01/07/2025

Teia de Sedução - Capítulo 21






“TEIA DE SEDUÇÃO”

Novela criada e escrita por 

Susu Saint Clair

Capítulo 21


CENA 01: MANSÃO VON BERGMANN - SALA DE ESTAR - MANHÃ


CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA FINAL DO CAPÍTULO ANTERIOR. Otávio aguarda, com o semblante sério, uma resposta de Gisela. Volney, com os olhos cheios de fúria, os encara.


OTÁVIO: (Com a voz grave) Fala logo, mãe, é verdade o que o Volney está dizendo?


VOLNEY: (Com a voz carregada de revolta) É claro que é verdade, Otávio! O Marcos foi lá em casa me convencer a entregar o Afonso pra polícia e depois armou pra ele ser espancado lá dentro! Acabou de dizer que fez isso por ódio, pro Afonso não ficar entre vocês dois! Disse que por ele, tinha mandado matar o Afonso de vez! Mas sabe o que eu tenho vontade? É de matar você, seu desgraçado!


Volney parte para cima de Marcos, mas é rapidamente contido por Otávio, que o segura firmemente.


GISELA: (Grita, furiosa, impondo sua autoridade) CHEGA! Fora daqui, Volney! Sai da minha casa!


OTÁVIO: (Olha para Gisela, incrédulo e chocado) Como é que você teve coragem de fazer uma coisa dessas, mãe?


GISELA: (Com um sorriso frio e venenoso, despreocupada) Ué… fazendo. Se o Felipe não quer ser feliz comigo, então ele vai ser muito infeliz sem mim. E se eu tiver que atingir a família de merda dele pra que isso aconteça, então é assim que vai ser.


VOLNEY: (Com nojo) Você é um monstro.


GISELA: (Grita, apontando para a porta) Sai daqui!


VOLNEY: (Gritando de volta, a voz rouca de raiva) Demônia! Eu vou te matar! Cê tá ouvindo? Eu vou matar você! Vou matar vocês três!


Volney se desvencilha de Otávio e sai furioso da sala. Otávio vai atrás dele, preocupado.


CORTA PARA a fachada imponente da mansão. Otávio alcança Volney antes que ele se afaste demais.


OTÁVIO: (Ofegante, estendendo a mão para Volney) Volney, peraí.


VOLNEY: (Vira-se bruscamente, ainda visivelmente abalado) Que foi?


OTÁVIO: (Sincero) Quero te agradecer por ter vindo aqui contar o que aconteceu.


VOLNEY: (Com um suspiro pesado) Era o mínimo. Ainda bem que cê tava aqui pra ouvir. Eu tô indo retirar a minha queixa na polícia. Eu não queria que as coisas tivessem chegado a esse ponto.


OTÁVIO: Eu posso ir com você? Eu te levo. Ainda aproveito pra visitar o Afonso.


VOLNEY: (Assente) Claro, vamos!


Os dois saem juntos, deixando a mansão para trás.


CORTA NOVAMENTE PARA a sala de estar da mansão. Gisela anda de um lado para o outro, fervendo de ódio, pensativa. Marcos e Sabrine observam-na, tensos.


GISELA: (Murmura para si mesma, em voz alta) Como que esse traste ficou sabendo disso? Como que isso pode ter saído daqui? Só a gente sabia disso!


MARCOS: (Com a voz incerta) Eu não faço ideia.


SABRINE: Muito menos eu. Será que não foi o Caetano?


GISELA: (Para, encarando Marcos e Sabrine com um olhar penetrante e ameaçador) Alguém aqui está fazendo jogo duplo… Tem um traidor entre nós que está vazando informação! Se eu descobrir que algum de vocês está mentindo, a coisa não vai prestar!


Ela sai da sala abruptamente, deixando o celular na mesa de centro.


CLOSE NO APARELHO.


CENA 02: BERGMANN PRIVÉ - SALA DA DIRETORIA - MANHÃ


CONTINUAÇÃO DA CENA 05 DO CAPÍTULO ANTERIOR.


Na sala da diretoria da Bergmann Privé, Nelson e José Carlos se encaram. Nelson está visivelmente chocado.


NELSON: (com a voz embargada pela incredulidade) Você só pode estar de brincadeira comigo…


JOSÉ CARLOS: (com a voz calma e firme, sem desviar o olhar) Não. A Jaqueline é tua filha, Nelson. A filha da empregada. A filha que você renegou. E que agora quer tudo o que é dela por direito. Por isso ela veio trabalhar aqui. E depois se tornou minha amante. Ela é a minha amante ainda…


NELSON: (levanta-se, exaltado, batendo na mesa) Isso é um absurdo! O que essa menina está pensando? Que eu vou assumir ela? Que eu vou botar ela no meu testamento?


JOSÉ CARLOS: (pleno) Calma, Nelson. Ela só quer os direitos dela. Quer conhecer você. O pai dela!


NELSON: (com a voz cortante, cheia de repulsa) Eu não sou pai dessa menina! Não sou! Eu já disse que ela não é minha filha! Falei isso há, sei lá, trinta anos atrás, e repito agora também! Olha aqui, José Carlos, eu não vou assumir ninguém. NÃO VOU!


JOSÉ CARLOS: (se aproxima de Nelson, tocando seu rosto com ternura, mas com um toque de manipulação) Calma, meu amor. Olha pra mim… (Ele o força a olhá-lo nos olhos) Ela não quer nada demais… Ela só quer te conhecer… Te ver pessoalmente. Conversar. Queria marcar um encontro entre vocês dois… Faz isso por mim.


Nelson, embora ainda relutante, cede lentamente à persuasão e ao toque de José Carlos.


NELSON: (suspira, um misto de resignação e afeto) Tá… tudo bem… O que é que eu não faço por você, né?


Nelson agarra José Carlos pela cintura e dá um tapa leve em sua bunda, um gesto íntimo e de cumplicidade. Eles se olham por um instante, a tensão cedendo espaço à paixão, e se beijam intensamente, selando o acordo.


CENA 03: PENITENCIÁRIA - ENFERMARIA - MANHÃ


Na enfermaria, Otávio abraça Afonso, que geme de dor, o corpo ainda dolorido pelos ferimentos.


AFONSO: (fraco, mas direto) Não me aperta, eu estou morrendo de dor ainda.


OTÁVIO: (afrouxa o abraço, culpado) Desculpa, é que eu estou com saudade e… preocupado com você. O Volney veio comigo.


AFONSO: Ah, não, eu não quero ele aqui! Manda ele embora!


OTÁVIO: (segurando os ombros de Afonso) Calma. Não foi ele que fez isso. Foi a minha mãe.


Afonso fica em choque, a informação o atingindo em cheio. Seus olhos se arregalam.


OTÁVIO: Foi ela, junto com o Marcos e a Sabrine.


AFONSO: (a voz embargada pela dor e confusão) Por que fizeram isso comigo? Por que… Por que disseram que o Volney tinha mandado me bater?


OTÁVIO: Ela fez isso pra atingir o seu pai. E o Marcos fez por despeito, porque eu não quero mais ficar com ele! Eles encomendaram sua surra e mandaram falar que tinha sido o Volney.


Afonso desaba, abalado.


OTÁVIO: Ele está aqui. Ele quer te ver.


Otávio se afasta e faz um sinal para que Volney entre na enfermaria. Volney entra e, ao ver Afonso naquele estado, fica visivelmente abalado, com os olhos marejados. Ele se senta rapidamente ao lado da maca de Afonso.


VOLNEY: (Leva a mão à boca, perplexo e em prantos) Meu Deus… (Ele abraça Afonso com delicadeza, o choro vindo à tona) Meu Deus, o que fizeram com você?


Afonso retribui o abraço, triste, enquanto Volney chora em seu ombro, soluçando.


AFONSO: (Com a voz embargada, tentando acalmá-lo) Fica calmo, Volney, eu já estou me recuperando.


VOLNEY: (Se afasta, o rosto molhado pelas lágrimas, encarando Afonso com incredulidade) Não… isso é um absurdo. É muita crueldade…


AFONSO: (Um tom de resignação) Eu mereci. Pelo que eu fiz com você naquele campeonato.


VOLNEY: (Sacudindo a cabeça, veemente) Para, não fala isso. Nada justifica essa violência toda.


Ele não consegue segurar o choro, abaixa a cabeça, e Afonso acaba chorando junto com ele, as lágrimas se misturando.


VOLNEY: (Chorando, a voz embargada pela culpa) Eu nunca quis que isso tivesse acontecido, eu nunca quis o seu mal. Eu fui um idiota de ter te entregado pra polícia, eu não deveria ter feito isso…


AFONSO: (Levanta a cabeça de Volney, fazendo-o encará-lo, com um sorriso fraco) Não, Volney, para. Eu também confessei tudo para eles lá no dia. Chega. Para de ficar se culpando, você não teve culpa de nada. Um dia eu vou sair daqui. Vamos botar uma pedra em cima disso.


Volney limpa o rosto com a mão, fungando.


VOLNEY: Eu retirei a queixa contra você. Acho que o caso vai ser arquivado, você vai poder sair daqui bem rápido. (Ele chora de novo, um choro de alívio e remorso) Me desculpa.


Ele abraça Afonso de novo, com mais carinho.


AFONSO: (Com um leve sorriso e um gemido) Eu desculpo, mas não me aperta muito, que ainda está doendo.


Otávio ri, observando os dois.


VOLNEY: (Se afastando, envergonhado) Desculpa.


AFONSO: (sorrindo) Para de pedir desculpa. Chega.


VOLNEY: (com um sorriso entre as lágrimas, tentando descontrair) Desculpa por me desculpar.


CENA 04: MANSÃO VON BERGMANN - SALA DE JANTAR - NOITE


A sala de jantar da Mansão Von Bergmann está em completo silêncio. Nelson, José Carlos, Gisela, Marcos, Sabrine e Gioconda estão à mesa, o clima pesado. De repente, Otávio chega, visivelmente tenso.


JOSÉ CARLOS: (com um tom preocupado) Oi, meu filho. Não vai sentar pra jantar com a gente?


OTÁVIO: Não, pai. Na verdade, eu só vim pra pegar minhas coisas. Eu estou indo embora dessa casa.


José Carlos se vira e o encara, surpreso.


JOSÉ CARLOS: (com a voz tensa) Que conversa é essa?


OTÁVIO: (olha diretamente para Gisela, Marcos e Sabrine, o desprezo evidente em seu olhar) Eu não fico mais na mesma casa que esses assassinos!


José Carlos fita os três, sem entender a acusação.


NELSON: (com a voz severa) O que vocês três aprontaram?


GISELA: (indiferente) Nada demais. Apenas mandei dar uma surra no namoradinho dele, só isso. Mas ele está vivo, não está? Então, pronto! Não matei ninguém, então acho muito injusto ser chamada de assassina.


JOSÉ CARLOS: (com um misto de fúria e incredulidade) Gisela… você perdeu o juízo de vez, né?


GISELA: Não estou nem aí pro seu julgamento, José Carlos. (Ela se volta para Otávio, seus olhos cheios de desdém) E você… se quiser ir embora, vá. Eu não me importo. Pelo menos assim eu vou ficar livre de você e da sua chatice!


GIOCONDA: (chocada) Que isso, Gisela?! Ele é seu filho!


GISELA: (solta uma risada amarga) Filho… isso aí é um castigo, isso sim. Aliás, a minha vida inteira foi um castigo. Foi um castigo eu ter casado com esse traste e ainda ter parido essa coisa aí.


JOSÉ CARLOS: (bate na mesa, levantando a voz) CHEGA, GISELA! VOCÊ NÃO VAI FALAR ASSIM COM MEU FILHO NA MINHA FRENTE!


GISELA: (levanta-se, caminhando lentamente até Otávio, com um sorriso cruel) Eu só te pari, Otávio, porque eu não tive escolha. Mas se tivesse, eu teria te abortado. Você nunca foi um filho que eu desejei ter… O filho que eu tive com o Felipe, sim… eu sempre quis… agora você? (ela ri, uma risada fria e maligna) Eu nunca gostei de você!


GIOCONDA: (com a voz embargada, implorando) Já chega, Gisela, para!


GISELA: (fica frente a frente com Otávio, que já chora, desolado pelas palavras da mãe) Sabe o que eu sempre pensei e nunca tive coragem de falar? (seu olhar é puro veneno) É que eu não te pari… eu te caguei!


Otávio, em um ímpeto de dor e fúria, dá um tapão na cara dela, o som ecoando pela sala, deixando todos em choque, principalmente a própria Gisela, que coloca a mão no rosto.


OTÁVIO: (com a voz embargada pela raiva e tristeza) Seria melhor mesmo se você tivesse me abortado! Seu monstro! Você é um monstro! Eu tenho nojo de ser seu filho!


Ele dá as costas e sobe as escadas correndo. José Carlos vai atrás dele, preocupado. Gisela encara todos na mesa, fria, mas com um traço de choque em seus olhos.


CORTA PARA o quarto de Otávio. Ele atira suas roupas de qualquer jeito em uma mala aberta sobre a cama, os movimentos bruscos e desesperados.


JOSÉ CARLOS: (entra no quarto, a voz preocupada) Meu filho, para com isso.


OTÁVIO: (com a voz embargada, os olhos marejados) Me deixa, pai. Eu já ia embora dessa casa mesmo. O que eles fizeram com o Afonso só serviu de incentivo pra eu cair fora daqui.


JOSÉ CARLOS: (com um ar de desespero) Mas você vai pra onde?


OTÁVIO: Vou pra um hotel até meu apartamento ficar pronto.


Otávio fecha a mala e a arrasta pelo chão. Antes que ele saia do quarto, José Carlos o abraça. Otávio desaba no ombro do pai, chorando compulsivamente.


OTÁVIO: (soluçando) O que eu fiz pra ela me odiar tanto?


JOSÉ CARLOS: (pegando a mala das mãos dele, com um carinho genuíno) Você não fez nada. Você foi a única coisa boa desse casamento fracassado que eu tive com a sua mãe, meu filho, eu te amo tanto. Vai ficar tudo bem. Eu vou te levar até o hotel.


CORTA PARA a mesa de jantar. Todos ainda estão sentados, em choque e em silêncio. Ouvem o som da porta da frente batendo, confirmando a partida de Otávio.


NELSON: (encarando Gisela com ódio nos olhos) Meu neto foi embora daqui por sua causa!


Gisela permanece calada, um sorriso quase imperceptível em seus lábios.


NELSON: (continua, a voz trêmula de raiva) Está feliz? Viu só o que você fez com a sua crueldade?


Gisela começa a rir, uma risada alta e estridente que causa desconforto.


GISELA: (com deboche) Você quer mesmo falar de crueldade comigo? Logo você? Eu sou desse jeito graças a você. Sua múmia desgraçada!


Gisela sai da sala, rindo descontroladamente, deixando todos ainda mais desconfortáveis e chocados. Caetano aparece solene na sala de jantar.


NELSON: (para Caetano, com a voz firme) Você, por favor, tire a mesa!


Nelson tenta se levantar, mas sente uma tontura súbita e se desequilibra. Caetano, ágil, o segura antes que ele caia. Gioconda reage, assustada.


CAETANO: (segurando-o, preocupado) O que houve, senhor?


NELSON: (com a voz fraca) Não sei, senti uma tontura do nada…


GIOCONDA: (indo até ele, aflita) Calma, papai. Senta aqui…


Nelson se senta de volta na cadeira, pálido. Marcos coloca um pouco de água no copo e entrega para ele.


MARCOS: (com a voz suave) Toma, vovô. Bebe um pouco.


Nelson toma a água enquanto Caetano o observa com um olhar calculista, quase imperceptível


CORTA PARA o quarto de Gisela. Ela e Caetano conversam. Gisela está exultante.


CAETANO: (com um sorriso contido) O senhor Nelson passou mal… do jeito que a senhora imaginou!


GISELA: (sorri, diabólica, seus olhos cintilando com malícia) Perfeito… Não vai demorar nada para esse velho caquético bater as botas e aí sim… eu me tornar a sucessora natural dele…


Gisela se olha no espelho, admirando sua própria imagem, como se visse seu triunfo refletido ali.


GISELA: (a voz carregada de veneno e satisfação) Esse desgraçado não perde por esperar.


Ela ri, uma risada fria e calculista.


CORTA PARA o quarto de Jaqueline na Mansão Passarelli. Ela está com os fones plugados no notebook, seu rosto pálido e chocado com o que acabara de ouvir através da escuta.


CENA 05: MANSÃO PASSARELLI - SALA DE ESTAR - NOITE


Felipe fala ao telefone, com uma expressão de clara satisfação no rosto.


FELIPE: (com a voz animada) Sério? Meu Deus, mas essa é uma notícia muito boa!


Nadine entra na sala, curiosa.


NADINE: (aproximando-se) Quem é?


Felipe a ignora momentaneamente, focado na ligação.


FELIPE: (no telefone) Claro. Mas quando é que ele vai sair? Tem previsão? (ele sorri, satisfeito) Ótimo! Perfeito. Muito obrigado, Dr. Nunes.


Ele desliga o telefone e vira-se para Nadine, com um brilho nos olhos.


NADINE: Era o Dr. Nunes? O que ele disse?


FELIPE: (com um sorriso largo) Falou que o Volney retirou a queixa contra o Afonso! Que ele pode deixar a prisão amanhã de manhã!


Nadine arregala os olhos, surpresa.


NADINE: Mas o Afonso confessou o que fez! Isso não implica em nada?


FELIPE: (explica, mais calmo agora) Implica, sim... mas o Dr. Nunes disse que, como ele confessou espontaneamente e o Volney retirou a queixa, a promotoria não tem mais como sustentar a acusação. E com o laudo médico comprovando que o Volney não teve nenhuma sequela... o juiz vai conceder a liberdade amanhã mesmo.


NADINE: (emocionada, mas ainda insegura, a voz falha) Isso parece bom demais pra ser verdade…


FELIPE: (segura as mãos dela, com convicção) Eu também achei. Mas é real. O nosso filho vai sair de lá, Nadine. Amanhã mesmo. Ele vai voltar pra casa!


Nadine cobre a boca com as mãos, segurando o choro de emoção, as lágrimas já escorrendo.


NADINE: (com a voz embargada) Ai, meu Deus... depois de tudo o que ele passou…


FELIPE: (puxa-a para mais perto) A gente vai cuidar dele.


NADINE: (o abraça com força, com a voz cheia de amor) Eu não quero mais ver o Afonso sofrer. Ele merece ser feliz, Felipe.


FELIPE: (retribui o abraço, acariciando os cabelos dela) E vai ser. A gente vai dar um jeito nisso. Vamos buscar ele amanhã cedo. Eu quero ser o primeiro rosto que ele veja quando sair daquela prisão.


NADINE: (sorri, ainda entre lágrimas, mas com esperança) E eu quero ser o segundo.


Eles se abraçam novamente.


CENA 06: HOTEL - QUARTO DE OTÁVIO - NOITE


No quarto de hotel, Otávio está arrumando suas coisas em um armário, com a ajuda de José Carlos.


JOSÉ CARLOS: (com um sorriso tranquilo) Pronto. Você vai ficar bem, meu filho?


OTÁVIO: (mais leve, enquanto ajeita uma camisa) Vou. Não precisa se preocupar comigo. Estou até me sentindo mais leve depois de ter saído daquela casa.


José Carlos sorri, aliviado.


JOSÉ CARLOS: Eu vou indo, mas amanhã eu faço questão que a gente almoce juntos.


OTÁVIO: (um pequeno sorriso se forma em seu rosto) Tem tempo, né, que a gente não fica assim, tão próximo.


JOSÉ CARLOS: É, só que agora isso vai mudar. Eu quero passar mais tempo com você. E a academia? Ainda não está pronta?


OTÁVIO: (com um brilho nos olhos, pensativo) Está, falta só colocarem os espelhos. É o tempo também do Afonso sair da cadeia… Não ia ter muita graça dar esse passo na minha vida sem ele do meu lado. Agora que o Volney mudou o depoimento dele, tudo vai voltar a ser como antes. Até melhor, eu diria.


JOSÉ CARLOS: (curioso) Quero conhecer esse Afonso. Já falaram dele pra mim.


OTÁVIO: (olha para o pai, com um toque de seriedade) Foi a Jaqueline que falou, né? Afonso me contou que vocês ainda estão juntos. Você gosta dela?


JOSÉ CARLOS: (sorri, um sorriso genuíno e apaixonado, enquanto Otávio o observa, sério) Quer mesmo saber? Eu estou apaixonado pela Jaqueline! (ele ri, contagiado pela própria confissão) Eu faço tudo por ela. Engraçado que isso nunca tinha acontecido antes. Nunca tinha me sentido desse jeito por ninguém.


Otávio olha para o pai, uma ruga de preocupação se formando em sua testa.


JOSÉ CARLOS: (percebendo o olhar de Otávio, a alegria diminuindo um pouco) O que foi?


OTÁVIO: (com um tom de cautela) Nada… Só toma cuidado, pai. Para você não acabar se decepcionando…


José Carlos fica intrigado com o aviso do filho.


CENA 07: PEDRA DO FORTE - AMANHECER. 


Takes da cidade amanhecendo. 


CENA 08: BERGMANN PRIVÉ - SALA DA DIRETORIA - MANHÃ


José Carlos está sentado em sua mesa. Nelson está em frente a ele, olhando o relógio com impaciência.


NELSON: (Com um tom ríspido) Ela vai demorar? Está atrasada, hein?


O telefone toca, rompendo o silêncio tenso.


JOSÉ CARLOS: (atende, direto) Sim? Pode mandar entrar!


Ele coloca o telefone de volta no gancho. A porta se abre. Susane segura a porta e dá passagem para Jaqueline entrar. Nelson se vira e, ao vê-la, levanta-se, uma mistura de curiosidade e surpresa em seu rosto.


JOSÉ CARLOS: (para Susane) Pode sair, Susane!


Susane assente e fecha a porta, deixando os três a sós.


JOSÉ CARLOS: (com uma voz calma, apresentando) Nelson… Essa é a Jaqueline… Sua filha!


Jaqueline e Nelson se encaram. Um silêncio carregado de anos de ausência preenche a sala.


NELSON: (a voz um pouco rouca, tentando manter a pose) Como vai, menina?


JAQUELINE: (com um sorriso irônico e amargo) Eu? Viva! (Ela faz uma pausa, seu olhar penetrante) Sobrevivi!… Mesmo com toda a dificuldade que eu e a minha mãe passamos depois que você escorraçou ela e o meu tio da sua casa!


Nelson engole em seco.


JAQUELINE: (suspira) Mas eu não quero falar do passado, quero falar do futuro. Por isso pedi pro José Carlos marcar esse encontro.


Ela se senta e faz um sinal para Nelson sentar também. Ele, meio relutante e com um ar de quem não gosta de obedecer, senta-se.


NELSON: (com um tom desconfiado) Então… você quer falar de futuro…


JAQUELINE: (com um brilho desafiador nos olhos) Isso mesmo!


NELSON: Em outras palavras, você quer parte do meu patrimônio.


JAQUELINE: (com audácia) Claro que a gente vai fazer um exame de DNA antes, né?! (Nelson ri, perplexo com a ousadia dela. Jaqueline continua, impassível) Mas o que eu quero de verdade… é muito maior. (direta) Eu quero que você tire a Gisela do seu testamento… e que me coloque no lugar dela.


Nelson a olha em choque, sem acreditar na audácia da proposta.


NELSON: (com a voz alta, quase um grito) Você está fora de si, garota?


JAQUELINE: (com um sorriso frio) Você tem motivos de sobra pra fazer o que eu estou te pedindo… afinal… a Gisela está arquitetando a sua morte junto com o mordomo que trabalha na sua casa!


Nelson arregala os olhos, em choque. José Carlos também se mostra surpreso.


NELSON: (incrédulo) O quê?!


JOSÉ CARLOS: (com a voz tensa) Como assim?


Jaqueline pega seu celular e ativa um áudio, que ecoa pela sala, a conversa entre Gisela e Caetano.


VOZ DE CAETANO (ÁUDIO): (com um sorriso contido) O senhor Nelson passou mal… do jeito que a senhora imaginou!


VOZ DE GISELA (ÁUDIO): (diabólica) Perfeito… Não vai demorar nada para esse velho caquético bater as botas e aí sim… eu me tornar a sucessora natural dele…


A gravação continua com a risada fria e calculista de Gisela.


VOZ DE GISELA (ÁUDIO): (carregada de veneno e satisfação) Esse desgraçado não perde por esperar.


Nelson está em completo choque, pálido. Jaqueline o olha, triunfante.


JAQUELINE: (com um sorriso sutil, a voz carregada de ironia e poder) Então? Acredita em mim agora… Papai?


Eles se encaram, a sala em um silêncio carregado de tensão.


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