Rios da Razão - Capitulo 004
(No capítulo anterior...) Após sair da casa de Fabrício enfurecido, Téo sai em direção a um ponto de ônibus, e é alcançado por Fabrício.
Fabrício - Téo, espere. Não va embora assim.
Téo - Olha Fabrício, sou muito grato ao senhor, pelo emprego e tudo mais, porém não aceito ser humilhado dessa forma. Até por que não sai da minha casa pra ouvir essas ofensas.
Fabrício - Afinal de contas, de onde você conhece o Jardel?
Assustado com a pergunta, Téo responde
Téo - De lugar nenhum, apenas não me bati com ele mesmo, sabe. Agora preciso pegar o ônibus, ele já está chegando.
Fabrício - Espera, eu pego o ônibus com você.
(O ônibus para e os dois sobrem, Téo paga sua passagem porém Fabrício é interrompido)
Fabrício - Como assim aqui não aceita pix, quem é o dono dessa empresa? Os discípulos de Jesus?
Cobrador - Calma senhor, o senhor já tem a idade para ter o vale?
Fabrício - Que vale?
Cobrador - O vale, para pessoas acima dos 60 anos.
Fabrício - Acima dos 60? Está me chamando de algum idoso? Pois saiba quem eu ainda estou na casa dos 45.
Cobrador - Do segundo tempo né?
Fabrício - Como? Você me respeita em moleque.
Téo - Vamos Fabrício, eu pago a sua passagem.
Fabrício - Muito obrigado Téo, nunca vi uma falta de respeito dessas.
Téo - Fabrício, afinal das contas. Quantos anos em?
Fabrício - Não mude de assunto. Agora me conte, por que você ficou nervoso quando o Jardel apareceu lá em casa?
Téo - Tá bom, o senhor venceu. Vou te dizer de onde eu conheço o tal do Jardel. Na verdade, eu nem sequer eu o conheço, mas um espírito me contou.
Fabrício - Oi? Um espírito?
Téo - Sim, um espírito. Olha, eu tenho constantemente essas visitas paranormais sabe? Pois, esse espírito me contou umas coisas sobre ele que me deixou meio assim.
Fabrício - Então quer dizer que foi um espírito que te contou?
Téo - Por que? Não esta acreditando?
Fabrício - Não, não é isso. É por que não é sempre que vemos esses tipos de coisas né…
Téo - É né, olha estamos chegando, vou descer naquele ponto.
Abertura/ Voltamos a apresentar
•Cena 02 (Casa de Téo/tarde/sala)
Téo - Fique a vontade, seu Fabrício. Vou preparar algo prático aqui. Confesso que não sou nenhum chefe de cozinha, mas sei lidar bem com o fogão.
Fabrício - Eu vejo isso e me lembro, não sei nem fritar um ovo haha, minha família nunca me ensinou essas coisas sabe? Sempre tivemos empregados e acabei nunca tentando.
Téo - Não acho estranho não, eu mesmo aprendi porquê precisei. Não tenho empregada, mãe, irmã, mulher nenhuma por aqui, aí acabei levando dessa forma. Olha, já está ficando pronto..
Fabrício - Ué, mas já? Não faz nem cinco minutos que você chegou?
Téo - É por que as vezes eu deixo algumas coisas quase prontas, já pra quando chegar, preparar algo rápido. Está aqui! Um Strogonoff.
Fabrício - Strogonoff? Eu esperava uma moqueca, um peixe frito haha
Téo - É o que sempre dizem,acham que por eu ser pescador, eu só como peixe, siri, lula e essas coisas. Como não, as vezes nós enjoamos só de sempre vermos esses animais todos os dias.
Fabrício - Posso te contar uma coisa? Eu nunca comi Strogonoff..
Téo - Cê Jura garoto? Não brinca.
Fabrício - Não, não brinco. Bom, quem é acostumado a comer sempre lagosta, risotos, alguns tipos de prato, nunca me serviram isso. Mas está gostoso o seu Strogonoff, realmente pretendo provar mais vezes.
Téo - Que isso.. um prato improvisado desse.
Fabrício - Mas é! Bom, você possivelmente não vai conhecer meu pai, ele detesta essa região aqui, ele mora no Rio sabe. Ele sempre foi tirado a milionário, só comia pratos feitos pelos melhores restaurantes, ou com cozinheiros… eu nunca gostei muito disso, porque pra mim vale mais a simplicidade. Não digo a simplicidade da pobreza, por que acho ridículo quem diz que ser pobre é bom. Porém, a simplicidade das coisas, sem todo aquele requinte, pois aproveitamos as coisas da vida através da simplicidade.
Téo - Poxa, bonita as suas palavras. Mas, por que seu pai foi assim com o senhor?
Fabrício - Não sei. Olha, ele não é um rico milionário, porém sempre foi meio tirado. Qual a sua idade?
Téo - Eu? 31 anos.
Fabrício - Não sei se você vai lembrar, mas meu pai tinha uma concessionária, ele e mais dois sócios, que fechou em 1990 por causa dos bloqueios do banco. Pois, antes disso ele tinha mania de esbanjar dinheiro, claro que uma boa quantia ele guardou, em espécie, por que ele não confiava em banco. Acho que até hoje ele guarda em um baú que tinha na casa dele. Bem, voltando ao assunto, desde de muito antes ele quis criar os filhos na base da riqueza, e era muito chato isso.
Téo - Mas e a concessionária, o que teve?
Fabrício - Quebrou. Tudo o que tinha no banco, foi bloqueado. Até hoje recebo o que foi retido naquela época (risos). Mas o dinheiro que foi guardado pelo meu pai, além de alguns empréstimos ele abriu essa rede de supermercados. Desde 1994.
Téo - Quase a minha idade.
Fabrício - Pra você ver, a pá de tempo que esse negócio tá na minha vida. Bom mas mudando da água para o vinho , nesse sábado, será aniversário das minhas duas filha. Você pode comparecer.
Téo - Que isso, seu Téo. Eu mal conheço suas filhas, como posso já aparecer assim.
Fabrício - Que isso, pode aparecer por lá. Você é meu convidado.
Estamos apresentando/ Voltamos a apresentar
•Cena 03: (Casa de Fabrício/ Tarde/ Quarto)
Luana - O que você achou do moço que veio hoje?
Letícia - Do que, daquele Téo? Muito pobre. Sei lá, mal vestido, tá na cara que não tem dinheiro.
Luana - E você só pensa em dinheiro? Você já não tem?
Letícia - Ué, o meu dinheiro, é o meu dinheiro. O dinheiro dele, será meu dinheiro. Fora que, não tem cabimento namorar uma pessoa pobre, se não vai ter condições de me levar a um restaurante decente. Quero passar longe de botecos. Você falando assim, até parece que tá gostando dele.
Luana - Ah, ele é bonito, forte..
Letícia - Isso é o que mais tem querida, na praia principalmente. Você não vê por que só vive aqui dentro de casa.
Luana - Será que meu pai vai chamar ele, para o nosso aniversário?
Letícia - Cê tá doida? Só se ele estivesse pra chamar um estranho para um aniversário,e da própria filha principalmente.
•Cena 04 (Casa de Fabrício/ tarde/sala)
Jussara - Querido, você não sabe o que aconteceu.
Fabrício - Diga vida, o que houve?
Jussara - O seu pai, ligou nessa tarde.
Fabrício - Pra mim?
Jussara - Não, para esse telefone.
Fabrício - Que? Não me diga que ele ainda usa aquele telefone fixo? Pelo amor de Deus.
Jussara - Sim, mas não importa. Ele falou que vem para aqui hoje, e que já estava indo para o aeroporto. Ele quer vim para o aniversário de Luana e Letícia
[Fabrício olha para Jussara com olha preocupado com olhar tenso ao som de uma trilha tensa que acompanha o encerramento]
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