PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 15
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE
CENA 01: BORDEL/EXT./NOITE
O instrumental “Candida Tensa - Iuri Cunha” entra em cena.
NATÁLIA (arqueando a sombrancelha): Você me seguiu?
ANDRÉ: Mais ou menos. Eu te vi entrando aqui no bordel e decidi ir atrás. Ainda bem que você não veio até aqui pra fazer outras coisas, cheguei a pensar que…
NATÁLIA (interrompendo): Que eu traía o meu marido aqui? Não, eu amo o Álvaro e não tenho coragem de fazer uma coisa dessa, mesmo que eu desconfie que ele e a sua mulherzinha querida tá fazendo a gente de trouxa.
ANDRÉ: Natália, eu não vim até aqui pra falar de Álvaro e Laís, não. Eu vim até aqui pra falar de você. Eu ouvi tudo o que você e a Ofélia conversaram dentro daquele quarto. Eu não imaginava que você fosse uma pessoa tão monstruosa, interesseira…
NATÁLIA: Alto lá! Eu errei sim no passado, mas eu me arrependo. Eu me arrependo todos os dias de ter feito o que eu fiz, mas agora não tem mais volta. Que que é, hein? Vai me julgar agora por isso? Eu sou um ser humano igual você!
ANDRÉ: Você sabe muito bem que se o Álvaro descobrir desse teu segredinho, o casamento de vocês vai pro ralo de uma vez por todas, né?
NATÁLIA: E por que você tá se importando tanto com meu casamento? Eu acho que você deveria ter consciência de que se o Álvaro se separar de mim, o caminho vai tá todo livre pra Laís.
ANDRÉ: É… você tem razão.
NATÁLIA: Então é melhor você abaixar a sua bolinha e ficar no teu canto, cuidando do teu casamento, não do
meu.
ANDRÉ: O Álvaro falou alguma coisa da sua briga com a Laís?
NATÁLIA: Álvaro não tá nem aí pra mim. Ele disse que a culpa foi toda minha de ter levado aquele tapa.
ANDRÉ: Será que o Álvaro sente alguma coisa pela Laís?
NATÁLIA: A gente não pode deixar que ele sinta. Vamos fazer um trato, André. Você fica com esse meu segredo guardado, e eu te ajudo a fazer com que a Laís e o Álvaro não se aproximem mais do que isso. E aí? é pegar ou largar.
ANDRÉ: Eu não vou dispensar essa sua proposta.
NATÁLIA: Então a partir de agora a gente tem um trato. E nada de me passar pra trás, hein?
ANDRÉ: Jamais. Teu segredo vai ficar guardado a sete chaves.
NATÁLIA: Vou indo. Até mais.
Natália se afasta de André, deixando o marido de Doralice pensativo.
CENA 02: MANSÃO/EXT./NOITE
A campainha toca. Doralice desce apressada pela escada, acreditando que encontrará André à porta. Ao abrir, porém, é surpreendida.
DORALICE: Vicente? O que você tá fazendo aqui?
O instrumental “Atentado - Eduardo Queiroz” entra em cena.
VICENTE: Posso entrar?
DORALICE (tensa): Claro.
Vicente entra com passos firmes. Doralice, ainda surpresa, fecha a porta e se vira para ele.
DORALICE: E então? Qual é o assunto?
VICENTE: Laís, eu não gostei nada, nada do que ocê fez hoje com a Natália. Eu acho que tem coisa que não precisa ser resolvida na base da violência.
DORALICE: Olha, eu só bati no rosto da Natália porque ela me provocou. Eu fiquei cega.
VICENTE: Gente assim não pode ter a responsabilidade de ser dona de uma fazenda, não acha?
DORALICE: Onde você quer chegar com isso, Vicente? Eu acho que esse assunto pertence só a mim e a Natália, cê não acha?
VICENTE: Cê é bem abusadinha, né, menina?
DORALICE: Não sou abusada não, Vicente. Eu só não deixo os outros me humilharem.
VICENTE: Então é melhor ocê se acalmar que a minha família não é saco de pancada, não. Se a Natália não devolve um tapa, eu devolvo. Passar bem.
Vicente dá as costas para Doralice e sai pela porta. A mocinha começa a tremer. Minutos depois, André chega à mansão e encontra a esposa sentada no sofá, chorando desesperadamente.
ANDRÉ: Amor? O que aconteceu? Porque você tá chorando?
DORALICE (chorando): O Vicente… o Vicente teve aqui e me ameaçou…
ANDRÉ: O Vicente? Como assim, Doralice? Ameaçou como?
DORALICE: Ele disse que se a Natália não sabe devolver um tapa, ele devolve.
ANDRÉ: Mas ele veio até aqui só pra isso?
DORALICE: Veio tirar satisfação comigo, perguntando o motivo do tapa que eu dei na Natália.
ANDRÉ: Meu Deus… esse homem é um monstro. Ô, meu amor… se eu tivesse aqui, nada disso teria acontecido.
DORALICE: Tá tudo bem… ele vai ter o que merece. E a Natália também. Não vejo a hora de descobrir esse tal segredo dela.
Focamos em André, que, mesmo sabendo o segredo de Natália, opta por não revelar nada à esposa, permanecendo em silêncio.
CENA 03: RUAS DE CAMPO GRANDE/NOITE
Silvinha aparece em seu ponto, carregando uma bolsinha no ombro. Segundos depois, um carro estaciona e ela entra, dando beijos em seu cliente. Do outro lado da rua, Tardelli, o detetive, aparece tirando várias fotos da filha de Marluce, sem ser notado.
TARDELLI (sorrindo): Morgana vai adorar essas fotinhas.
CENA 04: PRAÇA DE SANTA AURORA/NOITE
Tardelli e Morgana encontram-se sentados no banco de uma praça em Santa Aurora. Ele mostra as fotos para ela, que as admira.
MORGANA (olhando as fotos): Dona Marluce vai cair pra trás quando ver essas fotos. (ela ri) Não vejo a hora daquela falsinha ser desmascarada na frente da cidade inteira.
TARDELLI: Tá... mas e meu dinheiro, hein? Eu já fiz o serviço e agora quero ser recompensado.
MORGANA: Vamo lá pro motel que ocê vai ter uma bela de uma recompensa, amorzinho.
CENA 05: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./NOITE
Natália está em seu quarto, andando de um lado para o outro, completamente surtada.
NATÁLIA (falando sozinha, com lágrima nos olhos): Não… esse segredo não pode ser revelado… Eu não confio no André, eu não confio! Não… e agora? E agora? É o meu fim. A não ser que… É, eu vou dar um fim no André, é isso. Ele não pode ficar com esse segredo, não pode.
Álvaro entra no quarto e percebe que a esposa não está bem.
ÁLVARO: Natália? Você tá bem? O que tá acontecendo? Cê tá chorando?
NATÁLIA (gritando): Me deixa em paz!
Ela grita e sai do quarto, deixando Álvaro sem entender nada.
Amanhece ao som de “Um Sonhador - Bruno e Marrone”.
CENA 06: CELEIRO/INT./DIA
Álvaro está no celeiro, organizando algumas coisas, distraído. Doralice aparece logo atrás, sem que ele perceba.
DORALICE: Álvaro?
ÁLVARO (se vira para ela): Laís… foi bom ocê aparecer por aqui, eu acho que a gente precisa ter uma conversa.
DORALICE: Vai me julgar pelo tapa que eu dei na sua mulher também? Não, porque aparentemente tá todo mundo contra mim. Seu pai teve lá em casa ontem e até me ameaçou.
ÁLVARO (surpreso): Meu pai? Ameaçou por que? Me fala que eu vou lá tirar satisfação com ele agora.
DORALICE: Não… não precisa disso. Ele, como sogro da Natália, foi até lá pra defender sua esposa e acabou me ameaçando. Eu fiquei com medo, confesso. Não esperava isso dele.
ÁLVARO: Olha, em relação a mim, ocê pode ficar tranquila, que eu sei muito bem que foi a Natália que te provocou. Na noite anterior, a gente até discutiu porque ela tava achando que eu tinha um caso com ocê.
DORALICE: Maluca… e eu lá iria trair o meu marido?
ÁLVARO: Eu não julgo a tua atitude, Laís, mas acho que ficar brigando por aí não vai adiantar em nada.
DORALICE: É, eu acabei perdendo a cabeça. Confesso.
ÁLVARO: Ocê é uma mulher decidida, né? Eu te admiro tanto. (Ele dá um passo, chagando mais perto de Doralice)
DORALICE (desconfortável): Que conversa é essa?
ÁLVARO (olhando diretamente nos olhos dela): Laís… eu preciso te falar uma coisa.
Nesse momento, Natália, que estava procurando o marido, entra no celeiro, mas ao ver que ele está com Doralice, ela recua, se escondendo atrás de uma pilha de feno, tentando escutar sem ser notada.
ÁLVARO (com os olhos brilhando): Desde que ocê chegou aqui… parece que algo em mim mudou, sabe? Parece que ocê trouxe luz pra minha vida depois de tanta treva.
DORALICE (desconversando/sem graça): Para com isso, bobagem.
ÁLVARO: Eu não sei se é porque eu te achei muito parecida com a Doralice, mas, parece que depois que ocê chegou, o mundo parou pra mim, como se eu tivesse revivendo a época em que a Doralice era viva.
DORALICE (lacrimejando): Álvaro… para com essa conversa, não acho justo você fazer isso com a Natália.
Doralice tenta se afastar, mas algo dentro dela responde ao sentimento dele.
ÁLVARO: Eu tô completamente apaixonado por você, Laís.
Álvaro se aproxima mais, tocando o rosto da mocinha, que não contém as lágrimas. Os dois ficam centímetros de distância. Enquanto isso, Natália continua escondida, escutando tudo. Ela está tensa, com os olhos arregalados, vendo a cena sem poder fazer nada. A dor e o ódio são visíveis em seu rosto, mas ela se mantém imóvel. Álvaro se aproxima ainda mais de Doralice e, sem mais palavras, eles se beijam. O beijo é intenso, como se o mundo parasse para eles ali. Natália, não aguentando ver, sai dali, furiosa e chorando. “What's Up - 4 non Blondes” toca.
DORALICE (chorando): Álvaro, a gente não deveria ter feito isso…
ÁLVARO: Quando a paixão fala mais alto, não tem pra onde correr.
DORALICE: Eu não sei se deveria te contar isso… mas…
ÁLVARO: Mas o que?
DORALICE (olhando para ele, com o coração apertado): Álvaro, eu não sou Laís coisa nenhuma, isso é só um nome de disfarce. Eu sou a Doralice, a mulher que você amou e ama até hoje.
Álvaro paralisa, a surpresa e o choque estampados no rosto, intercalando com Doralice, que o encara. A tensão paira no ar.
CENA 07: MANSÃO/INT./DIA
André está saindo do banho, apenas com a toalha na parte inferior de seu corpo. A campainha toca incessantemente, e ele vai apressado atender. Ele abre a porta e dá de cara com Natália, que chorou tanto de raiva que seus olhos estão inchados. O instrumental “Irene Incendiária - Reno Duarte, Pedro Guedes” entra em cena.
ANDRÉ: Natália? Que cara é essa? Isso é jeito de chegar na minha casa?
NATÁLIA: A sua mulherzinha tá lá no celeiro se acabando aos beijos com o Álvaro.
ANDRÉ (falando sem pensar): Como é que é? A Doralice e o Álvaro?
NATÁLIA: Doralice? Como assim, Doralice?
Focamos em André, que paralisa ao perceber que acabou de falar o que não devia, intercalando com Natália.
CONGELAMENTO EM NATÁLIA.
A novela encerra seu 15° capítulo ao som de“Irene Incendiária - Reno Duarte, Pedro Guedes”.
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