...
Rodrigo: Daniel, o que você comeu hoje?
Daniel: Eu só tomei o café da manhã, só isso.
Médico: Eu vou aconselhar que não faça mais isso, ok? Tudo demais faz mal.
Daniel: Quando vou receber alta?
Médico: Mais tarde. Uma enfermeira vem aqui para trocar o seu soro.
O médico deixa o quarto. Rodrigo senta na beira da cama.
Rodrigo: Eu liguei pra você umas mil vezes.
Daniel: Você foi no asilo?
Rodrigo: Fui. Mas a mulher infelizmente faleceu hoje.
Daniel: Não acredito. A gente estava tão perto de conseguir o que a gente queria.
Rodrigo: Não se preocupa, eu vou pro enterro dela, vou tentar conseguir alguma informação.
Daniel: (frustrado) Eu não vou ter como ir.
Rodrigo: Não, você precisa descansar. (suspira) Daniel, tem uma coisa que você precisa saber.
Daniel: O quê?
Rodrigo: Não sei como, nem porquê..., mas a Angélica esteve no asilo.
Daniel o olha sem entender.
Daniel: A Angélica?
Rodrigo: Ela esteve lá antes de mim. Ela usou o nome de Nice dos Santos pra visitar a Séfora e o mais estranho de tudo isso é a Séfora ter morrido logo em seguida.
Daniel: Espera, Rodrigo. A Angélica esteve no asilo? (ri) Você tá falando sério?
Rodrigo: Eu também não acreditei quando eu vi, Daniel. Eu sei que parece um absurdo, mas é verdade. Ela esteve lá antes de mim e logo em seguida, a dona Séfora faleceu.
Daniel: Rodrigo, o que você tá tentando insinuar é horrível demais.
Rodrigo: Não é coincidência demais você ter passado mal com laxante logo hoje? Logo hoje que você ia me acompanhar nessa visita?
Daniel: Você tá querendo dizer que ela colocou laxante na minha comida só pra eu passar mal e não te acompanhar?
Rodrigo: Claro. Com você preso dentro de casa, tudo ia ficar mais fácil pra ela. Tá bem claro que a Angélica não quer que você descubra onde está a sua mãe biológica.
Daniel: Por quê a Angélica, logo a Angélica faria isso comigo? Hein? Que motivo ela teria pra não querer que eu encontre a minha mãe? Não tem motivo nenhum, Rodrigo. E caso ela tenha colocado laxante no meu café da manhã, como que ela descobriu que eu ia te acompanhar hein?
Rodrigo não sabe o que responder.
Daniel: Viu só? Não faz sentido nenhum! A Angélica me criou, ela não seria capaz de nada disso que você tá falando.
Rodrigo: Tá, então porquê que ela visitou a dona Séfora com um disfarce e um nome falso?
Daniel: Eu não faço ideia. Pode não ter sido a Angélica, pode ter sido outra pessoa parecida com ela.
Rodrigo: Daniel, acorda! Ela não quer que você encontre a sua mãe de sangue! Ela não quer que você chegue até a verdade. Ela colocou laxante na sua comida pra te prender em casa e pode sim ter matado a dona Séfora pra impedir a gente de descobrir tudo.
Daniel: CHEGA, RODRIGO! Você tá louco. A Angélica nunca seria capaz de uma coisa dessas, ela jamais faria isso, principalmente comigo.
A porta se abre e Angélica adentra o local.
Angélica: Que gritaria é essa? O que tá acontecendo aqui?
Daniel: Não tá acontecendo nada.
Rodrigo se vira e a encara.
Rodrigo: Na verdade tá acontecendo sim.
Angélica: O quê? Posso saber?
Rodrigo: Eu não sei o motivo... ainda... agora... eu já sei que você tá armando tudo isso só pra prejudicar a minha investigação. Você pode enganar o Daniel, sua mau caráter desgraçada, mas a mim você não engana... Você ouviu? A mim você não engana, Angélica. Ou melhor. Nice dos Santos!
Angélica olha para ele, surpresa e temerosa com o que acabou de ouvir.
ENCERRAMENTO.
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