novela de
João Daniel
SEGUNDO CAPÍTULO:
No capítulo anterior...
Apresentamos Santa Esperança, uma cidade aparentemente pacífica, mas marcada por tensões conservadoras. Clara, herdeira da família Barros de Albuquerque, é uma jovem comunista que desafia os padrões locais. Apesar da oposição de sua mãe, Helena, e das ameaças do poderoso Dr. Luiz, Clara persiste em seus ideais. Após um dia intenso, no qual confronta Luiz e recebe apoio de seu namorado André, Clara enfrenta um pressentimento sombrio ao ouvir a mãe relatar um sonho onde ela aparece morta. Enquanto isso, Luiz manipula José, um pescador obcecado por Clara, para implementar seus planos.
Fique agora com o capítulo de hoje.
Dr. Luiz está em seu escritório conversando com José.
— Estamos entendidos, José? Você fará tudo o que eu mandei. Sem erros. — diz Luiz em tom ameaçador.
— Estamos sim, doutor — José pigarreia —, o senhor não terá mais problemas.
— Ótimo. Agora retire-se, está muito tarde. Abílio, meu motorista irá deixá-lo em casa.
— Tá bom. Até, doutor.
José sai da casa de Dr. Luiz preocupado em como irá exercer o plano que foi imposto a ele. Com medo, no caminho pra casa, não disse uma palavra. Se calou para pensar melhor.
De volta à mansão Barros de Albuquerque, Clara está no quarto da mãe a confortando pelo horrível pesadelo que teve. Porém, não pôde deixar de ficar com um aperto no peito pelos dizeres da mãe sobre o sonho que teve. Afinal, não é um bom presságio alguém sonhar com um ente querido morto.
— Mãe, vejo que está mais calma. Vou para o meu quarto e deixarei você descansando aqui. Até mais tarde. — diz Clara.
— Vai lá, meu amor, descanse também. Mas ouça o que digo, tome cuidado. Acho que você está em perigo. — alerta Helena.
— Tudo bem, mãe. Vou ter mais cautela com o que faço. Boa noite.
— Boa noite, minha filha.
Clara vai de encontro ao seu quarto mais aflita do que já estava. Será que a premonição de sua mãe está certa? Deveria tomar mais cuidado? De tantas perguntas na cabeça, não conseguiu dormir mais.
O dia amanheceu lindo na cidade de Santa Esperança, as árvores estavam muito verdinhas, como se estivessem explodindo de vitalidade. O clima estava perfeitamente confortável, estava ensolarado, mas não muito quente. Ótimo para dar um passeio. Clara liga para a casa de André e chama-o para saírem juntos.
— Oi, meu amor. Quer sair um pouco para passearmos? O dia está tão lindo. — sugere Clara.
— Que ideia maravilhosa, princesa. Vamos sim, vou me arrumar aqui. Já já estarei aí na sua porta. — diz André.
— Ótimo, amor. Estarei aqui no aguardo.
Clara desliga o telefone e vai se arrumar para sair. Nem vai tomar café da manhã, ela come algo no caminho com André. Helena acha ótima a ideia que a filha teve, melhor ela se distrair depois de ontem. Mas ainda acha que a filha não deveria ir à festa de Marcela. Clara despede-se da mãe.
— Tchau, mãe. Volto antes do anoitecer. Não se preocupe comigo, estarei bem com meu namorado. — diz Clara.
— Por mais que o André tenha ideais tortos ao meu ver, ele é um bom namorado pra você. Até mais, meu amor. — responde Helena.
Clara vai em direção ao portão de sua casa e espera por André, que chega poucos minutos depois. Eles partem para um campo perto de um rio, um lugar lindo, daqueles que a gente fica tonto de tanta beleza. Eles passam antes numa mercearia e compram coisas para um piquenique. Chegando lá eles arrumam tudo e começam a comer, ficam conversando, falando do amor que sentem um pelo outro, do quão difícil está viver nessa nossa sociedade, e muitas mais coisas. No meio das falas, eles se beijavam e cada vez mais esses beijos se intensificavam. Até que Clara decidiu dar um mergulho no rio, acompanhada por André. Ela colocou seu biquíni mais bonito, encantando mais ainda André, que estava com seu coração a mil. Os dois entraram no rio e ficaram brincando com a água, até voltarem com as carícias. Dessa vez elas estavam tão intensas que André parou um instante e disse:
— Tem certeza de que você quer isso?
— Com você eu quero tudo, meu amor. Tudo o que você me oferecer. Eu te amo. — diz Clara, dando um beijo em André.
E, ali mesmo nesse rio, eles tiveram sua primeira vez. Parecia mágica para ambos, mesmo com todas as dores características. Estavam tão apaixonados que nem sentiram elas. E, no final, André e Clara deram um beijo tão intenso que de alguma forma, conectou suas almas. Tudo ali parecia simplesmente surreal, mas não, eles estavam realmente vivendo aquilo.
Estava começando a escurecer, então Clara organizou tudo com a ajuda de André e voltaram para suas casas, para se arrumarem para a festa de mais tarde. Chegando em casa, Clara parecia estar nas nuvens, sua mãe até a viu e comentou:
— Viu um passarinho verde, Clara?
— Vi, mãe. Vi passarinhos de todas as cores!
Clara sobe as escadas cantando a música “Como é Grande o Meu Amor Por Você”, de Roberto Carlos. Lá em cima, ela acaba vendo Janete e dança um pequeno passo de valsa com ela.
— Você está tão feliz, minha flor, fico muito feliz de te ver assim. Quer algo? — pergunta Janete.
— Ah, obrigada por todo o carinho, Janetinha. Você mora aqui — diz Clara apontado para seu coração —, é como uma segunda mãe para mim. Agora eu só queria tomar um banho e me arrumar para a festa, você me ajudaria?
— É claro, Clarinha. Vou te dar um tratamento digno da maior rainha do mundo! Vai ficar muito linda, apesar de já ser a mais bela obra de arte do mundo.
— Janetinha... eu nem sei o que dizer — diz Clara com os olhos marejados de emoção —, muito obrigada, mesmo! Te amo.
As duas se abraçam e vão para o quarto de Clara. Lá, Janete arruma Clara como uma verdadeira rainha. Estonteantemente bela. Descem juntas a escada e Janete até faz uma brincadeirinha:
— Senhoras e senhores, descendo está a garota mais linda do mundo, Clara Barros de Albuquerque!
Clara é ovacionada pela mãe e pelos irmãos, que estão na sala. Estavam esperando pra ver como a garota tinha ficado.
— Linda, minha irmã. Está faraônica, babilônica, mesopotâmica, a estrela principal da noite! — diz Otávio.
— Está mesmo belíssima, Clara. Que sua noite seja incrível. — diz Bernardo.
— Quando eu crescer quero ser igual a você, Clarinha. Te admiro muito minha irmã. — diz Renata, emocionada.
— Oh, meus irmãos, fico tão emocionada ouvindo vocês dizendo isso tudo pra mim. Estou tendo que segurar minhas lágrimas para não chorar, vai borrar minha maquiagem, hahahahah. Muito obrigada do fundo do meu coração, amo muito vocês.
— Minha filha, está tão linda, fico tão feliz em ver a maravilhosa moça que você se tornou. Espero que sua noite seja ótima e que você se divirta muito! Te amo incondicionalmente. — diz Helena, já chorando de emoção.
— Minha mãe, a senhora sempre me emocionando com suas belas palavras. Obrigado por todo o carinho, viu? Também te ame muito, do tamanho do mundo! — respondeu Clara, com a voz embargada.
— Bom, cadê o papai? Queria vê-lo. Disse que chegaria hoje.
— Seu pai teve um imprevisto na viagem de volta, minha filha. Mas disse que não demorava. Deve estar chegando mais tarde.
— Ah, quando chegar, vejo ele então.
Helena concordou, mas com um aperto no coração, pois estava sentindo que aquilo era uma despedida.
— Bom, já vou indo. Disse para o Basílio passar na casa do André, ele já deve estar me esperando. Até mais, meus amores.
Clara sai de casa. Quando finalmente entra no carro e vai em direção à casa de André, Helena vai para o seu quarto e tranca-se com seus pensamentos. Começa a chorar, pois o medo de perder a filha é muito grande.
O carro passa em frente à casa de André, e ele entra no carro. Seguem para a casa de Marcela. Chegando lá, quando Clara pisa o pé para fora do carro, Helena sente uma dor fortíssima, como se fosse morrer. Pressentindo que algo realmente muito ruim iria acontecer naquele local.
— Não, minha filha não, MINHA FILHA NÃO! — Grita Helena desesperada.
A imagem vai perdendo a cor aos poucos. Um anjo esvoaçante passa pela tela e após a sua passagem, tudo se escurece.
TRILHA SONORA DISPONÍVEL!
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