Criado
e Escrito por LUCAS GARCIA
CAPÍTULO 24
CENA 01: Mansão de Hans.
Sala de Refeição. Interior. Tarde.
Todos
terminam a refeição, ISOLDA, repentinamente
se levanta, GARDÊNIA, aproxima-se
dela.
GARDÊNIA:
(comedida) - Isolda, precisa de algo
mais.
ISOLDA,
olha envergonhada para a governanta, desvia o olhar para os outros que estavam
à mesa.
ISOLDA:
- Agradeço a recepção, mas acredito que é minha hora de ir, Abner, poderia me
acompanhar?
ABNER,
prontamente põe-se em pé.
ABNER:
- Sim, acredito que é hora de voltar mesmo.
ISOLDA:
- Senhor Júlio, foi um prazê-lo!
JÚLIO:
- Alegre, Isolda, o prazer foi todo meu, quero que volte sempre!
GARDÊNIA:
(comedida) – Volte sempre Isolda!
ISOLDA
e ABNER se retiram do local, GARDÊNIA, os acompanha até a porta. AUGUSTO, limpa os lábios e dispara.
AUGUSTO:
(incisivo) – Hans, você não acha um
tanto estranho essa mulher aqui? Ela não é casada? Inclusive com aquele cara
muito estranho. Não consigo imaginar minha mulher sentada à mesa com outros
homens.
JÚLIO:
- Não se preocupe, Isolda, soube muito bem se comportar – abre um sorriso – inteligente, cultivada, uma graça de mulher.
AUGUSTO,
profere uma gargalhada, logo se recompõe.
AUGUSTO:
- Parece que temos algum apaixonado por aqui!
JÚLIO,
esboça um sorriso envergonhado no canto da boca.
JÚLIO:
- De qual forma? Com tantas preocupações. Acredito que não tenho tempo para o
amor – desvia o olhar para o prato –
acredito que esse é o meu destino.
AUGUSTO:
- Hans, por favor, sem dramas! Um partidão como você, jamais ficará só!
JÚLIO:
- O futuro nos dirá – encara o amigo
– e sobre a defesa de Abner, o que me diz?
AUGUSTO:
- Já tenho uma linha de pensamento, uma tese que pode nos ajudar, a fim de
provocar o Estado e fazer a lei, o benefício da dúvida e o direito do
esquecimento estão em favor de Abner, conseguiremos afastar todas as suspeitas
que recaem sobre ele, assim, ficará para sempre, longe dessa mácula que tanto o
persegue!
JÚLIO:
- Que maravilha meu amigo, vamos acertar o preço do seu serviço, quero que
Abner sinta que me preocupo profundamente com ele!
AUGUSTO,
esboça um semblante de desconfiança.
AUGUSTO:
- Hans, saiba que estou fazendo tudo isso por você – tosse forçosamente – não conheço intimamente a índole de Abner,
então, não coloco minhas mãos no fogo, apenas acato aquilo que o favorece, em
consideração a você.
JÚLIO:
(entristecido) – Augusto, não diga
isso, se você que está se preparando para defende-lo, não acredita na inocência,
como poderemos convencer a justiça? – limpa
os lábios – espero que até o fim, mude de ideia e consiga compreender a
magnitude de todo sofrimento que ele suportou.
AUGUSTO,
escuta aquelas palavras com desgosto, mas não retruca, JÚLIO, percebe que o amigo não gostou, e acaba ficando em silêncio.
Passados alguns segundos, GARDÊNIA,
retorna a sala de refeição, sorridente.
GARDÊNIA:
(comedida) – Hans, adorei a Isolda,
parece ser uma mulher contida, educada, delicada, adorei a forma que ela se
portou, e estando entre três homens.
JÚLIO:
- Parece que Isolda se tornou uma unanimidade nesta casa, até agora fico
impressionado com a semelhando dela com Olívia, como será que a ciência explica
isso?
AUGUSTO:
- Não sei meu caro, mas a certeza que tenho é que esta é a minha hora!
AUGUSTO,
levanta-se, pega o paletó que estava posto sobre a cadeira, coloca seu chapéu.
AUGUSTO:
- Hans, conversaremos, até breve!
JÚLIO,
sinaliza com a mão e o amigo se retira, rapidamente, GARDÊNIA, em seu turno, começa a recolher os pratos postos sobre à
mesa.
CENA 02: Biblioteca.
Interior. Manhã.
ISOLDA
e ABNER chegam no espaço que só
haviam mesas, os dois estavam desconfortados.
ISOLDA:
- Abner, confesso que fiquei um tanto chateada com o que ocorreu na casa de
Júlio, tudo que ele me disse a respeito da esposa, e você em nenhum momento me
alertou, simplesmente deixou as coisas acontecerem, se eu soubesse dessa
tragédia, jamais teria colocado meus pés naquela floricultura!
ABNER:
- Mas, Isolda, qual é o problema nisso? Eu queria levar você para conhecer meu
local de trabalho, você amou, você correu, sentiu o aroma das flores – respira fundo – minha intenção era
apenas leva-la em um lugar agradável, pois vi que estava aflita.
ISOLDA,
abaixa a cabeça, respira fundo.
ISOLDA:
- Desculpe, você está certo, eu me dirigi até a sua pessoa, usei do meu livre
arbítrio para chegar aqui, andei com as minhas próprias pernas, enfim, só
fiquei assustada com tudo que ele me disse, mas o lado bom de tudo isso é que
agora eu entendi o que está acontecendo com ele, fiquei sentida!
ABNER:
- Sim, Hans, está passando por um momento delicado, principalmente agora, que
há um sujeito estranho chamado de O CORVO, que anda perseguindo-o e mandando
cartas misteriosas, eu tenho comigo que essa pessoa está fazendo isso para
encobrir a morte de Olívia.
ISOLDA:
- Isso se esse tal de O CORVO, não for o próprio assassino!
ABNER,
arregala os olhos, abre um sorriso de surpresa.
ABNER:
(sorrindo) – Nossa, parece que a
nossa senhora detetive, ou melhor, Agatha Christie! Está averiguando os passos
do nosso suspeito?
ISOLDA,
em continuidade, esboça um sorriso contagiante.
ISOLDA:
- Abner, só você mesmo para me fazer rir, seu bobo! Sinto uma alegria tão
grande quando estou com você!
SONOPLASTIA: EU JURO (Leandro & Leonardo)
Uma
lágrima, singela, porém, extremamente perceptível, escorre o rosto de ABNER.
ABNER:
(emocionado) – Nossa, faz muito
tempo que alguém não dizia algo assim... obrigado, me sinto honrado!
ABNER
e ISOLDA, aproximam-se, se abraçam,
todavia, ambos sentem um calor emergir do interior de seus corpos, ambos são
tomados por esse instinto, tal qual, incontrolável, seus rostos se encontros,
seus olhos se cruzam, ambos deixam seus lábios se encostarem, se beijam, com um
selinho, o homem segura com mais força o corpo dela, logo se transforma em um
beijo prolongado, vigoroso, ambos estavam tomados de paixão.
ISOLDA,
toma a iniciativa de se afastar, olha carinhosamente para ABNER, ainda em êxtase, com o corpo quente, observa o redor,
aproveita que não tinha ninguém, afasta-se dele, pouco a pouco, até o perder de
vista, retirando-se do local.
CENA 03: Biblioteca.
Exterior. Manhã.
ISOLDA,
caminha, lentamente para fora da biblioteca, estava com o coração disparado, o
que acabara de fazer, parecia como um crime, parecia que os livros daquela
biblioteca eram as testemunhas, que iriam condená-la. A mulher, sai
vagarosamente pela calçada, atravessa a rua e achega-se na praça da igreja
matriz, logo, aproxima-se JOCASTA e BERENICE, com véus, porém, as
reconhece.
SONOPLASTIA: APANHEI-TE
MINI MOOG JAZZ (Mu Carvalho) - Instrumental
JOCASTA:
Ora, está com olhar perdido Isolda, percebo que vens aquele prédio, é a biblioteca,
certo? Então, você some de casa e vai parar na biblioteca? Herculano precisa
saber disso!
BERENICE:
- Pare mamãe, deixe Isolda em paz, ela precisa estressar a mente mesmo!
ISOLDA,
esboça um sorriso alegre para a irmã, desvia um olhar de desdém para JOCASTA.
ISOLDA:
- Para o seu governo, Jocasta, a biblioteca é um ótimo lugar para se reconectar
com a vida, os livros, trazem a cor para os dias cinzentos!
JOCASTA:
- Oras, agora me vens com esses provérbios mundanos!
BRENICE:
(sorridente) – Adorei minha irmã,
qualquer dia, irei conhecer a biblioteca!
JOCASTA:
- Jamais! Nunca colocará os pés neste lugar, afasta-se desse lugar Berenice,
afasta-se!
ISOLDA:
- Bom, acredito que a missa irá começar, e você Jocasta, precisa rezar muito,
muito mesmo!
JOCASTA:
(irritada) – Isolda, deixe de ser
seta do inimigo, feche sua boca, que você é que mais precisa se purificar
naquela casa!
ISOLDA,
logo se afasta, deixando JOCASTA,
irritada, porém, as duas beatas, caminham em direção à igreja.
CENA 04: Mansão de Hans.
Sala de Estar. Interior. Tarde.
SONOPLASTIA: TRISTE VELHO (Mu
Carvalho) – instrumental
JÚLIO,
estava em pé, olhando para o quadro de OLÍVIA,
parecia que os dias se passavam, mas a dor não amenizava, era algo constante.
JÚLIO:
(emocionado) – Os dias não são mais
os mesmos, tudo se passou, tudo se transformou, mas você continua a mesma em
meu coração!
GARDÊNIA:
- Mas, é hora se seguir Hans, seu coração precisar descansar no amor!
JÚLIO,
olha para trás, GARDÊNIA,
carinhosamente se aproxima e coloca a mão em seu ombro.
GARDÊNIA:
- Hans, você é como um filho, me corta o coração vê-lo sempre, triste,
cabisbaixo, quero mais que nunca, se livre de todo esse sentimento e seja
feliz, de uma vez por todas!
JÚLIO,
sem dizer uma palavra abraça a governanta, e chora silenciosamente.
CENA 05: Igreja Matriz.
Interior. Tarde.
LUÍS MIGUEL,
caminhava pelo corredor da igreja, BERENICE
levanta-se do seu lugar, sem perceber, acaba esbarrando nele, logo, se afastam,
o coroinha sente o aroma do perfume de rosas que ela continha.
LUÍS MIGUEL:
- Meu Deus, me perdoe – suspira –
que cheiro esplêndido! Me perdoe, qual o seu nome?
JOCASTA,
aproxima-se, furiosa, pega BERENICE
pelo braço.
JOCASTA:
- Berenice, o que está fazendo aqui? Vamos nos sentar, a missa irá começar, é
bom que estejamos - entonando a voz –
EM NOSSO DEVIDO LUGAR!
LUÍS MIGUEL,
compreende perfeitamente o que a mulher queria dizer, afasta-se e some no
altar, entrega alguns objetos para o PADRE
ELVIS, dar início a celebração.
CENA 06: Casarão de
Herculano. Quarto. Interior. Tarde.
ISOLDA,
adentra o quarto, fecha a porta e fica recostada, lembrando do beijo que dera
em ABNER, estava sentindo o gosto
dos lábios dele, era um misto de sentimento, sentia-se desejada ao mesmo tem
culpada.
HERCULANO:
- Isolda, abre a porta!
ISOLDA,
se assusta ao ouvir a voz do marido, logo, se afasta, HERCULANO, entra de forma grosseira.
HERCULANO:
- Onde fostes? Parece que estava dias longe de casa, saiu cedinho e não destes satisfações,
preciso ficar preocupado?
ISOLDA,
encara o marido com um semblante de desdém, nojo.
ISOLDA:
- Na verdade, eu quem preciso ficar preocupada! – senta-se na cama, pega um hidratante e passa no braço – até o
momento não me disse quando iremos ao banco, a fim de comprovar a minha família
sobre essa casa!
HERCULANO,
estremece, encara a mulher.
HERCULANO:
- Tão breve! E aproveito para comunicar que comprei um carro!
ISOLDA,
encara HERCULANO, desvia-se dele,
caminha até o banheiro e fecha a porta.
HERCULANO:
(irritado) – Isolda, não falará
nada? Agora temos um veículo somente nosso!
Do
outro lado da porta do banheiro, ISOLDA,
estava recostada, ouvindo o marido falar, estava desinteressada, ela abre a
torneira e lava o rosto, afim de livrar-se daquela fervura que sentira no
corpo, após o beijo em ABNER.
HERCULANO:
- Vejo que não está nem um pouco interessada em saber, irei sair, vou trabalhar
– bate na porta – isso mesmo que
ouviste, tenho um trabalho agora!
ISOLDA,
do outro lado, escuta aquilo, olha para o espelho, surpresa, mas não responde o
marido.
HERCULANO,
percebendo que não tinha diálogo com a mulher, logo se retira do quarto.
CENA 07: Escritório de
Donato. Sala. Interior. Tarde.
HERCULANO,
abre a porta, aproxima-se da mesa de DONATO,
senta-se, com um olhar de satisfação, sua percepção era que o acordo feito
atendia suas expectativas.
HERCULANO:
(alegre) – Agora, sentarei nesta
cadeira e deixarei as horas passarem, Donato, me fez um bom negócio, trabalhar
é uma arte!
HERCULANO,
tira o paletó, coloca os pés em cima da mesa de DONATO.
SONOPLASTIA: BREJEIRO FANFARRA (Mu
Carvalho) – Instrumental
A
Secretaria entra, entrega alguns papéis para HERCULANO.
SECRETARIA:
- O Donato deixou alguns relatórios para analisar e até o fim do dia, entregar
um resumo a ele! – encara o homem –
certo?
HERCULANO,
desfaz o semblante de alegria.
HERCULANO:
- Certo, agora, pode sair!
A
secretaria demonstra indiferença, revira os olhos e debochadamente sai da sala,
deixando HERCULANO, irritado.
CENA 08: Clube dos Canarinhos.
Salão de Diversão. Interior. Noite.
DONATO,
abre a porta do SALÃO DE DIVERSÃO,
ao fundo tocava TANGO MOO (Mu
Carvalho), vários homens sentados em mesas espalhadas pelo local, sendo
alisados, apalpados por mulheres que vestiam trajes provocativos.
YOLANDA,
se aproxima de DONATO, o beija e
aperta os testículos do homem.
YOLANDA:
(provocativa) – Olha, veio me ver?
Não voltarei para sua casa, se essa é a sua intenção!
DONATO,
esboça um sorriso malicioso, se afastam.
DONATO:
- Boba, não é de seus serviços que preciso mais, na verdade, quero a Giulia!
YOLANDA:
(nervosa) – Está pirando? Não sou
exclusiva e suficiente para você, canalha!
DONATO:
- Fique tranquila meu amor, meu coração é só seu, sua ordinária!
DONATO,
esbofeteia, as nádegas de YOLANDA,
que logo se afasta.
GIULIA,
estava em uma mesa, fazendo massagem em um homem, que jogava carteado com
outros companheiros, logo YOLANDA,
aproxima-se e cochicha em seu ouvido.
YOLANDA:
- Giulia, venha, o chefe quer falar com você!
GIULIA,
maliciosamente beija a bochecha do homem e segue YOLANDA, ao se aproximarem de DONATO,
ele beija a bochecha dela, pega-a pelo braço, e saem do local, os três.
Em um corredor do clube, DONATO, certifica-se que não havia
ninguém ao redor.
DONATO:
- Giulia, seria breve, pois sei que seus serviços são bem demandados aqui.
YOLANDA
e GIULIA entreolham-se, riem uma
para outra.
DONATO:
- Mas, tenho uma missão para você, divertida, alias. Tenho certeza que irá
tirar de letra.
DONATO,
tira do paletó, um envelope.
GIULIA:
- E o que o senhor gostaria que eu fizesse?
SONOPLASTIA: SUSPENSE SLAPFLAUTA (Mu
Carvalho) – Instrumental
DONATO:
- É muito simples, você vai se infiltrar em uma casa, e vai pegar algo para
mim! A primeira parte eu já fiz, a próxima parte é com você!
DONATO,
tira um revolver do envelope e mostra para GIULIA
e YOLANDA, que assustam.
Encerramento


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