12/05/2025

Terra Vermelha - Capítulo 05




 Capítulo 05




CENA 01 - MANSÃO LA SELVA - INT/MANHÃ


Antônio(categórico) - Arrancar aquelas terras das mãos dela vai ser mais fácil do que ela imagina.


A câmera percorre lentamente os rostos de Irene e Caio, que esboça um sorriso frio.


CENA 02 - CASEBRE DE ALINE - EXT/MANHÃ


Aline, descalça, sentada num banquinho, segura uma xícara de café. O sol reflete em sua pele. Dona Jussara cuida da horta ao lado.


Aline(olhando para o horizonte) - Essa terra é parte de mim, vó. Eu nasci aqui, cresci com os pés nesse chão… Mas a gente nunca teve como cuidar  dela do jeito que ela merece.


Jussara - A gente faz o que pode, meu bem.


Aline(pensativa) - O Caio quer ajudar. Talvez com ele por perto, tudo isso aqui ganhe um novo recomeço.


Jussara(desconfiada) - Você confia mesmo nele? Porque essa família nunca foi flor que se cheire… Não é querendo te desestabilizar, mas eu me preocupo, fia.


Aline - Sabe… eu confio sim. Eu sinto que ele me ama de verdade.


Jussara - Uai, então ama ele com força. Do mesmo jeito que você ama essa terra. Porque quando ela é traída, não te perdoa.


Aline sorri, emocionada. A câmera se afasta lentamente, revelando a imensidão da terra à frente das duas.


CENA 03 - MANSÃO LA SELVA - INT/DIA


A mesa está posta. Todos já estão sentados. O clima não é o dos melhores.


Irene(sorrindo falsamente) - Aline! Que prazer ter você com a gente. Fique à vontade, querida.


Aline sorri educadamente. Um clima forçadamente cordial.


Irene(voz doce, suave) - Espero que esteja se sentindo confortável… Afinal de contas, até outro dia você trabalhava aqui, mas não se sinta constrangida em nada.


Aline - Que nada, dona Irene. Constrangida a gente fica quando entra num lugar sem ser convidada. Mas aqui, quem me trouxe foi o Caio, filho do Antônio.


Petra solta um leve sorriso.


Irene(engole seco) - Claro… claro. Você está certíssima. Não me compreenda mal.


Aline - De forma alguma, dona Irene.


Todos se servem e almoçam com aquele climinha “agradável”



(JARDIM DA MANSÃO, DEPOIS DO ALMOÇO):


Os raios de sol banham o jardim com uma luz dourada. Petra está sentada sozinha num banco de ferro antigo, folheando um livro, claramente distraída. Luigi se aproxima com calma.


Luigi(gentil) - Posso me sentar?

Petra levanta os olhos, hesita por um instante, mas faz um leve gesto com a cabeça. Ele se senta ao lado, mantendo uma certa distância.


Luigi - Sempre achei esse jardim meio triste… mas hoje, com você aqui, ele parece mais vivo.


Petra - Sempre foi triste mesmo. As flores aqui murcham rápido. Talvez saibam o tipo de gente que passa por elas.


Luigi sorri.


Luigi - Eu admiro tanto isso em você. É tão direta com as palavras.


Petra - Desculpa, Luigi. Você deve estar cansado de mim, e eu entendo. Eu não quero te magoar.


Luigi -  Petra… faz tempo que eu tenho tentado um momento com você… eu sei que as coisas entre a gente nunca foram simples. Nosso namoro sempre foi diferenciado. E com você eu não preciso fingir nada.


Petra o encara mais vulnerável.


Luigi - Sobre aquele pedido que eu fiz… eu queria te dizer que…


Petra começa a demonstrar uma certa ansiedade.


Petra - Eu aceito.


Luigi arregala os olhos, surpreso. Ele se levanta e puxa ela para um abraço forte. Petra retribui não tão calorosa.


Luigi - Você não faz ideia do quanto isso significa pra mim.


A câmera gira lentamente ao redor dos dois, capturando o abraço. Ela respira fundo, como se encontrasse um raro instante de paz. Uma borboleta pousa numa flor já murcha, como se fosse um presságio.


Corte rápido mostrando as paisagens da fazenda.


(Lost On You - LP)


Alguns dias se passam…


(SALA PRINCIPAL)


A família está toda reunida. Graça está extremamente nervosa. Daniel brinca com um copo de uísque, entediado.


Graça - Bom… eu pedi para que todos se reunissem aqui porque eu tenho um comunicado a fazer. Eu tô grávida!


Surpresa geral. Antônio se emociona, vai abraçá-la.


Irene - Eu sabia! Os sinais que você dava, só podia ser isso.


Gladys - Eu também desconfiava.


Antônio(gritando) - Meu neto! Finalmente. Um neto!


Daniel(finge sorrir, beija Graça na testa) - Parabéns, amor.


Irene - Beija ela na boca, Daniel.


Daniel beija Graça e encara Aline que está atrás dela. Aline fica extremamente desconfortável e vai ao banheiro.

Todos se dispersam e Daniel aproveita e vai atrás de Aline. 


Ela sai do banheiro e dá de cara com Daniel, que prende ela contra a parede.


Daniel(sussurrando) - Você realmente esqueceu de tudo, Aline? Esqueceu que eu te amo? 


Aline - Eu nunca retribui esse sentimento, eu não gosto de você! Sai da minha frente.


Daniel - Por favor, Aline! Se você me disser que me ama, eu largo tudo, a gente pode se mudar pra capital.


Aline - Eu não sinto absolutamente nada por você. Será que não consegue compreender o que eu digo? Eu vou ter que soletrar que não te amo? 


Antes que ela consiga desvencilhar, Graça aparece e vê a cena.


Graça - O que está acontecendo aqui? O que você está fazendo em cima da empregada?


Aline - Eu não trabalho mais aqui, Graça. Então, se puder, não me chame mais assim.


Graça - Tudo bem, me desculpa. Mas eu quero uma explicação, tô esperando.


Daniel - Não enche o saco, Graça. Eu sem querer esbarrei aqui na Aline, daí a gente ficou conversando. Só isso!


Graça encara ele com raiva, mas tenta manter a postura.








CENA 04 - MANSÃO LA SELVA - INT/NOITE


(Escritório):


Caio está sozinho no escritório. Antônio entra com uma pasta preta e joga sobre a mesa.


Antônio - Aqui estão os papéis. É só fazer ela assinar e depois disso, a terra é nossa.


Caio sorri.


Cenas do sol nascendo e iluminando a fazenda. Galo cantando. O dia passa.


CENA 05 - MANSÃO LA SELVA - INT/DIA


Aline chega à mansão, linda e sorridente. Todos a recebem carinhosamente, fingindo simpatia. Irene até se levanta pra cumprimentá-la.


Caio se aproxima com um sorriso aberto, segurando os documentos escondidos em uma pasta.


Caio - Meu amor, eu preparei uma surpresa pra você.


Aline sorri curiosa. Ele pega a pasta e entrega pra ela.


Caio - Conversei com meu pai… Nós queremos te ajudar a transformar sua terra. Um pequeno impulso pra crescer, pra plantar de verdade. Só precisa assinar isso aqui. Um contrato de parceria. 


Aline pega os papéis e olha rapidamente.


Aline - Caio, eu não sei se posso aceitar isso tudo. Nossa, é o meu sonho transformar aquele lugar, mas não quero fazer isso às custas de vocês.


Irene - Mas é só uma ajuda, meu bem. Você merece isso e muito mais. Vai dar esse vacilo de não aceitar a ajuda do Caio? Vocês vão se casar, mesmo!


Caio(segurando nas mãos dela) - Confia em mim, meu amor. Eu só quero te ajudar, não é esse seu sonho? Pensa no seguinte, é só um pequeno empurrão.


Antônio - Menina… fica mais fácil pra você.


Caio - Já pensou… a gente fazendo aquelas terras crescerem juntos? Com a experiência da nossa família no assunto, não vai demorar nada.


Aline emocionada, acaba assinando.


Antônio e Caio trocam um olhar rápido.

Aline termina de assinar e entrega os papéis para Caio, todos ficam tensos.


Irene - Sabe o que você acabou de assinar? Um documento passando as suas terras pro nome do Antônio.


Aline(nervosa) - Não… isso não pode ser verdade. Caio!


Caio - Acreditou mesmo? Passou mesmo pela sua cabeça que eu, um dia, ia me interessar por você? A empregada da casa? Uma dançarina de beira de estrada. Achou mesmo que eu estava perdidamente apaixonado por uma pessoa assim que nem você?


Aline - Era tudo mentira esse tempo todo?


Antônio - Vou te dar essa colher de chá. Você tem 24h pra sair daquela propriedade e sumir das nossas vistas.


Aline - Por favor, eu não tenho pra onde ir.


Antônio -  Se vira. Eu não mandei ser burra.


Aline seca as lágrimas com força, se levanta do chão e encara Caio. Ela dá um tapa na cara dele, fazendo seu rosto virar. Caio agarra Aline com força e violência.


Caio - Quem é você pra me bater?


Aline - Me solta, me larga! Você não vale nada, eu te odeio! Você é um covarde!


Irene - Solta ela, Caio. 


Caio resiste.


Irene - Eu tô te pedindo pra soltar ela.


Irene pega um envelope sem muita importância, vazio.


Irene - Tem uma forma de você recuperar as suas terras, minha querida. Venha comigo.


Todos vão acompanhando Irene pro lado de fora. Ela procura um lugar específico, até que encontra uma poça cheia de barro e lama, e joga o envelope ali. No mesmo instante, ela empurra Aline pro chão.


Irene(sorrindo maldosamente) - Você quer o seu rancho de volta? É só pegar os documentos que ele será todo seu.


Aline se inclina pra pegar, mas Irene a para com o pé.


Irene - Mas tem que ser com a boca.


A câmera foca nos rostos de Aline e Irene alternando.


ENCERRAMENTO.



Capítulo Seguinte.



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