Dominique, episódio 01
16 anos
Imagens das florestas no sul do Brasil, em 1963.
É outono e as árvores estão cor de ferrugem, a imagem se aproxima da janela do quarto de Francisca, ela está dobrando as roupas do bebê e fumando, enquanto isso a criança não para de chorar e gritar.
O Marido de Francisca chega de caminhonete e estaciona em frente a casa. Ele entra bebendo uma garrafa de whisky puro.
Elviro: Mas que merda, alguém cala a boca dessa criança, cadê Dominique?
Dominique aparece toda suja de terra.
Elviro: Mas o que é isso, tá toda suja de terra, tava fazendo o que?
Enfim, não me interessa, vai tomar um banho e dar um jeito de calar aquele bebê, você está aqui pra isso.
Elviro sobe as escadas derrubando os quadros na parede, ele abre a porta do quarto com força.
Elviro: Maldita a hora que eu fui ter essa merda de criança.
Francisca: Maldita a hora que eu aceitei cuidar de Dominique, se ainda fizesse algo, mas nem pra calar a boca da criança ela serve, uma inútil.
Eu já estou farta de tudo isso, quero dar um fim nas duas.
Elviro: Como assim?
Francisca: Nós temos o sonho de ir pra Hollywood, atuar em filmes premiados, mas com esses estorvos, nunca conseguiremos.
Escute, preciso do teu apoio, tive uma ideia que matará dois coelhos com uma só cajadada.
Francisca conta a Elviro sua ideia e ele apoia.
Elviro: Vamos aproveitar que ela está no banho, é agora ou nunca.
Elviro corre ao quarto do bebê, enche a banheira com água e afoga ele, enquanto isso Francisca liga para o Hospício Santa Rosa, o mais famoso da região, alegando que Dominique teve um surto e matou seu filho.
Elviro corta as orelhas da criança e Dominique chega bem na hora, ela agarra ela tentando tirar a faca de sua mão quando acaba se cortando, ele pega uma garrafa de vidro e bate na cabeça dela fazendo ela desmaiar.
Francisca: Pronto, já estão a caminho.
O que você fez? Está maluco?
Elviro: Só desmaiou, se acalme. Quando eles chegarem, ela estará descordada.
A ambulância do sanatório chega e Dominique acorda bem na hora.
Médico: Me dê os sedativos, ela está se debatendo, vai nos atacar também.
Dominique: EU NÃO FIZ NADA, ME SOLTEM.
Médico: Calada, aberração. Vai dormir mais algumas horas.
O médico se dirige ao casal.
Médico: Eu sinto muito pelo ocorrido, é sempre um risco ter esse tipo de doente morando na mesma casa que a gente.
Hospício Santa Rosa:
Lana, com um cigarro na mão, chega de carro na portaria do hospício.
Lana: Lana Xavier, vou fazer uma reportagem com a irmã Judite, tenho horário marcado.
Ela entrega um papél ao segurança e ele libera sua entrada.
Ela desce do carro e se dirige pra entrar no hospício quando uma paciente pede pra brincar com ela, dando uma rosa para Lana.
Lana: Ai…
A flor espeta Lana, que a faz sangrar.
Irmã Maria: Pipinha, deixe a moça em paz.
Lana: Tudo bem, ela só quer brincar, é inofensiva.
Irmã Maria: Ela não é inofensiva, matou o próprio pai.
Lana se assusta e acompanha a irmã para dentro do hospício.
Elas começam a subir as escadas.
Irmã Maria: A irmã Judite chama isso de “escada para o céu”.
Ela pega a flor da mão de Lana e joga fora.
Lana fica assustada com comportamento dos pacientes.
Elas chegam na sala de Judite que está raspando a cabeça de uma paciente.
Maria: A jornalista chegou.
Judite: Pedi para me esperar lá embaixo, irmã.
Catarina: Acha que eu tenho vergonha do que fiz, irmã? Pode me castigar o quanto quiser, mas vou continuar sendo a mulher mais gostosa desse lugar.
Judite: Leve ela para a sala de convivência, quero que todos vejam a pecadora que é.
Sente-se. Qual o seu nome mesmo?
Lana: É Lana, Lana Xavier.
Sem querer ser indiscreta, mas o que essa moça fez?
Judite: Achei que estivesse aqui pra falarmos da padaria.
Lana: Claro, eu amo aquele pão com melado, como todos os dias no café.
Judite: Ela é vítima de seu próprio desejo, não há outro nome pra isso, a doença mental é uma explicação moderna para o pecado.
Sabe o que era esse lugar há dois anos? Um inferno.
Lana: Soube que a padaria foi uma ideia sua.
Judite: Minha e do monsehor.
Maria entra eufórica na sala de Judite sem bater.
Maria: Mandaram dizer que…
Ah, eu não bati, perdão.
Ela volta, bate na porta e entra.
Maria: A pessoa má vai chegar a qualquer minuto.
Judite: Obrigada, irmã.
Então Lana, vamos ao tour da padaria?
Lana: Ela falou sobre a assassina, a mulher que mata as pessoas e tira as orelhas delas, a que matou o próprio sobrinho?
Tem alguma forma de eu encontrar com ela?
Judite: Não está interessada no nosso trabalho.
Lana: As pessoas querem saber o que passa na cabeça dela.
Judite: Dona Lana Banana, se quer uma matéria escreva isso, as autoridades entregaram ela para nós até que seja condenada.
Os policiais entram com Dominique enquanto todos estão do lado de fora reúnidos, Lana fica chocada com aquela situação.
Eles amarram Dominique e aplicam outro sedativo nela.
Quarto do hospício:
Judite: É um calvário nossos procedimentos de entrada, mas nada se compara ao que suas vítimas passaram.
Dominique: Irmã, eu não matei ninguém.
Judite: O tribunal me entregou você não para lhe julgar, mas para que se arrependa dos crimes.
As orelhinhas dela foi mais fácil de tirar do que das outras vítimas?
Dominique cospe na cara de Judite.
Judite: Vai se arrepender de ter feito isso.
Dominique é levada a sala de convivência e se depara com pessoas completamente surtadas e deprimidas.
Ela se estressa com a música que está tocando e quando vai tirar o disco, um paciente entra na frente.
Antônio: Não faça isso, enquanto a sala estiver aberta, é obrigatório ter música, se você tirar vai tomar punição.
Dominique: Por que devo confiar em você?
Antônio: Pois eu sou como você.
Casa de Lana:
Lana: Tô falando, meu amor, por trás daquele hábito, há muitos segredos.
Graça: Bom, então entra naquele lugar, desvenda esse mistério e ganhe um prêmio de maior jornalista do estado.
Lana ri.
Lana: Meu editor nunca deixaria, ele acha que as baleias que vão a procura de águas quentes é uma história de capa, e ainda quer fazer uma sessão de culinária comigo.
Graça: Sua comida é horrível.
Lana: Por isso não como.
Lana se ajoelha perante Graça que está sentada na cadeira.
Lana: Eu não farei pro meu editor, eu escrevo sozinha e levo para um jornal maior, quem sabe até pra São Paulo ou Rio de Janeiro.
Graça: Eu sei, meu amor, você tem meu total apoio em tudo.
Lana beija ela e Graça fecha as cortinas.
Lana: Ninguém vê.
Graça: Você acha que os pais ficarão satisfeitos se descobrirem que uma sapatão dá aula de ciências pros filhos deles, eu tô fudida.
Lana: Tem razão, me desculpa.
Elas se beijam mais e mais.
Graça: Como vai entrar lá?
Hospício Santa Rosa:
Irmã Judite está usando um vestido de renda vermelho no quarto dela e passando um perfume no busto.
Irmã Maria Eunice está andando pela floresta que tem fora da instituição quando dá de cara com Lana.
Lana: Preciso da sua ajuda, irmã.
Depois de muito custo, Maria ajuda Lana e entra com ela por um túnel escondido que dá na instituição.
Lana: Que lugar é esse?
Maria: Meu atalho pra floresta.
As duas entram.
Lana: A irmã Judite te assusta né, ela te mata de medo, eu vi um doutor esquisito fazendo uns experimentos, o que era aquilo?
Maria: Não era nada.
Lana: Se me mostrar eu juro que não digo nada para Judite do túnel e nem das suas saídas noturnas.
Irmã Judite sai com uma lanterna pela instituição.
Maria: Cinco minutos e você sai.
Lana: Onde mantém aquela assassina sanguinária que chegou mais cedo? Aqui dentro?
Sala do doutor Zico:
Zico: Foi o tempo em que uma pessoa que nem a irmã Judite poderia me colocar na cadeia, não estamos na idade média, viva o progresso.
Dominique: O que eu to fazendo aqui?
Zico: Fica calminha.
Lana vai entrando pelos corredores e salas.
Um paciente trancado joga uma sujeira em Maria.
Maria: Ai seu nojento, por favor espere aqui dona Lana.
Lana fica perdida, ela percebe que irmã Judite está se aproximando com a lanterna e se esconde em uma cela aberta.
Irmã Judite passa com a lanterna em todas as janelas das celas, mas não encontra Lana e vai embora.
Enquanto isso na sala do Doutor Zico, ele está fazendo experimentos com Dominique para saber as motivações dela.
Lana andando pelos lugares quando é repentinamente puxada.
No outro dia.
Judite: Sua burra, o que você fez, colocou nossa reputação em risco.
Maria: Me perdoe irmã, me castigue, eu fui burra, burra, burra.
Judite: Se levante, não tenho tempo pra isso, se eu ouvir se chamando de burra novamente, vai sofrer.
Judite vai a uma sala em que está Lana, toda amarrada.
Lana: Não pode me manter aqui, virão pessoas me procurarem.
Judite: Acha mesmo? Já dei um jeito nisso.
Conversei com a sua “amiga” e ela não vai tentar nada ou então a carreira dela estará arruinada.
Vou curar você, tirar esse espírito contrário do teu corpo. As orações serão matinais.
Lana: NÃO, POR FAVOR. ME DEIXA SAIR DAQUI, SUA VACA.
Judite vai até o doutor.
Judite: Pode achar que minha mente é fechada, mas meus olhos são bem abertos, eu te juro.
Lana: SOCORROOOOOOO!
Encerramento.
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