29/04/2025

O Cravo no Jardim de Rosas - Capítulo 26 (29/04/2025)


Criado e Escrito por LUCAS GARCIA

 

CAPÍTULO 26

 

CENA 01: Casa de Augusto. Sala de Estar. Interior. Tarde.

 

CLARA, levanta-se do sofá, sorri para JÚLIO.

 

AUGUSTO: (preocupado) – Meu bem, vai para o quarto, eu e o Júlio iremos conversar.

 

JÚLIO: - Não Augusto, na verdade, faço questão de conversar com a Clara, quero saber como ela está!

 

AUGUSTO e CLARA se encaram, JÚLIO, percebe que o clima não estava agradável.

 

JÚLIO: - E então, Clara, como está?

 

CLARA: - Estou bem melhor Júlio, principalmente agora que deixei de tomar alguns medicamentos, estou me sentido melhor.

 

AUGUSTO, encara friamente a mulher, e desvia os olhos para o amigo.

 

AUGUSTO: - Mas, ela sabe que precisa cumprir com a determinação médica, não é meu bem?

 

CLARA: - Sei, mas eu gostaria de fazer um teste.

 

JÚLIO: - Clara, fico feliz em vê-la que está em bom estado, que está com suas faculdades mentais preservadas!

 

CLARA: - Obrigado Júlio, realmente estava me sentindo muito estranha nesses últimos tempos.

 

AUGUSTO: - Mas, você está em um processo de recuperação, precisa tomar os medicamentos.

 

JÚLIO, incomodado, encara o amigo.

 

JÚLIO: - Augusto, processo de recuperação, o que ocorreu com a Clara? Poderiam me esclarecer?

 

AUGUSTO, arregala os olhos, CLARA olha para o chão.

 

CENA 02: Casarão de Herculano. Sala de Estar. Interior. Tarde.

 

JOCASTA e BERENICE, entram no casarão, tiram o véu, reparam que MARCO PAULO, estava deitado no sofá, todo desajeitado.

 

JOCASTA: (nervosa) – Marco, seu parvo! O que fazes neste sofá, jogado?

 

MARCO PAULO, não responde, mas estava consciência, porém, com dificuldades para falar, estava zonzo.

 

BERENICE: - Papai, aconteceu alguma coisa?

 

MARCO PAULO, estava com a camisa metade desabotoado, desalinhada, as calças arriadas. ISOLDA, aparece na sala, com um olhar de descontentamento.

 

ISOLDA: - Papai está bêbado, ele deixou uma garrafa na cozinha, ele se alcoolizou.

 

JOCASTA: (nervosa) – Parvo, parvo! Eu não cuidarei de gente como você, seu doente, eu procurarei uma clínica, vou lhe internar Marco, não passarei por isso novamente! Estamos aqui, por culpa sua, por ter se entregue à bebedices, por deixar tudo nas mãos de outros.

 

ISOLDA: - Jocasta, agora não é hora de sermões, isso não ajudará em nada, é melhor levarmos ele para o quarto e deixarmos descansar na cama, você me ajuda a levá-lo?

 

JOCASTA: (nervosa) – Jamais! Não vou me esforçar para isso, é melhor que vocês que são filhas resolvam-se com essa coisa!

 

ISOLDA: - Jocasta, meu pai, não é uma coisa, ele é uma pessoa, inclusive, para refrescar sua memória que ora te lembra, ora não lembra, mas é o teu marido!

 

JOCASTA: - Um parvo como ele? Não serve nem para ser de postiça!

 

ISOLDA: (irritada) – Por favor Jocasta, mantenha-se com a devida postura que lhe é recomendado!

 

JOCASTA: Vossa digníssima pessoa, me recomendando postura? Há de nascer uma mulher que tenha que ensinar-me o papel que devo fazer, ôh moça, ponha-se no seu lugar!

 

ISOLDA: (exaltando-se) – Moça? Não! Sou uma mulher, eu sei muito bem dos meus deveres, e você como esposa, deveria ao menos, ajuda-lo!

 

JOCASTA: (sarcástica) – Ora, você me dando lição de moral? Não, você não tem moral, nem dignidade para me aconselhar de alguma coisa, seu marido sabe que andas pelas ruas sozinha, novamente? Com quem tem se encontrado na biblioteca? Vi que saiu de lá tão alegre!

 

ISOLDA: (exaltada) – Vou à biblioteca para ler, para descontrair, para fugir dessa realidade obscura que é viver no mesmo teto que você!

 

Neste instante, HERCULANO, adentra o local.

 

HERCULANO: - Sinceramente, não estou entendendo esse falatório, da calçada é possível ouvir a discussão de vocês, tenham postura!

 

JOCASTA: (aos berros) – Ah, era só o que me faltava, o usurpador querendo aplicar lição de moral?

 

HERCULANO: - Jocasta, não vamos começar, fique bem sossegada em canto.

 

BERENICE: (chateada) – Por favor, parem, vamos ajudar meu pai!

 

HERCULANO: - O que aconteceu com ele?

 

ISOLDA: - Ele está alcoolizado, andas bebendo, escondido!

 

HERCULANO, esboça um sorriso de satisfação, e encara o homem, jogado no sofá.

 

HERCULANO: - Logo desconfiei, mas cedo, observei ele com uma garrafa na cozinha! Mas, vamos leva-lo para o quarto.

 

HERCULANO, aproxima-se de MARCO PAULO, e o apoia em seu ombro, BERENICE o auxilia, os dois levam lentamente o homem pela escada.

 

Na sala, fica apenas JOCASTA e ISOLDA, a primeira, senta-se no sofá, encarando a rival.

 

JOCASTA: - Isolda, você não é essa santa que aparenta ser, se antes eu desconfiava, agora tenho certeza! Até esses dias estava trancafiada no quarto, apanhando do marido, sendo humilhada, agora, está aí, toda feliz, contente e saltitante, fale para mim, você conheceu alguém?

 

ISOLDA: (nervosa) – Feliz e saltitante? Com você nessa casa, impossível!

 

JOCASTA: - Descobrirei, e não demorará muito tempo.

 

ISOLDA: - Faça-me um favor, deixe-me em paz!

 

ISOLDA, retira-se da sala de estar, deixando JOCASTA pensativa.

 

 

CENA 03: Casa de Augusto. Sala de Estar. Interior. Tarde.

 

AUGUSTO, soava frio, JÚLIO, notara que o amigo estava incomodado.

 

AUGUSTO: (gaguejando) – Hans... a... a... Clara, ela... vinha apresentando algumas inconsistências emocionais, então, recomendou-se tomar esses medicamentos.

 

CLARA: (envergonhada) – Engraçado, que o Augusto disse que eu estava muito diferente, muito instável, e começou a me medicar!

 

JÚLIO: - Mas, sem prescrição médica? Não entendi, quem é seu médico?

 

CLARA: - Eu não tenho médico, simplesmente o Augusto foi se consultar com um amigo, e me recomendou.

 

JÚLIO: - Mas, Augusto, não é recomendável isso, Clara precisava ao menos passar por uma consulta geral.

 

AUGUSTO: (nervoso) – Hans, não é bem assim que a Clara está falando, tudo tem um fundamento, eu procurei um amigo e expliquei a situação dela, e me indicou calmantes, nada que fosse afetar a saúde de minha esposa.

 

CLARA: (envergonhada) – Calmantes, é engraça, sempre fui tão calma... mas, enfim, se meu marido diz que preciso, é porque ele sabe o que tem feito.

 

JÚLIO, encara desconfiadamente o amigo, olha para o relógio de parede que havia na casa e logo se desperta.

 

JÚLIO: - Bom, acredito que nossa conversa foi bem específica, consegui entender o que tem ocorrido com você... o que precisarem, estou à disposição!

 

JÚLIO, retira-se, cumprimenta o amigo, assim como a mulher, AUGUSTO, o acompanha até a porta. Passados alguns segundos, retorna, com um olhar fuzilante para a esposa.

 

AUGUSTO: (irritado) – Como falas coisas assim ao meu amigo, não quero que ninguém saibas de nossas intimidades!

 

CLARA: - Augusto, me perdoe, só queria dizer a ele o que realmente estava acontecendo, nada de mais, me perdoe se excedi!

 

AUGUSTO: - Clara, já passou... descanse um pouco, vou preparar um refresco!

 

AUGUSTO, se retira, caminha em direção a cozinha, a mulher continua sentada, terminando seu crochê.

 

 



CENA 04: Casa de Augusto. Cozinha. Interior. Tarde.

 

AUGUSTO, pega uma jarra com água, estreme alguns limões e mexe, depois tira do paletó, um pequeno frasco, contento um pó, e despeja sobre o líquido e espalha.

 

AUGUSTO: (incisivo) – Meu bem, saibas que é para sua proteção!

 

AUGUSTO, coloca o refresco em uma taça e leva para a esposa.

 

 

CENA 05: Pensão. Quarto de Salazar. Interior. Tarde.

 

NÚBIA, estava sentada na cama, olhando aos redores, chateada. SALAZAR, adentra silenciosamente, tira o terno e encara a esposa.

 

SALAZAR: - Olá Núbia... cheguei, acabei de deixar Hans, ele me liberou mais cedo hoje.

 

NÚBIA, não responde, aparentava estar profundamente sentida.

 

SALAZAR: - Núbia... cheguei!

 

NÚBIA, não olha para o marido, ignorando-o completamente.

 

SALAZAR: - Núbia, aconteceu alguma coisa?

 

NÚBIA: - Aconteceu, e você sabe muito bem! Pare de ser fingido Salazar, pare!

 

SALAZAR, tira o quepe, a gravata, e encara a mulher.

 

 

CENA 06: Casa de Augusto. Sala de Estar. Interior. Tarde.

 

AUGUSTO, aproxima-se da esposa, com um olhar penetrante, entrega o copo para ela.

 

AUGUSTO: - Finalmente os refrescos!

 

CLARA: - Obrigado, Augusto!

 

CLARA, bebe o suco todo em um só gole e entrega o copo ao marido, que o leva de volta para a cozinha.

 

 Passados alguns minutos, CLARA, começa a sentir-se mal, sente calafrios, tontura, e depois, uma sonolência, profunda, deixa o crochê de lado e deita-se no sofá, desmaia.

 

AUGUSTO, retorna para a sala e observa que a substância que colocara no copo, funcionara muito bem.

 

AUGUSTO: - Meu bem... saiba que faço isso por amor a você!

 

AUGUSTO, carrega a esposa em seu colo para o quarto, coloca-a delicadamente na cama, e tranca a porta.

 

CENA 07: Casa de Donato. Sala de Estar. Interior. Tarde.

 

DONATO, abre rapidamente a porta, YOLANDA e GIULIA, adentram, afoitas.

 

DONATO: - Que bom que vieram, fico imensamente contento que tenham aceito meu convite, aliás... a Yolanda é da casa, vive prestando-me serviços particulares.

 

YOLANDA: - Sem vergonha!

 

DONATO, beija os lábios de YOLANDA, os dois sorriem, elas adentram e sentam-se no sofá.

 

DONATO: - Giulia, chegou a hora! Vou lhe contar em miúdos, tudo que precisará fazer!

 

GIULIA: - Donato, por tudo que é mais sagrado (INTERROMPIDA)

 

YOLANDA: - Meretriz, clamando pelo sagrado? Onde isso?

 

GIULIA: - Não fala isso amiga, estou realmente com muito medo disso! Eu precisarei usar uma arma mesmo? Donato, não sou assassina!

 

DONATO: - Calma Giulia, você não matará ninguém – gargalhadas – pelo menos, não por agora!

 

DONATO e YOLANDA, proferem uma gargalhada medonha.

 

GIULIA: - Que horror, não vou fazer nada disso!

 

DONATO: - Fique tranquila, sua função é seduzir um homem que levarei para conhecer o clube, esta noite, você vai seduzi-lo, jogar todos os seus charmes e vai implorar para ficar com ele, até aceitar e ir morar na casa!

 

GIULIA: - Como vou fazer isso? Ele é casado?

 

YOLANDA: - Querida, deixe de ser tola, nunca ouviu a história da prima distante?

 

YOLANDA e DONATO riem novamente, a outra fica com ainda mais medo.

 

DONATO: - O nome dele é HERCULANO, e você vai ter que entrar na casa para buscar algo muito valioso, existe um tesouro escondido lá!

 

YOLANDA e GIULIA abrem a boca, ficam atônitas com a revelação de DONATO.

 

 

CENA 09: Casarão de Herculano. Quarto. Interior. Tarde.

 

MARCO PAULO, bêbado, estava se revirando na cama, sua inquietude é tamanha e decide se levantar.

 

MARCO PAULO: - Eu preciso de um banho... minha cabeça está girando.

 

MARCO PAULO, caminha inconstante, de um lado para o outro, zonzo, ele apoia no armário, abre, tenta pegar uma toalha, não enxerga, então, começa a apalpar o fundo do armário, que ERA EMBUTIDO, um móvel rústico e madeira, algo planejado.

 

MARCO PAULO, ao bater no fundo do armário, sente uma madeira fina se romper, um vão se abre, ele nota que um buraco de forma no fundo do armário.

 

SONOLASTIA: SUSPENSE SLAPFLAUTA (MU CARVALHO) - Instrumental

 

MARCO PAULO, insistente, entra no armário, passa a tirar a madeira fina (palha vernizada) que estava ao fundo, até notar que havia uma passagem, ainda incrédulo, ele tenta empurrar com as duas mãos o fundo, com o corpo totalmente dentro do armário, ao fazer força, o homem é lançado para o outro lado.

 

 

Encerramento



 

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