Criado
e Escrito por LUCAS GARCIA
CAPÍTULO 25
CENA 01: Clube dos
Canarinhos. Salão de Diversão. Corredor. Interior. Tarde.
Em um corredor do clube, DONATO, certifica-se que não havia
ninguém ao redor.
DONATO:
- Giulia, seria breve, pois sei que seus serviços são bem demandados aqui.
YOLANDA
e GIULIA entreolham-se, riem uma
para outra.
DONATO:
- Mas, tenho uma missão para você, divertida, alias. Tenho certeza que irá
tirar de letra.
DONATO,
tira do paletó, um envelope.
GIULIA:
- E o que o senhor gostaria que eu fizesse?
SONOPLASTIA: SUSPENSE SLAPFLAUTA (Mu
Carvalho) – Instrumental
DONATO:
- É muito simples, você vai se infiltrar em uma casa, e vai pegar algo para
mim! A primeira parte eu já fiz, a próxima parte é com você!
DONATO,
tira um revolver do envelope e mostra para GIULIA
e YOLANDA, que assustam.
DONATO:
Calma, não se assuste o plano é muito simples, não lhe custará nada!
GIULIA:
(trêmula) – Mas, por qual motivo
será necessária essa arma? E o tem nesta casa?
DONATO:
- Calma, vou lhe explicar pouco a pouco, mas quero que antes de mais nada,
confie em mim e faça o que eu mandar, estamos entendidos?
GIULIA:
- Não sei Donato, estou com receios?
DONATO:
(sarcástico) – Conte outra Giulia,
você sempre foi atrevida, maldosa, agora quer vir com essa história de
desentendida? – tosse – enfim, você
saberá o que fazer, ainda por esses dias lhe darei todas as instruções.
Os
três entreolham-se, tensos, inquietos.
CENA 02: Casarão de
Herculano. Quarto. Interior. Tarde.
ISOLDA,
estava sentada na cama, lembrando do beijo de ABNER, aquele sentimento era inexplicável, assim, como o sentimento
de culpa.
ISOLDA:
(temerosa) – O que será de mim? Herculano
não pode descobrir!
ISOLDA,
levanta-se e passa caminhar de um lado para o outro, inquieta.
ISOLDA:
- Não posso me encontrar com esse homem, não posso!
ISOLDA,
retira-se do quarto, apressada.
CENA 03: Casarão de
Herculano. Cozinha. Interior. Tarde.
ISOLDA,
chega na cozinha, observa que MARCO
PAULO, estava tomando algo, o homem longe esconde a pequena garrafa debaixo
da mesa e esboça um olhar confuso para a filha.
ISOLDA:
- Papai, você está bem?
MARCO PAULO, lambe os lábios, olha novamente
para ela, confuso.
MARCO PAULO: - Sim... sim... estou bem, só
preciso relaxar um pouco... as coisas não estão fáceis, estou pensando muito...
muito... ultimamente.
ISOLDA,
senta-se à mesa, acaricia a mão do homem.
ISOLDA:
- Papai, penso que andas muito avulso nesta casa, fica andando pelos cantos,
você nunca foi assim, sempre foi um homem de vigor, de fibra!
MARCO PAULO:
- Eu sei Isolda, mas os tempos são outros... tão breve, estarei melhor.
MARCO PAULO,
se levanta, um pouco zonzo, vai caminhando lentamente, apoiando-se nas paredes.
Ao perceber que o homem já tinha saído, ISOLDA,
pega a garrafa debaixo da mesa e aproxima de sua narina, surpreende-se com o
aroma forte, parecia álcool, puro.
ISOLDA:
(assustada) – Será que papai voltou
a tomar álcool?
ISOLDA,
pega a garrafa e despeja o resto do líquido que ainda havia, respira fundo,
fica ali, pensativa, olhando para a pia.
CENA 04: Biblioteca.
Interior. Tarde.
ABNER,
estava arrumando algumas prateleiras, seu sorriso estava estonteante, só
conseguia lembrar do beijo de ISOLDA.
- FLASHBACK ON –
ISOLDA, em continuidade, esboça um sorriso contagiante.
ISOLDA: - Abner, só você mesmo para me fazer rir, seu bobo! Sinto uma
alegria tão grande quando estou com você!
SONOPLASTIA: EU JURO (Leandro & Leonardo)
Uma lágrima,
singela, porém, extremamente perceptível, escorre o rosto de ABNER.
ABNER: (emocionado) – Nossa,
faz muito tempo que alguém não dizia algo assim... obrigado, me sinto honrado!
ABNER e ISOLDA, aproximam-se,
se abraçam, todavia, ambos sentem um calor emergir do interior de seus corpos,
ambos são tomados por esse instinto, tal qual, incontrolável, seus rostos se
encontros, seus olhos se cruzam, ambos deixam seus lábios se encostarem, se
beijam, com um selinho, o homem segura com mais força o corpo dela, logo se
transforma em um beijo prolongado, vigoroso, ambos estavam tomados de paixão.
ISOLDA, toma a iniciativa de se afastar, olha carinhosamente para ABNER, ainda em êxtase, com o corpo
quente, observa o redor, aproveita que não tinha ninguém, afasta-se dele, pouco
a pouco, até o perder de vista, retirando-se do local.
- FLASHBACK OFF –
ABNER:
(pensativo) – Que loucura Isolda,
quem poderia imaginar?
De
repente, sente uma mão em seu ombro, vira-se para trás.
SALAZAR:
- Abner, já ficou tempo demais aqui na biblioteca, não acha? Hans, solicita sua
presença na floricultura!
ABNER
fica constrangido, logo termina de ajeitar os livros restantes.
ABNER:
- Salazar, diga a Hans que estou a caminho.
SALAZAR,
prontamente se retira e deixa o homem finalizar a organização.
CENA 05: Praça. Exterior.
Tarde.
SALAZAR,
coloca o quepe e caminha em direção, a praça da Igreja Matriz, em outro ângulo,
é possível ver NÚBIA, saindo da
igreja e observando o marido caminhar pela praça, logo o chama:
NÚBIA:
(aos berros) - Salazar! Salazar!
SALAZAR,
percebe que há alguém lhe chamando, mas se faz de desentendido e logo se
dispersa, apressando os passos.
NÚBIA,
não contente, também apressa os passos e desce rapidamente a escadaria da
igreja, ABNER, que acabara de sair
da biblioteca, também anda em direção à praça e se encontra com ela, nota sua
aflição.
ABNER:
- O que foi Núbia?
NÚBIA:
- Eu tenho certeza que vi Salazar caminhando aqui, mas parece que estava
correndo de mim!
ABNER,
esboça um semblante de dúvida, encara a mulher, abaixa a cabeça, não diz nada e
logo segue seu caminho.
NÚBIA:
- Salazar que se prepare, quero satisfações, não é a primeira vez que ele faz
isso!
NÚBIA,
esboça um semblante de descontentamento e atravessa a rua, cabisbaixa.
CENA
06: Clube dos Canarinhos. Salão de Diversões. Quarto de Yolanda. Interior.
YOLANDA,
terminava de ajustar a meia-calça, via-se deslumbrando no espelho, num ímpeto, GIULIA, entra, assustada.
YOLANDA:
- Assombração, o que foi? Não tem clientes por agora?
GIULIA:
- Yolanda, estou com medo!
GIULIA,
fecha a porta e apoia firmemente suas costas.
GIULIA:
- Estou com receio dessa proposta do Donato, o que será que ele quer que eu
faça? E com uma arma, ele pirou?
YOLANDA:
- Giulia, deixe de ser boba, somos as mais velhas aqui, tenho certeza que
Donato não fará nada aquilo que já estamos acostumadas a fazer... aliás, você
consegue os golpes manjados dele, não conhece? Então, apenas siga as instruções
dele e dará tudo certo!
GIULIA:
- Não sei não, não sei!
YOLANDA:
- Bom, enquanto você fica na dúvida, eu vou para a vida, fui! – encara a mulher – é melhor você ir, não
vai querer assistir o que eu e o galego que me aguarda, iremos fazer, vai?
GIULIA,
debochada mostra a língua para YOLANDA,
que retribui, as duas saem do quarto.
Cena 07: Igreja Matriz.
Interior. Tarde.
A
missa já havia terminado, apenas algumas mulheres rezavam ainda, PADRE ELVIS, desce do altar e JOCASTA aproxima-se dele, com o véu,
encobrindo seu rosto, assim, como BERENICE,
que estava logo atrás
JOCASTA:
- Padre, peço sua licença para lhe fazer uma súplica!
PADRE ELVIS: - Claro minha filha, com toda
certeza!
JOCASTA,
puxa BERENICE para perto, a fim de
que estivesse ao seu lado.
JOCASTA:
- Há dias tenho percebido que um de seus coroinhas, tem sondado minha filha,
gostaria que ele se afastasse, não quero esse tipo de comportamento na igreja!
PADRE ELVIS:
- Minha irmã, peço desculpas, mas não notei nenhuma atitude estranha de meus
pupilos, contudo, me certificarei de que estão agindo com prudência na casa de
Deus!
JOCASTA:
- Já perguntei o nome dele para outras beatas, é o Luís Miguel! Que vive a
bisbilhotar minha filha!
PADRE ELVIS:
- Certamente irei corrigi-lo!
JOCASTA,
sorri, beija a mão do Padre e se retira, BERENICE,
rapidamente reproduz a atitude e segue a matriarca.
Passados
alguns segundos, PADRE ELVIS,
observa que LUÍS MIGUEL se aproxima,
e logo esbraveja.
PADRE ELVIS:
- Luís, recebi uma reclamação de sua pessoa, peço que tome cuidado por onde
andas e onde olhas, é pecado cobiçar!
LUÍS MIGUEL,
arregala os olhos, abre a boca.
LUÍS MIGUEL:
- Mas, Padre? Eu? Não!
PADRE ELVIS:
- Atrevido! Deixe de maledicências nesta casa, ande me ajude!
PADRE ELVIS,
pega o castiçal no altar e entrega ao rapaz.
Cena 08: Floricultura.
Interior. Tarde.
JÚLIO
e SALAZAR estavam na estufa,
silenciosos, observando as flores, ABNER,
e percebe um clima estranho.
ABNER:
- Hans, mandou me chamar? Alguma urgência?
JÚLIO:
- Na verdade, era para conversarmos a sós mesmo – encara o motorista – podemos?
SALAZAR,
percebe o toque e logo se retira da estufa, deixando-os sozinhos.
JÚLIO:
- Andei pensando Abner, pensando no almoço que tivemos com Isolda, eu gostaria
de conhecê-la melhor, saber quem ela é!
ABNER:
- Hans, eu não sei da Isolda, depois do almoço, não a vi mais!
ABNER,
desvia o olhar para outro lugar, JÚLIO,
nota a aflição.
JÚLIO:
- Abner, tem algo que gostaria de me dizer a respeito dela?
ABNER:
(assustado) – O que eu diria?
JÚLIO:
- Nada... na verdade, só queria saber uma resposta, pois me incomodou
profundamente.
ABNER:
(esquivo) – Diga Hans... se for a
respeito da biblioteca, saiba que estou dando conta daqui e estou conseguindo
conciliar com os afazeres de lá.
JÚLIO:
- Abner, não é isso, saiba que sempre que estiver livre, te dou liberdade para
ir à biblioteca, sei que sempre gostou... mas o meu questionamento tem a ver
com outra coisa... por qual motivo você trouxe a Isolda para a estufa, no mesmo
lugar que Olívia foi morta?
ABNER,
engole seco aquele questionamento, um tremor repentino toma seu corpo, JÚLIO, por sua vez permanece pleno,
encarando o amigo.
Cena 09: Escritório de
Donato. Interior. Tarde.
HERCULANO,
arrumava sua maleta para se retirar.
HERCULANO:
- Relatório chato, deixarei esse imbróglio para amanhã!
DONATO,
repentinamente abre a porta, entra e sorri ardilosamente para o outro.
DONATO:
- Meu caro, que felicidade vê-lo em minha sala, trabalhando, é motivo de muita
alegria, confesso que estou muito orgulhoso!
HERCULANO,
não responde, continua a arrumar suas coisas.
DONATO:
- E então, conseguiu analisar o relatório?
HERCULANO:
- Não, amanhã darei prosseguimento!
DONATO:
- Vejo que está com o semblante cansado, porventura está esgotado por hoje? O
que acha de tomarmos uma bebida no clube?
HERCULANO:
- Nem pensar, preciso ir para casa descansar!
DONATO:
- Ora, deixe de ser bobo, vamos?
HERCULANO:
- Não... passar bem!
HERCULANO,
retira-se da sala, deixando DONATO
irritado. Logo em seguida, a secretária entra.
DONATO:
- Amanhã prepare relatórios com letras miúdas, que canse a vista, quero ele
cada dia mais esgotado!
SECRETÁRIA:
- Ótimo, deixarei tudo pronto!
DONATO:
- Preciso tê-lo em minhas mãos!
DONATO,
pisca para a Secretária que sorri maliciosamente.
CENA 10: Floricultura.
Interior. Tarde.
ABNER
e JÚLIO, se encaram.
ABNER:
- Hans, juro, foi instinto, achei que trazendo a floricultura, poderia faze bem
a ela, e fez.... mas, não era a intenção de provocar qualquer reação... não
era.
JÚLIO:
- Está certo!
Os
dois se olham, envergonhados.
ABNER:
- Algo mais?
JÚLIO:
- Na verdade, conto com sua ajuda para saber mais de Isolda... só por
curiosidade mesmo.
ABNER:
(envergonhado) – Tudo bem Hans... qualquer
dia desses ela aparece, se estiver por aqui, vocês se falam.
JÚLIO,
abaixa a cabeça, esboça um sorriso.
JÚLIO:
- Abner, passar bem!
JÚLIO,
coloca o chapéu e se retira.
ABNER:
(aliviado) – Esquece Hans... A Isolda
não vai se aproximar de você, não mesmo!
CENA 11: Rua. Exterior.
Tarde
SALAZAR,
estava encostado no carro, JÚLIO,
aproxima-se.
JÚLIO:
(indignado) – Não sei, algo me diz
que Abner está me escondendo alguma coisa sobre Isolda.
SALAZAR:
- Isolda? Aquela mulher do almoço?
JÚLIO:
- Sim, a própria, eu acredito que não a conheci o suficiente, preciso saber
mais dela... algo me diz que Abner pode me ajudar, mas não quer.
SALAZAR:
- É Doutor Hans... vai ver... os dois... deixa para lá, onde iremos agora?
JÚLIO:
- Quero passar na casa de Augusto, saber se a Clara está melhor!
Os
dois adentram o carro e saem.
CENA 12: Casa de Augusto. Sala de Estar. Interior.
Tarde.
AUGUSTO,
estava sentado lendo um jornal e fazendo algumas anotações em um papel. CLARA, estava sentada no sofá, costurando
uma camiseta.
CLARA:
- Hoje me sinto melhor, mais disposta!
AUGUSTO:
- Os medicamentos estão fazendo efeito.
CLARA:
- Augusto, eu não tomei nenhum medicamento nesses últimos dias, todos os
comprimidos que você me deu, eu joguei fora.
AUGUSTO,
arregala os olhos, sente um calafrio tomar seu pescoço.
AUGUSTO:
- Como assim, meu bem? Você não está tomando os medicamentos?
CLARA:
- Não amor, não tomei, pois acredito que estavam me fazendo muito mal, me
sentia indisposta, sentia tontura... acredito que estava muito dependente
deles.
AUGUSTO:
- Não, você não pode ficar sem tomá-los, você precisa tomar esses medicamentos!
CLARA:
- Augusto, me sinto tão bem, tão leve!
A
campainha toca, AUGUSTO, rapidamente
atende, era JÚLIO, esse entra sem pestanejar.
JÚLIO:
- Clara, que bom revê-la!
CLARA,
levanta-se do sofá, sorri para JÚLIO.
AUGUSTO:
(preocupado) – Meu bem, vai para o
quarto, eu e o Júlio iremos conversar.
JÚLIO:
- Não Augusto, na verdade, faço questão de conversar com a Clara, quero saber
como ela está!
AUGUSTO
e CLARA se encaram, JÚLIO, percebe que o clima não estava
agradável.
Encerramento


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