Paixões & Legados (Últimas semanas) - Capítulo 25 (05/11/2024)

     


Escrita por Fafá

Faixa das 18h


Anabel chega em casa e vê Valentim sentado no sofá da sala de estar.


ANABEL: Desculpe a demora, precisava espairecer um pouco…


Ela nota o ferimento na boca do rapaz.


ANABEL: Que isso, inchado? O que aconteceu?


VALENTIM: Lino esteve aqui. Ele estava enlouquecido, começou a falar um monte para mim, e, quando fui replicar, me deu um soco na cara.


ANABEL: O quê? Assim, do nada?


VALENTIM: Pois é, eu não entendi direito. Acho que ele ficou enciumado após você não dar mais atenção a ele.


ANABEL: Não é assim também. Eu ainda não conversei com ele, pois não tive tempo. Minha vida está uma bagunça, e eu só quero consertar esses estragos o mais rápido possível.


VALENTIM: Eu entendo você… Amanhã é o seu aniversário, o que fará para lembrar essa data?


ANABEL: Acho que nada. Talvez eu peça para Mercedes preparar algum prato especial para nós, nada demais. Agora eu quero resolver esse outro assunto. Estou indo para a pensão, para conversar com Lino.


VALENTIM: O quê? Não, não há necessidade disso! Esqueça essa história!


ANABEL: Volto num instante.


A moça sai.


VALENTIM: Tomara que não dê nada de errado para mim.



Débora chega na fazenda do Coronel Guilhermino. A moça desce de seu carro, e entra no casarão.


GUILHERMINO: Débora! Que surpresa em vê-la! Voltou tão rápido…


DÉBORA: Já trago ótimas notícias para o senhor Coronel.


GUILHERMINO (Sorrindo): Então fale, pois gosto das notícias ótimas.


DÉBORA: Eu dei meu jeito e consegui descobrir quem anda passando informações para o Leonel.


GUILHERMINO: Então o plano do “falso plano” funcionou?


DÉBORA: Claro! Parece que o nome do sujeito, que anda batendo tudo para o Leonel, é um tal de Vitório.


GUILHERMINO: Vitório… Claro! Era um dos amigos de Leonel na época em que ele era meu escr… digo, empregado.


DÉBORA: Então a informação está correta.


GUILHERMINO: Bom trabalho, Débora!


DÉBORA: E qual será o próximo passo?


GUILHERMINO: Eu vou te dizer o que fazer. É muito simples, mas vai trazer o nosso triunfo diante de Leonel.


DÉBORA (Sorrindo): Ótimo! Ajudarei com muito gosto.


GUILHERMINO: Ótimo! Assim espero.


Eles se encaram com um sorriso maléfico estampado no rosto e um olhar vitorioso.



Anabel chega na pensão.


ANABEL: Onde está Lino?


JONAS: Anabel! Antes de qualquer coisa, venha comigo, tenho que te mostrar algo.


Eles vão em direção aos quartos.



Anabel e Jonas estão sentados na cama, observando a grande e valiosa caixa de joias.


ANABEL: Então… Essas joias eram de meu pai e minha mãe?


JONAS: Sim, a maioria foi pega no assalto que… enfim.


ANABEL: E vocês não acharam mais nada que seguisse o rastro do mandante?


JONAS: Não! Seja quem for essa pessoa, ela chegou muito antes e apagou o máximo de provas possível, mas ainda devem ter algumas pontas soltas.


ANABEL: Faça um favor, esconda bem isso! Não quero levar para casa, por enquanto.


JONAS: Ah claro! Eu guardarei muito bem em algum lugar por aqui.


ANABEL: Agora eu preciso falar com Lino, sabe onde ele está?



Jarbas chega no casarão e vai até o escritório de Guilhermino.


JARBAS: Mandou me chamar, senhor?


GUILHERMINO: Sim, mandei…


Nesse momento, é visível (apenas para nós) que Vitório espia pela janela do lado de fora.


GUILHERMINO: … Descobrimos que anda contando a Leonel sobre os nossos planos. O nome do sujeito é Vitório.


Um arrepio percorre pelo corpo de Vitório ao ouvir seu nome.


JARBAS: Eu sabia que era ele o fofoqueiro! Só precisava de uma confirmação.


GUILHERMINO: Agora fique no encalço dele e não saia de perto. Por enquanto, não vamos dar o prazer de mandá-lo para o inferno.


JARBAS: Sim, senhor! Já começarei com o trabalho.


GUILHERMINO: Depois, volte aqui, ao pôr do Sol. Tenho outro trabalho para você.


O capataz se retira. Vitório sai de perto da janela.


VITÓRIO: Eles descobriram… Agora eu preciso tomar cuidado mais do que nunca.



Lino está cozinhando o jantar. Anabel entra na cozinha.


ANABEL: Lino, podemos conversar um instante?


LINO: Não sei se seu noivo gostaria de saber isso…


ANABEL: Noivo? Então você já está sabendo.


LINO: Claro, Valentim fez questão de esfregar na minha cara.


ANABEL: Foi por isso que você deu um soco na cara dele?


LINO: Acontece, Anabel, que esse rapaz é um falso, senti isso desde a primeira vez que o vi, mas você se recusa a acreditar em mim.


ANABEL: Você sempre teve ciúmes de mim com ele, essa é a verdade. E se quer saber, Lino, eu odiaria viver ao lado de uma pessoa tão ciumenta desse jeito.


LINO: Claro que eu tinha ciúmes! Nós dois estávamos nos aproximando, e, quando ele chegou, você ficou distante de mim, começou a fazer pouca questão da minha presença.


ANABEL: Você não me entende! Olhe tudo o que eu estou passando, minha vida virou de cabeça para baixo, e você quer que eu dê mais atenção a você do que às coisas que me importam?


LINO: Então nossa relação não era importante para você?


ANABEL: Era, mas, no final, se tornou algo doentio.


LINO: Você vai sair daqui brava comigo, decepcionada, ou alguma coisa do tipo, mas saiba que eu ainda gosto de você. E não vou desistir de te provar que eu estava certo sobre seu noivo. Vou provar que ele não passa de um golpista…


ANABEL: Chega! Já estou farta dessa discussão. Não apareça mais em minha casa, por favor!


Anabel vira as costas e sai do local. Lágrimas escorrem pelo rosto de Lino. 



Um novo dia amanhece. Anabel desce as escadas da mansão e é surpreendida com um bolo de aniversário em cima da mesa de jantar. Valentim se aproxima e abraça a moça.


VALENTIM: Feliz aniversário! O que achou da surpresa?


ANABEL: Nossa, eu… nem sei o que dizer.


VALENTIM: Sei que não é nada demais, mas queria fazer alguma coisa para não passar despercebido.


ANABEL: Achei um lindo gesto, obrigada, de verdade!


VALENTIM: E aqui está o seu presente…


Ele entrega uma pequena caixinha para ela. A moça abre, revelando duas alianças.


VALENTIM: São nossas alianças de noivado, para oficializar nossa união.


ANABEL: Que romântico! Acho que agora somos oficialmente noivos.


Os dois se beijam.


VALENTIM: O que acha de irmos ao teatro hoje? Vi que terá uma peça muito aclamada pelos críticos.


ANABEL: Acho uma boa ideia, mas eu gostaria de ficar em casa, como num dia normal.


VALENTIM: Está bem! Vou dar esse espaço a você. Pelo menos, pedirei à Mercedes que prepare um jantar para nós.


ANABEL: Faça isso! Vou tomar café e dar uma volta pelo jardim.


Os dois se sentam à mesa, e conversam enquanto comem.



Vitório observa os trabalhadores no campo. Jarbas não tira os olhos do homem, olhando para ele com um sorriso cínico. O homem caminha até um riacho próximo, para beber água, e é seguido pelo capataz.


VITÓRIO: Vai ficar me seguindo dessa forma, sem ao menos disfarçar?


JARBAS: Você sabe muito bem o motivo disso. Coronel já descobriu suas falcatruas, então é melhor tomar cuidado, pois, a qualquer momento, o pior pode vir a acontecer…


VITÓRIO: Isso é uma ameaça?


JARBAS: Ameaçado você já está de qualquer jeito, mas terá um tempo a mais de vida. Só estou me certificando de que não vai fugir.


VITÓRIO: Eu sei me defender! E não tenho medo de você.


JARBAS: Pois deveria ter, porque sou eu quem vai derramar o seu sangue. Agora termine de tomar sua água e volte ao trabalho. Ainda não chegou a hora de parar com seus afazeres.


Vitório lava o rosto no riacho e volta para o campo, seguido pelo capataz.



Lino cuida da recepção da pensão ao lado de Jonas.


LINO: Hoje é o aniversário de Anabel… Deveria ser um dia feliz na vida dela, e não melancólico desta forma. 


JONAS: Como pode ter certeza de que ela está magoada? Só você que anda choramingando pelos cantos. 


LINO: E você acha exagero meu?


JONAS: Estou achando insuportável, sim! Meu Deus, vê se esquece um pouco disso. Você fica apenas se remoendo, sem fazer absolutamente nada. Tente, ao menos, parar de encher o saco das pessoas à sua volta.


LINO: Nossa… Perdoe-me se eu irritei você. Acho melhor eu ter um tempo sozinho para mim.


Lino sobe as escadas até o seu quarto, deixando Jonas sozinho.


JONAS (Para si): Se controle, Jonas, isso não deveria estar acontecendo! Ele ama outra pessoa, não se iluda com isso.



O céu começa a escurecer novamente. Débora e Leonel estão sozinhos em casa.


DÉBORA: Não foi trabalhar, de novo? 


LEONEL: Acho que eu preciso de um descanso, ando muito estressado com tanto trabalho, tenho que acalmar os ânimos. 


DÉBORA: Hum… Aceita um chá? Vou fazer um para mim.


LEONEL: Está ficando gentil do nada, Débora? 


DÉBORA: Ora, não me custa nada fazer um chá para nós dois.


LEONEL: Bom… eu aceito!


Débora anda até a cozinha. Ela esquenta a água e mergulha as folhas de chá dentro. Ela serve a bebida nas xícaras, e põe gotas de algum remédio numa delas, sorrindo durante o processo. Ela pega a bandeja e leva até a sala, entregando uma das xícaras a Leonel.


DÉBORA: Aqui está o seu. Quer um pouco de açúcar?


LEONEL: Não! Prefiro sentir o gosto do chá puro.


O homem leva a bebida até a boca, e Débora apenas observa. Ele bebe o chá e depois olha para ela.


LEONEL: Não vai tomar o seu?


DÉBORA: Só estava esperando esfriar.


Ela bebe devagar enquanto olha para o homem. Leonel começa a se sentir zonzo, ele levanta de sua cadeira, cambaleando e com a mão na cabeça.


LEONEL (Fraco): Não… estou me sentindo…


Ele cai no chão, desmaiado. Débora solta um riso. A mulher vai até a janela e faz um sinal. Dois homens entram na casa e carregam Leonel para fora.


DÉBORA: Cuidado!


Eles põem Leonel num carro, e dão partida.


DÉBORA (Sorrindo): Lá vai um presentinho para o Coronel.



Lino está deitado em sua cama, inconsolável. Ele é interrompido por Jonas, que entra no quarto.


JONAS: Lino, tem uma pessoa te esperando lá embaixo. Acho que você vai gostar de saber quem é.


LINO (Desinteressado): E quem seria?


JONAS: O tal do detetive que você contratou para investigar aquele rapaz.


Lino levanta da cama rapidamente.


LINO: Ele só pode estar trazendo alguma novidade… Venha, vamos falar com ele!


Ele puxa o rapaz e os dois descem correndo até a recepção da pensão.



Gláucia lê uma revista, sentada no sofá. Elias chega em casa.


ELIAS: Boa tarde, mãe! Leonel não está?


GLÁUCIA: Não cheguei a vê-lo. Débora está no quarto dela, vi a luz acesa pela janela.


Débora, nesse momento, desce as escadas. A mulher usa as joias e roupas que eram de Celine, desfilando para os presentes no local.


DÉBORA: Boa tarde, querida família!


ELIAS: Essas joias e essas roupas…


DÉBORA: Sim, são de Celine! Eu e Leonel fizemos as pazes, ele cedeu e permitiu que eu usasse os pertences que eram de minha irmã. Infelizmente ele teve que voltar para São Paulo, parece que houve uma emergência na sede da empresa…


ELIAS: Eu não fiquei sabendo de nada… Na verdade, tudo isso tá muito estranho.


DÉBORA: Estranho por quê? Foi uma escolha de Leonel, e você não tem nada a ver com isso. Tome, isto é seu.


Ela devolve a carta para o rapaz, que guarda dentro do seu paletó.


DÉBORA: Leonel também pediu que eu ficasse de olho nos negócios, então eu trabalharei ao seu lado na fábrica, Elias.


ELIAS (Desconfiado): Se foi Leonel quem decidiu por isso…



Na sala da Mansão Ferreira, Valentim abre uma garrafa de vinho, e serve nas taças para ele e Anabel.


VALENTIM: Para brindar a mais um ano de vida seu.


ANABEL: Sinto-me lisonjeada! Mercedes, junte-se a nós. Lembro de seus motivos para não participar conosco, mas hoje é um dia especial. Venha até aqui, por favor, por mim.


MERCEDES: Está bem, dessa vez eu cedo!


Valentim serve outra taça para ela e os três brindam. É ouvido uma batida na porta.


MERCEDES: Vou atender!


ANABEL: Quem será? Convidou mais alguém, ou é mais uma das suas surpresas?


VALENTIM: Estou tão surpreso quanto você.


Mercedes abre a porta, e Lino entra como um foguete no local, acompanhado de Jonas e o detetive. Ele puxa Anabel para longe de Valentim.


LINO: Fique longe dele, Anabel, desses dois!


ANABEL: Que isso, Lino, me solte!


LINO: Eu descobri toda a verdade sobre você, Valentim! E tenho aqui o detetive que foi atrás de todas as informações.


ANABEL: Do que você está falando?


LINO: Ele mentiu para você! Não é do Rio de Janeiro, coisa nenhuma! Ele é daqui da região mesmo.


VALENTIM: E o que tem demais nisso? Eu posso explicar…


LINO: Cale-se, seu bandido! Ele, o seu noivo, Anabel, é filho dela!


Ele aponta para Mercedes.


LINO: Esses dois estão planejando te dar o golpe, e você está caindo na lábia deles.


ANABEL: Isso é verdade, Valentim?


VALENTIM: Claro que não, ele está tentando te manipular, Anabel! Não dê ouvidos a ele!


LINO: Eu posso provar o que estou falando. Este detetive achou sua certidão de nascimento, assinada por Mercedes. Vocês não passam de dois sujos!


VALENTIM: Pare de mentir! Isso tudo, todo esse ódio que sente por mim, está alimentado pela inveja que sente, só porque Anabel preferiu a mim do que você. E agora está me difamando para tentar conseguir o que quer!


LINO: Anabel, olhe bem para mim, você não vai confiar nele, não é?


VALENTIM: Anabel, olhe para mim, está nítido que é tudo invenção desse lunático!


LINO: Não me chame assim!


VALENTIM: Mas o que você é!


Os dois começam a discutir, tornando-se impossível entender o que está sendo falado com tanta gritaria. A bagunça cessa quando todos ouvem sons de palma. É Mercedes, que se diverte com a cena, vendo tudo do canto da sala. A governanta ri enquanto todos permanecem confusos.


MERCEDES: Filhinho, não se rebaixe a esse papelão! Eles já descobriram, não tem mais o que fazer.


Um silêncio chocante toma conta do ambiente.


ANABEL (Incrédula): Então… Era verdade…


MERCEDES: 18 anos para descobrir… Me diverti muito nesse tempo todo.


ANABEL: Por isso que ficou me jogando para cima do Valentim. E aquela conversa que ouvi entre vocês, aqueles embates, vocês já se conheciam… O que mais vocês fizeram? Há quanto tempo está planejando isso?


MERCEDES: Estou planejando isso há décadas, cheguei

muito perto! E o primeiro passo do plano, foi ter matado os seus pais há 17 anos atrás.


FIM DO CAPÍTULO


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