13 de abr. de 2024

A Terceira Vértice - Capítulo 19 (13/04/2024)

 


A TERCEIRA VÉRTICE - CAPÍTULO 19


Daniel: Eu não sei o que falar pra você, Sebastian. Eu confesso que fui pego de surpresa. Não estava esperando por isso. (ri) Eu não sei… eu não sei o que pensar, não sei nem o que falar pra você.

Sebastian: Eu sei que você ainda ama o Rodrigo. E sei que o Rodrigo também ama você. É, porque se ele não amasse você, ele não teria feito aquele escândalo no restaurante ontem. Mas… Você mesmo me disse que queria seguir em frente mesmo tendo sentimentos por ele. Eu quero que você trilhe esse caminho novo comigo. A gente se dá tão bem, Daniel. Desde que a gente se conheceu, lembra? A gente tem sintonia. 

Daniel: (ri) É, isso a gente tem mesmo. 

Sebastian: Se você quiser eu posso te dar um tempo pra pensar na minha proposta com calma. 

Daniel suspirou, pensativo.

Daniel: Eu tô sentindo uma necessidade enorme de esquecer o Rodrigo. Nosso namoro foi lindo, mas foi tão cheio de problemas. Eu só quero viver uma coisa leve e tranquila. Tipo isso aqui que a gente tem, sabe? As pessoas dizem que eu sou uma pessoa corajosa, mas eu não acho que eu seja não. Porque por mais que eu queira seguir em frente, eu tenho medo. Medo de não conseguir esquecer o Rodrigo, medo das consequências da minha decisão, medo… (olha para ele) medo de machucar você. 

Sebastian pega na mão dele. 

Daniel: Eu sou uma pessoa horrível pra tomar boas decisões e eu tenho medo de acabar fazendo uma merda muito grande e tudo isso respingar em você. Eu tenho muito medo de machucar você, você tem me ajudado tanto, eu sinto que, sei lá, eu melhorei muito depois que você chegou na minha vida, sinto que evolui de alguma forma, não por sua causa, mas você meio que contribuiu pra isso. E eu me sinto bem quando eu tô com você, me sinto mais leve, eu quero ficar com você… mas eu não sei se vai ser uma boa ideia…

Sebastian o interrompe com um beijo. 

Sebastian: Se acalma. 

Daniel respira fundo. 

Sebastian: Você não pode controlar o fluxo dos acontecimentos. Eu sei que você tem sentimentos pelo Rodrigo. Mas eu sei que sentimentos não morrem da noite pro dia, por isso que eu quero você mesmo assim. Se acontecer de eu me machucar lá na frente, não vai ser uma consequência da sua escolha. Mas da minha.

Sebastian vira-se para pegar uma caixinha na mesa ao lado da espreguiçadeira. Ele abre e lá tem um anel de ouro puro.

Sebastian: Vou perguntar de novo. Aceita namorar comigo, Daniel Ferraz? 

Daniel sorri.

Daniel: Claro. 

Sebastian coloca o anel no dedo anelar esquerdo dele, e logo em seguida, os dois se beijam.


Marinalda entra em seu quarto na mansão e seu celular toca. Ela atende. 

Marinalda: Oi, Rodrigo.

Rodrigo: Oi, como vão as coisas? 

Marinalda: Por incrível que pareça, tá tudo tranquilo. 

Rodrigo: Me diz uma coisa, a sua mãe, com o que ela mexe?

Marinalda: Não entendi.

Rodrigo: Ela só faz tarô? Ela não faz magia, simpatia, nada dessas coisas? 

Marinalda: Não sei… Por que você tá perguntando, Rodrigo? 

Rodrigo: Porque eu… Preciso…

Marinalda: Precisa de quê? 

Rodrigo: Preciso que ela faça uma magia pra mim.

Marinalda: (estranha) Pra você? 

Rodrigo: Não pra mim… É pra outra pessoa. Eu quero pedir a ela pra fazer pra outra pessoa, é isso.

Marinalda: Eu não sei se ela faz essas coisas não. (fala baixo) Pra quem é? 

Rodrigo: Olha, vou te contar porque eu sei que você é de confiança. Eu quero fazer pro Sebastian. 

Marinalda: (fala baixo) Pro sobrinho da vadia que vai acabar numa vala? 

Rodrigo: O próprio. Você nem sabe o que aconteceu ontem depois que eu saí daí. 

Marinalda: Me conta. 

Rodrigo: Eu peguei os dois no restaurante, os dois no maior clima. Deu um barraco.

Marinalda: Aposto que foi você quem fez o barraco né? 

Rodrigo: Claro né? Não é possível que o Daniel tenha me esquecido tão rápido. 

Marinalda: Olha, não sei se serve de consolo, mas eu acho que o Daniel vai acabar ficando com vocês dois. Ao mesmo tempo. 

Rodrigo: Quê? Porque acha isso?

Marinalda: Ué. Era o que eu faria. O que minha mãe faria. Até o que a minha vó faria. O espírito de cachorrona, sabe? Tá no sangue. Vou ter que desligar. Depois a gente se fala. 

Rodrigo: Tá. Beijo. 

Rodrigo encerra a chamada. 

Rodrigo: (fala sozinho) Ficar com os dois… Nunca! Ele vai ficar comigo, isso sim! 


Daniel e Sebastian tomam café juntos na beira da piscina. Marinalda serve os dois. 

Daniel: O dia está tão lindo, acho que vou cair na piscina também. 

Marinalda: Só não esquece de passar o protetor solar que o sol tá ó…

Daniel: Tá bem quente mesmo. 

Marinalda: Quer que eu traga uma sunga? Você se troca no banheiro aqui fora.

Sebastian: Traz, Marinalda, traz que eu sempre fui louco pra ver como ele é por baixo dessas roupas.

Daniel ri.

Daniel: Quero sim, Mari, valeu! 

Marinalda: Com licença.

Ela se retira. 

Sebastian: Gosto dela. Mais competente do que a Olga.

Daniel: Sabe que eu também acho isso? 

Sebastian: E a minha tia trata ela como se fosse uma cachorra de rua.

Daniel olha para Sebastian.

Daniel: Sebastian, você gosta da sua tia? 

Sebastian o encara. 

Sebastian: Que pergunta é essa?

Daniel: Sempre que você fala nela eu sinto um tom de desprezo, assim, bem de leve. 

Sebastian: Eu e a minha tia não temos uma relação muito boa. Mas você gosta dela, não é? 

Daniel: É…

Daniel respira fundo, meio insatisfeito, largando os talheres no prato, fazendo barulho.

Daniel: Não… Eu não gosto. Na verdade… Eu não tô mais suportando fingir que gosto. 

Sebastian olha para ele, incrédulo.

Sebastian: Como é que é? 

Daniel: É isso mesmo. A sua tia é… A sua tia não presta. Desculpa… Desculpa falar isso pra você, eu sei que você pode acabar falando tudo pra ela depois, mas eu não me importo, eu não tô nem aí, porque eu pelo menos vou me sentir mais aliviado por estar dizendo tudo isso. Mas a sua tia não presta, Sebastian. A sua tia não vale nada. Eu descobri isso ontem. Lembra que eu estava nervoso ontem? Foi por isso. 

Sebastian: Calma, Daniel. Me explica. O que foi que a minha tia fez pra você pensar assim dela? 

Daniel: Eu descobri que eu fui adotado. Aí contratei o Rodrigo pra investigar o paradeiro da minha mãe de sangue. Só que a Angélica tem feito tudo para atrapalhar, o próprio Rodrigo me falava isso.

Sebastian toma um gole do café. 

Daniel: Ele conseguiu encontrar uma mulher chamada Séfora, que vivia num asilo. O Rodrigo ia até lá, mas a Angélica conseguiu descobrir tudo antes. E ela foi até lá. Disfarçada, usando um nome falso. No mesmo dia essa mulher, a tal de Séfora, apareceu morta. E o Rodrigo acusou ela de ter matado essa mulher pra impedir ela de dizer onde estava a minha mãe. Eu não acreditei de cara que ela pudesse ter feito essas coisas porque ela me criou. Na minha cabeça ela jamais faria uma coisa dessas. Mas ontem… Ontem eu descobri que o Rodrigo estava certo. 

Sebastian: Isso explica seu nervosismo.

Daniel: Eu queria te contar, mas eu não tive coragem, porque eu achava que você… que você estava mancomunado com a sua tia.  

Sebastian fica pensativo.

Daniel: Mas agora que a gente tá namorando e que eu sei que você não gosta dela, me deu um pouco de coragem pra falar de uma vez que eu não suporto essa mulher, eu não suporto olhar pra cara dela sem conseguir disfarçar o quanto eu a desprezo. Ah, ainda tem isso. O Rodrigo disse que foi até o enterro da dona Séfora pra ver se encontrava algum parente dela por lá e disse que não encontrou ninguém. Só que eu sinto que ele tá me escondendo alguma coisa. Ele sabe de alguma coisa e não quer me contar. (suspira) Pronto. Falei tudo. Tô me sentindo mais leve. 

Ele toma um copo de suco gelado.

Sebastian: Olha só. Pode confiar em mim. Eu não tô do lado da minha tia como você pensa, na verdade eu tô me sentindo até melhor depois de ouvir você falar que odeia ela, porque eu compartilho do mesmo sentimento.

Daniel: Eu imaginei. Mas que motivo você tem pra detesta-la? 

Sebastian: Eu ainda não posso falar. Mas confia em mim. Eu vou te dizer tudo no momento certo. Quanto a sua situação… Eu acho que o Rodrigo pode sim ter descoberto alguma coisa relacionada a sua mãe. Mas pode não ter te contado porque achava que você estava confiando demais na minha tia, e poderia acabar contando alguma coisa pra ela. E assim, ela poderia acabar estragando tudo de novo. 

Daniel: Isso não é justo. Se ele descobriu algo, ele tinha que ter me contado.

Sebastian: Mas como que ele ia contar, Daniel? Você precisa abrir o jogo pro Rodrigo de uma vez. Só assim ele vai parar de te esconder tudo.


Olga aparece na sala de estar trajando roupas chiques e óculos escuros. Marinalda desce as escadas com um roupão dobrado e uma sunga preta nas mãos. 

Marinalda: Olga? 

Olga: Tudo bem, querida? O Daniel tá em casa? 

Marinalda: Tá na piscina. 

Olga: Pode chamar ele, por favor? Diz que é urgente. 


Daniel e Sebastian estão na piscina conversando. Os dois são interrompidos com a chegada de Marinalda.

Sebastian: Até que enfim, vou poder ver o Daniel só de sunga pela primeira vez.

Daniel: O que houve, Marinalda? 

Marinalda: A Olga tá na sala querendo falar com você. Disse que é urgente.

Daniel estranha. 

Sebastian: Que merda, ela tinha que chegar pra estragar tudo.


Angélica desce as escadas e encontra Olga.

Angélica: O que você tá fazendo? Por que tá vestida desse jeito? 

Daniel vem da área externa e vê as duas.

Olga: Ainda bem que chegou, Daniel.

Daniel: O que houve, Olga?

Olga: Nada. Eu só vim aqui pra dizer que eu tô caindo fora! 

Daniel surpreso. Olga tira seus óculos escuros e o encara, confiante e fria.

Olga: Eu me demito! 

Angélica fica chocada.

ENCERRAMENTO.

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