03/06/2025

Teia de Sedução - Capítulo 02

 





“TEIA DE SEDUÇÃO”

Novela criada e escrita por

Susu Saint Clair

Capítulo 02


CENA 01: VELUDO VERMELHO – SALÃO / QUARTO DOS FUNDOS – NOITE

Raí entra com Jaqueline no bar. Luz baixa, música ambiente. JOSÉ CARLOS (46), elegante, está sentado no balcão, afrouxando a gravata e saboreando um whisky. Seus olhos se levantam ao ver Jaqueline. Ele sorri, encantado.


RAÍ: Jaqueline, deixa eu te apresentar. Esse aqui é o José Carlos. Ele é cliente antigo da casa. 


JAQUELINE: (sorridente, estendendo a mão) Prazer, Jaqueline. Pode me chamar de Jaque. 


JOSÉ CARLOS: (beijando a mão dela, galante) Um prazer que é todo meu!


RAÍ: (disfarçando a satisfação) Vou deixar vocês aproveitarem a noite!


Ele sai, deixando os dois no clima. José Carlos não tira os olhos dela.


JOSÉ CARLOS: Você tem um quê de perigo no olhar. Gosto disso.


JAQUELINE: E você tem cara de quem adora brincar com fogo.


Ela se aproxima devagar, segura o copo de whisky dele, toma um gole com a mesma taça.


JAQUELINE: Forte. Do jeito que eu gosto.


José Carlos sorri, passa a mão no queixo dela, admirando cada traço do rosto.


JOSÉ CARLOS: Você é diferente. As outras não me olham assim. Como se soubessem de tudo que vai acontecer.


JAQUELINE: Talvez eu saiba. Mas prefiro te mostrar.


Ela segura a mão dele e o conduz até o fundo do bar, onde há um quarto discreto. A porta se fecha.


CORTE PARA:


QUARTO DOS FUNDOS – CONTÍNUO


A luz é baixa. Jaqueline encosta José Carlos na parede e o beija com fome, tirando a gravata dele com agilidade. Ele corresponde, excitado. As roupas caem com pressa, mas os gestos continuam precisos, envolventes.


A química entre eles é elétrica. Ele percorre o corpo dela com as mãos, ela morde o lábio, provocando. Jaqueline sobe sobre ele na cama, dominando a situação.


Os gemidos abafados, a respiração ofegante, o ritmo cada vez mais intenso... Tudo entre eles é desejo bruto, urgência, prazer.


CORTE PARA:


PÓS-SEXO – MINUTOS DEPOIS


Jaqueline está deitada ao lado dele, com um lençol cobrindo parte do corpo. José Carlos acende um cigarro.


JAQUELINE: Isso foi só uma amostra. 


Ela vai até sua bolsa e tira de lá um cartão preto para ele, o “cartão biscate”.


JAQUELINE: Quando quiser mais, me liga, tá?


JOSÉ CARLOS: (satisfeito) Eu não apenas quero. Eu preciso!


Ela sorri, vitoriosa. Os olhos brilham com a certeza de que tudo está indo conforme o plano.


CENA 02: AMANHECE - MANSÃO VON BERGMANN – SALA DE JANTAR 

A sala de jantar da mansão é ampla, sofisticada, decorada com móveis clássicos e adornos luxuosos. O café da manhã está servido com fartura. Gisela, elegante, toma seu café acompanhada de sua família: o pai NELSON (80), sentado na cabeceira; o filho OTÁVIO (26), ao seu lado; a irmã mais velha GIOCONDA (55), e seus filhos: Sabrine e MARCOS (27).


NELSON: E o seu marido, Gisela? 


GISELA: (seca) Ele está dormindo.


NELSON: Até agora?


GISELA: É, ele chegou tarde ontem. 


NELSON: Ele não vai descer pra tomar café?


GISELA: (o encara, grossa) Não sei, papai. Se o senhor está tão preocupado com seu genro, sobe e pergunta pra ele.


NELSON: Estão vendo o jeito como ela me trata?


GISELA: (sarcástica) Pobre coitado...


GIOCONDA: Meu Deus... Vocês dois não conseguem tomar café sem se estapearem verbalmente?


GISELA: Tá incomodada, minha querida? A porta da rua está ali. Bem de frente pra escada.


SABRINE: (intervém, animada) Gente, vamos falar de coisa boa? Tenho uma novidade. (pausa) Eu tô namorando.


MARCOS: (ácido) Grande novidade…


OTÁVIO: (engraçadinho) Quem é o sortudo?


MARCOS: (baixo, venenoso) O coitado…


SABRINE: O nome dele é Volney.


GISELA: Ih… Com esse nome, certeza que é algum pivete favelado.


GIOCONDA: (para a filha) Se for pobre, então você puxou a sua tia Gisela, porque se tem alguém que ADORA um favelado é ela.


Gisela a encara, venenosa.


NELSON: Essa menina troca de namorado como quem troca de roupa. Na minha época as coisas não eram assim não. 


GIOCONDA: (debochada) Eram piores, não é, papai?


GISELA: Pelo menos minha sobrinha está tendo o luxo de escolher. Eu não tive a mesma sorte. 


Nelson a fuzila com os olhos.


SABRINE: Quero dar um jantar pra apresentar ele.


GIOCONDA: (fofa) Acho ótimo, meu amor, vou adorar conhecer meu genro. (baixo, tomando café) Mais um…


GISELA: (sarcástica) Eu também. Depois de um dia estressante de trabalho, vai ser divertido ver ele tentando usar os talheres certos.


José Carlos entra na sala.


JOSÉ CARLOS: Bom dia.


TODOS: (bem automáticos) Bom dia.


JOSÉ CARLOS: (pra Gisela) Vamos, querida? Já mandei tirar o carro.


GISELA: Claro, vamos sim!


JOSÉ CARLOS: Bom dia pra vocês!


TODOS: Bom dia!


Gisela vai até Otávio e dá um beijo nele.


GISELA: Bom dia pra todo mundo e tchau!


Ela sai com José Carlos. 


CENA 03: MANSÃO DOS PASSARELLI - SALA DE JANTAR - MANHÃ

Afonso toma café com sua família. Seus pais, NADINE (50) e FELIPE (50), e sua avó materna CELINA (78). 


NADINE: (p/ Afonso) Impressão minha ou você e seu irmão receberam visita ontem de noite?


AFONSO: Jaqueline teve aqui. O Raí marcou de se encontrar com ela aqui em casa.


NADINE: Sério?


AFONSO: Ela agora trabalha pra ele.


FELIPE: A Cláudia não pode nem imaginar uma coisa dessas.


AFONSO: Ela só descobre se alguém aqui contar. 


NADINE: Nem preciso dizer o que eu penso dessa história do Raí ser cafetão. Eu já desisti de tentar botar juízo na cabeça dele.


CELINA: Deixa o menino fazer o que ele quiser, Nadine. E se querem saber, acho ótimo que ele tenha oferecido emprego pra Jaqueline, só tá garantindo o lugar dele no céu por ser tão caridoso.


FELIPE: E o da senhora, que sugeriu toda essa ideia pro Raí, tá garantido também, mas é no inferno, de preferência no colo do capeta. 


CELINA: Se eu for pra lá, não vou sentar no colo, vou sentar é na neca dele. 


FELIPE: (para Nadine) Essa é a piranha da sua mãe! 


Os dois começam a discutir. Neide aparece na sala. Ela vai até Afonso enquanto Felipe e Celina continuam batendo boca. 


NEIDE: (discreta) Com licença, seu Afonso. O Volney tá aí. Ele quer falar com você! 


Afonso fica sem reação. 


AFONSO: Diz pra ele subir e me esperar no quarto. 


NEIDE: Certo. Com licença!


Ela se retira. 


CENA 04: QUARTO DE AFONSO - MANHÃ

Volney espera Afonso ansiosamente no quarto dele. A porta se abre. Afonso entra, fechando a porta. 


VOLNEY: (indo até ele, animado) Meu amor, eu tava tão ansioso pra te ver/


Afonso dá um tapão na cara dele. Volney olha para ele, surpreso, com a mão no rosto. 


VOLNEY: (chocado) Quê isso, Afonso? Você tá doido?


AFONSO: (com ódio) Tava doido no dia que achei que era uma boa ideia namorar com um traste feito você. Eu já sei de tudo, Volney! (grita) DE TUDO! 


Clima de tensão. CLOSES ALTERNADOS em Afonso e Volney.


Abertura


CENA 05: MANSÃO DOS PASSARELLI - QUARTO DE AFONSO - MANHÃ

Volney está em pé, desnorteado. Afonso o encara com ódio puro nos olhos.


VOLNEY: (sem entender) Você já sabe de tudo o quê, Afonso? Do que você tá falando?


AFONSO: Para de ser cínico. Eu vi você e a Sabrine, ontem, na praia, rindo, se agarrando, como se não devessem nada a ninguém.


VOLNEY: (gagueja) Peraí, eu posso explicar…


AFONSO: (interrompe) Explicar o quê, Volney? Que você me enganou por dois anos? Que usou o meu sentimento como muleta pro seu medo?


Volney abaixa o olhar. Afonso se aproxima ainda mais.


AFONSO: Eu fui compreensivo com você, me coloquei no seu lugar, enquanto que você NUNCA se colocou no meu. Sabe qual foi a primeira vez que eu entendi quem você realmente era? Naquele dia lá na praia! Lembra? 


TRANSIÇÃO PARA FLASHBACK – PRAIA – TARDE ENSOLARADA


Afonso caminha pela areia com um suco na mão, sorrindo. Avista Volney conversando com três amigos próximos a um quiosque. Ele se aproxima, sorridente.


AFONSO: (chegando perto) Ei! Você não me disse que viria pra cá hoje…


Os amigos de Volney olham confusos. 


AMIGO DE VOLNEY: Esse aí é quem?


Volney congela por um segundo. Em seguida, disfarça, dá uma risadinha desconfortável e responde seco:


VOLNEY: Ah… sei lá. Acho que me confundiu com outra pessoa.


O rosto de Afonso desmonta. Ele segura o olhar, sentindo a facada, e sai dali sem dizer nada.


FIM DO FLASHBACK – VOLTA PARA O QUARTO


AFONSO: (voz baixa, amarga) Você fingiu que não me conhecia… na minha cara. E eu fui burro. Burro de te perdoar, burro de achar que você ia mudar.


VOLNEY: (implorando) Eu não queria te machucar, Afonso… Eu só precisava de tempo. Eu não tô pronto ainda.


AFONSO: (grita) Você nunca vai estar pronto, Volney! E sabe porquê? Porque você é um covarde! Você só tá com a Sabrine porque ela é conveniente! Porque você pode sair com ela na rua sem medo dos olhares tortos, sem medo da mamãezinha descobrir que o filhinho dela gosta de homem!


VOLNEY: (gritando também) É fácil pra você falar! Você não tem uma mãe como a minha que fica o tempo todo me cobrando pra eu apresentar a namorada pra ela! Eu só queria tempo, só isso! Um dia, talvez…


AFONSO: (interrompe) Um dia? Um dia você talvez seja homem o suficiente pra me assumir? (seco) Guarda esse “talvez” pra você, porque eu tô fora dessa palhaçada! Acabou! 


VOLNEY: Então é assim que a gente vai terminar? 


AFONSO: A gente nunca existiu! Não fora desse quarto. Agora cai fora. Desaparece da minha vida. 


Volney não se move. O olhar dele é de derrota absoluta. Volney se retira, aos poucos, praticamente se arrastando. A porta se fecha. CORTA PARA CLOSE EM AFONSO: sozinho, impotente, destruído. Ele desaba na cama, aos prantos.


CENA 06: BERGMANN PRIVÉ - SALA DA DIRETORIA - MANHÃ

Gisela está em sua mesa trabalhando quando o telefone toca. 


GISELA: (atende) O que é agora, Susane? (pausa) Quê? O que ele quer? (suspira) Tá, manda entrar! 


Ela bota o telefone de volta no gancho. A porta se abre e Otávio entra. 


OTÁVIO: Oi.


GISELA: Tá fazendo o quê aqui, Otávio?


OTÁVIO: Vim te buscar pra gente almoçar junto. 


GISELA: Ah, não vai dar não, meu filho. Eu tô cheia de trabalho pra fazer.


OTÁVIO: Mãe, é a segunda vez que você desmarca comigo. Será que não dá pra largar o trabalho uma vez só pra passar um tempo com o seu filho?


GISELA: Não, meu bem. Você vai me desculpar, mas eu tenho uma montanha de papelada pra analisar e assinar, não tem a menor possibilidade de eu sair daqui agora. E você sabe né? Sem mim, isso aqui não vai pra frente. Chama o Marcos pra almoçar com você. 


OTÁVIO: Você é inacreditável mesmo. Se eu quisesse sair com ele não teria vindo aqui. Quer saber? Fica com seu trabalho, eu vou embora. 


GISELA: Eu hein, que drama desnecessário. Que menino dramático. Vai embora, vai! Eu hein.


Otávio vai e deixa ela sozinha. Irritada, Gisela pega o telefone e coloca no ouvido.


GISELA: Susane, não deixa mais ninguém além do José Carlos entrar aqui hoje, você ouviu? Não quero ser interrompida. Nem se minha casa pegar fogo ou alguém da minha família morrer! 


Ela bate o telefone no gancho e continua trabalhando.


CENA 07: CASA DE VOLNEY – SALA – MANHÃ

Volney entra apressado, visivelmente abalado, com os olhos vermelhos. Ele congela ao ver Sabrine sentada confortavelmente no sofá, tomando café com Estela. As duas sorriem ao vê-lo.


SABRINE: Oi, meu amor!


Ela vai até ele e o abraça calorosamente. Os dois se beijam e Volney força um sorriso, surpreso.


VOLNEY: (sem graça) O que você tá fazendo aqui?


SABRINE: Eu te liguei um montão de vezes. No final, foi sua mãe quem atendeu.


ESTELA: (se aproximando, sorridente) Você esqueceu o celular em casa, meu filho. Eu atendi, e quando ela disse que era sua namorada... ah, eu não resisti! Convidei logo pra tomar um café.


SABRINE: (entregando a xícara à sogra) A gente tava se conhecendo! E, olha... eu adorei a sua mãe.


ESTELA: E eu adorei a sua namorada. Você me escondeu bem, viu?


Volney força outro sorriso, mas os olhos denunciam que algo está errado.


ESTELA: (reparando) O que foi, filho? Aconteceu alguma coisa?


SABRINE: (tocando no rosto dele) É... Você tava chorando?


VOLNEY: (desviando o olhar) Não, claro que não. É... foi… só uma alergia. Alguma coisa que eu comi, sei lá. Mas já passou.


SABRINE: (preocupada) Tem certeza?


VOLNEY: Tenho sim, meu amor. Tá tudo bem, juro.


Ele toca carinhosamente no rosto dela, tentando parecer convincente. Estela pega um copo com água na mesa lateral e entrega a ele.


ESTELA: Toma, meu filho. Água sempre ajuda.


Ele bebe. Sabrine se senta ao lado dele no sofá, passando a mão em sua perna.


ESTELA: E olha só... Já que o clima tá tão bom, eu convidei a Sabrine pra jantar com a gente hoje. Quero vocês dois aqui. Em família.


SABRINE: (empolgada) Eu topei na hora! E sabe que eu estava pensando a mesma coisa? De fazer um jantar lá em casa pra você conhecer minha família. E agora que eu já conheci sua mãe... (olha para Estela, doce) Ela também está super convidada! E claro... o seu padrasto também, amor.


Volney sorri forçadamente. Por dentro, parece querer sumir do mundo.


VOLNEY: Claro… vai ser ótimo!


CLOSE no rosto dele. Sorriso gelado. Olhos distantes.


CENA 08: ANOITECE - VELUDO VERMELHO – QUARTO DOS FUNDOS

José Carlos está deitado, de camisa aberta, um braço atrás da cabeça, olhando fascinado para Jaqueline que está de pé, a poucos passos da cama, com um vestido justo e olhos incendiários. Som de jazz ao fundo.


JAQUELINE: (voz baixa, provocante) Vai continuar só olhando, ou vai me dizer o que quer?


JOSÉ CARLOS: (sorrindo, embriagado de desejo) Quero tudo.


Ela caminha lentamente até uma mesa onde tem um celular e aumenta o volume da música. Depois, volta o olhar para ele e começa um strip tease sutil, mas hipnótico. Primeiro, solta os cabelos. Depois, desce o zíper do vestido, que desliza pelo corpo como se obedecesse à vontade do desejo no ar.


José Carlos observa cada movimento, como se estivesse diante de uma miragem.


JOSÉ CARLOS: (sussurrando) Você sabe o efeito que causa…


JAQUELINE: (tirando o sutiã com graça, depois a calcinha) Eu nasci pra causar.


Completamente nua, ela se aproxima da cama e sobe com lentidão felina, sentando sobre ele. Os dois se beijam, com fome, com intensidade. Ele percorre o corpo dela com as mãos, ela conduz o ritmo, dominando. A cena mergulha no calor do sexo — corpos entrelaçados, gemidos abafados, respiração pesada. Um momento selvagem e íntimo, sem pressa, mas urgente.


CORTE PARA:


QUARTO DOS FUNDOS – DEPOIS – NOITE

Os dois estão deitados. Jaqueline está com o lençol cobrindo o corpo. José Carlos fuma um cigarro com o peito nu suado. Os dois ainda estão ofegantes.


JOSÉ CARLOS: (exalando a fumaça) Você é uma perdição… A Gisela nunca foi assim.


JAQUELINE: (olhando pra ele) Assim como?


JOSÉ CARLOS: Viva. Cheia de fogo. Mulher de verdade. Assim, que nem você. 


JAQUELINE: (fingindo inocência) Vocês não se dão bem, né?


JOSÉ CARLOS: A gente se tolera. Nunca teve amor, paixão, sabe? Sempre foi tudo muito automático, a cama virou protocolo. 


JAQUELINE: E eu?


JOSÉ CARLOS: Você me devolve o fogo que eu nem lembrava que existia.


Jaqueline se aproxima, passa o dedo pelo peito dele, os olhos atentos.


JAQUELINE: Eu posso acender isso em você todo dia se quiser. 


JOSÉ CARLOS: (toca o rosto dela) Acha que vou recusar uma promessa dessas?


Ele se vira, pega a calça que está no chão ao lado da cama e tira do bolso uma caixinha de veludo. Entrega a ela.


JAQUELINE: (surpresa) O que é isso?


Ela abre a caixinha. Um colar de ouro branco com um pingente de rubi reluz sob a luz baixa.


JOSÉ CARLOS: Um presente. Pelo prazer que só você me dá. E pela promessa de muitos mais.


JAQUELINE: (segura o colar, sorri vitoriosa) Isso é só o começo.


Ela o beija com intensidade e encosta a cabeça no peito dele, sorrindo com os olhos fixos no nada — pensativa, calculista, dona da situação.


CORTE PARA:


O colar brilha nas mãos de Jaqueline, refletindo a luz da lâmpada fraca. Um símbolo do poder que ela começa a exercer.


CENA 09: MANSÃO DOS PASSARELLI – ÁREA EXTERNA – NOITE

A piscina da mansão reflete a luz azulada dos refletores. O silêncio é quebrado apenas pelo som leve da água e o zumbido distante dos grilos. Afonso está dentro da piscina, encostado na borda com os braços apoiados, o celular colado à orelha. O vapor da noite cria uma névoa tênue no ar.


AFONSO: (ao telefone) Eu despachei o Volney hoje cedo e não se preocupa que seu nome nem foi citado.


CORTA PARA:


VELUDO VERMELHO – ESCRITÓRIO – NOITE

Raí está sentado na mesa do escritório do bar, com a luz baixa e um copo de whisky pela metade à frente.


RAÍ: Ele ficou muito abalado?


AFONSO: (off) Ficou.


RAÍ: Ainda bem que você me ouviu e não fez escândalo lá na praia.


AFONSO: Escândalo não fiz. Ainda. O que é dele tá guardado.


RAÍ: (sorri de canto) Você não presta. Igualzinho a mim.


CORTA PARA:


MANSÃO DOS PASSARELLI – PISCINA – NOITE

Afonso sorri. Brinca com a água, girando com os dedos.


RAÍ: (off) Ah, e falando em gente que não presta... Sabe quem tava lá em casa? A coitada da Sabrine. Dando uma de nora perfeita. Mas sabe que eu até gostei dela? Foi um amor. Educada, simpática... até ajudou a Estela a pôr a mesa.


AFONSO: (ri) Mentira!... Não acredito... Mas gente, eu pagava pra ver essa cena. Tadinha. Mal sabe ela que tá dormindo com um canalha enrustido.


RAÍ: (off) E sabe o que ela comentou? Que vai dar um jantar para apresentar o Volney oficialmente à família dela. E adivinha quem também foi convidado?!


AFONSO: (baixo, calculista) Ótimo. Vai ser nesse jantar que eu vou acabar com a raça dele! 


RAÍ: (surpreso) Afonso, o que você tá planejando?


Afonso sorri, diabólico, mirando o nada com olhos vingativos.


AFONSO: O suficiente pra fazer o Volney se arrepender de cada mentira que me contou... e de cada vez que fez com que eu me sentisse invisível. 


CLOSE nele que sorri, maquiavelicamente. 


CENA 10: MANSÃO VON BERGMANN - SALA DE ESTAR - MADRUGADA

José Carlos entra na mansão, com a chave na mão e a porta se fechando suavemente. Ele tira os sapatos com cuidado, tentando não fazer barulho. Quando ele começa a caminhar até a escada, o abajur da sala acende de repente, iluminando o ambiente de forma abrupta.


GISELA: (olha para ele, fria) Posso saber onde você estava, meu bem?


José Carlos a encara, temeroso. CLOSE no olhar incisivo dela.


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